sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ontem, hoje e amanhã

Por João Bosco Leal (*)

Tenho pensado e conversado bastante com amigos sobre como já fui, como sou, e como seriam minhas reações em situações análogas às que me ocorrem atualmente.

É bastante interessante desenvolver esse raciocínio, pois através dele podemos perceber o quanto, com a idade, mudamos, alteramos nossos pontos de vista, crescemos, amadurecemos.

Por outro lado, em alguns aspectos nos tornamos mais jovens, ou até mesmo infantis, com menos preocupações, dando menos importância a muita coisa que antes nos eram caras.

Nossas atitudes em relação a filhos e netos são tão distintas do passado, que até os filhos estranham, pois exigimos bem menos e sorrimos bem mais.

Passamos a não ter interesse algum em ser o que não somos para agradar quem quer que seja e, sobre qualquer assunto, não aceitamos mais as fórmulas prontas.

Normalmente corremos mais riscos do que no passado e nos divertimos com isso. Queremos viver intensamente e não simplesmente passar pela vida.

Em algumas ocasiões e ambientes, as bebidas, mesmo para aqueles que sequer bebem, são absorvidas com menos preocupações com o quanto subirá.

As novas experiências sejam elas comerciais, sentimentais, ou sexuais, são exercidas com muito menos cuidados, temores ou pudores. Muitas ideias deixam de parecer insanas e algumas até procuramos concretizar.

Não queremos mais ser iguais ou parecidos com alguém, mas simplesmente viver a nossa vida como achamos que deve ser vivida.

Nos relacionamentos, ainda que pouco duradouros, gostamos de sentimentos mais fortes, intensos. Deixamos o coração bater mais forte e comandar nossas atitudes. Não nos apaixonamos pela metade. Os apetites são mais vorazes, a imaginação bem mais fértil e os prazeres bem mais intensos.

Muitas coisas que antes pensávamos ser importantes, hoje pouco significam. O que os outros pensam a seu respeito é uma delas. Isso passa a ter pouca valia. Atitudes diferentes de cada um muitas vezes levam outros a se comportarem da mesma maneira, o que leva a mudanças sociais.

Reações adversas às que esperávamos de certas pessoas deixam de nos machucar tanto e passam a ser encaradas com maior normalidade, pois entendemos agora, que cada um é o que é e não o que esperávamos que fosse.

O comportamento em relação a milhares de atividades diárias é totalmente diferente do que seria duas ou três décadas atrás, pois não existe mais a preocupação de acertar sempre.

Adequações aos novos tempos, novas realidades, novos conceitos ou preconceitos acabam ocorrendo, algumas até sem que percebamos.

Mesmo os valores morais da sociedade - muito sólidos em minha educação e na de meus filhos -, em alguns aspectos e no decorrer do tempo vão sendo flexibilizados, tanto que as próprias leis do país são alteradas, de modo a dar cobertura a coisas que em décadas atrás seriam impensáveis, como os casamentos homo afetivos.

As pessoas mudam, crescem, melhoram ou pioram, mas jamais serão as mesmas.

*Jornalista e empresário;  www.joaoboscoleal.com.br

segunda-feira, 22 de abril de 2013

VISÃO PANORÂMICA DO EVANGELHO DE MATEUS

IGREJA BATISTA CENTRAL DE MACAPÁ

Preparando para o estudo do segundo trimestre

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

O evangelho não declara quem é seu autor, mas a Igreja sempre o atribuiu a Mateus, desde o primeiro século. A provável data de sua redação se deu bem cedo. Sabe-se que foi antes de 70 porque nesta época os judeus e cristãos (ainda tidos como seita judaica) expulsos da Palestina. O primeiro evangelho reflete ter sido uma obra para os cristãos da Palestina. Ireneu, (130-200), em Contra as heresias, e Eusébio, em História eclesiástica, dizem que “Mateus introduziu um evangelho escrito entre os judeus ao estilo deles (tê idia autôn dialektô)…”. Segundo Papias, ele o escreveu em hebraidi dialektô. Teria escrito em aramaico, e depois traduzido. Mas há incertezas quanto a isto. Segundo David Alan Black (Por que 4 evangelhos?), “o evangelho de Mateus era o manifesto da igreja mãe de Jerusalém e, por conseguinte, o documento fundamental da fé cristã”.

  1. QUEM FOI MATEUS?
Seu nome, em aramaico, é Mattatyah, “dom de Yahweh”. Ele surge nas quatro listas dos doze (Mt 10.3, Mc 3.18, Lc 6.15 e At 1.13). Ele mesmo se chama de “publicano” (Mt 10.3), que era um cobrador de impostos a serviço de Roma. Colaborava com o poder estrangeiro dominante. Os publicanos eram mal vistos. Marcos e Lucas o chamam de Levi (Mt 9.9, Mc 2.14 e Lc 5.27). Não quiseram dizer que ele era publicano e usaram seu nome judeu. Ele fez questão de dizer que fora publicano, que Jesus o mudara. Inclusive ele deu uma festa para Jesus (Mt 9.10 e Mc 2.14-15). Jesus mudou sua vida: de cobrador de impostos, a serviço do Império Romano, tornou-se apóstolo do Grande Rei. Tinha que dar uma festa. Uma boa lição: nunca devemos nos envergonhar de nossa fé, mas até mesmo fazer questão de mostrá-la. Sua vida foi mudada radicalmente. Os publicanos, que cobravam impostos como queriam e embolsavam uma boa parte, eram muito ricos (Lc 19.2). Ele deixou tudo por Cristo. Ele entendeu a lei da cruz, de que escreveu (Mt 16.24-26).
  1. PLANO DE TRABALHO
A finalidade do primeiro evangelho é mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias prometido no Antigo Testamento. Isto já fica bem claro em 1.1. Sabia-se que o Messias viria da linhagem de Davi (Ez 34.23-24). O Messias mostrado por Mateus não seria um guerreiro, mas o Salvador (1.21). Este Salvador originaria um novo povo, maior que Israel (21.43). Isto porque a revelação que ele trouxe é maior que a de Moisés (5.17, 5.21-22, 5.27-28, 5.31-32, 5.33-34, 5.38-39). Observe que ele cumpriu a lei (ela se cumpriu nele e ele opôs sua autoridade à de Moisés). Ele era maior que Moisés. Veja 17.4-5: é ele quem deve ser ouvido. Não são Moisés e os profetas (o AT). Este é o plano de Mateus: Jesus é o Salvador prometido e traz uma revelação nova e superior. O tempo de Moisés passou. Uma observação necessária: Mateus é tópico e não cronológico. Ele não faz um relato dos acontecimentos em ordem, mas apresenta tópicos que comprovam sua tese.
  1. A MENSAGEM CENTRAL DO LIVRO
A mensagem central do 1º evangelho é: “É chegado o reino dos céus” (3.2 e 4.17). Como judeu, Mateus evita usar o nome de Deus e em vez de “reino de Deus” usa “reino dos céus”. Jesus disse que o reino chegou com sua pessoa: 12.28. Jesus veio estabelecer o reino.
  1. UM ESBOÇO DE MATEUS
Para “visualizarmos” o evangelho, eis um esboço de Mateus:
  1. Nascimento e infância do Messias – 1.1 a 2.23
  2. Preparo do Messias para seu ministério – 3.1 a 4.11
  3. Grande ministério na Galiléia – 4.12 a 13.58
  4. O ministério das retiradas do Messias – 14.1 a 18.35
  5. O Messias vai a Jerusalém para sofrer e morrer – 19.1 a 20.34
  6. Últimos dias do Messias – 21.1 a 28.20
Observe que a maior parte do ministério de Jesus foi na Galiléia, a região mais desprezada de Israel. Por isso ele foi chamado de “galileu” (26.69). Isto não era um elogio, propriamente.
  1. OS CINCO GRANDES DISCURSOS DE MATEUS
O esboço acima não traz os “cinco grandes discursos” de Mateus (o esboço é abreviado) é comum referir-se a eles como parte da argumentação do evangelista. Estes discursos são: (1) o sermão da montanha (caps. 5 a 7); (2) a obra dos discípulos especiais (9.35 a 11.1); (3) o reino dos céus (11.2 a 18.35); (4) o texto infantil (18 e 19); (5) o discurso escatológico, ou o discurso do fim (24.1 a 26.2). Segundo Miles, ele fez cinco capítulos para lembrar os cinco livros da Lei.
  1. O SERMÃO DA MONTANHA
É chamado de “a constituição do reino”. Jesus assume a posição de ”Mestre” (5.1-2). Ele apresenta as bases de seu reino, a essência do ensino ético. Mostra-se como o cidadão do reino deve proceder. É a interpretação que ele faz da Lei, tirando-a do nível de obrigações religiosas e colocando-a em nível de relacionamentos. No sermão da montanha se destaca o texto que se chama de “o sumo bem” (6.33) e “a lei da semeadura e colheita” (7.12). Ele termina mostrando que a base do novo tempo que ele veio inaugurar, o reino de Deus que chegou com ele, é a sua palavra: 7.24-27. A partir de agora, é a sua palavra que vale. A multidão ficou encantada com este discurso: 7.28-29. O sermão da montanha é a mais bela construção de ensino religioso de todas as religiões mundiais. Nada pode ser comparado a ele.
  1. A OBRA DOS DISCÍPULOS ESPECIAIS
Os discípulos são enviados, com instruções específicas (10.5-42), e ele vai para outro lugar. Este momento é importante: Jesus não é um pregador solitário, mas portador de uma mensagem que seus discípulos começam a espalhar pelas cidades vizinhas. O evangelho começa a se alastrar.
  1. O REINO DOS CÉUS
É o maior trecho dos discursos. O capítulo 13 é o “das parábolas do reino”. São sete (número perfeito) e mostram o reino em semeadura (semeador), falsificação (joio e trigo), crescimento (mostarda e fermento), descoberto por acidente (tesouro escondido), descoberto após procura (a pérola de grande valor), e a rede (consumação). É o reino desde o início (Jesus, os discípulos, a Igreja) até o fim do mundo (13.40). Um esboço histórico do avanço do evangelho. De um começo insignificante (semente de mostarda) à mais frondosa árvore, que não se detém (as raízes da árvore rebentam pedras e calçadas), até a volta do Filho. O reino é expansivo e contagioso.
  1. O TEXTO INFANTIL
Começa com crianças (18.2), fala da bênção das crianças (19.13-14). O irmão que é escandalizado é chamado por “pequenino” (18.10). Os novos convertidos são considerados como “pequeninos” ou “crianças”. Esta palavra reaparece em 18.14. A conduta do credor incompassivo é de criança e não cristão maduro.
  1. O ENSINO SOBRE O FIM
Chamado de “o pequeno apocalipse”. Contém as palavras de Jesus sobre o fim (24 a 26). No texto de 24.1-14 se misturam a destruição de Jerusalém (ano 70) com o fim da história. Em 24.15-28 se trata do fim de Jerusalém, novamente. De 24.29 em diante, o fim da história. As parábolas das acompanhantes da noiva (25.1-13) e a dos talentos (215.14-30) tratam do tempo do fim. É importante notar o maior sinal do fim: 24.14.
  1. UM PARÊNTESIS
Os capítulos 21 e 22 tratam da rejeição de Israel a Cristo e como Deus escolheu um novo povo, para substituir Israel. Em 20.1-16, o trabalhador da última hora são os gentios. O templo é purificado por Jesus (21.12-17) mostrando que o judaísmo está corrompido e só a presença de Jesus pode limpá-lo. A figueira infrutífera é Israel (21.18-22). Ela não tem os frutos que Yahweh esperava. Alguns interpretam que “este monte” no v. 21 é o monte Sião, onde estava o templo. O judaísmo seria jogado fora. A parábola dos dois filhos mostra o contraste. O primeiro filho é Israel (21.29) que se comprometeu, mas não obedeceu. O segundo são os gentios, que não quiseram ir, mas foram (21.30). Veja o resultado em 21.31. A parábola dos lavradores maus é a mais dura de todas as contadas por Jesus. Em 21.39 ele chega a mostrar que os judeus o matariam fora da cidade de Jerusalém, como se faziam com os criminosos. Veja sua declaração em 21.43. A atitude da liderança religiosa dos judeus mostra que eles entenderam bem o recado: 21.45-46.
  1. A PÁSCOA E A CEIA
É um dos poucos relatos que está presente nos quatro evangelhos. Em Mateus está em 26.17-30. “O meu tempo está próximo” (v. 18) é a chave para se entender o episódio. Estava chegando o tempo da sua morte. Em Lucas 22.15: “desejei ardentemente comer esta páscoa convosco”. A páscoa era uma festa familiar (Êx 12.3). Comia-se com a família. Aqui nasce a Igreja . A expressão “sangue do pacto”, em Mateus 26.28, alude ao pacto feito com Israel, na páscoa, quando Israel foi tomado como povo de Deus. A Igreja é o novo povo de Deus e é uma família. Em Lucas 22.20, é “novo pacto”. Compare isto com Hebreus 8.6-13. Aliás, é oportuno, mais tarde, ler os capítulos 8 a 10 de Hebreus, com bastante reflexão.
  1. A PAIXÃO DE JESUS
Chama-se assim ao relato de sua prisão e morte. Começa com a agonia do Getsêmani (Mt 26.37) e vai até o capítulo 27, com seu sepultamento. É o momento mais comovente dos evangelhos. A cruz não foi um acidente. Veja os textos de 26.54, 27.9, 27.35. O que os fariseus no seu fanatismo não conseguiram enxergar, um pagão enxergou: 27.54. O evangelho vai chegando ao fim mostrando os gentios se convertendo, mostrando a presença das mulheres (sempre inferiorizadas no judaísmo) como se vê em 27.55-56, 61 e 28.1. Aliás, a primeira adoração a Jesus, em Mateus, é de gentios (2.11). E a primeira pessoa de quem se fala, após a genealogia de Jesus, é uma mulher (1.18). Embora escrevendo para judeus, Mateus mostra que o evangelho rompe os limites deste: aceita os gentios e valoriza a mulher.
  1. A RESSURREIÇÃO
Tomaram precaução com o seu sepulcro, mas tudo foi em vão para o reter” (hino 140 HCC, 2ª estrofe). Veja a precaução tomada pelos judeus em 27.62-66. Mas a ação de Deus se vê em 28.2-4 (até os guardas enviados pelos judeus viram os anjos e ouviram seu testemunho). A ressurreição de Jesus foi algo que trouxe um grande impacto na época. Houve muitas testemunhas: 1Coríntios 15.3-8. A ressurreição de Cristo é a pedra de toque do cristianismo (1Co 15.14 e 17). E é a garantia de que a nossa também acontecerá: 1Coríntios 15.20-26.
A ressurreição de Jesus é a garantia e o elemento de autoridade para que a Igreja pregue seu evangelho por todo o mundo: 28.18-20. Ele recebeu toda “autoridade”. No grego esta palavra é exoussía que significa “direito de mandar, poder de domínio ou governo”. Lembre-se de Filipenses 2.8-11. Porque tem esta autoridade, ele manda sua Igreja pregar seu evangelho em “todas as nações” e promete estar com ela “até a consumação dos séculos”, quando ele virá encontrá-la.
Mateus começa falando de Abraão (1.2) a quem a aliança foi proposta (Gn 12.1-2), fala de Jesus, o autor e mediador de melhor aliança e mostra que a nação de Gênesis 12.2 é a Igreja. Nós é que somos os verdadeiros filhos de Abraão (Gl 3.7), que foi um crente e não um judeu (Gl 3.9). Assim termina a história prometida em Gênesis 12: a semente de Abraão germinou em Cristo.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Raposa Serra do Sol vive abandono após quatro anos

Por Eduardo Militão/Congresso em Foco
 

Adversários na demarcação da segunda maior reserva indígena do país, fazendeiros e índios se unem na crítica ao poder público por descaso com a região. Indígenas querem apoio para produzir

BOA VISTA e PACARAIMA (RR) – Quatro anos depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar a demarcação da terra  indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, e determinar a retirada dos arrozeiros que ocupavam a área, as antigas culturas estão abandonadas. O gado, que em muitos lugares substituiu as plantações de arroz, morre de sede, as estradas, todas de terra, estão em mau estado de conservação, com muitas pontes sem condições de uso ou mesmo queimadas. Para fazer o transporte escolar dos índios, só com caminhonetes de cabine dupla, que transportam no máximo quatro alunos.


As condições adversas após a autorização do STF para a demarcação continuar foram constatadas pela reportagem do Congresso em Foco no início desta semana, em viagem por comunidades da segunda maior reserva do país, no norte de Roraima. Os índios têm vivido apenas de pequenas roças, mas não estão satisfeitos com a situação. Querem assistência técnica para melhorar e aumentar a produção, distribuindo riqueza entre as comunidades formadas por 20 mil pessoas, segundo o Conselho Indigenista de Roraima (CIR), ligado à Igreja Católica.

Lados opostos na demarcação da Raposa, índios, fazendeiros e deputados ruralistas ainda trocam adjetivos duros entre si, mas o abandono na reserva os fez chegar a pontos de consenso. No Centro de Tradições Gaúchas de Boa Vista, os arrozeiros ainda lamentam a perda das terras, o “engessamento” da economia de Roraima, mas entendem a demarcação como fato consumado.

E defendem que os indígenas retomem a produção agrícola antes tocada por eles. O presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Genor Faccio, mostra fotos da Fazenda Canadá, antes toda verde de arroz irrigado e, agora, seca e sem utilidade. “A gente podia até perder a fazenda pra alguém, mas que alguém fosse produzir ali”, afirma.

O coordenador do CIR, Mário Nicácio Wapichana, do povo macuxi, critica o governo federal. Ele diz que, ao assumirem a terra, foram impedidos de plantar numa das principais propriedades, que antes pertencia ao deputado Paulo César Quartieiro (DEM-RR).

Quando Quartiero foi multado em R$ 30 milhões por crimes ambientais, teria havido um embargo à produção, que só começou a ser quebrado pelos índios em novembro passado. “Para nós, foi um desrespeito mesmo”, disse ele. Wapichana acredita que nesses quatro anos o governo federal não agiu de forma ágil no desenvolvimento da agricultura local.

Eduardo Militão/Congresso em Foco
Sem água e alimentos, gado sofre na reserva. Abandono aproximou índios e ruralistas
  Mercado consumidor

O deputado Márcio Junqueira (DEM-RR), que, junto com Quartiero, esteve no centro dos conflitos com os índios, diz que o importante é garantir o abastecimento dos mercados consumidores do estado, do Amazonas e do exterior, independentemente de quem seja o dono da terra. O governador José de Anchieta (PSDB) – que não é exatamente um “amigo” dos indígenas – concorda com líderes da comunidade na Raposa, ao defender assistência técnica aos indígenas.

“O governo federal precisa manter a infraestrutura das comunidades, estradas, pontes e energia, dar condições com relação a saúde, educação e assistência técnica”, afirmou o governador ao Congresso em Foco. Ele diz fazer sua parte ao entregar 80 kits de irrigação, construir poços de piscicultura e oferecer técnicos aos indígenas da reserva.

Apesar de manter críticas aos arrozeiros e à bancada de políticos que os apoiam, o coordenador do CIR entende que o diálogo está melhorando. “Fazemos o plano de gestão”, explicou Wapichana. “O diálogo já está sendo feito.”

Franklin Paulino, um líder local no Baixo Cotino, lembra as dificuldades e conta que mais de 40 cabeças de gado morreram só em abril. A seca ajuda a matar as reses. Ele admite que as técnicas agrícolas avançadas, dominadas pelos ex-proprietários, ainda não são dominadas pelos índios. Faltou assistência aos indígenas.

Para o presidente da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, Padre Ton (PT-RO), a Funai falha na coordenação das políticas públicas nas reservas. “É um órgão ciumento: só ele entende de índio. É muito fechado, foi muito corrupto no passado e conivente com problemas”, acusa o deputado, em entrevista ao Congresso em Foco.

O presidente da Comissão da Amazônia e integrante da bancada ruralista, Jerônimo Goergen (PP-RS), diz que pretende pedir a convocação de dirigentes da Funai, na próxima semana, em busca de esclarecimentos sobre o que ele viu na Raposa Serra do Sol. “Podemos abrir uma CPI”, disse ele.

Desde terça-feira (16), o Congresso em Foco pede uma entrevista com representantes da Fundação Nacional do Índio para comentar as críticas feitas tanto por indígenas quanto por fazendeiros ao abandono da Reserva Raposa Serra do Sol. Mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

* O repórter viajou a convite da Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados.

SOBRE PHYLANTUS, CANNABIS, LENÇÓIS E VIDRAÇAS

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 21 de abril de 2013

Domingo passado escrevi a pastoral sobre duas ervas, a phylanthus e a cannabis. Pensei que fosse a cannabis do vizinho que cheirava mal, mas era a minha phylanthus. Uma ex-ovelha de Campinas comentou que se isso lhe lembrava duma anedota que corre pela Internet, da mulher que criticava a roupa encardida que a vizinha punha para secar. Até que um dia a roupa não estava mais encardida. Quando a mulher comentou isso, seu marido disse que ele lavara as vidraças da sua casa. Não era a roupa da vizinha. Era a vidraça suja da crítica.

É uma realidade nas igrejas evangélicas. Como os membros de igreja gostam de apontar os defeitos alheios, normalmente para esconder suas falhas! É difícil dizer: “Pequei!”. É mais fácil apontar o pecado alheio!
Recordo-me de um sermão que o Pr. Renato Cordeiro pregou na Central de Macapá, sobre Saul. Por que Deus o rejeitou, e não a Davi, sendo que este tinha uma “ficha” que serve de pretexto, até hoje, para lhe darem bordoadas no púlpito? O Pr. Renato mostrou que o grande pecado de Saul foi a soberba.

Questionado por Natã, que o acusou do pecado, Davi logo exclamou “Pequei!” (2Sm 12.13). Questionado por Samuel, quando de seu pecado, Saul valeu-se de evasivas e só disse que errara após um “aperto” de Samuel. Ainda assim sua preocupação foi com sua imagem: “Honra-me agora diante dos anciãos” (1Sm 15.30).

Há membros de igreja muito imaturos, autênticas crianças espirituais. Só que criança espiritual não dá alegria como as crianças etárias. Só traz dificuldades e cria problemas. E muito da criancice espiritual é por ausência de senso de autocrítica. Porque vida espiritual abundante começa quando a pessoa se vê como pecadora, reconhece seus erros, pede perdão, tem humildade para voltar atrás e reorganiza a vida. Ninguém será um cristão de vida espiritual transbordante, autêntica e não artificial, se primeiro não se enxergar como pecador e clamar por perdão. Há muito triunfalismo em nossas igrejas, e pouco senso crítico. A consciência de pecado está esgarçada. O conceito de graça está diluído. Mas não temos mérito. Tudo é graça, apenas graça. Não somos tão bons como imaginamos, nem nossas bênçãos são por merecimento. São bondade de um Deus gracioso. Menos “eu” e mais “Tu” e “eles” ajuda muito.

Menos phylantus e menos vidraças sujas nos fariam reclamar menos da cannabis e dos lençóis encardidos alheios. Quando teve a visão da glória do Senhor, Isaías não saiu apregoando sua espiritualidade. Seu primeiro grito foi: “Ai de mim!”. Tornou-se o “Príncipe dos profetas”, mas o começo foi aqui: “sou um homem de lábios impuros…” (Is 6.5).

Vamos limpar nossas vidraças?

(Recebido por e-mail)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Rompendo em Fé

Cada vez que a minha fé é provada
Tu me dás a chance de crescer um pouco mais
As montanhas e vales, desertos e mares
Que atravesso me levam prá perto de Ti.

Minhas provações não são maiores que o meu Deus
E não vão me impedir de caminhar
Se diante de mim não se abrir o mar
Deus vai me fazer andar por sobre as águas

Rompendo em fé, minha vida se revestirá do Teu poder
Rompendo em fé, a cada dia vou mover o sobrenatural
Vou lutar e vencer, vou plantar e colher
A cada dia vou viver rompendo em fé

Cada vez que a minha fé é provada
Tu me das a chance de crescer um pouco mais
As montanhas e vales, desertos e mares
Que atravesso me levam prá perto de Ti.

Minhas provações não são maiores que o meu Deus
E não vão me impedir de caminhar
Se diante de mim não se abrir o mar
Deus vai me fazer andar por sobre as águas

Rompendo em fé, minha vida se revestirá do Teu poder
Rompendo em fé, com ousadia vou mover o sobrenatural
Vou lutar e vencer, vou plantar e colher
A cada dia vou viver rompendo em fé

Rompendo em fé, minha vida se revestirá do Teu poder
Rompendo em fé, com ousadia vou mover o sobrenatural
Vou lutar e vencer, vou plantar e colher
A cada dia vou viver rompendo em fé

Meu Universo

Autor: PG

Que sejas meu universo
Não quero dar-te só um pouco do meu tempo
Não quero dar-te um dia apenas da semana

Que sejas meu universo
Não quero dar-te as palavras como gotas
Quero que saia um dilúvio de bençãos da minha boca

Que sejas meu universo
Que sejas tudo o que sinto e o que penso
Que de manhã seja o primeiro pensamento
E a luz em minha janela

Que sejas meu universo
Que enchas cada um dos meus pensamentos
Que a tua presença e o teu poder seja o alimento
Jesus este é o meu desejo

Que sejas meu universo
Não quero dar-te só uma parte dos meus anos
Te quero dono do meu tempo e dos meus planos

Que sejas meu universo
Não quero a minha vontade
Quero agradar-te
E cada sonho que há em mim quero entregar-te

Que sejas meu universo
Que sejas tudo oque sinto e oque penso
Que de manhã seja o primeiro pensamento
E a luz em minha janela

Que sejas meu universo
Que enchas cada um dos meu pensamentos
Que a tua presença e o teu poder seja o alimento
Jesus esse é o meu desejo

Que sejas o meu universo
Que sejas tudo que sinto e oque penso
Que de manhã seja o primeiro pensamento
E a luz em minha janela
Que sejas meu universo

Que enchas cada um dos meus pensamentos
Que a tua presença e o teu poder seja o alimento
Jesus esse é o meu desejo

Que sejas meu universo
Que sejas tudo oque sinto e o que penso
Que de manhã seja o primeiro pensamento
E a luz em minha janela

Que sejas meu universo
Que enchas cada um dos meus pensamentos
Que a tua presença e o teu poder seja o alimento
Jesus esse é o meu desejo

Que sejas meu universo...
Que sejas meu universo...
Que sejas meu universo...

sábado, 13 de abril de 2013

Feliciano quer tirar proveito da situação, diz líder de sua igreja

O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) "está querendo tirar proveito" da onda de protestos para que ele deixe a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

A opinião é de José Wellington Bezerra da Costa, 78, reeleito anteontem presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, principal entidade da maior denominação evangélica do país, da qual Feliciano faz parte.


"Ele é político, está querendo tirar proveito desse troço. Ele está dando corda na coisa. Bobo ele não é", afirma Wellington, lembrando, no entanto, que a entidade dá "respaldo" para o deputado --que antes da polêmica era pouco conhecido fora dos círculos evangélicos.

 Wellington é presidente da Convenção há 25 anos. Nesse período, a Assembleia se consolidou como uma potência religiosa (12,3 milhões de fiéis) e política (28 deputados federais).

"Somos muito assediados [por políticos]", diz o pastor, que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff: "A candidatura dela é uma nomeação, não precisa nem ir para a eleição".

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segunda-feira, 8 de abril de 2013

PM de Roraima tem o menor índice de extorsão do Brasil

Pesquisa realizada pelo Datafolha revela que Roraima tem o menor índice de cobrança de propinas por policiais militares do país.

Polícia Militar de Roraima tem o menos índice do país de casos de extorsão (Foto: Rodrigo Menaros / G1 RR)A pesquisa, encomendada pelo Ministério da Justiça e pelo Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento, ouviu 78.000 pessoas de todos os estados brasileiros mais o Distrito Federal. Os entrevistados foram perguntados se já tinham sido vítimas de extorsão por parte da Polícia Militar.

Os estados que lideram o ranking deste tipo de corrupção policial são o Rio de Janeiro, com 30,23% das vítimas e São Paulo com 18,22%. Roraima, ao lado do Acre, está em último lugar na lista com apenas 0,04% dos casos.

Os dados revelados pelo Datafolha são uma prévia da Pesquisa Nacional de Vitimização que vem sendo preparada desde 2012.

De acordo com o Ministério da Justiça, o estudo visa comparar o número de ocorrências criminais na população com os dados oficiais registrados pelas polícias para, posteriormente, classificar as referidas ocorrências por localidade, classe social,  cor da pele, idade, sexo e renda.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vitória de Pirro

Por Francisco Espiridião

Estou chegando de uma viagem malsucedida a Ji-Paraná. Lá, ia visitar um irmão, o Jane. Calma. É irmão mesmo. Homem. Por incrível que pareça. Quem vê não acredita. O bixim tem só 1,49m de altura. É o caçula dos cinco irmãos de pai e mãe. Os outros cinco, mistos. Só de pai.
Sim, a viagem mixou no meio do caminho. O carro, alugado em Porto Velho, quebrou duas vezes. A primeira, numa ladeira abaixo, 45 quilômetros antes de Ariquemes, na entrada de Cojubim. Arrebentou a bendita correia dentada. Um celta 2010/11. Ainda bem que não houve empeno de válvulas.
Fiquei na beira da estrada, onde nem celular pegava, sob um sol de lascar, das 9h às 12h30. Esperando o guincho. Consertado por volta das 16h30, retomei a viagem. Rodei mais 20 quilômetros. Haja o motor falhar. Parei numa lanchonete. Deixei lá a estrovenga e retornei de carona, para dormir em Ariquemes. Na manha seguinte, ver o que fazia.
Desisti, enfim, da viagem. Retornei para Porto Velho. Quando estou dando entrada no hotel, já à noite, a Globo chama para uma rede nacional. Opa! Pode ser a festejada presidente (ou seria presidenta?) anunciando alguma coisa boa para a sociedade brasileira. Vale a pena escutar!
Que nada! Era o homem mais honrado deste país, o senador Renan Calheiros, com a pompa de presidente do Congresso, dissertando sobre as conquistas das empregadas domésticas. O homem falou tão bonito que faltou pouco para eu acreditar no que ele dizia. Falou até em fim da escravidão. Uma segunda Lei Áurea.
Mais tarde, já com a cabeça no travesseiro, me entreguei aos devaneios cotidianos. Como não podia deixar de ser, o assunto do dia: a redenção das domésticas. Agora, o patrão não pode mais abusar da empregada, pedindo-lhe que lhe esquente o jantar após as 10 da noite.
Para isso, terá de pagar-lhe hora extra. Dobrada. Afinal, trata-se de trabalho eivado de periculosidade, por ser noturno. Poderia haver coisa melhor? Toda doméstica deve ter sonhado sempre com a chegada desse dia. Ou não?

Há, porém, o outro lado da medalha. O diabo é isso. Sempre tem o outro lado. Fiquei pensando, por exemplo, como vai ficar aquela empregada doméstica que não tem mãe ou uma irmã para tomar conta de seu filho enquanto ela vai trabalhar? Aquele pirralhinho que costuma dar trabalho na casa de uma bondosa vizinha em troca de um agrado qualquer.

Sim, porque, pelo que se sabe, a nova e festejada lei não estabelece exceções. Foi trabalho doméstico e não considerado diária (esporádico), está incluído nas novas regras. Como será que a empregada doméstica, que ganha salário mínimo – com todos os seus penduricalhos –, vai pagar salário mínimo – com todos os seus penduricalhos – para quem tiver de ficar com o seu filho?
Esse parece ser apenas um dos inúmeros nós que ainda precisam ser desatados nessa corda que, sempre se soube, arrebenta, inevitavelmente, no lado mais fraco. Seria vitória de Pirro?

Trabalho doméstico em debate

Por Marcos Cintra*
...É "politicamente correto" aplaudir essas medidas. Afinal, dirão os progressistas mais ingênuos, por que discriminar contra os trabalhadores domésticos? Mas, infelizmente o que eles não percebem é que cada país tem suas instituições peculiares, que não devem ser autoritariamente alteradas, mas...
O Congresso promulgou a PEC que amplia benefícios para os trabalhadores domésticos. O assunto é polêmico e a expectativa é que haja mais prejuízos do que ganhos para esses profissionais.

Alguns direitos passaram a valer neste mês de abril e outros ainda dependem de regulamentação. De um modo geral, os trabalhadores domésticos passam a contar com jornada de trabalho de oito horas, pagamento de hora-extra, adicional noturno, salário família, FGTS obrigatório e outros benefícios contidos na legislação trabalhista.

É "politicamente correto" aplaudir essas medidas. Afinal, dirão os progressistas mais ingênuos, por que discriminar contra os trabalhadores domésticos? Mas, infelizmente o que eles não percebem é que cada país tem suas instituições peculiares, que não devem ser autoritariamente alteradas, mas quem sabe preservadas e estimuladas, quando são funcionais e produzem bons resultados.

No tocante ao trabalho doméstico, os costumes e instituições brasileiros ao invés de serem discriminatórios contra os trabalhadores domésticos, são, pelo contrário, discriminatórios a seu favor. As alterações recentes podem acabar produzindo mais perdas do que ganhos para todos.

Apenas para exemplificar o risco que se corre no caso de uma regulamentação uniformizante e pasteurizada para todos os trabalhadores, inclusive os domésticos, cumpre lembrar o mal causado pelo Estatuto da Terra em 1964 no tocante aos trabalhadores rurais. O sistema de colonato, instituição secular brasileira, permitia aos trabalhadores nas fazendas fazer o cultivo intercalar nos cafezais. Ao mesmo tempo em que colhiam bons frutos de seu trabalho em benefício próprio, ainda ajudavam a manter limpas as lavouras cafeeiras, aumentando a produtividade e a rentabilidade da cultura do café no Brasil, que se tornou rapidamente o maior produtor e exportador mundial do produto. Além disso, os fazendeiros forneciam casas nas colônias para os trabalhadores, que ainda complementavam seus rendimentos com atividades rurais familiares, como o cultivo próprio de hortas, pomares, criação de animais para auto-consumo etc.

Toda essa estrutura social e organizacional foi subitamente desmontada pelo Estatuto da Terra, que incorporou todos esses rendimentos paralelos ao salário contratual dos trabalhadores. Isso gerou conflitos e enormes passivos trabalhistas para os fazendeiros. O resultado foi um só: êxodo para as cidades, o abandono de milhões de residências rurais, o afluxo de enormes massas populacionais para as favelas nas periferias das grandes cidades, e um gigantesco déficit habitacional popular, cujo preço ainda hoje onera os brasileiros.

É preciso muita cautela nesse processo de desmonte das instituições que foram criadas ao longo dos anos no tocante ao trabalho doméstico. Erros poderão resultar em aumento massivo de desemprego, prejudicando milhões de trabalhadores que hoje são empregados nessas atividades. Ademais, não há sinais de rejeição ou de desconforto nessas relações.

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Marcos Cintra - É doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
www.marcoscintra.org
/ mcintra@marcoscintra.org

O eco da PEC das domésticas

Por Maria Helena Rodrigues Rubinato


Vendo a foto do senador Renan Calheiros no dia em que foi promulgada a PEC das Domésticas, achei que estava diante do mais bem acabado retrato do Brasil.

Não é uma linda cena? O bravo senador alagoano rodeado por empregadas felizes com a promulgação da PEC que é, vá lá, o marco civilizatório que nos transformará, vapt, vupt, na Europa, que Deus me perdoe.

Claro está que ninguém ia promulgar uma Lei Tsunami em nossas vidas sem ter preparado o país para isso, não é? Não me preocupo com o Planalto Central. Lá, não tenho dúvida, há boas creches em cada um de nossos ministérios, nos dois palácios do Congresso, no STF, na UNB e, obviamente, no Palácio do Planalto.

Mas a beleza da foto não sossegou meu coração: quais os municípios brasileiros, ricos ou pobres, que têm acompanhamento para gestantes, creches, escolas em tempo integral, transporte escolar?

Pensaram nos adolescentes, certamente. Todos sabem que não é só até os 11 anos que a criança precisa de um adulto por perto. Fico ansiosa porque não ouço falar em quadras de esporte, espaço para atividades culturais como dança, teatros, artes plásticas, para ocupar as longas tardes de nossos adolescentes.

E os nossos avozinhos? Todos naturalmente, com espaços privilegiados para conversar com seus pares, jogar cartas, fazer ginástica, dançar, ler; sempre não esquecendo que eles também precisam de transporte público, tal qual as crianças.

Porque, obviamente, além do cuidado com nossas domésticas, a PEC visa deixar os chefes e chefas de família livres de preocupação de modo a não interromper seu trabalho. Ninguém quer ver um casal decidir no palitinho quem vai trabalhar na rua e quem vai ficar em casa cuidando da família...

Não era o caso dos nossos jornais entrevistarem as domésticas de nossos grandes líderes? Ver como vivem as domésticas de Norte a Sul do país, sobretudo quando na terra natal de nossos congressistas? Para saciar nossa curiosidade e calar a boca dos incréus?

Ontem, 4 de abril, dois artigos chamaram minha atenção.

Cora Ronai, em O Globo de ontem, 04/04, com seu “Patroas e empregadas”, onde lá pelas tantas diz: “Não sei quantas vezes li, essa semana, que Acabou a escravidão!(...)Será? Eu daria uma olhada pelo campo e pelas fábricas clandestinas antes de fazer uma afirmação dessas”.

E “Trabalho doméstico em debate”, da autoria do dr. Marcos Cintra, professor titular e vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas.

Recomendo. São imperdíveis.

*****

Prometo nunca mais me ausentar do Blog do Noblat, a não ser doente. E se a doença não me impedir de escrever, aqui estarei. Provei da ausência e não gostei, apesar de ter encontrado amigos adoráveis pelo caminho, caminho que não deixarei de trilhar. Mas sou cria do Blog do Noblat e este é o meu canto preferencial.

(*) Artigo publicado no Blog do Noblat

Nem homofóbico nem racista

Por Francisco Espiridião (*) 

Interessante a pendenga que se estabeleceu em torno do deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Bastou ter sido catapultado à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, no último dia 5, para que a petralhada caísse em cima dele como um cardume de piranhas sobre um boi que adentra o rio.

A justificativa para a grita tem duas vertentes. A primeira, declarações de Feliciano em púlpito de igreja contra o casamento gay. Ele não inventou nada. Externou pensamento com base em citações bíblicas. Nada de homofobia, como querem gays, lésbicas, bissexuais e outros do gênero. Dois homens não formam casal. Formam, no máximo, uma dupla. Segundo o Aurélio, casal é um par composto de macho e fêmea, ou homem e mulher.

A segunda, uma denúncia de ter manifestado preconceito contra negros, baseada em uma declaração feita fora dos eixos. “Qualquer um pode deslizar nas palavras”, justificou o vice-presidente do PSC, Everaldo Pereira, nesta terça-feira, quando a legenda confirmou o Pastor no cargo de presidente da CDHM, da Câmara.

Aliás, denúncia digna de risos. Feliciano é negro, gente! Uma foto tirada com a mãe e o padrasto, que ele próprio exibiu nas redes sociais, mostra bem a sua “origem afro”, como diriam os esquerdopatas de plantão, militantes da famigerada corrente do politicamente correto.

Nem homofóbico nem racista. Por suas convicções estritamente cristãs, Feliciano caiu na candinha das minorias que pretendem, a ferro e fogo, dar ao errado a conotação de certo. Gente sem nenhum despudor a ponto de querer jogar no lixo tudo aquilo que se conhece por ético. Para essas minorias, há muito a decência perdeu a graça.

Gays, lésbicas, petistas inveterados, integrantes do retrógrado PSOL e do falimentar PCdoB exageram. Esquecendo-se de que o presidente da CDHM foi eleito dentro dos trâmites regimentais, agem como se pisassem uma terra sem lei. Em sua sanha persecutória, não permitem que as sessões da dita comissão ocorram dentro da normalidade.

Na ânsia de perseguir o pastor-presidente da CDHM, se esquecem de repudiar o que de mais escabroso mora naquela Casa Legislativa. Que, aliás, mais parece o Palácio dos Horrores. Cadê as manifestações contra o deputado José Genoíno (PT-SP), condenado (êta palavrinha forte, heim...) a prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF)? Ele assumiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Contra isso, nem um pio.

Cadê as manifestações contra o enrolado presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)? Cadê as manifestações contra o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP)? Ele que, mesmo condenado pelo STF no rolo do mensalão, assumiu vaga como membro da CCJ da Câmara? E o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), dono dos dólares na cueca do assessor? Nessa estrada vai-se longe.

Se for para moralizar o Côncavo e o Convexo que formam o Congresso Nacional, parece ser necessário, primeiro, fechá-los. Em seguida, fazer uma lavagem cerebral no eleitorado brasileiro. E, aí sim, novas eleições. Afinal, quem colocou o Pastor Marco Feliciano no Congresso? Não foram quase 212 mil eleitores paulistas? Será que todos estavam errados?

(*) Jornalista e escritor; fe.chagas@uol.com.br

Silas Malafaia: Marco Feliciano é a bola da vez

Pr. Silas Malafaia
 
Por que tanta pressão para que Marco Feliciano não continue na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados? Discordar é um direito, porém não podemos ser contra alguém em tudo só porque não gostamos dessa pessoa.

Eu mesmo tenho divergências com Feliciano, mas não permito que as diferenças se sobreponham ao meu senso de justiça e caráter. E, por trás dessa perseguição que mobilizou a opinião pública e a imprensa, sei que existe um sórdido jogo político para esconder questões sérias.

Após 16 anos, o PT abriu mão da direção da CDHM e coube ao PSC definir quem seria o novo presidente. Quando os ativistas gays, o PT e os partidos de esquerda descobriram que o novo líder do colegiado seria Marco Feliciano, eles reagiram para não ter nessa comissão alguém que tem lutado contra seus ideais.

Como não conseguiram vencer no grito, deputados do PT, PSOL e de outras legendas criaram a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, a fim de garantir na Câmara a defesa de projetos como o casamento gay e a descriminalização do aborto. Mas existe algo mais contraditório do que "defensores dos direitos humanos" serem a favor do aborto? Tem coisa mais terrível do que tirar a vida de um bebê no ventre da mãe?

Toda essa mobilização tinha um motivo maior: desviar os holofotes do PT. Afinal, enquanto se discutia a posse de Feliciano na CDHM, dois deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), tornaram-se membros da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a mais importante comissão da Câmara.

No currículo desses parlamentares do PT constam condenações por corrupção. Mas, a imprensa se voltou apenas para o caso do deputado que fez declarações infelizes, as quais foram consideradas homofóbicas e racistas pelos ativistas gays e parlamentares de esquerda. Feliciano, porém, não pode ser julgado por tais acusações. Ele nunca bateu ou matou um gay, e sua origem é negra.

Não contente com a repercussão desse episódio, a oposição passou a patrulhar as falas de Feliciano nos púlpitos das igrejas, acreditando que a forma como manipulam a informação seja capaz de condenar o direito de opinião do cidadão brasileiro. Não demorou muito para o pastor ver mais uma vez suas palavras repercutirem na imprensa. Desta vez porque comentou que a CDHM era "dominada por Satanás".

Independentemente de concordar ou não com as declarações de Feliciano, não posso esquecer que ele foi eleito pelo povo e que tem o direito de expressar a sua opinião, sendo resguardado pelo inciso IV, do artigo 5º da Constituição Federal. Mais do que isso, a Carta Magna lhe garante o direito à liberdade religiosa (incisos VI e VIII do mesmo artigo), uma vez que ele estava no púlpito falando na qualidade de pastor e não como deputado.

Pergunto: se a oposição pode acusar os que discordam deles de homofóbicos e racistas, por que o povo evangélico não pode chamar essa perseguição de evangelicofobia? Dentro desse Estado democrático de direito, onde a maioria é cristã, a democracia só vale para a minoria? O fato é que os ativistas gays e seus defensores não suportam o debate. Pode-se falar mal do presidente da República, do Judiciário, dos católicos, dos evangélicos, mas, se criticarmos a prática homossexual, somos rotulados de homofóbicos.

O crime de opinião já foi extinto de nosso país com o fim da ditadura militar. Mas agora querem instaurar a ditadura gay, que, além de perseguir as ideologias políticas, também combate as crenças religiosas. Diante dessas manifestações, só podemos chegar a uma conclusão: PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições.
 
SILAS MALAFAIA, 54, psicólogo, é pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb) e apresentador do programa Vitória em Cristo

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vitória de Pirro

Por Francisco Espiridião

Estou chegando de uma viagem malsucedida a Ji-Paraná. Lá, ia visitar um irmão, o Jane. Calma. É irmão mesmo. Homem. Por incrível que pareça. Quem vê não acredita. O bixim tem só 1,49m de altura. É o caçula dos cinco irmãos de pai e mãe. Os outros cinco, mistos. Só de pai.

Sim, a viagem mixou no meio do caminho. O carro, alugado em Porto Velho, quebrou duas vezes. A primeira, numa ladeira abaixo, 45 quilômetros antes de Ariquemes, na entrada de Cojubim. Arrebentou a bendita correia dentada. Um celta 2010/11. Ainda bem que não houve empeno de válvulas.

Fiquei na beira da estrada, onde nem celular pegava, sob um sol de lascar, das 9h às 12h30. Esperando o guincho. Consertado por volta das 16h30, retomei a viagem. Rodei mais 20 quilômetros. Haja o motor falhar. Parei numa lanchonete. Deixei lá a estrovenga e retornei de carona, para dormir em Ariquemes. Na manha seguinte, ver o que fazia.

Desisti, enfim, da viagem. Retornei para Porto Velho. Quando estou dando entrada no hotel, já à noite, a Globo chama para uma rede nacional. Opa! Pode ser a festejada presidente (ou seria presidenta?) anunciando alguma coisa boa para a sociedade brasileira. Vale a pena escutar!

Que nada! Era o homem mais honrado deste país, o senador Renan Calheiros, com a pompa de presidente do Congresso, dissertando sobre as conquistas das empregadas domésticas. O homem falou tão bonito que faltou pouco para eu acreditar no que ele dizia. Falou até em fim da escravidão. Uma segunda Lei Áurea.

Mais tarde, já com a cabeça no travesseiro, me entreguei aos devaneios cotidianos. Como não podia deixar de ser, o assunto do dia: a redenção das domésticas. Agora, o patrão não pode mais abusar da empregada, pedindo-lhe que lhe esquente o jantar após as 10 da noite.

Para isso, terá de pagar-lhe hora extra. Dobrada. Afinal, trata-se de trabalho eivado de periculosidade, por ser noturno. Poderia haver coisa melhor? Toda doméstica deve ter sonhado sempre com a chegada desse dia. Ou não?

Há, porém, o outro lado da medalha. O diabo é isso. Sempre tem o outro lado. Fiquei pensando, por exemplo, como vai ficar aquela empregada doméstica que não tem mãe ou uma irmã para tomar conta de seu filho enquanto ela vai trabalhar? Aquele pirralhinho que costuma dar trabalho na casa de uma bondosa vizinha em troca de um agrado qualquer.

Sim, porque, pelo que se sabe, a nova e festejada lei não estabelece exceções. Foi trabalho doméstico e não considerado diária (esporádico), está incluído nas novas regras. Como será que a empregada doméstica, que ganha salário mínimo – com todos os seus penduricalhos –, vai pagar salário mínimo – com todos os seus penduricalhos – para quem tiver de ficar com o seu filho?

Esse parece ser apenas um dos inúmeros nós que ainda precisam ser desatados nessa corda que, sempre se soube, arrebenta, inevitavelmente, no lado mais fraco. Seria vitória de Pirro?

Sesc recebe nova turma do programa Jovem Aprendiz

Por Rodrigo Baraúna

O presidente do Serviço Social do Comércio - Sesc em Roraima, Airton Dias, recebeu na tarde desta quarta-feira, 3, a nova turma do programa Jovem Aprendiz, que atuará no exercício 2013-2014. O grupo de 12 jovens receberá treinamento teórico para desenvolver atividades administrativas na instituição.

Airton Dias destaca a importância de se começar a vida profissional na juventude. Segundo ele, o jovem da atualidade tem disponível uma gama de recursos tecnológicos que facilita significativamente o processo de aprendizagem.

"Começar a trabalhar cedo é fundamental para a carreira de um profissional, pois é na juventude que é tempo de aprender com os erros e acertos. Esperamos que todos aproveitem essa oportunidade e que, daqui há um ano, saiam como cidadãos preparados para o futuro", destacou.

As inscrições para a contratação da nova turma do Jovem Aprendiz do Sesc foram realizadas no início de fevereiro, e contou com mais de 1.200 currículos. O processo seletivo foi efetuado por meio de avaliação curricular e entrevista.

"Tivemos praticamente mil candidatos por vaga, o que significa que o jovem de hoje está preocupado com a vida profissional. Contamos com a colaboração também dos pais e responsáveis, pois diante desses números visualizamos que esses jovens escolhidos são privilegiados, o que aumenta ainda mais a responsabilidade deles no desenvolvimento das atividades do programa e no rendimento escolar", completou o presidente Dias.

Os 12 Jovens Aprendizes foram distribuídos em gerências e núcleos do Sesc que proporcionarão o contato com procedimentos administrativos, além de atividades de apoio em programas e ações desenvolvidos pela instituição.

Serão cinco jovens atuando na Gerência de Cultura, dois na Gerência de Educação, um jovem no Núcleo de Desenvolvimento Técnico, um na Gerência de Assistência e Saúde, um jovem no Núcleo de Tecnologia da Informação e dois jovens no Núcleo de Controle Administrativo (Patrimônio).

A nova Jovem Aprendiz do Sesc, Nicole Kim, 15 anos, disse que pretende se especializar nos trabalhos administrativos. Para ela, essa oportunidade de estágio será proveitosa para aquisição de informação e valorização curricular. "Acima de tudo, ter responsabilidade com a minha formação vem em primeiro lugar. Espero desenvolver um bom trabalho no Sesc contribuir para as atividades desenvolvidas", disse.

Os jovens já começam a atuar no Sesc na próxima segunda-feira, 8, em horário oposto da escola e o contrato vai até o dia 4 de abril de 2014. Nas segundas, terças e sextas-feiras os jovens farão treinamento teórico no Senac. Nas terças e quintas-feiras eles desenvolverão atividades práticas no Sesc.