Francisco Espiridião
Em 2004, publiquei coletânea de crônicas escritas semanalmente ao longo do ano de 2003, o primeiro do festejado PT à frente do País, sob a batuta do todo-queridinho Luiz Inácio Lula da Silva. O título era sugestivo: “Até quando? – Estripulias de um governo equivocado”.
Em 2004, publiquei coletânea de crônicas escritas semanalmente ao longo do ano de 2003, o primeiro do festejado PT à frente do País, sob a batuta do todo-queridinho Luiz Inácio Lula da Silva. O título era sugestivo: “Até quando? – Estripulias de um governo equivocado”.
Na época, recebi críticas, não da mídia – que eu não tenho lá todo esse cacife –, mas em conversas coloquiais, principalmente vindas de colegas jornalistas. Um deles chegou a me dizer que eu, açodado, jogava lama sobre um governo que mal acabara de assumir e que precisava de tempo para mostrar que não era nada daquilo que eu insistia em assegurar.
Logo no primeiro ano dos petistas no Planalto, eu, que de profeta ou vidente nada tenho, nem me arvoro a tal, desiludia-me, mês após mês, com o que via deslumbrando-se no horizonte. Era possível perceber que a plêiade de autoridades que compunham o novo governo insistia em manter os mesmos aleijões de caráter tantas vezes vistos e criticados por eles próprios.
Passados 10 anos, são inegáveis os avanços do País. Mas, ao se fazer honesta reflexão, chega-se à conclusão de que essas melhorias vieram de roldão, pegando carona na então chamada “new wave”, que embalou o mundo até 2008, antes do estouro da bolha americana que levou países que já não vinham bem das pernas, como Portugal e Áustria, a viver dias de dificuldades extremas.
Como o Brasil tinha gorduras para queimar, a crise, que tinha dimensões de tsunâmi, por aqui não passou mesmo de uma “marolinha”, como disse o então presidente. Nesse período, o País experimentou fase de expansão desenvolvimentista. Muita gente que não comprava passou a consumir. Porém, sobre uma base de sustentação nada convincente – a mão do Estado como fonte de benemerências, do tipo Bolsa Família.
Esse modelo exauriu-se. Chegou ao limite. A onda de consumo estabilizou-se. Quem tinha de comprar já comprou. O setor automobilístico é emblemático. O que se vê hoje são carros e mais carros nos pátios das concessionárias e o chororô institucionalizado em razão de uma crise que não se arrefece.
Os salários já não acompanham o crescimento dos preços. A inflação é sentida nas gôndolas dos supermercados. Cresce a cada dia o número de pessoas endividadas. A Serasa Experian anunciou na última segunda-feira (28) um crescimento de 7,4% no número de pessoas que não conseguiram pagar suas contas no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.
Hoje, o governo do PT escancara o que era denunciado 10 anos atrás, em “Até Quando?”. Sobre a Petrobrás, permanece escura nuvem de desconfianças, para não falar de crescente processo de desmonte da estatal – que tem como raiz um misto de incompetência de gestão e corrupção galopante.
Escândalos e maracutaias seguem entranhados nas veias dos poderosos da República como as águas correm nos rios e igarapés. Sempre tem um “rolo” da vez na mídia. Negociatas no governo do PT são café pequeno. Ética e bons costumes, arranhados a cada minuto por essa gente.
Quando se pensava que a última estripulia dos cardeais petistas era mesmo o caso da retirada sem nenhum registro de 10 milhões de dólares dos cofres da Refinaria de Pasadena, eis que surge agora a historinha mal contada do ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha. Segundo a PF, o homem está atolado até o pescoço no pântano pegajoso administrado pelo doleiro Alberto Youssef (et caterva), preso na Operação Lava Jato.
O deputado Erci de Morais (PPS) previu, semana passada, que o Brasil não aguenta mais quatro anos de governo do PT. E tem razão. Até o IBGE, que é uma instituição de Estado, está a sofrer ingerências do governo petista. Ordens oriundas do Planalto buscam escamotear os números negativos da PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio).
Por isso, muitos técnicos sérios e que têm nome e credibilidade a zelar preferem pedir demissão a deixar-se vergar pelas pressões palacianas. É, sem dúvida, a instituição do processo de implantação da “novilíngua”, de Orwell.
Essa gente não tem mesmo jeito.
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