Por João Bosco Leal (*)
A dupla Antônio Carlos e Jocafi, totalmente desconhecida pela juventude
atual, mas muito famosa quando eu era jovem, fez muito sucesso com uma música
cujo refrão era: “Você abusou, tirou partido de mim, abusou”.
“Mas não faz mal, é tão normal ter desamor, é tão cafona, é sofredor, que
eu já nem sei se é meninice ou cafonice o meu amor”, dizia a letra.
Hoje observo como essa letra está atualíssima, pois, realmente, na sociedade
em que vivemos, parece ser cafona e sofredor amar alguém. O normal é ter
desamor, não se apegar a nada ou ninguém.
Falar de amor, declarar-se apaixonado então, parece ser algo inimaginável
atualmente, em virtude de “Se o quadradismo dos meus versos vai de encontro
aos intelectos, que não usam o coração como expressão”.
“Você abusou, tirou partido de mim, abusou”, parece ser o único
sentimento possível de ser recebido pelos que, como eu, ainda pensa sobre e
procura um amor verdadeiro, como o daqueles tempos, quando se buscava uma
companheira para conosco permanecer até o apagar das luzes.
“E me perdoe se eu insisto nesse tema, mas não sei fazer poema ou canção
que fale de outra coisa que não seja o amor”, continua a letra, exatamente
como eu diria àquelas que, atualmente, desprezam um verdadeiro amor.
Outro dia, em uma rede social, li que atualmente, “Os homens querem casar e
as mulheres querem transar”, ou seja, está ocorrendo uma inversão enorme de
valores entre os da minha geração e os da atual.
Mesmo que não seja para literalmente “transar”, parece que as mulheres -
apesar de reclamarem do inverso -, estão mesmo é procurando sair, dançar e beber
sem nenhum compromisso, sem se apegar a alguém.
Dão mais importância às saídas com suas amigas, colegas ou parentes do que
com um pretendente a ser seu amor. Não pensam em seu futuro. E esse, penso, será
o maior problema das que assim agem.
O tempo da diversão também pode ser curtido com um parceiro, e não
exclusivamente com pessoas com quem não possua nenhum relacionamento amoroso.
Esse tempo passará, elas se cansarão, procurarão um ambiente mais caseiro e aí,
certamente você estará só. Seus filhos e netos estarão levando a própria vida e
as atuais “amigas” já não estarão mais interessadas em noitadas, danças ou
bebidas.
São fases da vida daqueles que não pensam em seu futuro e não poderão ser
revertidas quando, já com mais idade, os interesses serão outros, mas não terá
com quem viver maravilhosamente tão bem, como os que escolheram estar ao lado de
alguém com quem construíram uma história, têm o que conversar e do que se
lembrar.
Entretanto, a grande maioria não pensa assim e continua dançando e bebendo
cada dia com um, sem pensar no amanhã e muitas vezes até zombando da minoria,
que pensa diferente. Mesmo que de mim tirem partido, prefiro fazer parte desse
pequeno grupo, dos eternos apaixonados.
E deixar que “o quadradismo dos meus versos vá de encontro aos
intelectos, que não usam o coração como expressão”.
(*) Jornalista e empresário; www.joaoboscoleal.com.br
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