Francisco Espiridião
A minha
filha Ethiane, membro da Igreja Assembleia de Deus, aceitou o desafio de
prestar apoio religioso aos adolescentes e jovens internos do
Centro Sócioeducativo (CSE). A posse ocorreu em um culto muito especial
realizado na noite de sábado passado, no auditório daquela casa de acolhimento,
no Asa Branca.
Ali eu
pude tirar qualquer dúvida que ainda pudesse ter com relação à impropriedade
que é a tentativa de diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos de
idade. Naquele culto encontrei meninos de 12 a 17, quase 18 anos, aparentemente
resignados por estarem naquela situação.
Alguns,
por certo, carregam na alma, com certo orgulho, as marcas das atrocidades mil praticadas
no furor das baladas, das andanças em bando feito lobos desvairados noite a
dentro. São machos! Possuidores de ficha-crime eivada das mais variadas
especificidades. Influenciadores plenos.
Contra
ponto são os outros. Aqueles que entraram “numa fria” pela influência dos
primeiros. Simplesmente se deixaram enredar pelas circunstâncias e, quando
viram, não tinham mais como sair. Caíram nas mãos dos “homens” e hoje, depois
de fazerem séria reflexão sobre a vida, nutrem o eficaz arrependimento.
Arrependimento
estampado no vazio do olhar. Olhar que indica que estão meio que acuados. O
"status quo" lhes é adverso. Não precisa ser um exímio observador
para entender o pedido de socorro que não ecoa garganta afora, justificando o
oxímoro: o grito silencioso.
É nessas
circunstâncias que fundamento ainda mais a minha certeza de que não se deve
misturar alhos com bugalhos. Saber separar aqueles que trazem no coração a
certeza de que tocaram o horror na sociedade, mas que, depois, reconheceram o
mau que fizeram. Sabem que precisam pagar pelos desacertos, e que, para isso,
podem contar com um Ser Supremo a lhes ajudar. Esse ser se chama Jesus. Ele é a
única esperança para o ser humano.
A vida
nos ensina que todo atalho é pernicioso. Diminuir a maioridade penal seria
optar pelo atalho. Afinal, o que são nossas prisões se não depósitos humanos
sem qualquer função reeducativa? São sim, verdadeiras escolas de delinquência,
o inferno!
Quem cai
dentro de um presídio brasileiro é como se estivesse ultrapassando o portal do
inferno descrito por Dante Alighieri: "Abandone toda esperança aquele que
por aqui entrar". Jogar meninos de 16, 17 anos dentro de uma
Penitenciária Agrícola, que de agrícola só tem o nome, é condená-los ao
inferno. Ato cruel. É tirar-lhes qualquer oportunidade de recuperação.
Acredito
mais recomendável ministrar-se a educação religiosa num local com menos apelo
delituoso, o caso do CSE, que num presídio institucionalizado aos moldes da
cadeia pública ou penitenciária agrícola. O poder do Espírito Santo age tanto
aqui fora como dentro de um presídio, mas aqui fora o processo é menos
doloroso, creio.
Pense
assim: seu filho de 16 anos enveredou pelo caminho tortuoso. Você, nos seus
muitos afazeres diários, não teve condição de detectar que algo ia errado com
ele. Daí, ele cai na esparrela. É preso. Como você se sentiria sabendo que este
seu querido filho terá de enfrentar aqueles pós-graduados no crime que dão as
ordens lá dentro? Lá o filho chora e a mãe não escuta.
Se nada
disso for suficiente para convencê-lo da impropriedade da tal diminuição da
maioridade penal, então veja-se o artigo 228 da Constituição Federal de
1988: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.” Não parece cláusula pétrea?
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