Por Percival Puggina
Lula tinha três projetos importantes para 2012. O primeiro era
alcançar um crescimento robusto da Economia. Quando o ano começou, no
melhor estilo lulista Dilma desfilava arrogância dando conselhos a
chefes de Estado sobre como superar a crise. Mas eis que quando se
aproxima o outubro amargo, depois de uma dúzia de pacotes para soprar as
brasas da economia através do endividamento do povo, o PIB dá sinais de
esgotamento e impotência. Parece não haver pílula azul que faça a
economia adotar uma postura ascendente.
O segundo projeto lulista era eleger Haddad. Entendamos nosso
ex-presidente. Ele estava nem aí para uma vitória do PT em São Paulo.
Ele queria eleger o Haddad. Aliás, não era bem isso. Corrijo-me. Lula
estava nem aí para o Haddad. Ele queria ser o cara que conseguiu fazer
prefeito de São Paulo um desconhecido incompetente como o Haddad.
Acontece que Marta Suplicy não apenas era candidata. Ela ponteava as
primeiras pesquisas de opinião!
Em setembro de 2011, Marta tinha 29% das intenções de voto contra 18%
de José Serra. Num segundo cenário, trocando Marta por Haddad, este
aparecia com 2% das intenções de voto. Voilá! Lula tinha em Haddad uma
versão masculina para reproduzir o prodígio que fizera com Dilma. Certo
de sua onipotência, exercendo aquela autoridade absoluta, mista de
cacique e pajé (que só não funcionou na época do Mensalão), exigiu que a
senadora renunciasse à candidatura em favor do seu pupilo.
À medida que
se aproximava o amargo outubro, Lula entrou em desespero: foi beijar a
mão de Maluf nos jardins da casa dele e mandou a doublé de presidente
desbancar do ministério a irmã do Chico Buarque. Ato contínuo, ofereceu a
poltrona da Cultura para Marta que aceitou, subiu no palanque e tirou
retrato com Haddad. No momento em que escrevo este artigo parece não
haver mais tempo para que o quadro político proporcione alguma alegria a
Lula.
O terceiro projeto lulista para 2012 era acabar com o processo do
Mensalão. Tal missão foi enfaticamente assumida ao deixar a presidência.
“Xacomigo!”, terá dito Lula. Com efeito, mesmo no mais diluído senso
moral, os fatos do Mensalão enodoavam sua biografia. Ora, Lula se vê
como Deon, o semideus da mitologia grega que tinha o poder de submeter
os demais aos seus comandos de voz.
Portanto, era só falar com um, falar com outro, dar algumas
entrevistas e a maior parte dos ministros do STF, obedientes aos
desígnios de quem os indicou, não se recusariam a lhe entregar a própria
honra. Mas eis que quando o outubro amargo se aproxima, se evanesce a
ilusão. Não há compadres em número suficiente no plenário do Supremo.
Lula cruza as mãos sobre as próprias vergonhas e pede que o ano termine
logo.
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