Francisco Espiridião
O que era 231 mortos, hoje, terça-feira, já subiu para 236.
A tragédia, ocorrida na madrugada de domingo (27), na cidade de Santa Maria
(RS), é algo para se lamentar ainda por muito e muito tempo. Talvez, até o
acontecimento da próxima, caso providências não sejam tomadas.
Agora parece ser o momento de se adotar a máxima do Marquês
de Pombal, com relação à tragédia de Lisboa, em 1755: hora de enterrar os
mortos, socorrer os vivos e reconstruir a cidade (neste caso, a vida).
Falar em punição só teria sentido se fosse feita de forma
vertical, de cima para baixo, feito chuva, cujos pingos não mudam de trajetória
diante de qualquer circunstância.
Não adianta, portanto, prender os donos da boate e os
líderes da banda que, irresponsavelmente, lançaram o tal sinalizador que
provocou o incêndio. Há ainda maiores tubarões neste mar, os quais, pelo que
parece, não serão alcançados.
Falo aqui das autoridades. De todas elas que têm a ver com o
caso. Especialmente daquelas que não fizeram o dever de casa para que o
logradouro fosse levado a obter a devida autorização de funcionamento. Funcionamento
com segurança para quem paga uma entrada em busca de diversão.
Onde estava o Corpo de Bombeiros para definir que um estabelecimento
como a boate Kiss necessitava de mais saídas de emergência, já que fora
projetada para receber até mil pessoas? Consta que no momento da tragédia havia
entre seiscentas e setecentas pessoas no interior do estabelecimento.
Quando a Eliana foi regularizar o Salão Karen, que funciona
num ambiente de 4m x 5m, onde cabem, no máximo, de 8 a 10 pessoas, o Corpo de
Bombeiros exigiu a instalação de extintor de incêndio e duas portas de evasão.
E mais: em cada uma delas a indicação expressa de "Saída de Emergência".
Onde estavam os fiscais da prefeitura de Santa Maria que
liberaram o alvará de funcionamento sem que os donos do estabelecimento
tivessem cumprido as exigências mínimas de segurança?
Enfim, tudo o que se disser agora, no furor dos
acontecimentos, não passará de mera especulação. De concreto mesmo, só a dor
que cada família está sentindo pela perda de seus entes queridos (com o devido
desconto pelo clichê). Dor esta que só o tempo poderá amenizar. Jamais
extinguir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário