sábado, 7 de julho de 2012

Falando sobre generalidades

Por Francisco Espiridião 

Leio nesta sexta-feira (6) que o governo federal pede “maturidade” aos servidores que, de alguma forma, pleiteiam reajuste salarial. A justificativa para tal pedido, segundo a visão do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, é que “a recuperação da economia brasileira tem demorado mais do que o previsto”. Pode ser.

Há, porém, caroço – e dos grandes – debaixo desse angu. Com a extinção da isonomia aplicada aos aumentos salariais dos servidores, novidade inserida pela Constituição Cidadã, passou a valer o reajuste diversificado, concedido por categorias. Aquelas que têm maior poder de barganha conseguem, vez por outra, auferir algum acréscimo – ainda que na base de um dígito – no contracheque. Quem não tem... paciência.

Este é o caso dos policiais militares do ex-território federal de Roraima. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a categoria chegou a degustar saborosos aumentos de 1% ano sim, ano não. Já ao longo dos oito anos da era Lula o contracheque foi alterado duas vezes. No caso específico de um Subtenente, por exemplo, o primeiro reajuste aconteceu em 2006, no valor de 900 reais, e, o segundo, em meados de 2008, da ordem de 400 reais. Na era Dilma, então, nem pensar...

Parece brincadeira, mas os policiais militares do ex-território estão perdidos no tempo e no espaço. Sem ninguém que fale por eles. Nem mesmo a dita Associação, que até hoje não disse a que veio. Pelo jeito, não tem vez nem voz – nem aqui nem em Brasília. Torço, de coração, para que venha a queimar a língua.

Trata-se, enfim, de uma categoria que sequer tem a situação funcional definida junto ao governo federal. Ao que parece, está “encostada” de maneira precária num puxadinho do Ministério da Fazenda. Aí, vem uma pergunta manhosa: por que logo no Ministério da Fazenda? O que tem a ver um bando de, digo, uma tropa militar com o Ministério da Fazenda?

A salvação, dizia-se, está na via política. Já não há de se falar mais tal heresia. Durante todos esses anos nenhum deputado federal ou senador topou a parada. Nem mesmo aqueles que, sabidamente, eram frequentadores assíduos da mesa dos reis, digo, dos presidentes da República tupiniquim. 

Lembro-me que quando foram incorporados os primeiros policiais militares do estado, no ano de 2000, havia um sentimento pejorativo quanto ao salário de um PM estadual diante do de outro da mesma graduação pertencente ao quadro em extinção – do ex-território. Dizia-se que o estadual era “genérico”, por sair mais barato ao Erário.

Ocorre que os estaduais estão andando. Não se pode dizer que seja uma desabalada carreira, mas estão andando. De 4,5% em 4,5%, seguem em frente. Os federais, ao contrário, mergulham em sono profundo. Quando acordarem, eles é que serão os “genéricos”.

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