quinta-feira, 20 de março de 2014

A síndrome do jaleco branco


Por Francisco Espiridião

A gente sabe, ainda que por vias transversas, que as mulheres vivem mais que os homens. Mas, para ser categórico necessário ter em mãos pesquisa científica, alguma estatística que não deixe margem de dúvida. É assim em quase todas as áreas da vida.

Tomemos como exemplo o caso da justiça. Para que se diga que um copo se quebrou, é necessário anexar aos autos os caquinhos do dito-cujo. Até porque existe aquela máxima em direito de que “o que não está nos autos não está no mundo”.

Muito bem. Em busca dessa confirmação, consultei o sabe tudo dos dias atuais, o bilionário Google. A primeira página que abro, já que a indicação cabia feito luva para minha pesquisa, deparo-me com uma brincadeira das mais divertidas.

A página mostra, em fatos palpáveis, o porquê da afirmativa. Os homens vivem menos que as mulheres porque eles se arriscam mais. Veja em http://www.naomesmo.com/e-por-isso-que-as-mulheres-vivem-mais-que-os-homens/ as maiores presepadas de que os marmanjos são capazes, mostrando que os milhões de neurônios para nada servem. Parecem.

No site se vê as maiores barbaridades cometidas pelos varões em nome do tal heroísmo, da pavonice, ou mesmo da falta de noção do perigo. Como disse um dos comentaristas da página, “coisas de retardado”.

Na verdade, o homem vive menos que a mulher, simples, porque elas se cuidam mais. Vão mais ao médico. O homem sempre tem uma desculpa categórica para fugir do compromisso. A mais batida ainda é a de que não tem tempo para perder na antessala de consultório médico.

Falar em antessala de consultório médico, não conheço nenhuma mais “invocada” que a do urologista. Aquele do exame de toque retal. Na primeira vez em que estive naquela “vexatória” situação, nem tanto. Levei a Eliana para me garantir. Na segunda, fui sozinho.

Confesso que saí de lá sem ter visto ninguém. Sabia que tinha gente do meu lado direito e do esquerdo, esperando a hora de, como boi, ser levado ao matadouro. Não puxei conversa com ninguém. E também ninguém se atreveu a tirar gracinha comigo. Mais “invocado” ainda fiquei na saída.

Mas é assim mesmo. Para buscar um médico, a maioria dos homens precisa mesmo se encontrar numa situação bem difícil, onde a perspectiva de passar desta para a melhor é circunstância iminentemente presente.

O fato é que a recusa de visitar o homem (ou a mulher) de jaleco branco, muitas vezes, está ligada ao receio de ter de receber uma notícia não muito agradável com relação à própria saúde. Desculpas são várias. E as mais descabidas.

Contra toda essa bateria de escapatórias fúteis, no entanto, a Secretaria Estadual da Saúde instituiu um dia especial para que o homem se dispa de seus medos e se veja frente a frente com o “doutor”. Sem custos. Sem estresse. Será nesse sábado (22), das 8h às 13h, na Policlínica Cosme e Silva, no Pintolândia.

A data é o dia “D” contra a tuberculose. Mas os arredios terão também a oportunidade de medir a pressão arterial, a glicemia – muitos caminham na fronteira tênue do diabetes [que é o diabo em carne e osso] e nem sabem. Poderão também se submeter a vacinas contra as hepatites. E, se der sopa, até mesmo a um exame básico de DST/Aids.

A visita ao médico é simples e não dói nada. Nem custa dinheiro – nesse caso. As mulheres o fazem com regularidade. É por isso que elas são mais longevas. Segundo o IBGE, pelo menos sete anos a mais que os homens.

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