Ao
fotografar um banco localizado em um Parque que visitava na cidade de
Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo, uma amiga
extremamente querida que me guiava magistralmente no conhecimento
cultural daquela cidade, sugeriu que eu escrevesse sobre o mesmo.
Comentamos
brevemente sobre quantas histórias já haviam se passado sobre aquele
banco, mas diante de tantos detalhes, curiosidades e questionamentos que
eu fazia sobre aquele e outros locais que estava conhecendo, o assunto
não teve continuidade.
Analisando
as fotos da viagem, quando vi a foto do banco lembrei-me de sua
proposta e de como, realmente, sobre cada um dos milhões de bancos de
praças e parques já ocorreram, foram contadas, discutidas e até
articuladas as mais diversas histórias.
Quantas
alegrias e tristezas foram narradas e vividas por pessoas que neles se
sentaram. Escritores e poetas já os utilizaram para ali escrever seus
contos, livros e poesias. Amizades nasceram, foram estremecidas ou até
mesmo rompidas por declarações sobre eles realizadas.
Namoros
foram iniciados, vividos e terminados, sobre bancos de praças. É
imensurável e inimaginável a quantidade de promessas de amor eterno que
já foram realizadas por quem sobre eles um dia já esteve.
Quem
neles nunca descansou depois de uma longa caminhada, de exercícios
físicos ou de um passeio, foi porque certamente nunca visitou um parque
ou praça onde normalmente estão localizados.
Trabalhadores
das obras próximas deles se utilizam para, apoiando nas pernas sua
marmita, se alimentar com a comida vinda de casa, preparada ainda
durante a madrugada, enquanto mendigos e pessoas em condição de extrema
pobreza os utilizam como cama, onde descansam ou dormem.
Senhores,
normalmente já aposentados, neles se sentam quase que diariamente ao
lado de seus amigos e conhecidos, para passar seu tempo contando sobre
sua vida, suas experiências e seu espanto com a rapidez com que tudo
evolui atualmente.
Os
mais jovens e dedicados ao aprendizado deles se utilizam para, em
companhia de colegas de escola, tirarem dúvidas e estudarem para a
próxima prova, partilharem das novas tecnologias e, claro, como todo
jovem, combinarem quando e onde será a próxima diversão.
Como
eu, milhares neles já se sentaram simplesmente para, passivamente e em
silêncio, admirar a natureza que os circundava. Nas praças e parques é
comum vermos pessoas neles sentadas, esperando os filhos e netos que
brincam na areia ou grama próxima.
Acordos
dos mais diferentes tipos foram pactuados por quem neles estava. Ali já
se soube sobre um novo emprego que se necessitava, se iniciaram
negociações sobre os mais diversos temas e objetos móveis e imóveis
foram comprados e vendidos.
Milhares
de ações de corrupção foram realizadas por quem neles se assentou para
discutir seus detalhes e gente inescrupulosa ou até mesmo criminosa,
neles se apoiou para tratar de assuntos ilegais, proibidos e
inconfessáveis, como se estivessem simplesmente conversando.
No
decorrer dos séculos uma infinidade de articulações políticas, algumas
que provocaram até guerras, milhões de mortes e mudaram a história da
humanidade, foram realizadas por pessoas que neles estavam sentadas.
Se os bancos falassem, certamente a história seria outra.
*Jornalista e empresário; www.joaoboscoleal.com.br
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