Por João Bosco Leal (*)
Tenho pensado e conversado bastante com
amigos sobre como já fui, como sou, e como seriam minhas reações em
situações análogas às que me ocorrem atualmente.
É bastante interessante desenvolver esse
raciocínio, pois através dele podemos perceber o quanto, com a idade,
mudamos, alteramos nossos pontos de vista, crescemos, amadurecemos.
Por outro lado, em alguns aspectos nos
tornamos mais jovens, ou até mesmo infantis, com menos preocupações,
dando menos importância a muita coisa que antes nos eram caras.
Nossas atitudes em relação a filhos e
netos são tão distintas do passado, que até os filhos estranham, pois
exigimos bem menos e sorrimos bem mais.
Passamos a não ter interesse algum em
ser o que não somos para agradar quem quer que seja e, sobre qualquer
assunto, não aceitamos mais as fórmulas prontas.
Normalmente corremos mais riscos do que
no passado e nos divertimos com isso. Queremos viver intensamente e não
simplesmente passar pela vida.
Em algumas ocasiões e ambientes, as
bebidas, mesmo para aqueles que sequer bebem, são absorvidas com menos
preocupações com o quanto subirá.
As novas experiências sejam elas
comerciais, sentimentais, ou sexuais, são exercidas com muito menos
cuidados, temores ou pudores. Muitas ideias deixam de parecer insanas e
algumas até procuramos concretizar.
Não queremos mais ser iguais ou parecidos com alguém, mas simplesmente viver a nossa vida como achamos que deve ser vivida.
Nos relacionamentos, ainda que pouco
duradouros, gostamos de sentimentos mais fortes, intensos. Deixamos o
coração bater mais forte e comandar nossas atitudes. Não nos apaixonamos
pela metade. Os apetites são mais vorazes, a imaginação bem mais fértil
e os prazeres bem mais intensos.
Muitas coisas que antes pensávamos ser
importantes, hoje pouco significam. O que os outros pensam a seu
respeito é uma delas. Isso passa a ter pouca valia. Atitudes diferentes
de cada um muitas vezes levam outros a se comportarem da mesma maneira, o
que leva a mudanças sociais.
Reações adversas às que esperávamos de
certas pessoas deixam de nos machucar tanto e passam a ser encaradas com
maior normalidade, pois entendemos agora, que cada um é o que é e não o
que esperávamos que fosse.
O comportamento em relação a milhares de
atividades diárias é totalmente diferente do que seria duas ou três
décadas atrás, pois não existe mais a preocupação de acertar sempre.
Adequações aos novos tempos, novas realidades, novos conceitos ou preconceitos acabam ocorrendo, algumas até sem que percebamos.
Mesmo os valores morais da sociedade -
muito sólidos em minha educação e na de meus filhos -, em alguns
aspectos e no decorrer do tempo vão sendo flexibilizados, tanto que as
próprias leis do país são alteradas, de modo a dar cobertura a coisas
que em décadas atrás seriam impensáveis, como os casamentos homo
afetivos.
As pessoas mudam, crescem, melhoram ou pioram, mas jamais serão as mesmas.
*Jornalista e empresário; www.joaoboscoleal.com.br
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