domingo, 19 de outubro de 2014

Eliana e Geisa


Para a posteridade

A jornalista e sargento do Corpo de Bombeiros; foto do dia da formatura em Comunicação Social, no Palácio da Cultura, em Boa Vista, com o menino Francisco Neto no colo, Pessoas queridíssimas do blogueiro.  

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mais amor, por favor!

Por Francisco Espiridião

A frase que dá título a esta crônica está cravada há mais de um ano no paredão do viaduto. Não há como sair da Feira do Produtor pela avenida Venezuela sem dar de cara com ela. Foi escrita por um poeta anônimo – o autor não requereu o crédito de sua obra como fazem os grandes artistas. Muito menos deu dicas de quem ele é para que os louros lhe recaiam sobre o ego. Simplesmente afixou naquele frio concreto armado um chamamento capaz de mudar o mundo.

Apesar de tão importante para a humanidade, amor, infelizmente, é artigo em extinção no mercado da vida. As Escrituras Sagradas destacam que ele cobre uma multidão de pecados. O apóstolo Pedro descreve no capítulo 4, versículo 8 de sua primeira carta: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.” Sem amor, portanto, impera a desconstrução.

A reta final deste momento de eleição é próprio para uma profunda reflexão da parte dos eleitos e, por que não, de nós que os colocamos nos pedestais do poder. O jogo ainda não terminou. Falta ainda o segundo tempo de votação que vai definir quem serão os inquilinos, nos próximos quatro anos, do Palácio Senador Hélio Campos e do Palácio da Alvorada.

Este, sem dúvida, é um momento em que cada eleito, assim como os que se elegerão ainda, terá de decidir se vai trilhar o caminho da virtude, da responsabilidade, da decência, enfim, enveredar-se pela via estreitíssima que leva ao bem comum, ao amor ao próximo.

Ou, parafraseando a candidata derrotada Marina Silva, se pretendem continuar dando vazão à “velha política”, onde os eleitos disfarçam muito bem o lobo devorador que mantêm camuflados sob a capa de bom moço.

Ou seja, se ainda vale a pena continuar se preocupando única e exclusivamente com o próprio umbigo, com a própria conta bancária etc. etc. Agindo assim estarão dizendo que o resto, o povão... bem, o resto que continue feito pipoca em panela tampada em fogo altíssimo.

As Escrituras Sagradas dão um retrato fiel desse ‘status quo’: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes.” (2 Timóteo 3.1-5).

Este é o momento em que cada eleito deve refletir sobre sua importância que lhe resta nesse grande latifúndio chamado Poder. Momento para entender que as famílias que sobrevivem de salário mínimo – ou em seu entorno, e são muitas – precisam tanto quanto eles – eleitos – de uma saúde que lhes garanta o bem-estar físico; de uma educação que não os mantenham à margem da sociedade; de segurança que lhes permita o ir e vir sem percalços nem assombros outros.

Enfim, este é o momento mais que apropriado para o exercício da prática sugerida pelo grafiteiro do viaduto: “Mais amor, por favor!”

sábado, 4 de outubro de 2014

De arte e traição

Por Francisco Espiridião 

“Que tempo mais vagabundo este agora, que escolheram pra gente viver”, já dizia Cazuza na década de 80 do século passado. Nunca na história deste Estado se viu tanta leniência com a malfeitoria. Tanta aquiescência com a traição desenfreada entre companheiros de partidos políticos. E fora deles.

Costumo dizer que sou roraimense. Não essa história de coração, por adoção ou outras balelas. Mas roraimense de verdade. De boa cepa, mesmo. Para confirmar essa afirmativa e para o deleite do meu massageado ego, no início do ano passado fui condecorado com o título de cidadão boa-vistense.

Título, aliás, concedido bondosamente pelos colegas jornalistas da Câmara de Vereadores, Francisco Paes e Eudiene Martins, que indicaram o meu nome ao vereador Manoel Neves, que topou a parada e conseguiu aprová-lo no chamado “parlamento mirim”. 

Às vezes, no entanto, sou traído pela memória quando me pego dizendo: “Ah, lá na minha terra...” Ocorre que quando isso vem à tona, é mais força de expressão que mesmo uma referência a determinado lugar. É mais um devaneio, do tipo retroagir no tempo. “Lá atrás...”. 

Uma dessas recaídas tem me ocorrido agora, nesse período pré-eleitoral. É impressionante o número de acordos quebrados, ditos por não ditos... É assim, “pero no mucho”... Coisa de deixar o estômago embrulhado. “Lá na minha terra”, ou seja, em tempos de outrora, não era assim.

Utopia? Até pode ser. Mas houve um tempo em que homens e mulheres honravam a palavra empenhada. Aliás, foi lá atrás, quando, ainda menino, que aprendi que se o homem não pode honrar a palavra empenhada muda de lado.  

Mas hoje os tempos são outros. Há uma corrente formada por libertários que odeiam a calça comprida e decidiram sair de saia pelas ruas. Em São Paulo. Nem por isso são considerados traidores. 

Em outros tempos, e não faz muito assim, aqui mesmo, às margens deste rio chamado Branco, costumava-se pagar o procedimento claudicante com preço de sangue. Hoje, não. Plagiando o Flávio Mendes, “É tudo uma maravilha!” Vivemos um mundo do vale tudo. Traições, mentiras, desamor, etc., etc. Tudo café pequeno, ninguém reclama de nada e toca a vida em frente.

A indústria da boataria jamais esteve tão ativa como nesta semana que antecede o pleito. Só na segunda-feira mataram o governador e candidato à reeleição, prenderam um candidato ao Senado, enquanto outro decidiu correr com a sela.

Matérias veiculadas nas redes sociais, “bombando”, como diz a rapaziada entrosada, no tal do WhatsApp. Até eu já entrei nessa “wave”. Tudo tão verdadeiro como uma nota de 3 reais. Cenas dignas de romancistas de quinta categoria.


Mas, voltando ao que interessa, depois de amanhã será o dia e a hora de a onça beber água. Domingo, dia maior do Estado, vamos todos, irmanados, com as colinhas na manga, apertar o dedão e decidir o que queremos para os próximos quatro anos. Afinal, a fome está em toda parte, mas a gente come, levando a vida na arte, já dizia Cazuza.