Por Francisco Espiridião
A gente sabe, ainda que por vias transversas, que as mulheres
vivem mais que os homens. Mas, para ser categórico necessário ter em mãos pesquisa
científica, alguma estatística que não deixe margem de dúvida. É assim em quase
todas as áreas da vida.
Tomemos como exemplo o caso da justiça. Para que se diga que um
copo se quebrou, é necessário anexar aos autos os caquinhos do dito-cujo. Até
porque existe aquela máxima em direito de que “o que não está nos autos não está
no mundo”.
Muito bem. Em busca dessa confirmação, consultei o sabe tudo dos
dias atuais, o bilionário Google. A primeira página que abro, já que a
indicação cabia feito luva para minha pesquisa, deparo-me com uma brincadeira
das mais divertidas.
A página mostra, em fatos palpáveis, o porquê da afirmativa. Os
homens vivem menos que as mulheres porque eles se arriscam mais. Veja em http://www.naomesmo.com/e-por-isso-que-as-mulheres-vivem-mais-que-os-homens/ as maiores presepadas de que os marmanjos
são capazes, mostrando que os milhões de neurônios para nada servem. Parecem.
No site se vê as maiores barbaridades cometidas pelos varões em
nome do tal heroísmo, da pavonice, ou mesmo da falta de noção do perigo. Como
disse um dos comentaristas da página, “coisas de retardado”.
Na verdade, o homem vive menos que a mulher, simples, porque elas
se cuidam mais. Vão mais ao médico. O homem sempre tem uma desculpa categórica para
fugir do compromisso. A mais batida ainda é a de que não tem tempo para perder
na antessala de consultório médico.
Falar em antessala de consultório médico, não conheço nenhuma mais
“invocada” que a do urologista. Aquele do exame de toque retal. Na primeira vez
em que estive naquela “vexatória” situação, nem tanto. Levei a Eliana para me
garantir. Na segunda, fui sozinho.
Confesso que saí de lá sem ter visto ninguém. Sabia que tinha
gente do meu lado direito e do esquerdo, esperando a hora de, como boi, ser
levado ao matadouro. Não puxei conversa com ninguém. E também ninguém se
atreveu a tirar gracinha comigo. Mais “invocado” ainda fiquei na saída.
Mas é assim mesmo. Para buscar um médico, a maioria dos homens precisa
mesmo se encontrar numa situação bem difícil, onde a perspectiva de passar desta
para a melhor é circunstância iminentemente presente.
O fato é que a recusa de visitar o homem (ou a mulher) de jaleco
branco, muitas vezes, está ligada ao receio de ter de receber uma notícia não
muito agradável com relação à própria saúde. Desculpas são várias. E as mais descabidas.
Contra toda essa bateria de escapatórias fúteis, no entanto, a
Secretaria Estadual da Saúde instituiu um dia especial para que o homem se dispa
de seus medos e se veja frente a frente com o “doutor”. Sem custos. Sem
estresse. Será nesse sábado (22), das 8h às 13h, na Policlínica Cosme e Silva,
no Pintolândia.
A data é o dia “D” contra a tuberculose. Mas os arredios terão
também a oportunidade de medir a pressão arterial, a glicemia – muitos caminham
na fronteira tênue do diabetes [que é o diabo em carne e osso] e nem sabem. Poderão
também se submeter a vacinas contra as hepatites. E, se der sopa, até mesmo a
um exame básico de DST/Aids.
A visita ao médico é simples e não dói nada. Nem custa dinheiro – nesse
caso. As mulheres o fazem com regularidade. É por isso que elas são mais
longevas. Segundo o IBGE, pelo menos sete anos a mais que os homens.
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