“Madeira de dar em doido vai descer até quebrar, é a volta
do cipó de arueira no lombo de quem mandou dar.” Esses versos de Geraldo
Vandré, dos idos de 1967, em pleno regime militar, quase cinquenta anos atrás, são
emblemáticos nos dias atuais.
Ver personalidades impolutas, havia até pouco tempo posando
de verdadeiros mandachuvas da nação, fazendo e desfazendo no País, esnobando o
mais alto de sua soberba, e não por acaso enlambuzadas com o tal mensalão,
hoje, chorando juntos, trancafiados em uma cela da Polícia Federal, em
Brasília, é cena impagável.
Esse dia, para eles, estava nas calendas gregas, como diria
o saudoso brigadeiro Ottomar Pinto. Jamais existiria. Mas chegou. A previsão do
ex-tesoureiro do PT, o professor Delúbio Soares, caiu por terra.
O professor disse, em tom de “mestre-sabe-tudo”, que “todas
as besteiras” que se levantavam naquele momento terminariam em “piada de
salão”. Isso, quando ainda se desenhavam no Ministério Público Federal os
primeiros contornos do mensalão que desaguaria no Supremo Tribunal Federal batizado
de Ação Penal 470.
Quão enganado estava o mestre Delúbio! Os ministros do
Supremo até que chegaram a preparar a massa e pôr a pizza em fogo brando. Ocorre
que o gás acabou. O fogo se apagou e a pizza não chegou a ser assada. Dissolveu-se.
A profecia de Vandré confirma-se de maneira tão premente que
só acredita quem vive este momento para ver. Mesmo depois do choro da primeira
noite em cana, ainda não perderam a empáfia.
Como bons mensaleiros que são, continuam como dantes. Em
cana, mas senhores de si. Dirceu, por exemplo, mandou recadinho a Lula, na
semana passada. Foi ouvir a cantilena e atender prontamente: deitou falação espinafrando
o presidente do STF e demais ministros.
Que não seja surpresa para ninguém se se descobrir mais
tarde que o empreguinho de Dirceu, R$ 20 mil no Hotel St. Peter, teve, ainda que
discretamente, o dedinho de Lula.
Voltemos à cena da Proclamação da República: hilariante ver
os condenados de punho em riste, dizendo-se “presos políticos”, quando do
momento da prisão, naquele dia emblemático.
Comovente a cena daquele domingo (15) à tarde, quando Genoino
se entregava à PF. Um meliante – como diz o colega Nonato Souza – posando de herói.
E aplaudido por obtusos petistas – nem todo petista é obtuso, que fique
claro.
Aliás, li dia desses em algum lugar que nas ditaduras há a
figura dos “presos políticos”, enquanto nas democracias, “políticos presos”. Bom
sinal. Nestes dias de desforra vê-se políticos presos. Queira-se ou não, uma
novidade. Resta a incógnita: até quando?
Mas só de saber que “eles” deram com os costados nas masmorras
já causa certo ar de contentamento. Uma sensação de que nem tudo está perdido. Fato
“quase” improvável. Mas verídico. Ainda há juízes no Brasil.
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