quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Quem sabe faz a hora


Por Francisco Espiridião

No dia 20 de agosto passado, o jornal Correio Braziliense dedicou integralmente o seu caderno de turismo para mostrar as belezas exuberantes do Estado de Roraima. Jogando seus holofotes sobre a gastronomia local, o periódico da capital federal trouxe a lume comidas e bebidas exóticas, como o peixe e pimenta, que fundidos passam a se chamar damurida, e o álcool extraído da macaxeira, que vira o caxiri.

A publicação do Correio trouxe à mente de todos nós, roraimenses, coisas da nossa terra que talvez até já tenhamos esquecido nesses tempos de comunicação globalizada, quando, inevitavelmente, somos levados a voltar nossos olhos única e exclusivamente para a incontida tecnologia dos iphones, ipads, whatsapp etc. etc.

“Eles dançam a parixara e se acalentam à espera da cruviana, o vento frio da madrugada. Alguns preferem a capitiana, quando a rede é melhor que a cama.” Essa partícula do texto do Correio não lembram versos do movimento Roraimeira, de Neuber, Zeca Preto e Eliakin Rufino? Coisas, aliás, que não podem se perder no tempo se queremos ser reconhecidos por uma identidade cultural.

Na reportagem, as riquezas do Estado são ressaltadas de forma gratificante. “Como muitos locais, o interior ainda carece de uma real estrutura de recepção. No entanto, estar com uma alma conhecida e íntima do ambiente faz bela diferença. A expedição por rios, comunidades indígenas, cachoeiras e matas da região ocasiona momentos inusitados, um ou outro carrapato e, muitas vezes, um contato sem precedentes com a natureza.”

A matéria do Correio abre-nos os olhos para coisas e lugares que nos têm passado despercebidos. Nós, roraimenses, perdemos muito por estarmos envolvidos com nossas labutas do dia a dia, a ponto de não nos sobrar tempo para fazermos uma turnê pelo interior, para conhecermos as belezas naturais que Roraima oferece. Dia desses, a Vânia me perguntou se eu já havia percorrido a estrada conhecida como o Arco da Produção. Respondi, meio que encabulado: “Não!”

Já rodei em alguns trechos dessa importante via para o desenvolvimento econômico de Roraima, mas nunca fiz todo o percurso. Como eu, muitos roraimenses ainda não tiveram o prazer de conferir, “in loco”, palmo a palmo, aquela via, que foi totalmente asfaltada nos últimos dois anos, facilitando o escoamento do resultado do suor do rosto de agricultores e pecuaristas da região.

A rodovia Arco da Produção permite que se saia de Boa Vista, rumo à cidade de Alto Alegre, passando por Samaúma e outras localidades, e se chegue à sede do município de Mucajaí. Sempre trafegando sobre o leito negro e deslizante do asfalto sinalizado vertical e horizontalmente. Como diz o Flávio, uma maravilha!

Estamos a exatos 23 dias de uma eleição que poderá mudar o tom da história. Quando estivermos a sós, nós e a urna eletrônica, é recomendável que façamos um exercício de consciência. Que saibamos que nossas atitudes de hoje terão reflexos inapeláveis no amanhã. Que possamos ver não só o agora, mas sim o que queremos para o nosso País, para o nosso Estado, para os nossos filhos no futuro. Quem sabe faz a hora.

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