terça-feira, 26 de junho de 2012

Vias abertas na América Latina

Quando o ex-presidente Lula e a atual presidente, Dilma Rousseff, acompanhados de Cristina Kirchner, da Argentina, e o ditador Hugo Chavez, da Venezuela, entraram numa de defender o presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, a pulga me deu comichão nas orelhas.

A princípio, pela celeridade com que o processo de deposição (impeachment) se deu no vizinho país das guarânias de noites tristes, disse comigo mesmo: o espectro do golpe tornou a campear a América do Sul.

Porém, o comichão aumentou quando o boliviano dado à coca, Evo Moralez, também disparou as baterias contra o ato perpetrado pelo Parlamento paraguaio. Aí, foi a gota d'água que faltava para me empurrar a trabalhar um pouquinho, ou seja, buscar informações a respeito do que se passava naquele país, conhecido como o campeão da pirataria.

E não é que eu descobri o óbvio? O homem que largou a batina (era bispo católico) para comandar os destinos do país não é flor que se cheire. Tudo o que se pense de ruim em uma pessoa, eleve-se ao quadrado e se chegará ao que é, de verdade, o caráter de Fernando Lugo. Era bispo, mas traiu o voto de castidade e teve filhos não reconhecidos e abandonados - até com meninas de 15 anos, e passageiras da terceira classe, ou seja, paupérrimas.

Ao assumir o governo em 15 de agosto de 2008, Lugo destituiu a maioria das autoridades governamentais e nomeou em seu lugar os "amigos" e "cupinchas". O jornalista Chiqui Avalos, ao analisar o momento político do Paraguai, afirma que Lugo não poupou nem mesmo seus melhores amigos, que provaram de sua traição.

"Eleito, (Lugo) desfez-se de todos os companheiros de jornada. Um a um. Stalin não apagou tantos nas fotos oficiais do Kremlin como o ex-bispo o fez. Mas demitiu os mais qualificados, por sinal. Restaram-lhe os cupinchas, os facilitadores de negócios e de festinhas íntimas, os 'operadores' e alguns incautos esquerdistas para colorir com as tintas de um risível ‘socialismo guarani’ o governo de um homem que chegou como o Messias e terminaria como um Judas Iscariotes.", escreve Avalos para o site do Claudio Humberto, de hoje (26).

O que mais impressiona é que a situação no Paraguai é quase unânime quanto à urgência da deposição de Fernando Lugo. Basta ver que não houve nenhuma manifestação popular em favor do deposto. Ele, também, diga-se, fez por merecer. Chegou ao extremo de obrigar os militares a se submeter às ordens dos sem-terra de lá.  

Lugo foi acusado também de dar apoio à manifestação de jovens de esquerda no Comando de Engenharia das Forças Armadas, em 2009; de falta de competência para combater atos de violência no país; de ser o responsável pelo confronto entre policiais e camponeses na semana passada, ato que culminou na morte de 17 pessoas; e de violação das leis paraguaias ao ratificar Protocolo de Ushuaia 2, que prevê intervenção externa caso a democracia esteja em perigo.

Pelo visto, o que aconteceu no Paraguai está longe de ser considerado um golpe, vez que a Constituição do país permite o processo tal como transcorreu. Quanto aos que hoje esperneiam - leia-se Dilma, Chávez, Kirchner, Morales, Rafael Correa (Equador) et caterva -, advogam em causa própria. Se Lugo caiu de maduro, as vias se abrem na América Latina.

Nenhum comentário: