Por Francisco Espiridião
Recebi na sexta-feira (25) uma gentil carta do Banco do Brasil, informando-me que eu precisava comparecer urgentemente à minha agência (onde mantenho conta corrente), na Avenida Ataíde Teve, para “atualizar/regularizar” minha situação, vez que o contrato que o BB mantém comigo vai expirar no dia 31 (quinta-feira).
Na segunda-feira (28), depois de cumprir alguns compromissos, adentrei a agência, certo de que iria resolver o problema e sair dali com o meu dever cumprido, ou seja, com a minha conta corrente “atualizada/regularizada”. Afinal, disso depende a minha segurança para continuar recebendo o salário pago pelo governo do estado.
Mal sabia eu da dor de cabeça que iria sofrer. Ao entrar na agência, dei de cara com uma “cobrinha” fazendo voltas. Só que essa extensa fila não era para ser atendido. Antes de passar pela porta giratória, precisava pegar uma senha. Com ela é que eu poderia passar pela bendita porta e aguardar o momento de ser chamado para me “atualizar/regularizar”.
Às 10h33 da segunda-feira, consegui ser contemplado com a senha I014. Esperei até as 12h30 e nada de ser atendido. Desisti, pois precisa entrar no expediente às 13h. Ontem (terça-feira), voltei à agência, só que desta vez, mais cedo. Cheguei às 9h40. Recebi a senha I012.
Ciente de que a espera seria longa, fui à minha casa e peguei o livro que ganhei de presente da chefe (ou seria chefa?) Albani Mendonça. O título: “Não somos racistas”, de Ali Kamel, sabe, aquele da Rede Globo.
As ideias de Kamel batem com as minhas com relação ao racismo ou cotas para negros (eu sou preto). O que falta é mais educação para os pobres, sejam eles pretos, pardos, amarelos, azuis ou brancos.
Voltemos à fila. Das 10h até as 12h30 quase terminei de ler o livro. Agora, perguntem-me quantas pessoas com senhas iniciadas pela letra I foram atendidas em duas horas e quarenta minutos de espera? Somente cinco. E a agência cheia. Detalhe: estes não são dias de pagamento, muito menos véspera de feriado.
Se eu quisesse resolver meu problema (ou seria do banco?) teria de dar uma pernada no expediente. Claro que adiei mais uma vez a oportunidade de ser atendido, tal como no primeiro dia. Nesta quarta-feira serei esperto. Vou madrugar na porta daquele tamborete, digo, banco. Creio que, assim, serei um dos primeiros a ser chamado pelo atendente.
Mas, afinal, o que fizeram da tal Lei 848/2006, sancionada pelo chefe do Poder Executivo municipal, que determina que as agências bancárias devam dispor de atendentes em número suficiente para despachar a clientela de modo que ninguém exceda o tempo máximo de 30 minutos na fila de espera?
Mas nem tudo são espinhos. Há, também, avanços. Já melhoramos bastante. Antes, todos os clientes eram obrigados a esperar em pé. Hoje, já existem cadeiras quase que em número suficiente. Menos da metade dos clientes, hoje, aguarda na posição vertical. Menos mal, não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário