sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Senhores empreiteiros, mirem-se no exemplo de Kátia Rabello e Marcos Valério

Tão logo Roberto Barroso conceda os perdões judiciais, não haverá mais nenhum político cumprindo pena por causa do mensalão. Faz sentido?

Por Reinaldo Azevedo

Na década de 80, uma música chatíssima de Chico Buarque chegou a fazer sucesso. Chamava-se “Mulheres de Atenas”. Era para uma peça de Augusto Boal, que deve ser o autor da letra. De modo irônico, as mulheres eram convidadas a se mirar no exemplo de suas congêneres de Atenas, sempre tão solícitas, doces, submissas, sem vontades, entregues aos caprichos de seus  maridos.

Uma notícia desta quinta me leva a fazer um convite aos empreiteiros enrolados com o petrolão: “Mirem-se no exemplo da banqueira Kátia Rabello (Banco Rural) e do publicitário Marcos Valério”. Ela foi condenada, no processo do mensalão, a 16 anos e 8 meses de prisão; ele, a 40 anos, 1 mês e 6 dias, para ser preciso. Guardaram essa informação? Então vamos a outra.

Rodrigo Janot, procurador-geral da República, se manifestou de forma favorável, atenção!, ao PERDÃO JUDICIAL para outras seis pessoas condenadas no escândalo do mensalão — quatro são políticos. Ficariam livres de cumprir o resto de suas penas os seguintes patriotas: Valdemar Costa Neto (PR-SP), Bispo Rodrigues (PR-RJ), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Pedro Henry (PP-MT), além de Rogério Tolentino, que é ex-advogado do operador do esquema, e Vinicius Samarane, ligado ao núcleo financeiro.
Ah, sim: o mesmo Janot já se disse favorável ao perdão judicial para Delúbio Soares e João Paulo Cunha. Quem vai decidir é o ministro petizado do Supremo Roberto Barroso, que é o novo relator do mensalão.

Atenção!
Tão logo o senhor Barroso conceda o perdão judicial, não haverá mais nenhum político cumprindo pena por causa do mensalão. Dirceu está preso de novo, mas é por causa do petrolão. Sem esse novo enrosco, é provável que estivesse também na lista.

Então veja que coisa formidável! Dirceu à parte, mas por outra imputação, restarão em cana, por causa do mensalão, a banqueira e o publicitário-operador.

Fica-se, então, com a impressão de que a dupla é que foi peça-chave no escândalo e que o mensalão foi uma urdidura para atender a interesses financeiros. É como se o mensalão não tivesse sido uma maquinaria política para assaltar o estado e a democracia.

Sim, eu sei que os indultos concedidos se encaixarão em critérios previstos em lei e em decreto-padrão assinado por Dilma. Mas os políticos mensaleiros só serão beneficiados porque, obviamente, a condução do processo e a dosimetria das penas acabaram sendo extremamente duras com os empresários e frouxas com os políticos.

Os senhores empreiteiros que se mirem no exemplo das mulheres de Atenas… Ou melhor: no exemplo de Katia Rabello e Marcos Valério.

Tudo mais constante, num prazo de uns três anos a partir da condenação, não haverá nenhum político em regime fechado por causa do petrolão, mas alguns empreiteiros estarão mofando na cadeia, como se o esquema criminoso que está sendo desvendado não tivesse uma natureza principalmente política.

Os depoimentos de João Santana e de Mônica não deixam dúvida: o objetivo é livrar a cara dos políticos e mandar os empresários para o quinto dos infernos.

As mulheres de Atenas “secavam por seus maridos”… Pergunto aos empresários: vale a pena “secar” por Lula e Dilma?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Guerra ao mosquito

RÔMULO BINI PEREIRA*

Informações oriundas do Ministério da Defesa e publicadas em órgãos de imprensa asseguram que 200 mil militares brasileiros estão sendo empregados no mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti. Uma verdadeira guerra e para os que têm conhecimento do número de militares das Forças Armadas, esse efetivo anunciado é surpreendente.

Nesse emprego, válido em seu mérito, a quantidade de militares empenhados causa real preocupação. É sinal de que nossas fronteiras e organizações militares estão desguarnecidas, nossos navios estão atracados ou à deriva e os nossos aviões, sem tripulação para a condução de nossas autoridades para ouvirem suas bases.

As Forças Armadas, no período da Nova República, têm sido empregadas constantemente em “ações complementares”, com o objetivo de dar apoio à população não só em calamidades de toda ordem, mas também em ações de caráter social, a substituírem órgãos que não têm capacidade ou competência para conduzir com eficácia tais operações. O Exército, aliás, adota o lema “Braço Forte - Mão Amiga”, está representando o apoio à população brasileira.

Nos governos petistas esse emprego é de crescimento constante, parecendo não medirem consequências. “Chamem o Exército” é um mote a ecoar nos corredores de Brasília e até mesmo no Palácio do Planalto. Talvez ele represente fielmente o que já foi dito por um de seus líderes: “É uma mão de obra barata, nada questiona nem entra em greve”. Sem dúvida, uma visão de sindicalistas.

Essa “guerra ao mosquito” representa também uma tentativa do governo central de atingir um grau mínimo de credibilidade. Efetivos expressivos das Forças Armadas – a instituição de maior credibilidade no País –, o noticiário intenso da mídia televisiva e a presença de autoridades do primeiro escalão governamental nas grandes capitais são fatos que assinalam uma jogada de marketing.

Para renomados infectologistas e pesquisadores do vírus, não será o empenho dos militares que vai atenuar a gravidade da epidemia. Asseguram não só que a “guerra ao mosquito” poderá desmoralizar as Forças Armadas, como também que os elevados recursos empenhados seriam mais bem aplicados em pesquisas ou no aparelhamento de hospitais e postos médicos.

É preciso deixar claro que essa ação deve ser temporária, sob pena de as Forças se tornarem uma estatal com garantia de ineficiência, como as demais. Claro que não se pode negar nem desconhecer que essa é uma ação meritória. Outras “ações complementares” já influenciam as missões constitucionais das Forças Armadas.

É tempo de relembrar com ênfase o escritor do Império Romano do século IV, Publius Vegetius: “Si vis pacem, parabellum”! (“Se queres a paz, prepara-te para a guerra!”). Portanto, seguindo essa máxima, a ação militar deve ser temporária, sob pena de as Forças Armadas se tornarem uma ‘Zicabrás’...

*O autor é general de Exército R/1 e foi chefe do Estado-maior do Ministério da Defesa.

De Gari a Técnico da Receita Federal: como ele conseguiu?

Segundo familiares, José Rodrigues nunca foi muito inteligente, porém do dia pra noite ele conseguiu um dos cargos públicos mais cobiçados. Ele mesmo nos contou qual foi seu segredo - Confira na matéria


RIO - Nesta semana, uma história causou controvérsia entre os chamados "concurseiros", pessoas que se se dedicam à passar em concursos públicos concorridos. Boatos sobre um suplemento natural que permitem pessoas "comuns" ficarem superinteligentes quase que do dia pra noite surgiram na internet. A história veio à tona quando José Rodrigues, um gari na cidade de São Paulo, tirou 3º lugar no Brasil inteiro para o cargo de Técnico da Receita Federal. O cargo é o com a melhor remuneração para quem tem apenas o ensino médio, com salário inicial de R$8.350.
José Rodrigues, que já era gari há mais de 15 anos, completou o ensino médio através de um supletivo, pois só havia estudado até a 5ª série. Natural de Juazeiro do Norte, no Ceará, o ex-gari conta que não tinha pretensão nenhuma de prestar o concurso, muito menos passar. Ele conta: "Um amigo meu me convenceu a tomar um novo suplemento cerebral, e eu topei... Estudei apenas no dia anterior, fiz a prova e acabei tirando 3º lugar. Até agora não sei o que aconteceu, sentia como se já tivesse nascendo sabendo as respostas das questões."
Durante a entrevista, José nos mostrou o suplemento que seu amigo tinha lhe dado, chamado de Genius X. Pesquisamos a respeito e descobrimos que trata-se de um nootrópico, uma substância usada para aumentar o potencial cognitivo do cérebro humano. A fórmula já é comercializada nos EUA (apenas com um nome diferente), e agora está sendo distribuída no Brasil.
Após o episódio, diversos participantes do concurso decidiram entrar com recurso para anular o resultado de José, alegando que Genius X trataria-se de um caso de "dopping". A justiça recusou o pedido, dizendo que Genius X é um suplemento 100% natural e legalizado no país, e que não se trata de uma substância controlada.
Nos Estados Unidos a fórmula já deu muito o que falar, e megaempresários e cientistas proeminentes declararam utilizá-la. Alguns cientistas chegaram a afirmar que a pílula dá uma vantagem injusta àquelas pessoas que a tomam, e querem que o suplemento seja proibido. Ainda nos EUA, estudantes das melhores universidades do país, como Harvard e Stanford, afirmam que fazem uso diário do suplemento para aumentarem seu desempenho.
O lançamento da pílula também causou polêmica aqui no Brasil, quando empresários e banqueiros (que já faziam uso da fórmula) resolveram processar a empresa responsável pela venda de Genius X. A alegação era de que o preço do composto deveria ser mantido a valores altos, pois caso a chamada "fórmula do sucesso" fosse vendida a preços muito acessíveis, poderia haver um desequilíbrio na economia. O processo ainda corre na justiça, mas Genius X continua sendo vendido pelo seu preço original, segundo o fabricante. (Do site Concursos no Brasil)

Prefeito institui dia de jejum e oração para combate ao Aedes aegypti

GOIANDIRA (GO) - Em meio à epidemia de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no país, o prefeito de Goiandira (GO), Rick Marcus, adotou uma estratégia inusitada. Na última sexta-feira (19), ele assinou um decreto instituindo o Dia de Jejum Municipal como uma das ações de combate ao mosquito na cidade.

O documento convocava líderes religiosos da comunidade a transmitirem a seus fieis a proposta de jejuar entre as 6h e as 12h da última segunda-feira (22). Ainda de acordo com o texto, a medida tinha como objetivo “clamar a Deus por livramento e misericórdia” em virtude da infestação da dengue na cidade.

Por meio de nota, a prefeitura esclareceu que apenas convidou os cerca de 5 mil habitantes de Goiandira a jejuar, mas que ninguém foi obrigado a ficar sem se alimentar durante o período estabelecido no decreto.

“Em muitas situações de guerra descritas na Bíblia, as pessoas conseguiram vencer conflitos jejuando. Essa prática ajuda a pedir auxílio, buscar fortalecimento espiritual e criar uma ligação direta com Deus para refletir sobre esse problema. Nós estamos enfrentando uma batalha contra a dengue e todas as armas são válidas. Ação, oração, fé, tudo é valido”, disse o prefeito em nota.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que foram notificados cerca de 600 casos de dengue na cidade este ano. A partir deste mês, passa a valer em Goiandira a Lei Municipal nº 1.321/2016, que prevê multa para moradores que deixarem lotes abandonados e com focos doAedes aegypti.

Anteontem (23), agentes de saúde realizaram um mutirão de limpeza em terrenos baldios, ruas e casas do município, procurando acabar com possíveis criadouros do mosquito.

“A prefeitura de Goiandira reitera seu compromisso de continuar trabalhando na conscientização e na prevenção contra os focos do mosquito Aedes, trabalho este realizado durante todo o ano com a visita dos agentes comunitários de saúde e agentes de endemias”, destacou a nota.

Edição: Lílian Beraldo (Agência Brasil)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O jornalista e o assessor de imprensa



Por Francisco Espiridião 

Ainda que o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros não cite textualmente, existe uma diferença fundamental entre o jornalista e o assessor de imprensa. O jornalismo, por sua essência, é crítico. Bicho solto. Não aceita cabresto. O compromisso firmado é com a própria consciência. Poucos são os que conseguem isso, haja vista muitos serem os entraves naturais nesse mundo hipócrita e dissimulado em que vivemos. 

Já a assessoria de imprensa, esta mantém compromisso com o órgão a que se propõe apoiar. Não se quer aqui dizer que o jornalismo seja altruísta e a assessoria de imprensa, subserviente. Cada um destes segmentos - jornalismo ou assessoria - tem, com a maior clareza, os percalços da estrada a que se propõe percorrer. Seja ela esburacada ou devidamente pavimentada. Vale ressaltar que tanto uma como a outra  são atividades dignas. Uma não desmerece a outra, apesar de, como água e óleo, não se misturarem.

O jornalismo tem como escopo uma visão ampla da sociedade e para ela deve dar a última gota de sangue, deve ir às últimas consequências. O jornalismo, de fato, tem como principal mote a independência editorial. Esta deve estar à frente de todo o processo de criação. Enfim, o jornalismo é um órgão fiscalizador das instituições públicas.  

Já a assessoria de imprensa abraça um projeto restrito ao perímetro que lhe cabe, ou seja, sua ação é previamente delimitada e tem um objetivo específico: vender da melhor maneira possível a imagem da instituição à qual o profissional está atrelado. 

No caso da assessoria de imprensa, cabe como uma luva a máxima de Rubens Ricúpero: "Eu não tenho escrúpulos. Eu acho que é isso mesmo: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde". Se nessa máxima há algo que precisa ser corrigido, trata-se da primeira. Não há nenhuma falta de escrúpulo em adotar uma lógica factual, aquela que diz que não se deve lavar roupa suja em público.

É isso mesmo. Na assessoria de imprensa, o que é bom a gente fatura e o que é ruim a gente guarda para nós. Sempre com a responsabilidade de buscarmos uma saída para que essa, digamos, discrepância não permaneça escondida por muito tempo. Até porque não há nada que possa permanecer escondido por toda a vida. Um dia aflora. 

Querer misturar alhos com bugalhos deságua em confusão. Não se pode querer fazer jornalismo na assessoria de imprensa. O patrão te manda embora na primeira investida. A recíproca é verdadeira. Tratar o jornalismo como se fosse assessoria de imprensa é o atalho mais rápido para uma demissão de verde e amarelo.

Quando se consegue fazer assessoria de imprensa nas páginas de um veículo de imprensa, este perde-se no labirinto da irrelevância, deixando de servir à sociedade e passando a ser mais um folhetim de qualquer coisa, de uma ideologia ignota ou quereres outros que não o da sociedade à qual o veículo pretende servir. Vira piegas. Não dá!     
Interessante é que a gênese de ambos - assessoria de imprensa e jornalismo - está no curso de Comunicação Social. E, para completar a ambiguidade e salpicar mais discórdia nesse molho indigesto, não existe nem mesmo uma definição, tal como ocorre com a profissão de relações públicas: Comunicação Social com Habilitação em Relações Públicas.   

No caso dos irmãos gêmeos porém não univitelinos - jornalismo e assessoria de imprensa -, nem essa ressalva existe. Ambos são filhos do mesmo curso de Comunicação Social e, para complicar mais ainda, segue o tal do "com Habilitação em Jornalismo". Daí a confusão a nos cozinhar os miolos e dar um nó górdio nas nossas cabeças.

Eu prefiro dizer que quando ponho os pés no batente da instituição onde presto serviços como assessor de imprensa, deixo o jornalista que habita em mim do lado de fora. E não se tome aí por uma questão condenável de dupla personalidade, mas sim, de um caso de sabedoria que me leva a pôr cada coisa em seu lugar. Ignorar isso é mediocridade.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Hoje, quem manda na família chama-se Marisa Letícia

Por Carlos Newton

 
 Quando surgiu o escândalo do Mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula de Silva chegou a achar que iria sofrer impeachment. Mas os tucanos, do alto de sua prepotência, pensaram (?!) que seria melhor deixá-lo sangrar. O resultado todos sabem, Lula escapou praticamente incólume, ganhou outro mandato e ainda elegeu um poste em sua sucessão. Agora, no escândalo do Petrolão, a impunidade de Lula poderia até se repetir. Ele seria chamado a depor como "informante" (ironia do destino, segundo o delegado Romeu Tuma Jr.) ou "testemunha", porém como "investigado". Mas na política as coisas mudam como as nuvens, já dizia Magalhães Pinto.
 
Lula vem sendo investigado em vários inquéritos, devido à sucessão de erros cometidos, especialmente no caso do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. E estes dois fatos altamente desabonadores só existem... por causa de dona Marisa Letícia.
 
ESCÂNDALO ROSEMARY
Dona Marisa mudou muito, depois que surgiu o escândalo do romance de Lula com Rosemary Noronha, iniciado na década de 90 no Sindicato dos Bancários de São Paulo, então presidido por João Vaccari Neto, que apresentou ao fundador do PT aquela jovem e atraente secretária. Dona Marisa mudou não somente em aparência, em função das operações plásticas e dos procedimentos estéticos a que se submeteu, mas também quanto a seu relacionamento com o marido, que nunca mais foi o mesmo.
 
A divulgação do prolongado romance com Rosemary foi devastadora, é claro. Dona Marisa enfim ficou sabendo por que o marido pedia que ela não o acompanhasse em viagens internacionais, e Lula não tinha como negar nada. As relações do casal nunca mais se normalizaram, é claro.E nem houve a festa das bodas dos 40 anos de casamento, em 2014.
 
Lula se viu acuado, dona Marisa cresceu e apareceu, passou a fazer exigências, não era mais a mulher dócil com quem ele se casara.
 
SATISFAZER AS VONTADES
A estratégia que Lula encontrou foi satisfazer todas as vontades de dona Marisa. Assim, para agradá-la, o modesto apartamento 141 no Guarujá, com apenas 82,5 m², um simples sonho de classe média, acabou se transformando no triplex 164A, que nem existia no empreendimento da Bancoop que a prefeitura aprovou. 
 
O contrato assinado por dona Marisa em 2006, em sua cláusula 2ª, comprova que no prédio havia apenas dois tipos de apartamentos – o simples, de 82,5 m², e o duplex de cobertura, com 126,35 m². O triplex de 215 m² simplesmente não existia. Foi criado exclusivamente pela OAS para alojar a família Lula da Silva e amaciar dona Marisa.
 
E para não dar na vista, a construtora transformou em triplex um apartamento ao lado, que veio a ser comprado por outra personagem envolvida no escândalo do Lava Jato e que operava na lavagem de dinheiro, a publicitária Neuci Warken. O triplex 163-B, registrado em nome da offshore Murray Holdings, acabou ficando com Nelci, com chegou a ser presa na Operação Triplo X e está colaborando com as autoridades. Como se dizia antigamente, a emenda saiu pior do que o soneto, a corrupção foi ficando cada mais explícita.
 
MAIS BENS DO QUE RENDA...
Um dos maiores problemas de Lula é que somente depois de sair do governo é que ele se tornou milionário e acumulou bens. Em 2010 ele estava deixando o governo e sua declaração de renda não justificava a compra simultânea do triplex e do sítio em Atibaia. Ele não ainda começara a fazer as palestras para os amigos empreiteiros, o Instituto Lula estava iniciando suas atividades. Por isso, teve de usar os laranjas Fernando Bittar e Jonas Suassuna para comprar o sítio em Atibaia, pagando R$ 1,5 milhão (valor declarado na escritura, que geralmente é subfaturado, para reduzir o Imposto de Transmissão).
 
Um dos motivos da compra do sítio foi a mudança de Brasília. O apartamento de São Bernardo e o Instituto Lula (que era chamado de Instituto Cidadania) não tinham a menor condição de receber os onze caminhões da mudança,  um deles climatizado, para transportar as garrafas de bebidas finas que ele ganhara nos oito anos de mandato. Livros, documentos, alguns presentes que surrupiou da Presidência e algumas caixas de bebidas ficaram no Instituto Lula. 
 
Outra parte da mudança, também incluindo caixas de bebidas, foi direcionada para o apartamento de São Bernardo. Mas foi o sítio em Atibaia que recebeu a maior parte da mudança, e a OAS já havia construído o galpão/adega climatizado, para receber o restante do acervo etílico do ex-presidente, conforme a imprensa noticiou à época e aTribuna da Internet até liderou uma campanha para que Lula devolvesse os presentes.
 
O SÍTIO DE DONA MARISA
O sítio sempre foi de dona Marisa, que cuidava dele enquanto Lula trabalhava para os empreiteiros em suas viagens e palestras comerciais. A situação familiar era bastante confortável até o final de 2011, quando surgiu o escândalo de Rosemary Noronha, que mudaria totalmente a vida do casal Lula da Silva. A briga foi muito feia, Lula não podia se separar, e desde então dona Marisa assumiu o poder familiar "au grand complet", como dizem os franceses.
 
No caso do sítio, sempre foi ela quem cuidou de tudo e comandou as obras de ampliação e reforma final, feitas pela Odebrecht. Tudo lá é do jeito dela. O serviço estava a cargo de um amigo íntimo do casal Lula da Silva, o empresário José Carlos Bumlai, que trouxe do Mato Grosso do Sul o arquiteto Igenes dos Santos Irigaray Neto, para tocar a obra e atender às ordens de dona Marisa.
 
Depois da grande reforma, em que a Odebrecht gastou R$ 500 mil só em material de construção, dona Marisa mandou fazer a horta e plantar árvores frutíferas, além de dirigir pessoalmente a redecoração, que incluiu os dois bonecos de crianças em tamanho natural, fabricados em porcelana, que ela colocou sentados no banco em frente à piscina, para divertir os netos.
 
LULA NÃO TEM PALAVRAS
Todas essas informações são rigorosamente verdadeiras e demonstram por que Lula ainda não conseguiu nem conseguirá explicar a situação do triplex e do sítio? Para fazê-lo, o ex-presidente teria de começar falando sobre o longo e tórrido romance com Rosemary Noronha, que conduziu a vida dele para a encruzilhada em que hoje se encontra.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

GUERRA BANÂNICA

De Alamir Longo

Parafraseando Odorico Paraguaçu, personagem vivido por Paulo Gracindo na telenovela “O Bem-Amado,” fiquei deverasmente orgulhoso com a determinação da nossa querida e amada presidenta. Numa difícil, corajosa e, sobretudo, patriótica decisão, convocou solenemente o povo e as Forças Armadas, e declarou guerra a um terrível inimigo comum que mede menos de meio centímetro: o Aedes aegypti, que, segundo ela, se trata de um vírus, não de um mosquito como os coxinhas golpistas mal-intencionados andam dizendo por aí.

De pronto, escalou o Ministro da Defesa para que colocasse de prontidão as três forças: Exército, Marinha e Aeronáutica, e se preparassem para longas e duras batalhas contra um inimigo astuto e cheio de artimanhas. Aldo ”Hilário” Rebelo, marechal de campo, especialista nesse tipo de operações, não titubeou: como um grande general helênico, garbosamente, respondeu ao chamado da sagrada e iluminada chefa, fazendo a seguinte declaração no Diário do Poder:

“A partir de 13 de fevereiro, a guerra ao Aedes envolverá o maior contingente já mobilizado na história das Forças Armadas: nada menos de 220 mil militares, homens e mulheres (160 mil do Exército, 30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea). Eles vão à guerra da higiene em 356 municípios, incluindo as capitais e 115 cidades onde o mosquito é endêmico. Pelos padrões militares, o enfrentamento ao mosquito segue o manual de combate à guerrilha: sufocar o inimigo e impedir sua reprodução. Como em toda guerra, esta será travada com a convicção da vitória, pois é a população do Brasil que está sob ameaça de um inimigo caviloso. Ao final, os militares terão ajudado o País a fincar a bandeira de profilaxia e da saúde na imensidão do território nacional”.

Não é de deixar a gente todinho arrepiado de tanto orgulho? Só faltou reeditar o manual de guerrilha do Marighella e distribuir foices e martelos aos “movimentos sociais.”

Notem que o aveludado comandante de araque afirmou que “o grande combate” começa a partir de 13 de fevereiro, portanto, depois do carnaval. Até lá, nosso sorrateiro e caviloso inimigo de asas, o Aedes (que vem do grego e significa “odioso”), curtirá umas belas férias em alguma ilha paradisíaca desse planeta azul ou cairá no samba. Convém sublinhar, também, que nosso heroico ministro deixou bem claro no seu pronunciamento, que a guerra será deflagrada em 356 municípios. Balizando-me pelos dados de 2013, o Brasil têm 5.570 municípios(agora deve ter mais). Logo, se subtrairmos 356 de 5.570, concluiremos, então, que nos 5.214 municípios restantes da federação, não haverá nenhuma batalha. Ou porque as tropas do brilhante estrategista são insuficientes, ou porque nesses municípios o mosquito terá sua entrada proibida por decreto.

Todo esse gigantesco picadeiro circense, infantilmente, armado por essa governança microcefálica, corrupta, mentirosa e incompetente que aí está, na verdade não se destina a caçar Aedes aegypti, e sim, encobrir um “mosquito” muito mais traiçoeiro, avançado, perigoso e letal, que é o Aedes corruptus! Esse sim, é vetor de um vírus mortal que está presente há mais de 13 anos nos mais recônditos redutos petralhas, onde o dinheiro público desfila, como por exemplo: nos duplex, triplex, sítios, refinarias, plataformas, navios, aviões, mochilas, cuecas, obras superfaturadas dentro e fora do país, gabinetes, bancos, ministérios, palácios,legislativos, departamentos… enfim, em todos os lugares onde os tentáculos dessa poderosa máfia petista alcançam.

Se a Saúde no país chegou nessa situação caótica em que se encontra, com o retorno de doenças que haviam sido praticamente erradicadas e o descontrole das que vinham sendo sistematicamente controladas, foi porque houve uma irresponsável e criminosa quebra de medidas de saúde pública por parte do governo federal, como apontou José Rodrigues Coura, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O país deixou de investir em campanhas sanitaristas de prevenção, e deu no que deu: as endemias, pandemias e epidemias estão deitando e rolando em território banânico.

Vejamos alguns exemplos:

A paralisia infantil que tinha sido praticamente erradicada no Brasil, está voltando; a febre amarela que estava controlada, ganhou força; a dengue que ficou 60 anos sem fazer vítimas, hoje bate recorde em território nacional; a leishmaniose, que era considerada um mal rural, agora se tornou problema nos grandes centros urbanos, e o Brasil responde por 90% dessa grave enfermidade na América Latina; a tuberculose que estava sob controle, voltou a ser um grave problema de saúde pública na gestão petista; a coqueluche que andava fora de moda, voltou com força depois de praticamente ter sido erradicada; a microcefalia no Brasil tornou-se uma epidemia e está completamente fora de controle. E o que se vê é uma governança rigorosamente despreparada, sem saber o que fazer, apenas se limitando a dar informações equivocadas a respeito dessa gravíssima enfermidade. Aliás, o Ministro da Saúde deu uma luminosa solução para o problema do Zika vírus: que todas as moças fossem para a fila da picadura. Esse é o nível da autoridade que responde pela saúde pública no Brasil. O resultado está aí para todo mundo ver.

Nessa pequena mostra acima, já dá para se ter uma clara ideia do estado de abandono sanitário que se encontra a saúde pública nesse desgovernado país.

E tudo isso acontece por falta de investimentos na Saúde. Por exemplo: mais de 50% dos lares brasileiros, não têm saneamento básico. E, ao contrário da propaganda enganosa disseminada pelo governo, o mosquito, causa dessa grande e tão propalada “guerra” banânica, não se reproduz somente em água limpa, mas também na água suja dos esgotos não tratados.

Por que será que as epidemias só ocorrem em países de terceiro mundo? É por acaso? Claro que não! É pelas péssimas condições sanitárias que vivem esses países. Aqui no Brasil, a explicação é simples e eu repito: é falta de investimentos na Saúde! Aliás, investimento em saneamento básico, até que foi substancialmente feito, principalmente no governo Lula, porém, foi em Moçambique e Angola, onde também foram construídas fábricas de remédios e vacinas. Convém lembrar que essas obras na áfrica negra foram, sigilosamente, financiadas pelo BNDES e executadas pela Odebrecht. Que coincidência, não? E ficou tudo por isso mesmo. Na mais santa impunidade. Ninguém investigou nada.


Então, dona Dilma, aguardaremos ansiosamente o início dos “combates” em 13 de fevereiro. Oxalá, nenhum mosquito malvado sobreviva, principalmente, o Aedes corruptus, o grande devorador de dinheiro público.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O patético fim de Lula


Por Reinaldo Azevedo:
Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: "Esse negócio do lula não vai dar em nada outra vez, né?". E os otimistas: "Acho que desta vez ele não escapa, né".    
Onde quer que eu esteja, na rua ou à porta de um bar ou restaurante, quando saio pra fumar, as pessoas se aproximam e quase sempre fazem a mesma observação, em tom de desalento: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. Os mais otimistas arriscam: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”. Nesse caso, não é necessário dizer o nome. Todo mundo sabe quem é “ele”.
Pois é… Ainda que Lula e seus advogados consigam encontrar uma explicação que possa ser abrigada pela lei para o imbróglio do tríplex no Guarujá, sobrou como a hipótese mais benigna para o “homem mais honesto do mundo” a versão de um político no qual ninguém mais confia.
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E não deixa de ser irônico, já observei aqui, que o Lula que transitou e transita ainda em tão altas esferas tenha encontrado sua Waterloo num apartamento relativamente modesto, dada a fortuna que ele já amealhou. Só em palestras, como se sabe, faturou R$ 27 milhões.
A desconfiança dos brasileiros é justificada. Incrivelmente, Lula passou incólume pelo mensalão. Na sequência, veio o escândalo dos aloprados, com pessoas de sua inteira confiança metidas na lama. E nada! Agora, o petrolão. Delações premiadas o colocam no centro do escândalo envolvendo o grupo Schahin, o empréstimo de um dinheiro para o PT e um contrato bilionário para a operação de um navio-sonda da Petrobras. E nada de o Ministério Público pedir ao menos a abertura de inquérito.
No caso do apartamento, Lula só é formalmente investigado pelo Ministério Público Estadual. Na fase Triplo X da Lava Jato, a cobertura que seria sua está entre os alvos, mas, para todos os efeitos, não se está apurando nada sobre o petista. A esta altura, a situação é de tal sorte ridícula que pouco importa saber se Janot prevarica ou está sendo tático. A lei e as evidências não podem abrigar comportamentos ambíguos. Não há nenhuma razão inteligível para Lula não ser um alvo de investigação da Lava-Jato.
De todo modo, o fim!
Nem os adversários mais ferozes de Lula imaginavam que seu fim seria tão patético. Quando eu era menino, para citar o apóstolo Paulo, e trotskista, pensava como menino e via no sindicalista um contrarrevolucionário com um pé da demagogia.
No meu delírio infanto-juvenil, eu o enxergava como um elemento que atrasava a revolução. Quando deixei de ser menino, identifiquei no ex-sindicalista a peça de propaganda de um partido político com vocação totalitária, que instrumentalizava a imagem do operário para impor goela abaixo da sociedade um projeto de poder que não podia ser devidamente compreendido pelo povo.
Vejo a situação de Lula hoje, perseguido por imóveis mal explicados; flagrado em proximidade incômoda, para dizer pouco, com empreiteiras investigadas; a bater no peito e a brandir uma honestidade que, atendendo a suas tendências megalômanas, tem de ser a “maior do mundo”… Não deixa de ser melancólico.
Ou por outra: as duas leituras que tive de Lula, em tempos distintos, não deixavam de ser generosas, não é mesmo? Uma e outra, ainda que negativas para ele, emprestavam-lhe o papel de um agente político. Ainda que não fosse do agrado do garoto de extrema esquerda ou do adulto liberal, eu o inscrevia como personagem da história.
A justa indagação que hoje está nas ruas o coloca num lugar rebaixado, bem aquém da minha hostilidade generosa: as pessoas querem saber se Lula vai pagar por aquilo que consideram seus crimes de político comum, vulgar, que se organiza para se locupletar e se dar bem. É a Justiça que vai dar a palavra final a respeito. O que a gente pode dizer com certeza é que as narrativas a que o petista tem de recorrer para explicar o inexplicável já viraram motivo de chacota nacional.
A defesa de Lula já vai adaptando as versões às circunstâncias. Agora admite que a família visitou o tríplex acompanhado do presidente da OAS, Léo Pinheiro, convertido, então, em corretor de imóveis. Mas não mais do que isso. Também o sítio de Atibaia, reformado pela Odebrecht e pela OAS segundo os gostos do companheiro, não lhe pertence.
Marisa, no entanto, pagou com dinheiro do próprio bolso por um barco de alumínio para ser usado no lago da propriedade. Ora, convenham, o que é que tem? É muito comum a gente comprar equipamentos para propriedades alheias, certo? Por si, isso não prova nada. Prova apenas que Marisa é generosa.
O PT diz que vai se dedicar agora à defesa de Lula. Parece que a campanha eleitoral deste ano terá como alvo a tentativa de recompor a imagem daquele que segue sendo o poderoso chefão do partido, o mandatário inconteste, o senhor absoluto da legenda. Por incrível que pareça, ele só não conhece as falcatruas da organização. Quando se trata de explicar a bandalheira, ele se torna um estranho no petismo.
Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. E os otimistas: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”.
Notem que são avaliações distintas que, no entanto, têm um diagnóstico comum.
Lula está acabado.