sábado, 30 de outubro de 2010

Subestimando a inteligência do leitor

Tem jornal que não respeita a inteligência do leitor. Veja a manchete de ontem:

"HOMEM TEM CABEÇA DECAPITADA EM CRIME NUM CANTEIRO DE OBRAS"

Aí me surgem algumas perguntas?

1. É possível decapitar outra parte do corpo que não a cabeça?

2. É possível decapitar alguém e esse fato não constituir crime?

3. Se é para dizer tudo na manchete, acho que neste caso estão ausentes alguns elementos de convicção, como: a hora em que o crime ocorreu; o nome do criminoso; se ele teve ajuda de algum comparsa; onde fica localizado o tal canteiro de obras; etc. etc. etc.

Virando a jornada, na edição online de hoje:

"DEBATE NA TV GLOBO REÚNE OS DOIS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA"

1. Quantos candidatos o jornal queria mesmo que a TV Globo reunisse em debate?

2. Será que nesse segundo turno não caberia reunir também os candidatos derrotados no primeiro?

3. Etc., etc., etc.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Controle da mídia no Brasil preocupa jornalistas dos EUA

O Globo

Responsável pelo Código de Ética do jornalismo americano, a Society of Professional Journalists publicou em sua rede de blogs um artigo criticando a proposta de controle social dos meios de comunicação do Brasil .

Divulgado no blog "Journalism around the world", o texto "Âncora brasileiro renuncia por pressão de censura de governador" exibe o vídeo em que o jornalista Paulo Behring se demite durante seu programa na TV Brasil Central, emissora do governo goiano, alegando pressão para não entrevistar o candidato do PSDB a governador Marconi Perillo, para lembrar as propostas de criação de controle social da mídia e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa.

"Os jornalistas brasileiros têm se sentido bastante orgulhosos de sua liberdade e independência", escreve Dan Kubiske, jornalista residente no Brasil e integrante da SPJ. "Mas alguns políticos ainda não entenderam a mensagem".

Kubiske defende que a discussão sobre o controle da imprensa deve ser acompanhada pelos Estados Unidos, por causa do peso do Brasil no cenário internacional, que torna importante para outros países se informarem sobre a situação interna, por notícias que não sejam controladas.

Ele repete trecho do editorial do jornal "O Estado de S. Paulo" que diz que controle social da mídia é um "eufemismo para subordinar o livre fluxo de informações" aos interesses do governo.

"O que acontece no Brasil afeta a economia dos Estados Unidos, e, em alguns casos, assuntos domésticos", argumenta Kubiske. "Para o homem comum, qual é o país de origem do dono da Budweiser? Sim, o Brasil", cita o articulista. "E para os planejadores do governo da Flórida, especificamente Orlando, que país atualmente manda o maior número de visitantes para a área? Sim, o Brasil".

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ministério da Saúde adverte:

Torcida do Flamengo no sítio do Bruno

Escândalo no SBT! Ou: Assim anda a liberdade de imprensa no Brasil! Ou: E o PT ainda quer conselhos para “controlar a mídia!

Por Reinaldo Azevedo


Leiam o que informa Renata Lo Prete na Folha Online. Volto em seguida:

O SBT-Nordeste procurou a campanha de José Serra para cancelar a entrevista que faria com o candidato tucano à Presidência da República nesta quarta-feira, às 12h20, em substituição ao debate inviabilizado pela recusa de Dilma Rousseff (PT) em participar.

O evento, sobre temas específicos da região, seria transmitido por dez emissoras afiliadas ao SBT, com geração pela TV Aratu de Salvador. Quando da negociação das regras do debate com as duas campanhas, ficou estabelecido por escrito que, em caso de desistência de um dos participantes, o outro seria entrevistado por 30 minutos, e a ausência do oponente seria mencionada pelo mediador no início de cada bloco.

O SBT-Nordeste, porém, alegou a assessores de Serra ter recebido pressão da cúpula nacional da emissora para não realizar a entrevista.

Comento

SBT? É aquela emissora que contribuiu para espalhar a farsa da “bolinha de papel”, que, a um só tempo, buscou tornar irrelevante uma agressão fascistóide, debochar da vítima e ainda inverter a lógica das culpas? É, sim!

O SBT Nordeste alega pressão vinda da cúpula da emissora, e a cúpula da emissora certamente recebe pressão da cúpula do governo. Trata-se de um escândalo, que escarnece da liberdade de imprensa. O que temos, então? A ser assim, é Dilma quem decide quando Serra fala ou não. Se ela decidir comparecer aos eventos, então ele fala também. Se ela se negar, então ele também silencia.

Eis a “mídia” que os petistas consideram que precisa estar sob controle! É bem verdade que, quando defendem essas teses, não estão pensando em emissoras como o SBT ou a Record — sim, algumas outras podem entrar nesse grupo; tudo a seu tempo. Quando se fala em “controle da mídia”, o alvo, nas TVs, é a Globo; no caso das revistas, como eles revelam tantas vezes, é a VEJA — e vai por aí.

Afinal de contas, do que é que eles não gostam mesmo? De jornalismo independente, ora essa! Como todos os ditadores, eles nada têm contra quem concorda com eles e endossa seus métodos.

Carta à candidata Dilma

Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.

Acho que todos sabem do que estou falando.

O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem...”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!

Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.

Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.

É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.

O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.

E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.

Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.

1) desprezo ao culto à personalidade;

2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...

3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.

Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.

SP, 25/10/2010

Ruth Rocha, escritora

(Transcrito do blog do Noblat)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dilma Ghandi, que mancada!

Por Ateneia Feijó (Blog do Noblat)

Amanhã, dia 27, a militância petista realizará uma mobilização nacional em comemoração aos 65 anos de Lula. Em todo o país haverá atos, caminhadas, carreatas e comícios carregados de emoção extremada. Mas o presidente antecipou-se à festa e revelou-se mais do que nunca o cara... de pau.

Desde a semana passada ele vem fazendo chantagem emocional junto aos eleitores, pedindo-lhes de presente de aniversário a vitória de Dilma Rousseff. Presente de aniversário! E até frisou não se importar com o atraso da data de entrega: domingo, 31 de outubro.

Portanto, eleição não tem mais conexão com propostas, programa de governo ou preocupação com o futuro do país. Passou a ser apenas uma questão pessoal de dar ou não o presente pedido por um governante carismático, em mais um de seus devaneios monarquistas. E que, exatamente por isso, merece que se pergunte: estareis vós preparados para a festa de posse do escolhido ou da escolhida para a incumbência da presidência do Brasil a partir de 2011?

E Dilma, o que pensa sobre isso? Em entrevista ao Jornal Nacional, declarou acreditar ter sido a segunda mulher mais votada da história do planeta, ultrapassada somente por Indira Ghandi. A mulher-Lula referia-se aos 47 milhões de votos recebidos no primeiro turno. O que equivaleu a ter sido aprovada por 46,9% do eleitorado e reprovada por 53,1 %.

Para reforçá-la, o presidente do PT José Eduardo Dutra enfatizou que ela é a campeã na América Latina, comparando-a com Cristina Kirchner, que se elegeu com cerca de 8 milhões de votos; ou 45% do eleitorado ( o suficiente, na Argentina, para ganhar a eleição). Dutra convenientemente esqueceu-se de contabilizar o número dos eleitores brasileiros: 135.8 milhões.

Mais impressionante e preocupante, porém, foi a comparação com Indira Ghandi. A durona primeira-ministra da Índia, eleita pela primeira vez em 1966, governou por 18 anos. Sua campanha para acabar com a pobreza promoveu um controle de natalidade com esterilização em massa. E, entre outras coisas, também decretou "estado de emergência" e censurou a imprensa.

Durante seu último mandato, agravaram-se os conflitos internos e os confrontos violentos entre diversos grupos étnicos e religiosos. Em junho de 1984, mandou tropas invadirem o Templo Dourado para conter uma rebelião dos Sikh. Segundo o governo indiano, a invasão do local sagrado terminou com a morte de 600 pessoas; militantes religiosos e soldados. Outras fontes afirmaram que os mortos foram cerca de 1.200.

Em seu livro autobiográfico "A primeira luz da manhã", a escritora indiana Thrity Umrigar fala com leveza de seu país governado por uma primeira-ministra que apreciava o culto à personalidade. De uma "Mãe Indira" eleita para cuidar e proteger o povo "do caos e da autodestruição". Mas que acabou se revelando tirana e alcançada por boatos de que o filho, o tecnocrata Sanjay, roubava e protegia seus comparsas corruptos...

Quem teria sugerido jogar Indira Ghandi na campanha petista? Parece que alguém deu um toque, a tempo, de que não era uma boa idéia. E, de uma hora para outra, a mamãe Dilma a deixou de lado. Ainda bem. Indira foi assassinada por dois membros de sua guarda pessoal. Ambos pertenciam ao grupo Sikh. Eles a mataram quatro meses depois da invasão ao Templo Dourado. Um dia de tragédia difícil de esquecer na Índia: 31 de outubro. Toc-toc. Aqui é dia de festa.
Ateneia Feijó é jornalista

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Popular, sim. Grande, não!

Ricardo Noblat - publicado originalmente em seu blog

Bolinha de papel, rolo de fita crepe, pano de bandeira, chumaço de algodão - nada pode ser usado de forma hostil para atingir alguém sob pena de tal ato configurar uma agressão.

O que militantes do PT foram fazer no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro, quando o candidato José Serra (PSDB) esteve por lá na tarde da última quarta-feira em busca de votos?

Não foram saudá-lo democraticamente. A tal ponto de civilidade não chegaremos tão cedo.

Aos berros, munidos de bandeiras e dispostos a tudo, tentaram impedir que o candidato e seus correligionários exercessem o direito de ir e de vir, e também o de se manifestar, ambos assegurados pela Constituição.

O PT tem uma longa e suja folha corrida marcada por esse tipo de comportamento violento, autoritário e reprovável, que deita sólidas raízes em suas origens sindicais.

A força bruta foi empregada muitas vezes para garantir a ocupação ou o esvaziamento de fábricas. E também para se contrapor à força bruta aplicada pelo regime militar na época em que o PT era apenas uma generosa idéia.

Para chegar ao poder, o PT sentiu-se obrigado a ficar parecido com os demais partidos – para o bem ou para o mal. Mas parte de sua militância e dos seus líderes não abdicou até hoje de métodos e de práticas que forjaram sua personalidade. É uma pena. E um sinal de atraso.

Uma vez no poder, vale tudo para permanecer ali.

Vale o presidente da República escolher sozinho a candidata do seu partido.

Vale ignorar a Constituição e deflagrar a campanha antes da data prevista.

Vale debochar da Justiça.

Vale socorrer-se sem pudor da máquina pública para fins que contrariam as leis.

Vale intimidar a Polícia Federal para que retarde investigações que possam lhe causar embaraços. E vale orientá-la para que vaze informações manipuladas capazes de provocar danos pesados a adversários.

No ocaso do primeiro turno, pouco antes de Dilma se enrolar na bandeira nacional e posar para a capa de uma revista como presidente eleita, a soberba de Lula extrapolou todos os limites.

Ele foi a Juiz de Fora e advertiu os mineiros: seria melhor para eles elegerem um governador do mesmo grupo político de Dilma.

Foi a Santa Catarina e pregou irado a pura e simples extirpação do DEM.

Foi a São Paulo, investiu contra a imprensa e proclamou com os olhos injetados: "A opinião pública somos nós".

O mais sabujo dos auxiliares de Lula reconhece sob o anonimato que o ataque de fúria do seu chefe contribuiu para forçar a realização do segundo turno.

Não haverá terceiro turno.

Se desta vez as pesquisas estiverem menos erradas, Dilma deverá se eleger no próximo domingo – e até com uma certa folga.

Mas a eleição ainda não acabou, meus senhores. A história está repleta de casos onde um passo em falso, um gesto impensado ou uma surpresa põe tudo a perder.

O que disse Lula a respeito do episódio do Rio protagonizado por Serra e por militantes do PT só confirma uma vez mais o quanto ele é menor - muito menor - do que a cadeira que ocupa há quase oito anos.

Lula foi sarcástico quando deveria ter sido solidário com Serra, de resto seu amigo de longa data.

Foi tolerante e cúmplice da desordem quando deveria tê-la condenado com veemência.

Foi cabo eleitoral de Dilma quando deveria ter sido presidente da República no exercício pleno da função.

Sua popularidade poderá seguir batendo novos recordes -e daí? Não é disso que se trata.

Popularidade é uma coisa passageira. Grandeza, não. É algo perene. Que sobrevive à morte de quem a ostentou.

Tiririca é popular. Nem por isso deve passar à História como um político de grandeza.

No seu tempo, Fernando Collor e José Sarney, aliados de Lula, desfrutaram de curtos períodos de intensa popularidade. Tancredo Neves foi grande, popular, não.

Grandeza tem a ver com caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade. Tudo o que falta a Lula desde que decidiu eleger Dilma a qualquer preço.

domingo, 24 de outubro de 2010

O segundo aviso

Por FRANCISCO ESPIRIDIÃO


Teve um tempo em que era vedado o voto ao cabo e ao soldado. Mas isso já faz muito tempo. A partir da promulgação da Constituição de 1988, a coisa mudou de figura. É claro que a mudança não se deu de uma hora para a outra. Aconteceu aos poucos. Até 1996, nos intestinos da caserna não se tinha a verdadeira dimensão da novidade.

Mesmo com a letra viva saltando aos olhos, demorou a cair a ficha, especialmente nas esferas subordinadas. Parece que aqueles que tanto tempo viveram como cidadãos de segunda, posto não lhes ser dado o direito ao voto, não sabiam como se comportar diante do simbolismo autoritário que as estrelas cegas ou douradas lhes impingiam.

O artigo 5º da tal “Redentora” era lido por essa massa subalterna, mas interpretado meio que na encolha. Acesso à Justiça era “mosca branca”. Nos quartéis, plenamente difundida a máxima: “o soldado é superior ao tempo, porém, seus direitos, em uma folha de papel em branco”. A tal da “Mensagem a Garcia”, sabe? O superior mandou, não cabe ponderação. Cumpre-se!

Lembram do Mito da Caverna, de Platão? O procedimento dos subordinados era assim. Hoje, não! Cabos e soldados, tal como os que detêm as demais graduações e patentes, votam. Fazem até greve... Antes, o superior mandava: “Faça isso!” e a resposta não era outra senão “Sim, senhor!”. Hoje, depois de se quebrarem os grilhões que os prendiam ao gélido interior da caverna, é assim: “Faça isso!”. E a resposta: “Por quê?”.

Por muito tempo, o andar debaixo viu os oficiais fazendo uso da condição de superior em sua expressão maior. A ele, cabia apenas a tênue réstia de luz que escapava das fendas da ignorância.

Um dia a panela destampou. O típico "quem nunca tomou mel, no dia que toma se lambuza". Abusaram da regra três a ponto de tentar sabotar o serviço de escala em plena realização do primeiro turno das eleições.

As conseqüências terão de ser encaradas. É a lei natural. O que se planta colhe. Mas que é emblemático lá isso é. As portas permaneceram por muito tempo fechadas. Começam a ser arrombadas. Depois da greve do ano passado, esse parece ser o segundo aviso.

sábado, 23 de outubro de 2010

equipamento de segurança contra petistas

Aécio sobe o tom: Lula comanda uma ‘facção política’

Transcrito do Blog do Josias de Souza - Folha Online

Dono de temperamento acomodatício, Aécio Neves é, entre todos os tucanos, o mais próximo de Lula.

Em 2009, quando se discutia o timbre que a oposição adotaria na sucessão de 2010, Aécio cunhou a expressão “pós-Lula”.

Pois bem. Os ventos mudaram. O discurso de Aécio está agora, mais próximo do anti-Lula.

Deve-se a migração à tentativa de Lula e do petismo de acomodar no colo de Aécio a violação fiscal de pessoas ligadas a José Serra.

Nesta sexta (22), de passagem pelo Piauí, Aécio criticou Lula por ter chamado de “farsa” a agressão que Serra diz ter sofrido durante caminhada no Rio.

"É lamentável. Triste a agressão, porém mais triste foi à postura do presidente da República”.

Para Aécio, Lula “se despe da condição de chefe de Estado para virar líder de uma facção política".

Na véspera, Lula também resumira o Fiscogate como uma briga de Aécio contra Serra: “É tucano tentando bicar tucano", afirmara.

Lula comprou a tese da PF de que o ‘repórter’ Amaury Ribeiro Jr. encomendou a quebra dos sigilos para “proteger” Aécio de espionagem montada contra ele por Serra.

E Aécio: "É uma inverdade o que o presidente disse, e isso foi desmentido pelos fatos dos noticiários de hoje".

Referia-se às notícias relativas ao depoimento de Amaury à PF. Diferentemente do que havia sido divulgado, o ‘repórter’ não disse que agiu para “proteger” Aécio.

"Isto não existe no depoimento”, Aécio martelou. “Essa frase jamais existiu, foi uma declaração do delegado da PF, que, de forma incorreta, vazou parcialmente um depoimento..."

"...A Polícia Federal é uma instituição séria e está sendo utilizada em um jogo político. Nunca houve isso, é um factóide...”

“...O PT é que sabe forjar, criar dossiê e que faz quebra de sigilo, como ocorreu no caso do caseiro [Francenildo]. Isso está no DNA do PT, não do PSDB".

Aécio foi a Teresina, capital piauiense, para pedir votos para Serra. Participou de atos de campanha do candidato tucano ao governo do Estado, Sílvio Mendes.

Fez caminhadas, visitou igreja, discursou em comício. Acusado de esconder Serra no primeiro turno da campanha mineira, Aécio agora exibe o correligionário no peito.

Trazia grudado na camisa um adesivo com os dizeres: “Serra é do bem, vote 45”.

Aécio cumpre agenda combinada com Serra. Sozinho, sem o presidenciável tucano, a estrela do tucanato mineiro corre o país.

Nesta sexta, além de Teresina, Aécio fez campanha em Belém (PA). Na véspera, discursara por Serra em Goiânia (GO).

Neste sábado (23), estará em Alagoas. Em carreata, percorrerá as ruas do município de Arapiraca.

Na manhã de domingo (24), acompanhará Serra numa caminhada pela orla da praia de Copacabana, no Rio.

Um pedaço do PSDB questiona a eficácia do périplo de Aécio. Acredita-se que a presença dele seria mais útil em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Alckmin: “Lula zomba da lei, incita a violência e faz piada com coisa séria”

Por Venilson Ferreira, no Estadão Online:

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta sexta-feira, 22, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá “mau exemplo” e “incita a violência” ao não recriminar a agressão sofrida pelo candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), na última quarta-feira, durante campanha no Rio de Janeiro.

Na opinião de Alckmin, ao ironizar o episódio o presidente Lula “zomba da lei” e “faz piada com coisa séria”. Alckmin participou hoje do ato “Mato Grosso pró José Serra” que reuniu cerca de 300 pessoas no Centro de Eventos do Pantanal. Depois do ato, ele seguiu para o Mato Grosso do Sul.

Em relação ao segundo turno das eleições presidenciais, o futuro governador paulista afirmou que no partido há clima de otimismo, pois pesquisas internas indicam empate e que candidato José Serra lidera em muitas capitais e Estados. “O que vemos é uma disputa acirrada, onde o Serra tem todas condições de ganhar as eleições.”
Alckmin participou pela manhã de reuniões com lideranças políticas no Acre, onde, segundo ele, “o candidato Serra pode atingir 60% dos votos”. Ele acredita que em São Paulo a vantagem de Serra passará dos 800 mil votos do primeiro turno para 3 milhões de votos no segundo. Hoje à tarde Alckmin segue para Dourados e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e amanhã estará em Goiás.
Questionado sobre as denúncias de desvio de recursos de campanha por parte do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, o governador eleito disse que “não há fatos que possam ser investigados”. Irritado com as perguntas, Alckmin disse: “Vocês (jornalistas) repetem o que o PT fala. O PT fala muita mentira.”
Alckmin, que venceu o presidente Lula em Mato Grosso nos dois turnos das eleições de 2006, reafirmou o compromisso de Serra com investimentos em infraestrutura no Estado. Ele disse que Serra vai acelerar a construção da Ferrovia Centro-Oeste, que liga Goiás a Rondônia, passando pelos principais polos agrícolas de Mato Grosso. Também garantiu a conclusão da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém (PA), e da BR 158, que corta a região do Araguaia, no leste do Estado, conhecida como “Vale dos Esquecidos”.
Alckmin destacou a questão da segurança na fronteira de Mato Grosso. “O Estado produz soja, cana e carne, mas não produz cocaína. Vamos fazer um forte enfrentamento ao tráfico de drogas e de armas e à lavagem de dinheiro”, afirmou.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sigilo do PSDB -- Jornalista não estava a serviço do "Estado de Minas” quando encomendou informações

Por Leonardo Souza e Fernando Rodrigues, na Folha Online

O jornalista Amaury Ribeiro Jr. não estava a serviço do diário “Estado de Minas” quando encomendou e, segundo a Polícia Federal, pagou pela violação dos dados fiscais de parentes e pessoas próximas ao candidato José Serra (PSDB), segundo cruzamento de informações obtidas pela Folha com a investigação.

Amaury fez parte do “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT). Conforme a Folha revelou em junho, os dados fiscais sigilosos dos tucanos foram parar num dossiê que circulou entre pessoas do comitê dilmista. Em depoimento à PF, o despachante paulista Dirceu Garcia admitiu que recebeu R$ 12 mil em dinheiro vivo das mãos de Amaury para comprar as declarações de renda das pessoas próximas a Serra.

De acordo com registros trabalhistas, Amaury foi contratado pelo “Estado de Minas” em setembro de 2006. No dia 25 de setembro de 2009 saiu em férias por um período que iria até 14 de outubro. No dia 15 do mesmo mês, quando teria de voltar ao trabalho, pediu demissão e deixou o jornal, sem aviso prévio.

De acordo com o depoimento do despachante Garcia, Amaury lhe encomendou os documentos fiscais dos tucanos no final de setembro. No dia 8 de outubro, Amaury saiu de Brasília e foi a São Paulo buscar a papelada. O pagamento foi feito em dinheiro vivo no banheiro do bar Dona Onça, na avenida Ipiranga. Ou seja, quando encomendou e desembolsou o dinheiro pelo serviço, Amaury não estava a serviço de “Estado de Minas”, apesar de no papel manter vínculo com a empresa.

Segundo a Folha apurou com pessoas envolvidas na investigação, o jornal bancou formalmente as viagens de Amaury até agosto de 2009. Em outubro, suas passagens de avião foram pagas em dinheiro vivo. Em entrevista coletiva ontem, a PF havia divulgado apenas que Amaury mantinha vínculo empregatício com “Estado de Minas”, sem informar que estava em férias quando houve o pagamento pela compra dos documentos. A PF também havia informado que os deslocamentos do jornalista tinham sido pagos pelo diário mineiro, mas sem mencionar datas.

Em depoimento à PF, Amaury confirmou que conhecia o despachante Garcia e que teria lhe encomendado buscas em juntas comerciais, mas não de documentos sigilosos. Desconversou também sobre a forma de pagamento pelos serviços. O jornalista também afirmou que iniciou seu trabalho de investigação contra Serra e aliados quando era funcionário do jornal “Estado de Minas”, para “proteger” o ex-governador tucano Aécio Neves, que à época disputava internamente no PSDB a candidatura à Presidência.

Aécio Neves e PSDB divulgaram notas ontem pelas quais negaram envolvimento com o episódio. A campanha de Dilma usou a ligação de Amaury com o jornal mineiro, próximo politicamente de Aécio, para tentar afastar o envolvimento do PT com o caso.

Comentário de Reinaldo Azevedo

A PF jogou informações no ventilador para tentar confundir a opinião pública em vez de explicar o que aconteceu. Por quê? Porque o objetivo era tirar o PT do foco, como Lula anunciou que aconteceria, ainda que com outras palavras, e transformar esta esdrúxula figura — o ex-jornalista Amaury, atual funcionário do moralista Edir Macedo — num problema “tucano”.

De todas as tramóias do governo Lula para NÃO investigar um malfeito, esta foi, sem dúvida, a mais indecente, a mais indecorosa. Nas outras, sempre se notou a tentativa de tirar o corpo fora, de garantir a impunidade, com acusações genéricas: “Todo mundo faz; todo mundo é assim”. Desta feita, a coisa é diferente: decidiu-se culpar a vítima mesmo. Sem medo de ser feliz — e sem vergonha, como é do feitio da turma.

Excessivo número de atestados médicos prejudica serviços na PM

Por Francisco Espiridião

O desembargador Ricardo Oliveira, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE), encaminhou ofício ao Comando-Geral da Polícia Militar questionando a falta de efetivo da corporação para garantir a tranqüilidade do pleito nos locais de votação situados na área rural dos municípios de Caracaraí, Iracema e Mucajaí, que integram a 2ª Zona Eleitoral.

Para algumas dessas localidades, como a Vila Petrolina do Norte e Vila Campos Novos, a PM destacou apenas dois policiais militares, contingente considerado insuficiente para garantir a normalidade do pleito. Em outros locais, havia apenas um policial militar e, na grande maioria das sessões, não havia sequer um PM de prontidão.

No mesmo ofício, o presidente do TRE recomenda o reforço no policiamento, tanto da PM como das Polícias Federal e Civil, para garantir a tranqüilidade durante o transcorrer do segundo turno das eleições, marcado para o dia 31 deste mês de outubro.

ATESTADOS – O Comando-Geral da PM admitiu a falta de efetivo disponível para atender à demanda. Alardeou um fato inédito na corporação: o exagerado número de policiais militares fora do serviço por força de atestados médicos emitidos no período da realização do primeiro turno das eleições.

É de se estranhar que 85 policiais militares tenham ficado doentes exatamente a partir do dia 28 de setembro, muitos deles recebendo atestados médicos que lhes autorizavam permanecer ausentes da escala de serviço por um período considerado extenso, em muitos casos, de até 10 dias.

O Comando-Geral estranha também que 17 desses atestados tenham sido firmados por apenas um médico. Questionado por telefone, o médico respondeu ao Comando que iria “tornar sem efeito tais atestados”, e que iria recolhê-los, o que não fez até o final da tarde dessa quarta-feira (20).

SINDICÂNCIA – O excessivo número de atestados médicos contraria todas as estatísticas no âmbito da PM. Jamais houve fato idêntico ou pelo menos parecido. Por essa razão, o Comando determinou abertura de sindicância na Corregedoria da corporação. A investigação está em andamento. Se for constatado que houve crime, a sindicância será transformada em Inquérito Policial Militar (IPM).

Paralelamente, o Comando Geral encaminhou ofício circunstanciando os fatos para o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Eleitoral, TRE e Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e de Odontologia (CRO), solicitando possíveis investigações.

O ofício do Comando levanta outros questionamentos, como: será que todos esses PMs caíram “moribundos”, coincidentemente, no período das eleições? Será que houve a confecção de prontuários médicos nas Unidades de Saúde das redes públicas estadual e municipal e também da rede privada? Será que poderão ser disponibilizadas cópias dos registros dos prontuários médicos?

O Comando entende que, em tese, fica claro que o fato merece uma acurada investigação, em razão de os atestados terem sua origem nas Secretarias de Saúde do Estado e do Município, bem como da rede privada.

“Verifica-se que tal situação foge à normalidade, pois em 35 anos de existência da Polícia Militar de Roraima, jamais se registraram fatos dessa natureza e de igual proporção”, cita determinado trecho do ofício encaminhado às autoridades.

Outro ponto questionado pelo Comando, depois de ouvidos profissionais da área médica, é que o tempo de dispensa concedido, de até dez dias, na melhor das hipóteses, ensejaria internação imediata.

COMPROMISSO – O excessivo número de dispensas médicas apresentado pelos policiais militares demonstra, segundo avaliação do Comando, falta de compromisso com a corporação e com os colegas, vez que a ausência deles, além de prejudicar os serviços, gerou sobrecarga de trabalho para os que permaneceram firmes, tendo que se desdobrar para suprir a falta dos colegas de farda.

No documento encaminhado às autoridades, o Comando argúi possíveis infrações a dispositivos do Código Penal, como os artigos 301 e 302, que versam sobre a responsabilidade de quem emite atestados ideologicamente falsos, bem como o 304, que pune quem faz uso de tais papéis.

QUESTIONAMENTOS – Os atestados, em sua maioria, apresentam pontos obscuros que apontam para possíveis fraudes, a saber: vários deles com carimbo do mesmo médico apresentam caligrafia diferente na assinatura; em outros, não consta a data da emissão; a maioria não especifica a CID (Classificação Internacional da Doença) e, quando consta, está inelegível.

Já outros atestados trazem o carimbo da clínica e não do médico responsável pela sua emissão; um deles apresenta data do ano passado; em alguns não constam nem carimbo nem assinatura do médico. A grande maioria dos atestados não especifica o CRM do médico que os emitiu.

O ESCÂNDALO DO ESCÂNDALO DA QUEBRA DO SIGILO. OU: O RIOCENTRO DO PT

Por Reinaldo Azevedo

Entre os que estão envolvidos com a política — políticos profissionais, militantes partidários e jornalistas —, só não vê quem não quer: a ação de ontem da Polícia Federal no caso da violação de sigilos foi politicamente orquestrada, tanto é que o próprio presidente da República antecipou à imprensa o que seria “a verdade”, sugerindo que ela caminharia na contramão do que se sabe.

E a que assistimos? A PF se limitou a dizer que o ex-jornalista Amaury Ribeiro Jr. encomendou a quebra de sigilo fiscal de tucanos e de familiares de Serra e deu início à cadeia de ações que resultaram no crime. E pronto! Por incrível que pareça, não se vai investigar a MOTIVAÇÃO POLÍTICA do fato. Amaury está sendo tratado como “o” mandante. É este é o escândalo: é evidente que ele não era o ponto de chegada do documento, mas apenas um instrumento, um operador.

Não dava para comprometer a PF publicamente além disso. O resto ficou por conta da “apuração” dos repórteres, que foram então saber que diabos o ex-jornalista havia dito à polícia. E a versão deste grande moralista, QUE FOI CONTRATADO PELA TV RECORD, DE EDIR MACEDO, DEPOIS QUE O ESCÂNDALO JÁ HAVIA EXPLODIDO, é que ele havia cometido o crime para “proteger Aécio Neves” — o verbo é engraçado porque isso o livra, em tese, de um processo de Aécio —, como resposta a um suposto grupo que José Serra teria criado para prejudicar seu então rival na disputa interno do PSDB. Como Amaury não parece o tipo que trabalha por amor — ou sua “profissão” seria outra —, ele está, obviamente, sugerindo que atuava para Aécio.

Foi o que bastou para José Eduardo Dutra, presidente do PT, afirmar: “Bem, não temos nada com isso; é briga de tucanos”. Era a tal “novidade” que Lula prometia. IMPRESSIONANTE!

O simples fato de Amaury ter confirmado que encomendara mesmo a quebra dos sigilos deveria ser o ponto de partida da investigação. Ora, QUANDO VEJA DENUNCIOU A EXISTÊNCIA DO BUNKER PARA FAZER DOSSIÊ CONTRA SERRA, o ex-jornalista trabalhava para a pré-campanha de Dilma Rousseff. E foi lá que uma cópia da declaração fiscal de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, foi encontrada pela reportagem da Folha. O fato diz por si a quem interessava a lambança toda.

O governo, no entanto, deu um jeito de livrar a cara do PT e de comprar uma briga apenas moderada com Aécio Neves. É como se dissesse: “Bem, esse Amaury fez essas coisas aí; ele culpa Aécio, mas a gente acha que não tem nada de político na história, e tudo morre por aqui”.

Aécio soltou uma nota negando qualquer vinculo com o caso. E as coisas tendem a ficar por isso mesmo. Temos um crime gravíssimo, que envolve uma instância do Estado brasileiro, e a polícia que existe, em último caso, para proteger esse estado toma a decisão política de não investigá-lo. É assim que o PT zela pelas instituições no Brasil.Os tempos são evidentemente outros, mas o paralelo é inescapável. O caso da violação do sigilo, um crime contra a Constituição, está se tornando o Riocentro do PT: a culpa é das vítimas.

PS - Eu imagino o desconforto de jornalistas de verdade da Record ao terem de conviver com alguém que tem a profissão de Amaury, tenha lá que nome for essa atividade de violador da Constituição. É bem verdade que pares não lhe faltarão por lá hoje em dia. Mas eu continuo a achar que ele fica bem na assessoria pessoal do seu patrão, Edir Macedo.

Serra parece convencido de que Dilma nem precisa de ajuda para ser nocauteada

Por Augusto Nunes

“Esta cultura de paz é a base do fato de que somos um país diferente”, disse Dilma Rousseff no meio do amalucado falatório de encerramento. Pinçada sabe-se lá de que lugar da cabeça, a frase indecifrável — mais uma — contribuiu para escancarar o que os jornalistas federais e os intelectuais domesticados fingem que não enxergam: a adversária que todo candidato pede a Deus é também a primeira debatedora da história que nem precisa de um oponente para perder. Para Dilma Rousseff ser derrotada, basta um monólogo de Dilma Rousseff.

A candidata do PT acha tudo “muito importante”, desconfia de que o concorrente está sempre “tergiversando”, acredita que o Brasil foi fundado em 2003, junta em dois minutos cinco assuntos que desconhece e protagoniza escorregões cada vez mais espetaculares. Ao discorrer sobre tsunamis e marolinhas, por exemplo, surfou na onda errada: “O Brasil foi o primeiro a entrar na crise e o último a sair”, trocou as bolas.

Ao ouvir que o PT votou contra o Plano Real, dedilhou a lira do delírio para reivindicar o direito de resposta: “Ele disse que eu sou a favor da inflação”, viajou. Prometeu, solenemente, “fazer um governo voltado para a pessoa humana”. E não finalizou a fala que deveria ser a fala final. Talvez por acreditar que Dilma não precisa de ajuda para ir à lona, Serra dispensou-se de novo de buscar o nocaute.

Quando lhe coube a iniciativa, tratou de questões administrativas. Permitiu que a adversária, sempre de guarda baixa e exposta a contragolpes devastadores, passasse a maior parte do tempo na ofensiva. Revidou a todos os ataques, é verdade, e até desferiu algumas pancadas severas. Mas nem sequer tentou o contragolpe definitivo. A tática, discorde-se dela ou não, parece ter funcionado: o grupo de 20 eleitores indecisos reunidos pela RedeTV! e pela Folha, organizadoras do debate, declarou Serra vitorioso por boa margem de pontos.

O que teria acontecido se o candidato da oposição passasse ao ataque e desferisse golpes potentes e frontais? Como terminaria o duelo se a sequência de socos verbais castigasse a roubalheira imensa na Casa Civil, a impunidade institucionalizada, a catarata de infâmias e delinquências despejada sobre a família Serra? Como reagiria Dilma se confrontada com a comparação entre a telefonia modernizada e os Correios em decomposição?

Que respostas balbuciaria se instada a explicar o sucesso do Plano de Arrendamento da Coisa Pública aos Altos Companheiros, o até recentemente clandestino PACPAC? Quanto tempo aguentaria nas cordas se fosse obrigada a comentar a produção da fábrica de dossiês e da usina de mentiras? Continuaria a declamar o poema épico “A Petrobras é a Pátria” se convidada a justificar o confisco dos bens da estatal na Bolívia, promovido por Evo Morales e abençoada pelo Beato Lula?

No mundo do boxe, diz-se que tem “queixo de vidro” o lutador que, ao primeiro soco mais vigoroso nessa parte do rosto, perde o rumo, a bússola e, pouco depois, os sentidos. Se Serra topasse a troca de pancadas, a disputa teria terminado há muito tempo. Dilma é toda de vidro. Está implorando para ser nocauteada.

Garganta profunda

Não sei, não... mas acho uma tremenda falta de senso - para não dizer coisa pior - a tentativa do PT, agora, de jogar a culpa da quebra de sigilo fiscal do PSDB no colo do PSDB. Parece desespero de campanha.

Todo mundo sabe que o jornalista Amauri Ribeiro Jr. é ligado ao PT muito antes de ter metido os pés pelas mãos na história da quebra do sigilo de Serra e seus familiares.

E mais: investigação da Polícia Federal apontou que Jr. encomendou a violação dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha do candidato à Presidência José Serra (PSDB), Verônica Serra, e de outros tucanos, entre setembro e outubro de 2009.


Agora, me vem ele com essa de que fez o que fez para proteger o ex-governador e senador eleito de Minas, Aécio Neves. Me diga, pelamordedeus, cara-pálida, o que tem o E.J. com a pseudodesavença entre Serra e Aécio?

Não dá para ninguém que tenha pelo menos um neurônio acreditar numa história fantasiosa dessas. Só engole quem tem garganta profunda.

Juntos para a vitória!

domingo, 17 de outubro de 2010

Santa Dilma e guardiões

Do Blog "Vou de Serra45"

Jucá, não! Surita

Três anos depois de se divorciar do líder do governo no Senado, Romero Jucá, Teresa apagará o último resquício de seu ex: o sobrenome.

Assumirá o mandato de deputada federal mais votada de Roraima como Teresa Surita. De namorado novo, ela adotou o discursode que, agora, é cada um na sua e que terá nova vida em Brasília.

A fila do ex também já andou. Jucá tem nova companheira desde 2008.

A dúvida é apenas uma: e o projeto de hegemonia em Roraima? Será que Jucá vai apoiar a Surita para a Prefeitura de Boa Vista, em 2012?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mais uma da série "Saúde de Primeiro Mundo"


Um menino de dois anos morreu na manhã do último domingo (10) esperando por uma vaga para internação em UTI no Distrito Federal. De acordo com os exames realizados pelos médicos, a criança estava com meningite.


A família conta que o menino foi internado no Hospital Regional do Paranoá (HRP), a cerca de 20 Km de Brasília, na madrugada de sábado (9) com febre, dores na cabeça, no ouvido e tontura. O resultado dos exames apontou meningite. A médica teria tentado uma vaga de UTI na rede pública, mas não conseguiu.

“Vi meu filho morrendo. O entra e sai de médico, mas ninguém resolvia nada. Era a mãe correndo de um lado e o meu filho morrendo de outro”, desabafa o pai da criança.

Os pais foram orientados a procurar o Ministério Público do Distrito Federal para tentar pela Justiça a internação num leito na rede privada, já que o laudo indicava risco iminente de morte. Quando a mãe e a avó do menino chegaram ao prédio do MP, por volta das 9h, foram encaminhadas à Defensoria Pública.

Mundo doido

A situação dos políticos brasileiros está mesmo preocupante. Acabo de ver no R7 que o debate entre os presidenciáveis, levado ao ar na noite deste domingo pela Band, obteve a metade da audiência do programa Pânico, o doidão da Rede TV, e 3 pontos atrás do anacrônico Programa Sílvio Santos, do SBT.

No horário - 22h/0h15 - a Globo foi a grande campeã, com 18 pontos de audiência, seguida da Record, com 13, Rede TV com 8 pontos e SBT, 7. A Band, que mostrava o descabelamento de Dilma e o descabelado Serra, ficou com amargos 4 pontos.

Daí, a justificativa para tamanha votação - mais de 1 milhão e 380 mil votos - do palhaço Tiririca, em São Paulo. O tema política, da forma como se vê hoje, não empolga tanto. Uma lástima!

Fila de morte

A Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal, que supera todos os recordes de incompetência gerencial, tem 21.146 “pacientes” esperando cirurgia nos hospitais da capital. Haja paciência.

Esse é o retrato fiel da saúde de "Primeiro Mundo" anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num de seus rompantes "Nunca na história desse país". Se Brasília é assim, como não será no Brasilzão esquecido - leia-se Norte e Nordeste?

Haja tergiversação!

O debate de ontem à noite na Band, que começou religiosamente na hora marcada, às 23 (hora local), foi um dos melhores até aqui. Isso, porque os dois concorrentes à Presidência da República tiveram oportunidade de chorar suas máguas sem a pressa habitual dos demais encontros no primeiro turno.

Pelo conjunto da obra, acredito que Serra conseguiu se sair melhor. Até parecia que ele é quem está à frente nas pesquisas de inteção de voto. Sair atirando é característica básica de quem está em desvantagem no embate. E foi isso o que fez Dilma do começo ao fim do evento.

Gostei mesmo foi da ressurreição do verbo “tergiversar”, usado inúmeras vezes pela candidata da situação. E eu, que pensava que tal palavrão havia se perdido no tempo, lá atrás, quando eu megulhava nas águas do jornalismo – meados da década de 1980. Grande tergiversação!

domingo, 10 de outubro de 2010

Gato por lebre

Até que enfim, a campanha de Serra na TV e no rádio começa a desnudar a verdade sobre a real situação do Governo Lula. Aquela senhora criticando estripulias praticadas na Casa Civil da Presidência foi um bom começo.

Outras denúncias devem ser trazidas ao picadeiro da campanha e, sobre elas, lançado um canhão de luz. Assim, o eleitor poderá ficar bem informado sobre a qualidade do produto que estará comprando em 31 de outubro.

sábado, 9 de outubro de 2010

Jangadeiro vai ao mar

Eis aí o grande jangadeiro Francisco Espiridião Neto, pronto para encarar o mar de Porto de Galinhas (Pernambuco), em recente viagem de férias. Saca só!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Craques no time

Os deputados eleitos Danrlei e Romário são muito aguardados em Brasília. Não para que se revelem parlamentares atuantes, mas para participarem das peladas de quarta-feira no belo gramado do Clube do Congresso, cuja iluminação so é comparável à do Maracanã.

(Transcrito da coluna Claudio Humberto de hoje)

Vingança: Lula quer regular a mídia este ano

O presidente Lula planeja impor ao Congresso, ainda em seu governo, o projeto do ministro da Propaganda, Franklin Martins, para “regular a mídia”, sobretudo o segmento de rádio e televisão.

A intenção do presidente foi segredada a dois senadores aliados recém-eleitos. O projeto tem sido criticado pela oposição por seu viés autoritário, de inspiração fascista, para controlar a imprensa e inibir as denúncias

Em plena campanha de Dilma, Franklin Martins viajou para “conhecer modelos de regulação” supostamente adotados em países europeus.
 
Em Londres, Franklin Martins disse que “a imprensa é livre, o que não quer dizer que é boa”. Para ele, imprensa boa é a que bajula governos.
 
(Transcrito da coluna Claudio Humberto, de hoje)

Corre que ainda tem!

Depois de quase oito anos, o (des)governo Lula pode estar dando seus últimos suspiros, caso Dilma não suplante o Vampiro Brasileiro, mais conhecido por José Serra, nas urnas no último dia deste mês. Particularmente, eu não acredito nessa possibilidade. Mas, nunca se sabe, né não?

Conclamo os amigos que passeiam por este blog, que por ventura ainda não tenham tido a oportunidade de ler meu primeiro livro, "Estripulias de um governo equivocado", escrito no primeiro ano do (des)governo, a fazerem esse ato de caridade. É histórico. Ainda tenho alguns exemplares guardados no  armário da cozinha, no guarda-roupa, no forno do fogão, debaixo da cama etc.

Basta me pedir pelo e-mail fe.chagas@uol.com.br, ou pelos telefones 3623-6520 ou 9113-7367, que vou correndo onde você estiver. Lá tem coisas interessantes sobre a vida da nação sob o comando do apedeuta-mor da frota.

E olha que foi escrito antes das quebras de sigilo fiscal, da arrecadação de dinheiro grosso pelos aloprados para compra de dossiês tucanos, da quebra de sigilo bancário de caseiro, de mensalões e mensaleiros, da venda de influência na ilharga do presidente, dos apoios deslavados aos sem-terra da vida, etc. etc. etc...

Ajudem-me a dar um sumiço neles antes que a Eliana os queime para desentulhar o pedaço. É baratinho. Custa só cinco real. Nessa altura do campeonato, toda grana será bem vinda. A família agradece.

Abs.

Espiridião

Justiça à deriva

Por Francisco Espiridião
A defenestração do deputado estadual Flamarion Portela (PTC) da política roraimense com base na Lei da Ficha Limpa e a manutenção do registro da candidatura do deputado federal eleito Chico das Verduras (PRP), fatos registrados ontem (7) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dão a dimensão da profundidade do poço de insegurança jurídica em que o País está imerso.

Por ironia, este Flamarion Portela, apeado do cargo de governador do Estado em novembro de 2004, por compra de votos e, por esse motivo, impedido de participar das atuais eleições, é o mesmo Flamarion Portela que assumiu em 2008 a vaga na Assembleia Legislativa quando Chico das Verduras teve o mandato cassado por compra de votos. Entenderam, não?

Só para ficar mais claro: Portela perdeu o cargo de governador por ter sido flagrado cometendo crime eleitoral (compra de votos). Das Verduras se viu destituído do mandato de deputado estadual pelo mesmo motivo, compra de votos.

Para deixar essa indigesta sopa mais insossa ainda, vale lembrar que as grades da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foram abertas para Chico das Verduras no sábado, dia 2, um dia antes da excursão às urnas que o catapultou ao Congresso Nacional.

O deputado federal eleito hibernava numa diminuta cela – sem direito a visitas – daquele casarão desde o dia 20 de setembro, quando foi alcançado pelos tentáculos da Polícia Federal – em flagrante – por suposta compra de votos.

Como explicar, então, a decisão do STF de indeferir a candidatura de Flamarion Portela e manter plenamente a de Chico das Verduras? Salvo melhor juízo, registra-se aqui típico caso de dois pesos e duas medidas. Ou, como diria Sergio Porto, o saudoso Stanislaw Ponte Preta, o verdadeiro samba do crioulo doido.

Aliás, todo esse imbróglio teve origem na frouxidão moral da corte maior da Justiça brasileira. O Supremo Tribunal Federal (STF) tirou o corpo fora quando teve a oportunidade de arbitrar, à luz da Constituição, uma saída para a questão da Ficha Limpa. Isso, quando do julgamento de Joaquim Roriz (PSC-DF).

A Constituição é clara ao afirmar em seu artigo 16, que qualquer instituto legal aprovado e sancionado só poderá ser aplicado um ano depois (princípio da anualidade), quando se tratar de alterar o processo eleitoral. E, parece não haver dúvida ser este o caso da Lei da Ficha Limpa.

Em última análise, o maior responsável pelo impasse criado no STF é mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixou de indicar em tempo hábil o substituto para o ministro Eros Grau, que saiu da vida pública pelas portas da aposentadoria, em agosto deste ano.

Lula lançou o STF ao vento, deixando-o capengando, com dez ministros. Faltou ao presidente da República a postura de estadista, a ponto de ver a importância do sublime momento atual da vida brasileira.

Período eleitoral é, sem dúvida, um dos mais necessitados do funcionamento pleno do Judiciário. Nesse quesito, o samba atravessou. Não deu outra: o fatídico empate de 5 X 5 no caso Roriz adoçou a celeuma.

E agora, é o que se vê: decisões monocráticas (caso do juiz do TSE contra Flamarion Portela) repercutindo país afora, sem que a justiça tenha um norte a seguir.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Evangélicos do Espírito Santo escolhem Serra contra aborto, Sarney e Zé Dirceu

Por Ernesto Batista, da Agência Estado (pubicado no Blog do Reinaldo Azevedo):

O Fórum Político Evangélico do Espírito Santo e a Associação dos Pastores Evangélicos da Grande Vitória (APEGV), anunciaram que vão fazer campanha contra a candidata petista, Dilma Roussef, no Espírito Santo. Hoje, estima-se que um terço da população capixaba seja evangélica, o que significa cerca de 1,2 milhão de pessoas.

Segundo o pastor Enock de Castro, presidente da APEGV, a posição foi tomada depois de uma consulta às diversas igrejas associadas às duas entidades. “Entre 80% e 90% dos evangélicos tendem a votar em José Serra. O risco é grande de vermos alguns princípios religiosos serem afetados. Há uma posição da Dilma em defesa do aborto, da união civil entre pessoas do mesmo sexo e proibição de proferir religião em órgãos públicos, que são coisas que não podemos aceitar”, disse ao justificar a posição.

Já o presidente do Fórum Político Evangélico do Espírito Santo, Lauro Cruz, afirmou que a postura tucana preocupa menos. “O posicionamento histórico de Dilma gera apreensão. Ela é a favor do aborto, embora tenha negado isso. A postura de Serra preocupa menos do que a de Dilma e dos males vamos escolher o menor”, frisou.

Outro ponto apontado pelas lideranças evangélicas capixabas contra a petista foram as alianças políticas firmadas pelo PT para viabilizar a candidatura da ex-ministra. “Ao lado dela estão José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros e José Dirceu. Não são políticos confiáveis”, comentou Cruz.

No primeiro turno as duas entidades evangélicas apoiaram a candidata do PV, Marina da Silva, e chegaram mesmo a subir no palanque dela quando esteve em Vitória, no final de setembro. “Esperamos um posição neutra da Marina”, afirmou Castro.

Outra entidade evangélica capixaba, a Convenção das Assembleias de Deus, foi ainda mais longe e assegurou apoio ao tucano. “Quando aceitamos um membro avaliamos sua conduta. Alguém para presidir uma família tão grande como a brasileira tem que ter uma raiz, que é a família. Na campanha, José Serra se apresentou junto com a família. É assim que tem que ser e vamos orientar os fiéis nesse sentido”, disse Osmar de Moura, presidente da Convenção.

Católicos

Já a Igreja Católica, por meio da Arquidiocese de Vitória, lançou um documento oficial assinado pelo Arcebispo Luiz Mancilla Vilela, condenando quem apoia questões como o aborto, a violação à liberdade de expressão e religiosa.

“Não vote naqueles que defendem um falso conceito de direitos humanos, por exemplo, colocando como se fosse direito: a violação da liberdade de expressão, o direito de matar o ser humano no seio materno, o direito de adoção de crianças quando faltam as qualidades de mãe ou de pai, o direito de violar a liberdade religiosa impedindo que cada religião use os seus símbolos sagrados. Estes não merecem o seu voto de católico.”, escreveu o Arcebispo.
No domingo da eleição, alguns padres católicos chegaram mesmo a pregar contra o voto em Dilma Roussef durante a homilia das missas matinais. Um dos exemplos foi a Igreja de Santa Rita, localizado na Praia do Canto, um bairro nobre da capital capixaba.

No Espírito Santo, houve uma vitória apertada da candidata petista: Dilma conquistou 37,25% dos votos válidos, o que corresponde a 717.417 votos; Serra obteve 35,44%, o que equivale a 685.590 votos, e Marina Silva (PV), recebeu 26,26% dos votos capixabas, ou seja, 505.734 votos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Recomeça o jogo

Como treino, o primeiro turno das eleições para Presidente da República foi decepcioinante. Pelo menos da parte de José Serra, o "vampiro". Ele poderia ter explorado - tanto nos debates como no programa eleitoral gratuito - o que há de mais fétido no submundo petista. Não o fez. Não se sabe o porquê.

Estripulias como a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, do sigilo fiscal de meio mundo tucano, ação de aloprados para compra de dossiês, mensalão para compra de deputados federais, financiamento com dinheiro público de ONGs alopradas e tantas outras, precisam ser postas no salão. E a dança deve ser envolvente.

O mínimo que se espera do candidato Tucano agora neste segundo tempo de jogo é que ele seja responsável a ponto de alertar a população para tudo o que há de lixo debaixo do tapete petista. Deve jogar um canhão de luz sobre tudo o que pode pegar de mal para o povo brasileiro num eventual governo Dilma.

Principalmente, alardear aos quatro ventos que Dilma não é Lula. Lula conseguiu, de certa forma, domar os monstros do autoritarismo que habitam no corpo bolchevista a embalar o falecido Partido dos Trabalhadores. Um desses monstros atende pelo nome de PNDH III.

As investidas foram muitas, mas até aqui Lula conseguiu manter o Leviatã sob controle. Anestesiou-o. Só que não o matou de vez. Está apenas hibernando. Pode acordar a qualquer momento. E quando isso acontecer, quem garante que Dilma saberá domá-lo?

domingo, 3 de outubro de 2010

A Nação Tiririca

“Nesta eleição, nem mesmo Cristo querendo me tira dessa vitória.” (Dilma Rousseff)

Artigo publicado no blog Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Waldo Luís Viana

Os últimos acontecimentos da campanha presidencial demonstram a exaustão do modo petista de fazer campanha. Havia no governo e entre os partidários a convicção de que viveriam num céu de brigadeiro, com a candidata escolhida alcançando quase toda a popularidade do presidente, exibida nas pesquisas. No entanto, tal não aconteceu. Em alguns estados, ela vem caindo a olhos vistos e os petistas mais afoitos já pararam até de repartir ministérios...

Numa eleição anômala, plebiscitária, com quase todos os candidatos interpretando uma vertente do pensamento de esquerda, a equação esperta era a de que a candidata biônica iria subir exponencialmente, bastando para isso que o povo tomasse conhecimento de que era indicada pelo presidente para a sucessão. Infelizmente, essa correspondência não se expressou devidamente em pesquisas internas e qualitativas, como demonstram os institutos mais independentes.

Daí o aumento de tom nas hostes petistas, a começar pelo presidente, em Joinville, tentando reverter tendências regionais, com xingamentos a líderes da oposição e expressão do desejo fascista de extinguir pura e simplesmente um dos partidos que não reza segundo a cartilha presidencial. De outro lado, o velho, sempre útil e consagrado ex-chefe da Casa Civil, saindo das sombras, veio afirmar que a liberdade de imprensa no país é excessiva e precisa ser “domada” para não causar problemas.

Esses fatos eleitorais encobrem certa falta de cavalheirismo (fiquemos no eufemismo) de quem estaria unido e coeso em torno da certeza de vitória no primeiro turno. Outro resultado que não esse poderia ser fatal para o esquemão do governo, com cargos estatais a defender e a ideologia disfarçada (ainda) do Foro de São Paulo por continuar.

Entre os formadores de opinião, perplexos com as manifestações suspeitas de quebra de sigilo fiscal e peripécias do manjado tráfico de influência na Casa Civil e o povo mais pobre, anestesiado e agradecido ao grande chefe pelo bolsa-família e outras benesses, encontra-se a maioria silenciosa, que vem demonstrando muito dissabor com os rumos da campanha.

A perspectiva de um comediante obter 1 milhão de votos para deputado federal, em São Paulo, e eleger mais dez vagas dentro de seu partido (a chamada “bancada tiririca”), traz aos cidadãos responsáveis um sofrimento a mais que não pode mais ser disfarçado. Esse segmento sabe até que o palhaço tem razão: “pior do que tá num fica!” E o humorista não veio nem para explicar nem para confundir: apenas nos confirma que os “abestados” somos nós.

Enfim, temos o que governo sempre desejou: a burrice no poder. Quem mandará em nosso mundo serão os milhões de analfabetos funcionais, os que brevemente haverão de abocanhar as cotas nas universidades públicas. Uma inclusão de incompetência, transformada em deboche, sem qualquer premio Nobel. O povo deseducado, afinal, é o fermento das eleições petistas bem-sucedidas e da manutenção de seu poder.

No velho regime militar (eu me lembro), todo mundo tinha medo da política e só falava em futebol. Reinava uma tecnocracia, hipócrita e asséptica. Agora, infelizmente, é bem pior: se você discordar dos mandantes de plantão terá provavelmente o sigilo quebrado, a vigilância policial sobre você e até a ameaça de virar nome de parque.

Desde os tempos de Celso Daniel até Yves Hublet, longos desdobramentos históricos de suspeitas, assassinatos e cumplicidade têm sido objeto de surdo protesto de muitos cidadãos, com o correspondente descaso de nossas autoridades. Os malfeitos e as lambanças têm sido movidos para debaixo do tapete. Vide o mensalão do PT...

No Brasil, infelizmente, estamos assistindo à formação de um fascismo burro e búlgaro, baseado na continuação do culto à personalidade, com Lula e Dirceu no coração, ponto eletrônico no ouvido e gordas comissões, agora em pastas e bolsas de griffe.

Um regime típico de perseguição aos denunciantes e de blindagem dos denunciados, considerados sempre os coitadinhos. Em tal estado de coisas, o suspeito, safado e corrupto, torna-se, inexplicavelmente, vítima de calúnia e do desespero de quem denuncia.

Quem não conhece os expedientes protelatórios na Justiça para manter a garantia de que tudo no final vire mera piada de salão e motivo de distribuição de renda entre advogados ricos?

Porém – é necessário que se diga – há uma peninha: o governo, que esgotou prematuramente os coelhos da cartola e se vê acuado, precisa ganhar no primeiro turno de qualquer maneira, para não exibir sinais de fraqueza.

Não pode confessar, mas sabe, no íntimo, que a candidata-ventríloqua não tem fôlego político, nem físico, para aguentar a pressão de um segundo turno, que é outra eleição! Ao mesmo tempo, o presidente vem se expondo sem cautela e utilizando a máquina pública para defender a candidata, sem o menor pudor pelo cargo que ocupa.

E alguns de nossos juízes e procuradores também fazem parte dessa maioria silenciosa e são capazes, quem sabe!, de responder corajosa e surpreendentemente ao Estado policial em que vivemos.

A primavera vem aí, com seus encantos e sortilégios, apesar de todos os tiriricas da vida... E é cedo demais para dizer que nem Cristo tira a vitória da candidata petista. A história mostra-nos que as pretensas unanimidades são companheiras inefáveis de erros fatais. Sem contar que o último que disse ser mais popular que Jesus Cristo teve o destino que todos conhecem...

Quem sou eu para desejar ou sugerir tais vaticínios, mas sei que os que vencem são aqueles que sabem calçar verdadeira e sinceramente as sandálias da humildade. E este parece, sem dúvida, não ser o caso da candidata do governo.

Nossa nação tiririca, (in)felizmente, não é para principiantes...

Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e vai escrever até quando as patrulhas petistas intervierem de vez na Internet. Ele teme que o poder institua, na prática, a frase célebre do Beira-Mar: “tá tudo dominado!” e – convenhamos – não estamos longe disso... Esse artigo é uma singela homenagem à socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa.

Haja saco!

A galhofa tomou conta do país, começando por São Paulo, onde o voto de protesto catapultou a uma cadeira na Câmara Federal o palhaço Tiririca. Conseguiu nada menos que 1.344.399 votos.

O pior, no entanto, não é ter Tiririca elaborando leis pernósticas a alcançar todos nós, brasileiros.

O que dói mesmo é saber que sua exuberante votação trouxe de volta mensaleiros da estirpe de Waldemar Costa Neto, que renunciou para não ser cassado.

Quanto ao segundo turno, tanto para presidente da República como para governador de Roraima só vai aporrinhar a nossa paciência, com o tal horário eleitoral gratuito.

sábado, 2 de outubro de 2010

Incompetência tem limite!

É... faltam apenas dois dias para a candidata governista sagrar-se presidente do Brasil. Quanto à vitória, ela e todo mundo não têm a menor dúvida.

Ainda que dê segundo turno, não significa que sua vitória esteja ameaçada. Serão só alguns dias a mais para encher a paciência de todos nós com a tal propaganda eleitoral gratuita.

Tudo, em razão de uma incompetência inominável, sem limite, da oposição, que não soube explorar as estripulias do governo equivocado de Lula.

Nem Lula esperava tanta incompetência da oposição. Lembram que em julho ele falava em pedir licença da Presidência para apoiar sua candidata? Não foi preciso.

A "lesma" do Serra, mais incompetente que o "picolé de Chuchu" do Alkmin, em 2006, foi suficiente para peder a campanha de forma triste e desonrada.

Nunca na história desse país se viu tamanha incompetência.

Pergunta urgente

A partir deste mês de setembro passado, a Polícia Federal já botou a mão em cerca de uns R$ 2 milhões. Dinheirama que estava em poder de políticos ou seus áulicos.

Eu não consigo entender de onde é que pode sair tanta grana assim. E pior, cada notinha traz o carimbo de campanha.

O mais espetacular foi a sacola com os R$ 100 mil que voou pela janela de um carro que fugia dos "homens de preto".  

Se alguém souber a origem, por favor me diga. Urgente!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PF: funcionário de Jucá descarta pacote com R$ 100 mil

De Elissan Paula, do Radar Político

Desconhecidos dispararam durante abordagem da Polícia Federal a um carro que saiu da produtora do senador Romero Jucá (PMDB/RR), que é candidato à reeleição, no bairro Canarinho, em Boa Vista, capital de Roraima.

Ninguém foi atingido. O disparo veio de um segundo veículo que, segundo a polícia, estaria fazendo a segurança do primeiro.

Durante a confusão, que ocorreu no início da tarde desta sexta-feira, agentes viram quando um pacote foi jogado no matagal próximo à produtora. Eles suspenderam a perseguição para analisar o material descartado. Havia no pacote R$ 100 mil.

Logo após o incidente, Jucá, que é líder do governo no Senado, compareceu à sede da Polícia Federal e se reuniu com o superintendente, Herbert Gasparini, acompanhado do deputado federal e candidato à reeleição pelo DEM, Márcio Junqueira.

Na saída, ele negou aos jornalistas que o dinheiro fosse de sua campanha, afirmou que não tem seguranças nem anda com escolta. Disse ainda que não ouviu disparos. Já o deputado Márcio Junqueira admite ter escutado um tiro. (Transcrito do Blog do Noblat).

Rolo grosso

O fracassado golpe militar ocorrido nesta quinta-feira em Quito criou em mim certo desconforto. Policial militar da reserva, vejo com bastante tensão o que está acontecendo naquele país andino.

O motor do barulho foi a decisão unilateral do governo de decretar o corte de auxílios e gratificações dos salários de militares e policiais. Com certeza, se algo idêntico acontecesse por aqui, seria o caos.

Isso, porque o salário de policiais militares e militares federais é composto mais de gratificações e auxílios que mesmo do fixo, denominado soldo.

Cortando o que o presidente Rafael Correa chama de gorduras nos salários das duas classes, o que fica seria insuficiente para os apenados pagarem o aluguel e comer.

Uma das cláusulas feitas pelo Governo de Roraima aos policiais militares amotinados em abril deste ano, para que parassem o movimento, foi que os vencimentos seriam reformulados de soldo e gratificações para subsídios, promessa até agora não cumprida pelo Palácio Senador Hélio Campos.