Por Francisco Espiridião
Ainda faltam quase dois meses para a chegada ao porto, digo,
ao pleito, e o barco está fazendo água. Ameaça afundar, dado o número de furos
em seu casco. Anteontem, o ministro da Fazenda acenou para a possibilidade de
um novo aumento no preço da gasolina. Ainda neste ano de 2014. É claro que só
depois da realização do segundo turno, final de outubro, início de novembro.
Guido Mantega não chegou a ser incisivo sobre a decisão, mas
deixou a possibilidade em aberto. “Todos os anos tem correção do preço da gasolina.
Uns mais, outros menos. Não teve nenhum ano que não teve aumento da gasolina.
Essa é a regra”, disse o ministro, sem, contudo, determinar uma data para assar
o peru.
A verdade é que o Plano Real, que tantas alegrias deu ao
brasileiro, via estabilidade da moeda, se vê, paulatinamente, enforcado neste
ano em que completou 20 janeiros. Desconfio que tenha sido isso pela falta de
tato da equipe econômica dirigida por Mantega, um dos ministros mais longevos
da história do Brasil moderno. O remanescente do Plano hoje é um espectro
daquilo que ele foi há até pouco mais de 12 anos.
E não se há de falar de conjuntura mundial adversa. Todos os
emergentes estão crescendo de maneira estratosférica quando comparados ao
Brasil. Entre 21 países da América Latina, ocupamos vexatória posição quando o
olhar do observador se fixa na performance do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com projeções feitas pela Comissão Econômica para
a América Latina e o Caribe (Cepal), o Brasil deverá fechar o ano como o 19º
entre os 21 países que formam o bloco. Enquanto o Panamá puxa o pelotão, com
expectativa de crescimento de 6,7%, o país descoberto por Cabral - o Pedro
Álvares, não o Serginho - deve fechar o ano com nada acima de 1,4% de
crescimento.
E essa previsão é ainda muito otimista. Segundo o jornal O
Estado de S. Paulo, edição de 4 dias atrás, a previsão dos analistas
estrangeiros é melhor do que a caseira. Na pesquisa Focus, do Banco Central, a
previsão de crescimento do PIB em 2014 recuou pela décima vez. De 0,90% para 0,86%.
Não é brincadeira, não. De tanto ficar “deitado em berço
esplêndido”, o “gigante pela própria natureza” só deve ganhar este ano em
crescimento da conturbada Venezuela e da quebradona Argentina de dona Cristina,
com 0,5% e 0,2%, respectivamente.
Alguém aí se lembra do Haiti, aquele país da América Central
dizimado pelo terremoto de janeiro de 2010? Pois bem. Ele também vai crescer
mais que o Brasil este ano. É verdade! A previsão é que feche o período com um
crescimento da ordem de 4%.
Não sei não, mas acho que está na hora de mandar o “Seu”
Mantega vestir o pijama. Deixar no lugar dele quem entenda do riscado. Chega de
tanto ir ao supermercado e ver preços sendo remarcados quase que diariamente.
Trazendo à boca aquele ranço amargo de desconfiança. É uma vergonha o fato de,
num país em que se plantando tudo dá, precise-se comprar um quilo de tomate por
8 reais.
Chega! Já deu, “Seu” Mantega.
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