sexta-feira, 30 de maio de 2014

O verdadeiro sentido da ordem



Quarta-feira dessas, início da noite. Estava saindo atrasado da redação para cultuar o meu Senhor na Igreja Batista da Liberdade, quando ouvi a chamada inicial de um programa de entrevistas na Globo News, aquela que nunca desliga. O título da conversa entre o apresentador, que nem me lembro quem era, e três cientistas sociais, era, disso me lembro bem, “O Brasil perdeu o sentido da ordem?”.

Como disse, estava saindo já atrasado para o início do culto, não deu para assistir ao programa, o que lamento sinceramente, pois tais assuntos muito me interessam. Os dias passaram. Enquanto procuro uma ideia para escrever esta crônica, lembrei-me do título do programa e, vejo que ainda pode existir esperança neste país destrambelhado.

Sabe a greve de policiais e bombeiros militares de Pernambuco, que em três dias deixou um rastro de destruição em patrimônios públicos e particulares, assassinatos e crimes ocasionais por toda a Região Metropolitana do Recife, entre outras estripulias? Pois é. A União decidiu cobrar na justiça a conta pelo envio de tropas federais e tanques às ruas, a fim de garantir a segurança. Tropas e tanques não garantiram nada, mas fizeram o “agá”.

Acho correta a atitude e também festejo o desfecho que a justiça deu ao assunto. O juiz titular da 3ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, Frederico José Pinto de Azevedo, fez sua parte. Determinou, na segunda-feira passada, o bloqueio das contas não só da Associação dos Praças de Pernambuco (Aspra-PE), mas também da Associação Pernambucana de Cabos e Soldados Policiais e Bombeiros Militares (ACS-PE).

No total, a Justiça bloqueou 1,1 milhão de reais das duas entidades, sendo 550 mil de cada. Uma perguntinha tola: de onde essas entidades tiram tanto dinheiro para abarrotar suas arcas, se soldados e cabos ganham salário de merreca?

Calma, pessoal. Longe de me considerar reacionário, quero aqui justificar por que estou festejando a decisão: primeiro, greve nesse setor é estopim de bomba. Verdadeiro desrespeito ao juramento prestado: “... dedicar-me integralmente ao serviço da pátria, cuja honra, integridade, e instituições, defenderei, com o sacrifício da própria vida”.

Greve nada mais é que a quebra desse juramento, que pressupõe-se, deve ser sagrado entre militares. Sei disso. Sou militar da reserva.

Segundo: a Constituição é bem clara quando cita em seu artigo 142, parágrafo 3º, inciso IV: “Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”. Relativizar esses preceitos é rasgar a Mater Legis, de forma arraigada e acintosa. Não estou aqui colocando o pé na parede, dizendo que não pode ser diferente. Pode sim.

Mas, antes, deve haver o devido processo. Ou seja, por que não se propõem uma emenda constitucional e mudam-se de vez esses preceitos que na bendita Constituição Federal estão claros feito água da fonte? Pode até parecer difícil, mas não impossível.

A emenda seria assim: Artigo 1º: Fica revogado o inciso IV do parágrafo 3º do Artigo 142 da Constituição Federal de 1988. Artigo 2º: “Todo militar tem direito de roer a corda, cuspir no juramento que fez ao término de curso e correr com a sela a qualquer dificuldade pela qual tiver de passar no exercício da profissão que abraçou.” Artigo 3º: Ficam revogadas as disposições em contrário. Promulga-se e passa a régua.

Aí sim, os militares estaduais – sejam policiais ou bombeiros – poderão fazer suas greves dentro da ampla, total e irrestrita legalidade. Porém, enquanto não for mudada a Constituição seria de bom tamanho que ela fosse respeitada. Senão, perde-se, de fato, o verdadeiro sentido da ordem.

sábado, 24 de maio de 2014

O período sinistro da história do Brasil



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Ronaldo Fontes

Características fundamentais do período comprendido entre 1985 e 2014 no Brasil.- O "Período Sinistro".

1. A cartilha de direitos humanos elaborada por Andrei Sakharov e entregue a Jimmy Carter que  se encarregou de difundi-la no ocidente, provocou a total impunidade em países subdesenvolvidos.No Brasil, apenas 3% dos crimes são solucionados.Foram mais de 2 milhões de vítimas de latrocínio em apenas 20 anos.Direitos humanos apenas para criminosos que recebem, inclusive, bolsa reclusão.

2. Os Presidentes da República são verdadeiros ditadores e corruptos. Governam através de decretos e subornam os parlamentares para aprovar seus projetos.

3. Os ministros do Supremo Tribunal Federal são indicados pelo presidente da República, criando uma dicotomia deletéria aos princípios democráticos republicanos.

4. As instituições são infiltradas em todos os escalões com partidários dos governos. Método chamado de "Aparelhamento" do Governo.

5. As Forças Armadas são progressivamente desarticuladas. Os militares com soldos cada vez menores e condições de dissuasão cada dia mais precária.

6. Os serviços públicos são em realidade desserviços, tal a desfaçatez em seu exercício.

7. O ensino público forma um exército de ignorantes com diploma embaixo do braço, que não sabem decifrar um parágrafo. A própria presidente é incapaz em seus pronunciamentos públicos, construir um parágrafo inteligível.

8. Um dos ex-presidentes afirma aos jovens que não é necessário estudar. A exemplo de seu filho que ficou milionário em poucos anos.

9. Outro presidente é a favor da liberação das drogas, com objetivo de bestializar a juventude.

10. Nesse  período houve uma proliferação de ong's nacionais e internacionais, financiadas por governos que possuem interesses em nossas riquezas, as quais promoveram junto com nossos parlamentares, tecnocratas , antropólogos e pesquisadores internacionais a criação de reservas indígenas sobre as terras com sub-solo mais rico do país. Agora trabalham para que essas terras sejam independentes do Brasil.

11. Há nitidamente um esforço dos governos desse período para destruir a família, através da liberação das drogas, aborto, exacerbação do sexo explícito e da gravidez precoce.

12.Houve um aumento exagerado de programas sociais sem o devido lastro, sustentados po uma avalanche de impostos que a indústria nacional livre não suportou ,  aniquilando o parque industrial genuinamente nacional.

13.Os partidos políticos brasileiros possuem ramificações ou ligações espúrias com entidades internacionais , nacionais e governos. Em desacordo com a nossa Constituição.

14. Organismos não oficiais, como o Foro de São Paulo, determinam as políticas nacionais e internacionais que o governo deve exercer.Determinam essas ações em reuniões inclusive dentro do território brasileiro e cultuam a revolução socialista na América Latina .

15. O crime organizado tomando conta das instituições.

16. Não existe democracia. O povo não participa das decisões de governo.Todos os programas são feitos por alguns poucos "iluminados".

17. Além da prevaricação, os servidores, não todos, utilizam as instituições para desvio de recursos públicos.

18. Os governantes são fantoches do grande poder econômico e político transnacional.

19. O governo trabalha para destruir o Estado que o abriga.

20. O único segmento da sociedade que pensa coletivamente é o crime.   

21. Os meios de comunicação  promovem o conhecimento negado. A população é ignara.

22.É tempo de anomia. A força deverá imperar.

23. Somos levados artificialmente à pobreza e ao conflito entre irmãos em um país extremamente rico. A quem isso interessa?

24. Vamos refletir antes que um mal maior aconteça. Não sejamos tolos. Nosso conflito interno interessa apenas ao inimigo que não está gastando nem  uma bala para nos dominar.A dominação foi das mentes, através dos meios de comunicação que bestializam o povo.

25. Grande parte  das instituições foram desacreditadas através dos anos.


Ronaldo Fontes, Médico, é presidente do Instituto Foro do Brasil.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

"A razão da má escola não é a falta de tempo", diz professor da USP

"Você pode fazer duas horas [de aula] por dia e ter uma educação excelente ou oito horas e ter uma educação porcaria", essa é a opinião de  Vitor Paro, professor titular da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). Ele se refere à animação (por vezes exagerada e ingênua) em relação à educação integral como caminho para melhorar a qualidade do ensino público.

Logo em seguida, Paro explica que não é contra aumentar o tempo de aula, mas acredita que esse é apenas um dos requisitos para uma educação de qualidade. O pesquisador é um dos autores do livro "Escola de Tempo Integral - Desafio para o Ensino Público", que pode ser baixado gratuitamente na internet. Veja mais

A gota de sangue

Francisco Espiridião 
Quando penso que já vi de tudo, lá vem mais coisas para eu processar no meu disco rígido. Aliás, ele está mais para um ultrapassado 246 que para um Intel Core 2 Duo. A última aconteceu na noite de terça-feira (20), quando o Senado aprovou o PLC (Projeto de Lei da Câmara) 29/2014. O dispositivo garante emprego fácil para candidatos que se declararem negros ou mestiços.
Esse pessoal, agora, passa a ter preponderância sobre brancos na disputa de uma vaga em concursos a serem realizados em órgãos da administração pública federal, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União.
Mais uma vez, reforça-se a ideia de que o Brasil não é um país uno, mas dividido em castas. Negros, pardos e índios de um lado e brancos de outro. Eu deveria estar comemorando. Afinal, sou negro. Não puro, como, acredito, a maioria dos brasileiros. Sou descendente de um mestiço de negro com uma tataraneta de português.
Isso tudo, no entanto, não vem ao caso. O que importa mesmo é que o negro ou mestiço tem agora à sua disposição 20% das vagas de concursos públicos. Caso sejam ofertadas só três, esse percentual aumenta. A Lei aprovada – faltando só a sanção da presidente – determina que uma delas será preenchida por um representante negro ou coisa do gênero.
Por aí se vê, de cara, a inconsistência da nova Lei. Imitando fato já pacificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – o caso da Lei das Cotas para estudantes de universidades brasileiras –, a Lei das Cotas para o emprego público é, de todo, uma aberração. E explico por quê.
No caso das cotas para estudantes, tem-se a – controvertida, mas vá lá – justificativa de que ao longo de determinado tempo, o candidato que entrou na Universidade tendo a cor da pele como ingresso terá condições de mostrar que, com muito esforço, poderá se igualar aos alunos que ali estão por estrito mérito.
Já no caso do emprego, o buraco parece um tantinho assim mais em baixo. O candidato agraciado com um emprego público não por mérito, mas pela cor da pele, simplesmente porque tem um preto entre seus ancestrais ainda que muito remotamente, vai passar a perna naquele que estudou e se preparou. Será sempre um empregado medíocre tomando a vaga de um mais competente.
Isso não tem lá o seu cheirinho de malversação de recursos públicos? Deixando-se de nomear para uma vaga no serviço público um bom e capacitado profissional, opta-se por alçar ao cargo um ‘meia-boca’. Só porque ele ostenta a tez um tanto amarronzada. Na cabeça de quem isso pode entrar?
E a Lei tem ainda outro quiproquó a ser resolvido: ela cita que quem tentar entrar no serviço público federal por meio de fraude na declaração da cor da pele quando do ato de inscrição, responderá de acordo com as penas previstas na legislação. 
Pronto. Como é que se vai confirmar uma fraude dessa natureza? Como se estabelecer um negócio desses, cara-pálida?
Para o IBGE, é indiscutível a cor da pele declarada pelos indivíduos ao responder ao Censo. A não ser que, agora, o governo decida adotar a métrica estadunidense: a gota de sangue. 
Para um americano ser considerado branco, não basta ter a pele branca, mas que nenhum de seus ancestrais tenha tido contato com pessoas de outras cores. Nem negros, nem asiáticos, nem índios...
Nesse caso, pouquíssimos brasileiros seriam considerados brancos. Aí, no popular, melou geral! Ou não!

Escolas de SP acabam com “O Dia das Mães” e instituem o “Dia dos Cuidadores”. Viva o fim da família, prefeito Fernando Haddad!

Pois é, pois é… Recebi na Jovem Pan a informação de um pai indignado, morador de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. Na semana passada, as instituições públicas de ensino em que seus filhos estudam deixaram de comemorar o tradicional “Dia das Mães” para celebrar o inovador “Dia de quem cuida mim”.

O jovem pai, de 27 anos, tem dois filhos matriculados na rede municipal de ensino. O mais velho, de 5 anos, é aluno da EMEI Cecília Meireles, e o mais novo, de 3 anos, do CEI Monteiro Lobato, de administração indireta.
Ele afirma que conversou com a coordenadora pedagógica da EMEI e sugeriu que fossem mantidas as datas do “Dia dos Pais” e do “Dia das Mães”, além de incorporar ao calendário esse tal “Dia de quem cuida de mim”. Ele acha que essa, sim, seria uma medida inclusiva e não preconceituosa. A resposta que recebeu dessa coordenadora pedagógica foi a seguinte: “A família tradicional não existe mais”.
Isso quer dizer que, segundo a moça, família com pai, mãe e filhos acabou. É coisa do passado.
O produtor Bob Furya foi apurar. Tudo confirmado. A assistente de direção da Escola Municipal de Ensino Infantil Cecília Meireles afirmou que a iniciativa de criar “o dia de quem cuida de mim” partiu de reuniões do Conselho Escolar, do qual participam pais e professores e de reuniões pedagógicas entre os docentes.
O pai garante que não participou de consulta nenhuma. Ele assegura, ainda, ser um pai presente. E parece ser mesmo verdade. Para a escola, o fato de se criar “o dia de quem cuida de mim” permite a crianças órfãs, criadas por parentes ou por casais homossexuais que não se sintam excluídas em datas como o “Dia das Mães” ou o “Dia dos Pais”. Para esse pai, no entanto, trata-se do desrespeito à “instituição da família”.
Em nota, afirma a Secretaria de Educação: “Hoje em dia, a família é composta por diferentes núcleos de convívio e, por isso, algumas escolas da Rede Municipal de Ensino decidiram transformar o tradicional Dia dos Pais e das Mães no Dia de quem cuida de mim.”
Não dá! Você que me lê. Pegue o registro de nascimento do seu filho. Ele tem pai? Ele tem mãe? Ou ele tem, agora, cuidadores?
Qual é a função da escola? É aproximar os pais, não afastá-los. O que é? A escola pública vai agora decretar a extinção do pai? A extinção da mãe? A democracia prevê o respeito às minorias. Querem integrar os pais homossexuais? Muito bem! Os avôs? Muito bem! Extinguir, no entanto, a figura do pai e da mãe, transformando-os em cuidadores é uma ideia moralmente criminosa.
Nessas horas, sei bem o que dizem: “Ah, lá estão os conservadores…”. Não se trata de conservadorismo ou de progressismo. Todo mundo sabe que boa parte das tragédias sociais e individuais tem origem em famílias desestruturadas.
Uma pergunta: declarar o fim da família tradicional é o novo objetivo da gestão de Fernando Haddad?
Por Reinaldo Azevedo

sábado, 17 de maio de 2014

De livros, Facebooks e WhatsApps

Por Francisco Espiridião

No início dos anos 1990, este escriba era chefe de redação da Folha de Boa Vista. Naquele tempo, mestre Afonso Rodrigues já era um dos articulistas cativos da página de opinião, como o é até hoje. Naqueles dias, ele havia editado uma coletânea de suas melhores crônicas publicadas não só na Folha, mas também em outros jornais que por aqui passaram e que hoje são só saudades. Tribuna e A Gazeta, dois deles.

Numa de nossas conversas na redação mais de 20 anos atrás, Mestre Afonso me dizia que publicar aquele livro tinha sido o pior negócio em que se havia metido. Depois de tantas lutas, busca daqui e dali quem preparasse a capa, quem fizesse a revisão, quem diagramasse à sua maneira e gosto, definir a gráfica – que tem de ser das boas, que dão qualidade ao conteúdo –, juntou as economias e partiu para os ‘finalmentes’.

Conseguiu transformar os escritos num tomo que solenemente batizou de “O Caçador de Marimbondos”. Pagou a gráfica que, dias depois, entregou-lhe mil exemplares devidamente acondicionados em caixas e mais caixas de papelão. Se até aí tinha sido para ele uma odisseia, não imaginava o que ainda estava por vir.

Mestre Afonso queixava-se de que a produção encalhara. Onde armazenar tantas e tantas caixas de livros? O encalhe é natural. Tentar viver de vender livros hoje em nossa cidade é um tantinho assim de presunção. Imagina, então, 20 anos atrás.

A casa de Mestre Afonso transformara-se literalmente em um depósito literário. Eram livros debaixo da cama, por sobre as mesas, em cima do guarda-roupa, dentro do forno do fogão, na pia da cozinha e onde mais se pensasse.

Anos depois, experimentei a mesma sensação. Meu primeiro “rebento”, “Até quando? Estripulias de um Governo Equivocado”, foi tremendo fracasso. Mandei fazer tiragem de 500 exemplares. Da metade fiz cortesia a amigos, e, mesmo assim uma montanha deles teima ainda hoje em ocupar espaços na garagem de casa. Parece que o danado pariu feito as produções de Petra Cotes, de Marquez.

Com o último, “Histórias de Garimpo”, até que a decepção não foi tamanha. Consegui livrar os custos e fazer uma viagem com o que sobrou. Mas a verdade é que tentar viver da venda de livros é um negócio complicado, especialmente num momento em que a rapaziada está mais “ligada” nos Facebooks e WhatsApps da vida.

Ninguém tem mais tempo para perder com “cansativas leituras”. Vem daí a desilusão do professor de matemática da Universidade Federal de Roraima, Gentil Lopes da Silva, que decidiu chamar a atenção para esse momento de cegueira incinerando  parte de sua produção intelectual.

Na tarde de terça feira (13), Gentil fez uma fogueira com algumas dezenas de exemplares de livros didáticos produzidos por ele. Fruto suado de anos e anos de pesquisas em sua área de atuação, as chamadas ciências exatas.

O tiro de misericórdia em sua esperança de difusão do conhecimento produzido, disse, foi a negativa da Universidade de adquirir os exemplares, o que o professor considerou uma desfeita com o seu trabalho. Porém, num país em que um presidente da República jacta-se de nunca ter lido um livro na vida, o que esperar de seus patrícios?

Umbanda e candomblé não são religiões, diz juiz federal

FABIO BRISOLLA

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Uma tentativa do Ministério Público Federal (MPF) de retirar do Youtube uma série de vídeos com ofensas à umbanda e ao candomblé resultou em uma decisão polêmica: a Justiça optou por manter a exibição das imagens e ainda salientou que "as manifestações religiosas afro-brasileiras" não podem ser classificadas como religião.
Em decisão de 28 de abril de 2014, o juiz Eugênio Rosa de Araújo, titular da 17ª Vara Federal, afirmou que as crenças afro-brasileiras "não contêm os traços necessários de uma religião". De acordo com o magistrado, as características essenciais a uma religião seriam a existência de um texto base (como a Bíblia ou Alcorão), de uma estrutura hierárquica e de um Deus a ser venerado.
"Se o Juiz tivesse simplesmente negado que havia ofensa nos vídeos já seria uma decisão lamentável. Mas ele foi além. Em poucas linhas, resolveu ditar o que seria ou não uma religião, o que nos pareceu um absurdo", disse à Folha o procurador Jaime Mitropoulos, que apresentou um recurso contra a decisão da 17ª Vara Federal.
Procurado pela Folha, o juiz Eugênio Rosa de Araújo preferiu não falar sobre a decisão.
Nos vídeos denunciados pelo MPF, pastores evangélicos associam praticantes de umbanda a uma legião de demônios. Também fazem comparação semelhante com o culto aos orixás característico do Candomblé.
A ação do MPF teve origem em uma denúncia da Associação Nacional de Mídia Afro, que pedia a exclusão dos vídeos citados do Youtube pelas ofensas disseminadas contra as religiões com raízes africanas.
No início de 2014, o MPF chegou a recomendar que a representação do Google no Brasil deletasse os vídeos. Entretanto, segundo a Procuradoria, a empresa se negou a atender a orientação. A partir daí, o caso foi encaminhado à Justiça. 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Pegando estrelas com as mãos



Francisco Espiridião

Dia desses, li matéria jornalística em que a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, dizia que há no País “uma intolerância enorme para tudo o que seja diferente” e que “não adianta querer ser livre e abrir mão de pensar”. Ou seja, dizer que é livre e não pensar, para ela, é uma estrondosa (estrondosa aqui é por minha conta e risco) controvérsia.

Logo abaixo da matéria, fazendo parte da lista de comentários, leio o de Elionard Teixeira Jales Jales, que se identifica como “Diretor executivo na empresa Consulte & Conte Contabilidade Ltda”. Dizia textualmente:
“As normas estabelecidas devem ser respeitadas. Educação é também isto. O que existe é um Parlamento ruim, desqualificado e um Executivo nojento, manipulador, com visão autoritária e monopolista. Faltam qualidades e qualificação em nossos representantes.”

Daí, comecei a pensar. Afinal, pensar, ainda que numa funhanhenta ditadura, é exercício perfeitamente possível, desde que o objeto pensado permaneça no mais recôndito do pensador. Não é obrigatório externar. Millor Fernandes já dizia que “livre pensar é só pensar”.

Mas, como eu dizia, comecei a pensar nas palavras escritas pelo comentarista da matéria intitulada “Ministra denuncia ‘intolerância’ no debate sobre liberdade”, divulgada no online do jornal Estado de São Paulo (29abr2014).

“O que existe é um parlamento ruim, desqualificado.” Concordo plenamente. Muita coisa que tem saído das entranhas do Poder Legislativo é mesmo monstruosidade a la Leviatã. Capaz de aterrorizar.

“Um Executivo nojento, manipulador, com visão autoritária e monopolista”. Sem querer generalizar, reduzo a “muitos casos” aqueles em que esses adjetivos soam como elogio, dado o nível de perversidade instalada nos intestinos de algumas instituições.

“Faltam qualidades e qualificação em nossos representantes”. Concordo ipsis litteris com mais estas premissas. Não se concebe que hoje, em plena era da informática, fique-se de três a quatro horas, com uma senha nas mãos, esperando para ser atendido em qualquer órgão público.

O ilustre membro da Consulte & Conte Contabilidade Ltda tem razão ao expor a “problemática”. Mas esqueceu-se de pequeno detalhe: não estabeleceu a “solucionática”, como diria Nenem Prancha, roupeiro, massagista, olheiro e técnico do futebol brasileiro. “O Filósofo do Futebol”.

Elionard Teixeira Jales Jales esqueceu-se de pôr no grande caldeirão dos desvarios sua excelência o povo brasileiro. Se o Parlamento é “ruim e desclassificado”, quem, afinal, o criou senão o povo brasileiro, escolhendo a dedo, um a um, os seus membros via voto direto?

Se o Executivo é “nojento, manipulador, com visão autoritária e monopolista”, quem foi que criou a cobra para lhe picar senão o próprio povo brasileiro? Volta-se aqui para três questões fundamentais: educação, educação e educação.

Enquanto a educação estiver relegada a um segundo plano, o povo brasileiro continuará, como disse a ministra Cármen Lúcia, querendo ser livre, sem, contudo, primar pelo livre pensar, o que, no frigir dos ovos, é tremenda contradição.

Enquanto a cultura de diminuir o professor em sala de aula, tirando-lhe a autoridade diante dos “queridinhos do papai e da mamãe”, verdadeiras feras indomadas, o Brasil continuará patinando em terreno enlameado. Com direito só de olhar o Primeiro Mundo de longe, como quem quer pegar a estrela com as mãos.

sábado, 3 de maio de 2014

Essa gente não tem jeito

Francisco Espiridião

Em 2004, publiquei coletânea de crônicas escritas semanalmente ao longo do ano de 2003, o primeiro do festejado PT à frente do País, sob a batuta do todo-queridinho Luiz Inácio Lula da Silva. O título era sugestivo: “Até quando? – Estripulias de um governo equivocado”.
Na época, recebi críticas, não da mídia – que eu não tenho lá todo esse cacife –, mas em conversas coloquiais, principalmente vindas de colegas jornalistas. Um deles chegou a me dizer que eu, açodado, jogava lama sobre um governo que mal acabara de assumir e que precisava de tempo para mostrar que não era nada daquilo que eu insistia em assegurar.
Logo no primeiro ano dos petistas no Planalto, eu, que de profeta ou vidente nada tenho, nem me arvoro a tal, desiludia-me, mês após mês, com o que via deslumbrando-se no horizonte. Era possível perceber que a plêiade de autoridades que compunham o novo governo insistia em manter os mesmos aleijões de caráter tantas vezes vistos e criticados por eles próprios. 
Passados 10 anos, são inegáveis os avanços do País. Mas, ao se fazer honesta reflexão, chega-se à conclusão de que essas melhorias vieram de roldão, pegando carona na então chamada “new wave”, que embalou o mundo até 2008, antes do estouro da bolha americana que levou países que já não vinham bem das pernas, como Portugal e Áustria, a viver dias de dificuldades extremas. 
Como o Brasil tinha gorduras para queimar, a crise, que tinha dimensões de tsunâmi, por aqui não passou mesmo de uma “marolinha”, como disse o então presidente. Nesse período, o País experimentou fase de expansão desenvolvimentista. Muita gente que não comprava passou a consumir. Porém, sobre uma base de sustentação nada convincente – a mão do Estado como fonte de benemerências, do tipo Bolsa Família.
Esse modelo exauriu-se. Chegou ao limite. A onda de consumo estabilizou-se. Quem tinha de comprar já comprou. O setor automobilístico é emblemático. O que se vê hoje são carros e mais carros nos pátios das concessionárias e o chororô institucionalizado em razão de uma crise que não se arrefece.  
Os salários já não acompanham o crescimento dos preços. A inflação é sentida nas gôndolas dos supermercados. Cresce a cada dia o número de pessoas endividadas. A Serasa Experian anunciou na última segunda-feira (28) um crescimento de 7,4% no número de pessoas que não conseguiram pagar suas contas no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.
Hoje, o governo do PT escancara o que era denunciado 10 anos atrás, em “Até Quando?”. Sobre a Petrobrás, permanece escura nuvem de desconfianças, para não falar de crescente processo de desmonte da estatal – que tem como raiz um misto de incompetência de gestão e corrupção galopante.
Escândalos e maracutaias seguem entranhados nas veias dos poderosos da República como as águas correm nos rios e igarapés. Sempre tem um “rolo” da vez na mídia. Negociatas no governo do PT são café pequeno. Ética e bons costumes, arranhados a cada minuto por essa gente. 
Quando se pensava que a última estripulia dos cardeais petistas era mesmo o caso da retirada sem nenhum registro de 10 milhões de dólares dos cofres da Refinaria de Pasadena, eis que surge agora a historinha mal contada do ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha. Segundo a PF, o homem está atolado até o pescoço no pântano pegajoso administrado pelo doleiro Alberto Youssef (et caterva), preso na Operação Lava Jato. 
O deputado Erci de Morais (PPS) previu, semana passada, que o Brasil não aguenta mais quatro anos de governo do PT. E tem razão. Até o IBGE, que é uma instituição de Estado, está a  sofrer ingerências do governo petista. Ordens oriundas do Planalto buscam escamotear os números negativos da PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio).
Por isso, muitos técnicos sérios e que têm nome e credibilidade a zelar preferem pedir demissão a deixar-se vergar pelas pressões palacianas. É, sem dúvida, a instituição do processo de implantação da “novilíngua”, de Orwell. 
Essa gente não tem mesmo jeito.