sábado, 15 de janeiro de 2011

Tragédia carioca, fruto da corrupção

Por Francisco Espiridião

João Damasceno Chagas, 19 anos, embarcava de Porto Velho para o Rio de Janeiro no início do mês de janeiro de 1966. Passaria a viver com o padrasto, a mãe e demais irmãos por parte de mãe, os quais sequer conhecia.

Jovem, cheio de vida, João fora criado desde os dois anos de idade sem a presença da mãe, apenas por meu pai, também pai dele, viajando por rios e igarapés perdidos em meio aos seringais acreanos. Regatão era o ofício do meu pai, na época.

João acabava de dar baixa do Exército, onde prestara o serviço militar obrigatório. Lembro-me quanto foi difícil para o “Velho” aceitar a separação do filho que criara sozinho, com tantas dificuldades, por mais de oito anos. Depois, deu-lhe madrasta, a minha mãe.

Maior sofrimento, no entanto, foi receber, em fevereiro daquele mesmo ano, a notícia fatídica: o menino havia sucumbido, juntamente com tantas outras pessoas, em meio aos desmoronamentos de morros, tal qual a tragédia que ora se repete, ainda que em menor intensidade naquela ocasião.

A fábrica de moer gente chamada desmoronamentos nas dependências geográficas do estado do Rio de Janeiro – antes RJ e Guanabara, distintos –, não é coisa nova. Este ano, extrapolou. Mais de 520 mortos segundo levantamento do meio dia desta sexta-feira.

O questionamento que se faz é: por que esse fenômeno climático tem que sobrepujar a competência das autoridades a ponto de não se evitar as mortes, vez que são todas plena e previamente anunciadas? A resposta se resume numa única palavra: corrupção.

Aí vem aquela lengalenga de que as pessoas se instalam voluntariamente nos locais mesmo sabendo tratar-se de áreas de extremo risco. Tautologia descabida. Em muitos casos, as pessoas voltam para as áreas de risco, não porque não tenham para onde ir, mas por ser cômodo.

Um exemplo é o Beiral, em Boa Vista. Aquela gente já chegou a ser retirada dali e ganhou terreno com casa em outros locais. Venderam, e retornaram às habitações inóspitas do bairro que faz confluência com a área central da cidade.

O pior é que nas encostas do Rio não se planta apenas casebres. Se as autoridades fossem realmente sérias, teriam condições de impedir que tais áreas fossem ocupadas. Se não o fazem é porque estariam criando problemas para si próprios: detonariam a estrada que leva à corrupção.

A presidente Lula, digo, Dilma Rousseff, ao visitar nessa quinta-feira as áreas atingidas, anunciou, juntamente com o governador Cabralzinho, a inserção de 1 bilhão de reais para a construção de novas moradias para abrigar as pessoas que habitam tais áreas.

Quanto desses recursos será de verdade aplicado nas medidas de saneamento e no Programa Habitacional Morar Seguro? Se a situação for resolvida de vez, nos próximos verões não haverá como se meter a mão na “bufunfa” que abunda em períodos de calamidades.

Ah, voltando ao caso do Beiral: por que as pessoas retornam àquela região pouco recomendável eticamente falando? Porque as autoridades permitem. Não fosse assim, fariam como se fez com a questão do trânsito em Boa Vista.

Quantos motoqueiros andam por aí sem capacete? E olha que não há nada mais inconveniente que o uso do tal equipamento obrigatório. Dá dor de cabeça, aumenta a coceira com a proliferação de caspas, tira a atenção, sem falar em outras dificuldades. Mas todo motoqueiro usa.

A exemplo deles, no Rio também poderia ser intensificada a vigilância sobre as áreas de risco. As pessoas plantam suas casas ali simplesmente porque as autoridades permitem. Meios para impedir existem. Porém... é-lhes conveniente? Eis aí o busílis.

sábado, 1 de janeiro de 2011

TEMPO. . .

Carlos Drummond de Andrade

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ano,
Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
Fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
Se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
Com outro número e outra vontade de acreditar

Que daqui para adiante vai ser diferente...
...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente... Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
Ao rumo da sua FELICIDADE!!!"

Feliz 2011 a todos!