João Bosco Leal (*)
Há pouco tempo uma amiga me contou que,
durante uma viagem de turismo que fez com um grupo de conhecidas, pensou
haver encontrado seu príncipe encantado. Eram cinco mulheres e guiadas
por outra da cidade onde estavam, foram a um bar onde havia pista de
dança.
Ela, mulher já madura - de quem já se
esperava menos inocência -, dança com um desconhecido que a encanta com
suas conversas e galanteios, a ponto de imaginar haver ali encontrado
seu príncipe encantado.
Como normalmente ocorre, naquela mesma
noite, ou no dia seguinte, vivem o que para ela foi uma inesquecível
noite de amor, onde além do amante encontrou aquele galanteador, que
tudo dela ouvia, mostrava interesse, elogiava seus dotes físicos e
intelectuais, mas no dia posterior ele volta para sua noiva, esposa ou
cidade.
Ainda sonhando e sem saber da outra,
durante meses ela liga, manda e-mails com mensagens apaixonadas, fotos,
tenta um reencontro, mas tudo acabou ali. Ele é boa pinta, bom de papo,
dança bem, fala que havia encontrado nela o que buscou durante toda a
vida e, com isso, consegue a única coisa que realmente pretendia: uma
boa noite de sexo.
Já havia ouvido centenas de histórias
como essa, mas ainda acho incrível como uma pessoa, já com meio século
de vida ainda acredita nesse tipo de conto de fadas.
No último carnaval, numa boate, a mesma
conheceu um homem e, de madrugada, alegando estar com fome e por julgar
que ele havia bebido muito, leva-o a uma lanchonete em seu próprio
carro. De lá voltaram para que ele pegasse o próprio carro, e segundo
ela, o encontro não passou disso.
Como uma pessoa que pelo menos
teoricamente já deveria possuir um pouco de juízo pode ser tão
irresponsável a ponto de sair só, de madrugada, de carro com um
desconhecido, só porque ele era conhecido de outros conhecidos seus?
Ouve-se muito falar sobre violência e até crimes ocorridos em aventuras
como essas, mas parece que algumas gostam de correr esse risco.
Do mesmo grupo e na mesma viagem
anteriormente citada, uma delas, fazendeira do pantanal - que
normalmente é flagrada ligando para o namorado das outras da própria
turma, cantando-os ou contando tudo o que as outras fazem ou fizeram -,
saiu com o motorista de taxi que as conduzia de um local ao outro e, no
dia seguinte, ao voltarem ao mesmo clube de dança, levou-o junto e lá
custeou suas despesas, para depois passarem mais uma noite juntos.
Durante um almoço na casa de uma do
grupo, presenciei a mesma ligar para um advogado conhecido delas e dizer
a ele que estava perdendo de não estar ali, onde se encontravam várias
mulheres loucas para “dar”. O que um homem que ouve isso deve pensar a
respeito de todas as que ali se encontram? Mesmo as que nada disso
disseram estão incluídas na proposta, pois afinal, ela disse que ali
estavam “várias” mulheres com o mesmo desejo.
Enfim, é um grupo do que popularmente se
conhece como “cobra comendo cobra” em que as mulheres saem com o
primeiro que aparece, e - no caso da fazendeira do motorista de taxi e
do telefonema -, mesmo que ele seja o caso de uma das outras “amigas”.
Minha surpresa é maior quando lembro
estar me referindo a um grupo de mulheres que, ao menos teoricamente -
por serem todas profissionais liberais, empresárias, financeiramente
autossuficientes, donas de casas próprias, fazendas, escritórios e
consultórios -, não teriam posturas como estas.
Frequentar grupos de pessoas onde a moral e a ética não são sequer consideradas, é sempre uma atitude de alto risco.
*Jornalista e empresário; www.joaoboscoleal.com.br
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