sexta-feira, 6 de junho de 2014

Eu não sou palhaço! Ou sou?

Por Francisco Espiridião

Paguei IPVA em cota única, seguro, taxas et al da moto e do carro no início de abril. Não que estivesse com prazo vencido. Longe disso. O final das placas, tanto da moto como do carro é 5. Portanto, o vencimento seria no último dia de maio. E dizem que ainda há uma tolerância. Mas tenho mania de pagar tudo adiantado. Isso, aliás, tem me causado sérias dores de cabeça. Mas eu não aprendo.

Um exemplo foi o dia em que eu encontrei um sujeito na rua e pedi para que transpusesse parte de uma carrada de seixo que havia sido derramada a metade no meio da rua, para dentro do quintal. Conversamos e o “cabra” me pediu 80 reais.  

Na maior das confianças, paguei-lhe os 80 mangos – mané é assim mesmo, confia em tudo e em todos, como diz a Eliana. Não sei por que eu não aprendo uma lição boba dessas.  Disse-lhe que no fim do dia voltaria para ver como havia ficado o trabalho. Voltei. Só para ter raiva. Foi eu sair pela direita, e ele se pirulitar pela esquerda. Não moveu uma pá de seixo do lugar para lugar nenhum.

Outro exemplo foi o IPTU deste ano da casa da Marcela. No primeiro dia aberto para pagamento, fui à prefeitura velha e paguei tudo o que era de IPTU cadastrado no meu nome. Calma, não são tantos assim. Isso, no dia 5 de maio. No dia 28 do mesmo mês, o carnê chegou à casa dela, que foi à lotérica e pagou. 

Na segunda-feira (2), apresentei-lhe o carnê que eu havia pago, crente que seria ressarcido. Então ela me mostra também o que havia pago. Pagamento dobrado. Perdi aí quase 100 mangos.

Mas isso é o de menos. Mania é mania e não tem jeito. Paguei adiantado o IPTU da moto e do carro, como disse. E dei um tempo para ir buscar o comprovante no Detran. Antes, eles eram mais corteses com o contribuinte. Entregavam-no em domicílio, via Correios. Mas isso é coisa do passado.

Esperei quase dois meses e lá vou eu, semana passada, buscar o tal Certificado de Registro e Licenciamento dos dois veículos. Com eles na carteira, ao cair em qualquer blitze, não tenho de passar por constrangimentos outros. A não ser que me depare com um “tarado”. Daqueles que investigam até chifre em cabeça de cavalo.

Cheguei todo confiante ao Detran. Fui pegar a senha para esperar – sentado – a hora de receber os tais documentos. Antes de me passar a senha, o funcionário me pergunta se eu mandei outro funcionário confeccionar tais documentos.

– É claro que eu mandei. Aliás, mandei não, eu solicitei. Afinal, eu não paguei pra isso? 

– Não, senhor. Aqui é diferente. Além de pagar, o que não é mais que sua obrigação, o senhor precisa ir ali, na terceira porta à direita, e pedir para confeccionarem os documentos.

Saí desconsolado. Mas, já que não havia outro jeito, fui bater na terceira porta à direita. Lá, o servidor me disse que, pelo meu CPF, não era possível descobrir número de placa. Eu precisava lhe fornecer os números. Como não decoro placa e estava de moto, tive que voltar em casa para anotar a do carro, vez que o documento havia ficado no porta-luvas.

Voltei. Entreguei ao atendente os números das benditas placas. Ele fez o procedimento e me disse que três dias depois eu poderia ir diretamente ao auditório, local em que entregam os documentos. E ressaltou: às 10h! O inusitado, para mim, estava na precisão de horário da entrega. Exatamente às 10h. Ainda quis questionar essa precisão toda, mas vi que era perda de tempo.  Resignei-me.

Três dias depois, lá estava eu, no auditório. Às 10h. Primeiro, peguei extensa fila para receber a senha. Cinco minutos para as 12h, chamaram o meu número. Que alívio! Aí, lembrei-me daquele bordão do Jô dos anos 80. “Eu não sou palhaço, mas estão me fazendo de palhaço!” 

Nada contra o meu amigo Leo Malabarista. Mas é como me senti.

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