Por Francisco Espiridião
No fim de semana passado, a minha caixa de e-mail ficou
atulhada de recados do Facebook, informando-me de que pessoas haviam-me citado
naquela rede social. O motivo, não cheguei a saber.
Não sou muito sociável com a tal rede, mas, confesso, não me
furto de, digamos, dar uma espiadinha de vez em quando naquilo que se passa por
ali. Até por necessidade de me manter informado. Afinal, é inegável que o
Facebook tem alcance inominável.
O meu tempo é meio exíguo, reconheço. Por isso, minhas
visitas são bastante esporádicas. Mas... Nesse caso, a curiosidade me venceu. Era
muita gente me citando, segundo o meu provedor de mensagens eletrônicas.
Pelo número de chamadas, parecia mesmo coisa importante. Ocorre
que as dezenas de “citações”, pelo menos as que eu consegui acessar, nem de
longe sugeriam a minha participação. Mínima que fosse. Não encontrei meu nome
em nenhuma das postagens.
Em compensação, uma coisa me chamou a atenção, apesar de não
ter sido nenhuma surpresa: como aquela gente maltrata a última flor do Lácio! Até
já escrevi outras vezes a respeito.
Parecem ter faltado às aulas de Português na infância. Muitos
não conseguem concatenar uma ideia, muito menos usar os pronomes de maneira
elegantemente acertada, entre outras tantas deficiências.
Aliás, usar os pronomes, principalmente os oblíquos, de
forma conveniente, admito, não é coisa fácil. Até pouco tempo atrás eu não
conseguia discernir o momento certo de tascar um “lhe” ou um “o”.
Minha ex-chefa, Albani Mendonça, jornalista e dublê de
professora da Língua Pátria, quase me quebra a cabeça com um martelo para enfiar
lá dentro a bendita regrinha. Foi difícil, mas ela conseguiu clarear-me as
ideias. Devo-lhe essa, chefa!
Mas minha bronca com o tal “caralivro” não se resume às
pendengas com a língua culta. Há coisas ainda piores. Gente sem ter o que dizer
dizendo coisas sem “fut”. É sacal.
“Agora, tchau, que eu vou no (não seria ao?) banheiro.” “Como
a vida é bela”, diz outro, esquecendo-se do título que será protestado logo
pela manhã. Sem falar na conta de luz, atrasada a ponto de ter que recorrer à benevolência
do amigo deputado. Alternativa: a luz de vela.
Enfim, a vida é isso. Principalmente no mundo Face, onde não
se pode ler só o que se quer. Às vezes, a gente “compartilha” (lê, quero dizer)
sem querer ideias nem tão sadias assim, do tipo diatribes espinafrando desafetos.
Mesmo com todos esses quiproquós, a vida é bela, sim. E o “caralivro”,
uma forma de expressão. Livre e democrática. Ao silêncio da alma, preferível mantê-lo
reverberando.
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