Por Francisco Espiridião
Li nessa quarta-feira (4) um comentário sobre matéria
postada no blog do jornalista Gerson Camarotti, no G1, que a última coisa que
falta acontecer neste País é a indicação do ex-presidente Lula da Silva, para
ocupar a vaga deixada pelo ministro Cezar Peluso, no Supremo Tribunal Federal
(STF).
A ideia de promover a ministro da mais alta Corte deste País
o doutor honoris-causa por dúzia e meia de universidades mundo afora não deixa
de ser estapafúrdia, sem dúvida. Mas, num país do faz-de-conta, não é de todo
improvável.
Nunca antes na história deste país se viu tanto desapego à
verdade, tanta falta de apreço às leis, tamanho desrespeito com o item
seriedade com a coisa pública como se contempla nos tempos atuais.
Para ficar só com um crasso exemplo, criou-se uma Lei da
Ficha Limpa sob os auspícios da boa vontade popular, e, no fim, descobre-se que
ela veio só para enganar besta. Aliás, o que não falta neste País é besta a se
deixar levar pela cantilena de candidato maroto.
O resultado disso é o que mais se vê nos quatro cantos deste
país: políticos atolados até o pescoço na corrupção, com condenações prolatadas
por colegiados mil, mas livres, leves e soltos por força de grotescas chicanas,
gritando alto e bom som, em concorridos comícios, suas megalomaníacas metas
para quando assumirem os cargos que pleiteiam açambarcar nas urnas, em outubro
próximo.
Peço vênia ao saudoso poetinha Vinícius de Morais para
plagiá-lo em sua canção Cotidiano nº 2: “Se foi pra desfazer, por que é que
fez?”. Se era para desfazer a Lei da Ficha Limpa, por que é que ela foi
aprovada? É tanta gente tripudiando da dita-cuja que amaina a vontade do
cidadão comum de acreditar no tal do sistema que nos rege como sociedade
civilizada, em pleno século 21.
A revista Veja desta semana traz como título de capa a frase
que é verdadeiro desabafo: “Até que enfim”, referindo-se a condenações
históricas de políticos influentes do PT, como João Paulo Cunha, ex-presidente
da Câmara Federal, e de outros que já estão com as barbas de molho diante do
julgamento do mensalão (Ação 470), no STF.
Desconfiado como eu só, começo a imaginar que haja caroço
debaixo desse angu. Vai que a presidente (não aceito o termo presidenta) Dilma
Rousseff empossa, de forma acelerada, um “bom companheiro” para o lugar de
Peluso, e ele decida pedir vistas de todo o processo...
Sabe-se lá quanto tempo o novel togado permanecerá
refestelado sobre a papelada até decidir cumprir a árdua missão. Até lá, a
prescrição ampla, geral e irrestrita terá dado asas a todos os passarinhos hoje
enredados.
Aí sim, estaria cumprida a profecia do ético Delúbio Soares,
quando disse, em 2005, sobre o mensalão: “Um dia, todos nós estaremos dando
boas gargalhadas de tudo isso”. Por enquanto, a PeTezada fala mansinho,
apreensiva com o quadro que está sendo pintado. Mas... em Banânia, tudo é
possível. Até mesmo Lula ser empossado como o 11º ministro do STF.
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