sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mais amor, por favor!

Por Francisco Espiridião

A frase que dá título a esta crônica está cravada há mais de um ano no paredão do viaduto. Não há como sair da Feira do Produtor pela avenida Venezuela sem dar de cara com ela. Foi escrita por um poeta anônimo – o autor não requereu o crédito de sua obra como fazem os grandes artistas. Muito menos deu dicas de quem ele é para que os louros lhe recaiam sobre o ego. Simplesmente afixou naquele frio concreto armado um chamamento capaz de mudar o mundo.

Apesar de tão importante para a humanidade, amor, infelizmente, é artigo em extinção no mercado da vida. As Escrituras Sagradas destacam que ele cobre uma multidão de pecados. O apóstolo Pedro descreve no capítulo 4, versículo 8 de sua primeira carta: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” Sem amor, portanto, impera a desconstrução.

A reta final deste momento de eleição é próprio para uma profunda reflexão da parte dos eleitos e, por que não, de nós que os colocamos nos pedestais do poder. O jogo ainda não terminou. Falta ainda o segundo tempo de votação que vai definir quem serão os inquilinos, nos próximos quatro anos, do Palácio Senador Hélio Campos e do Palácio da Alvorada.

Este, sem dúvida, é um momento em que cada eleito, assim como os que se elegerão ainda, terá de decidir se vai trilhar o caminho da virtude, da responsabilidade, da decência, enfim, enveredar-se pela via estreitíssima que leva ao bem comum, ao amor ao próximo.

Ou, parafraseando a candidata derrotada Marina Silva, se pretendem continuar dando vazão à “velha política”, onde os eleitos disfarçam muito bem o lobo devorador que mantêm camuflados sob a capa de bom moço.

Ou seja, se ainda vale a pena continuar se preocupando única e exclusivamente com o próprio umbigo, com a própria conta bancária etc. etc. Agindo assim estarão dizendo que o resto, o povão... bem, o resto que continue feito pipoca em panela tampada em fogo altíssimo.

As Escrituras Sagradas dão um retrato fiel desse ‘status quo’: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes.” (2 Timóteo 3.1-5).

Este é o momento em que cada eleito deve refletir sobre sua importância que lhe resta nesse grande latifúndio chamado Poder. Momento para entender que as famílias que sobrevivem de salário mínimo – ou em seu entorno, e são muitas – precisam tanto quanto eles – eleitos – de uma saúde que lhes garanta o bem-estar físico; de uma educação que não os mantenham à margem da sociedade; de segurança que lhes permita o ir e vir sem percalços nem assombros outros.

Enfim, este é o momento mais que apropriado para o exercício da prática sugerida pelo grafiteiro do viaduto: “Mais amor, por favor!”

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