PARÁBOLAS VIVAS, por João Falcão Sobrinho
Isaltino Gomes Coelho Filho coloca o leitor sentado numa platéia e descreve, em cores vívidas, o que foi o Drama do Calvário nas sete falas do seu personagem principal. Li o livro de uma assentada na viagem de Macapá ao Rio e várias vezes me surpreendi com a emoção aquecendo meus olhos. Tudo o que eu sabia sobre o Calvário é descrito de uma forma original, emocionante. Parecia-me, por vezes, estar entendendo pela primeira vez textos que já li centenas de vezes. A pessoa de Jesus, nesse livro, assume a sua dimensão humana de um modo como nunca vi em livro algum. Quando Jesus soltou seu brado por sentir-se abandonado pelo Pai, diz Isaltino, o Pai nada respondeu. Deus ficou em silêncio, mas não inativo. O Pai estava manifestando seu poder sobre a vida abrindo túmulos e ressuscitando mortos. Ele estava transformando o pleno meio dia em trevas para demonstrar sua onipotência, sua soberania sobre os poderes cósmicos. Estava também rompendo o véu do templo de alto a baixo para demonstrar que a velha aliança cumprira sua missão e uma nova aliança estava rompendo como a alvorada de um novo dia. Isaltino cita Javier Pikaza no seu comentário de Lucas: “O judaismo termina”. E acrescenta: “O templo perdeu a razão de ser. Não tentem, cristãos, oferecer suporte teológico para os judeus reconstruirem seu templo. Se vier a ser refeito, será um templo pagão. Não há mais oferta de sangue para se fazer a Deus.” “Caso um dia reconstruam seu templo, que é teologicamente desnecessário e se um dia vierem a oferecer sacrifícios, estes serão tão pagãos quanto a galinha preta oferecida pelos macumbeiros nas encruzilhadas”. Cristo fez o sacrifício perfeito e eterno, que não precisa ser jamais repetido como declara o autor de Hebreus. Cristo abriu, pelo seu sacrifício, um vivo e novo caminho para Deus, acessível a todos os pecadores. Por que haveria de ser necessário oferecer a Deus os velhos holocaustos da velha lei e enveredar por um caminho que caducou? (Hebreus 8.13).
Mas (sempre há uma adversativa!), alguns pastores não se conformam com o fim dos rituais da lei mosaica, nem dos símbolos da velha aliança, não lhes basta a fé, precisam de coisas para ver, pegar, carregar, como nos cultos do Velho Testamento. Não lhes basta a Palavra Viva, mas precisam de símbolos mortos para poderem sustentar uma fé imatura, infantil. Em muitas igrejas, inclusive batistas, que supostamente têm conhecimento bíblico, estão sendo utilizados símbolos da velha aliança como a menorá, mantos sacerdotais, a suposta estrela de Davi, o shofar (na falta de um legítimo, um pedaço de tubo Tigre de três quartos de polegada ou mesmo uma vuvuzela resolve o problema), além de uma caricatura da arca do concerto com uma Bíblia dentro, carregada por quatro “levitas” pelos varais em procissão pelas ruas do bairro. Que coisa mais ridícula! Não demora vai aparecer algum pastor querendo degolar um cordeiro (sangue sempre impressiona) à frente da congregação. Isso tudo além da guarda do shabat e das festas judaicas, porque ainda não tiveram o descanso da alma no sacrifício do Calvário, nem se alegram com a bênção da cruz e precisam de mais festas e bênçãos para justificar a sua fé morta em verdades símbolos e ritos mortos. Para esses pastores, o sacrifício do Calvário foi insuficiente ou até inútil, sendo necessário remendar o véu que o Pai rasgou de alto a baixo no templo de Jerusalém no momento em que o Cordeiro de Deus era sacrificado na cruz e restaurar os altares da velha aliança. Ritos e símbolos judaicos em culto cristão podem impressionar crentes imaturos, mas são dispensáveis para a verdadeira fé em Cristo. Ninguém pode remendar o véu que Jeová rasgou, pois isso seria um insulto à dor do Filho pelo que ele suportou na cruz. Sou grato a Deus pelo livro O Drama do Calvário, de Isaltino Gomes Coelho Filho, em boa hora editado pela Abba Press.
Nenhum comentário:
Postar um comentário