Por Francisco Espiridião
A frase que dá título a esta crônica está cravada há mais de
um ano no paredão do viaduto. Não há como sair da Feira do Produtor pela
avenida Venezuela sem dar de cara com ela. Foi escrita por um poeta anônimo – o
autor não requereu o crédito de sua obra como fazem os grandes artistas. Muito
menos deu dicas de quem ele é para que os louros lhe recaiam sobre o ego.
Simplesmente afixou naquele frio concreto armado um chamamento capaz de mudar o
mundo.
Apesar de tão importante para a humanidade, amor,
infelizmente, é artigo em extinção no mercado da vida. As Escrituras Sagradas
destacam que ele cobre uma multidão de pecados. O apóstolo Pedro descreve no
capítulo 4, versículo 8 de sua primeira carta: “Mas, sobretudo, tende ardente
amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” Sem
amor, portanto, impera a desconstrução.
A reta final deste momento de eleição é próprio para uma
profunda reflexão da parte dos eleitos e, por que não, de nós que os colocamos
nos pedestais do poder. O jogo ainda não terminou. Falta ainda o segundo tempo
de votação que vai definir quem serão os inquilinos, nos próximos quatro anos,
do Palácio Senador Hélio Campos e do Palácio da Alvorada.
Este, sem dúvida, é um momento em que cada eleito, assim
como os que se elegerão ainda, terá de decidir se vai trilhar o caminho da
virtude, da responsabilidade, da decência, enfim, enveredar-se pela via
estreitíssima que leva ao bem comum, ao amor ao próximo.
Ou, parafraseando a candidata derrotada Marina Silva, se pretendem
continuar dando vazão à “velha política”, onde os eleitos disfarçam muito bem o
lobo devorador que mantêm camuflados sob a capa de bom moço.
Ou seja, se ainda vale a pena continuar se preocupando única
e exclusivamente com o próprio umbigo, com a própria conta bancária etc. etc. Agindo
assim estarão dizendo que o resto, o povão... bem, o resto que continue feito
pipoca em panela tampada em fogo altíssimo.
As Escrituras Sagradas dão um retrato fiel desse ‘status
quo’: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens
serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes
aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis,
caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores,
precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo
aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes.” (2
Timóteo 3.1-5).
Este é o momento em que cada eleito deve refletir sobre sua
importância que lhe resta nesse grande latifúndio chamado Poder. Momento para
entender que as famílias que sobrevivem de salário mínimo – ou em seu entorno,
e são muitas – precisam tanto quanto eles – eleitos – de uma saúde que lhes
garanta o bem-estar físico; de uma educação que não os mantenham à margem da
sociedade; de segurança que lhes permita o ir e vir sem percalços nem assombros
outros.
Enfim, este é o momento mais que apropriado para o exercício
da prática sugerida pelo grafiteiro do viaduto: “Mais amor, por favor!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário