quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lançamento

Estamos em nogociação com a Assembléia Legislativa para fazermos o lançamento do novo livro no hall da instituição.

A Adriana Cruz e o "Senhor" Wilson Barbosa estão queimando fosfato para encontrar uma data apropriada.

É possível que seja já na sexta-feira (9), à noite. Conto com a presença dos amigos. (Foto da Capa: Eides Antonelli)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Novo livro na praça

Por FRANCISCO ESPIRIDIÃO

O Senhor seja louvado! Finalmente, o tão esperado livro Histórias de Garimpo - Extração Mineral em Terras Roraimenses desencantou de vez. Foi entregue pela transportadora na manhã desta segunda-feira (29), vindo de Fortaleza (CE), onde foi editado e impresso.

Trata-se do terceiro de minha lavra. O primeiro foi Até Quando? Estripulias de Um Governo Equivocado, coletânea de 42 artigos e crônicas escritos e publicados na imprensa local ao longo do primeiro ano do governo Lula. (editado e publicado em 2004).

O segundo, Histórias de Redação - Vinte Anos de Jornalismo na Terra de Makunaima (2009). Posso dizer que se trata de um relato quase-fiel dos primeiros vinte anos vividos por mim nas entranhas das redações de jornais impressos no Estado.

Este agora, busca retratar com relativa fidelidade os fatos vividos e sofridos, num período de muita agitação em Roraima, quando dinheiro circulava com a abundância de folhas caindo de árvores no verão. A minha incursão às grotas, nos idos de 1983, apesar de episódio atrapalhado e eivado de insucesso, promete ser boa leitura.

Histórias de Garimpo, que pretende ser o segundo da trilogia "Histórias...", a se completar futuramente com "Histórias do Futebol em Roraima", já tem data e local definidos para lançamento: será às 9h de sábado, 24 de setembro, na Livraria Saber, na Avenida Major Williams, entre a Panificadora Goiana e o antigo Cine SuperK.

sábado, 27 de agosto de 2011

O Poderoso Chefão

Texto transcrito do blog do Noblat

O ex-ministro José Dirceu mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma

Há muitas histórias em torno das atividades do ex-ministro José Dirceu. Veja revela a verdade sobre uma delas: mesmo com os direitos políticos cassados, sob ameaça de ir para a cadeia por corrupção, o chefe da quadrilha do mensalão continua o todo-poderoso comandante do PT. Dirceu é um homem de negócios, mas continua a ser o homem do partido.

O “ministro”, como ainda é tratado em tom solene pelos correligionários, mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com senadores, deputados, o presidente da maior estatal do país e até ministro de estado — reuniões que acontecem em horário de expediente, como se ali fosse uma repartição pública.

E agora com um ingrediente ainda mais complicador: ele usa o poder e toda a influência que ainda detém no PT para conspirar contra o governo Dilma — e a presidente sabe disso.

O que leva personagens importantes e respeitáveis, como os que aparecem nas imagens que ilustram esta reportagem, a deixar seu local de trabalho para se reunir em um quarto de hotel com o homem acusado de chefiar uma quadrilha responsável pelo maior esquema de corrupção da história do Brasil? Alguns deles apresentam seus motivos: amizade, articulações políticas, análise econômica, às vezes até o simples acaso. Há quem nem sequer se lembre do encontro.

Outros preferem não explicar. Depois de viver na clandestinidade durante parte do regime militar, o ex-ministro José Dirceu se tornou habitué dos holofotes com a redemocratização do país. Foi fundador e presidente do PT, elegeu-se três vezes deputado federal e comandou a estratégia que resultou na eleição de Lula para a Presidência da República. Como recompensa, foi alçado ao posto de ministro-chefe da Casa Civil.

Foi um período de ouro para ele. Dirceu comandava as articulações no Congresso, negociava indicações de ministros para tribunais superiores, decidia o preenchimento de cargos e influenciava os mais apetitosos nacos da administração federal, como estatais, bancos públicos e fundos de pensão. Dirceu se jactava da condição de “primeiro-ministro” e alimentava o próprio mito de homem poderoso.

Sua glória durou até que ele fosse abatido pelo escândalo do mensalão, em 2005, quando se descobriu que chefiava também um bando de vigaristas que assaltava os cofres públicos.

Desde então, tudo em que Dirceu se envolve é sempre enevoado por suspeitas. Oficialmente, ele ganha a vida como um bem-sucedido consultor de empresas instalado em São Paulo. Mas é em Brasília, na mais absoluta clandestinidade outra vez, que ele continua a exercer o seu principal talento.

A 3 quilômetros do Palácio do Planalto, Dirceu mostra que suas garras estão afiadas. Ainda é chamado de “ministro”, mantém um concorrido gabinete num quarto de hotel, tem carro à disposição, motorista, secretário e, mais impressionante, sua agenda está sempre recheada de audiências com próceres da República — ministros, senadores e deputados.

As autoridades é que vão a José Dirceu. Essa inversão de papéis poderia se explicar por uma natural demonstração de respeito pelos tempos em que ele era governo. Não é. É uma efetiva demonstração de que o chefão ainda é poderoso.

Dirceu tenta recuperar o prestígio político que tinha no governo Lula, usando como arma muitos aliados que ainda lhe beijam o rosto. Convoca-os como soldados, quando necessário, numa tentativa de pressionar a presidente Dilma a atender a suas demandas. Ou torná-la refém por meio da pressão dos partidos.

Esse trabalho de guerrilha — e, em alguns momentos, de evidente conspiração — chegou ao paroxismo durante a crise que resultou na queda de Antonio Palocci da Casa Civil.

Naquela ocasião, início de junho, Dirceu despachou diretamente de seu bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas. Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão.

Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e do seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana — acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de figuras do próprio governo.

Em 8 de junho, numa quarta-feira, Dirceu recebeu no hotel a visita do ministro do Desenvolvimento, o petista Fernando Pimentel. Conversaram por 28 minutos. Sobre o quê? Pimentel diz não se lembrar da pauta nem de quem partiu a iniciativa do encontro. Admite, no entanto, falar com frequência com o ex-ministro sobre o contexto brasileiro.

É uma estranha aproximação, mas que encontra explicação na lógica que une e separa certos políticos de acordo com o interesse do momento. Próximo a Dilma desde quando era estudante, Pimentel defendeu, durante a campanha, a ideia de que a então candidata do PT se afastasse ao máximo de Dirceu.
Pimentel e Dirceu estavam em campos opostos. Naquela ocasião, o atual ministro do Desenvolvimento nutria o sonho de se tornar o futuro chefe da Casa Civil.

Perdeu a chance depois de Veja revelar que funcionários contratados por ele para trabalhar na campanha montaram um grupo de inteligência cujas tarefas envolviam, entre outras coisas, espionar e fabricar dossiês contra os adversários, principalmente o concorrente do PSDB à Presidência, José Serra.

No novo governo, Pimentel foi preterido na Casa Civil em favor de Palocci. O mesmo Palocci que, no primeiro mandato de Lula, disputava com Dirceu o status de homem forte do governo e de candidato natural à Presidência da República.

Um cacique petista tenta explicar a união recente de Pimentel com José Dirceu: “No PT, é comum adversários num determinado instante se aliarem mais à frente para atingir um objetivo comum. Isso ocorre quando há uma conjução de interesses.”

Será que Pimentel queria se vingar de Palocci, a quem considerava um rival dentro do governo?

Dois dias antes, na segunda-feira, Dirceu esteve com José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. Gabrielli enfrenta um processo de fritura desde o fim do governo Lula. A presidente Dilma não cultiva nenhuma simpatia por ele. Palocci pretendia tirar Gabrielli do comando da estatal.

Gabrielli precisava — e precisa — do apoio, sobretudo do PT, para se manter no cargo. Dirceu é consultor de empresas do setor de petróleo e gás. Precisa manter-se bem informado no ramo para fazer dinheiro. É o famoso encontro da fome com a vontade de comer — ou conjunção de interesses.

O presidente da Petrobras, que trabalha no Rio de Janeiro, chegou à suíte ocupada pelo ex-ministro da Casa Civil, no 16º andar do hotel, ciceroneado por um ajudante de ordens. Permaneceu lá exatos trinta minutos. Ao sair, o presidente da Petrobras, que chegou ao quarto de mãos vazias, carregava alguns papeis consigo.

Perguntado sobre a visita, Gabrielli limitou-se a desconversar: “Sou amigo dele há muito tempo, e não tenho que comentar isso com ninguém”.

Naquela noite de segunda-feira, a demissão de Palocci já estava definida. O ministro não havia conseguido explicar a incrível fortuna que acumulou em alguns meses prestando serviços de consultoria — a mesma atividade de Dirceu.
Na terça-feira, horas antes da demissão de Palocci, Dirceu recebeu para uma conversa de 54 minutos três senadores do PT: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias. Esse último conta que foi ele quem pediu a audiência.

Qual assunto? Falaram do furacão que assomava à porta da Casa Civil. “O ministro Dirceu nunca falou um ‘ai’ contra o Palocci. Pelo contrário, sempre tentou resolver a crise com a ajuda da nossa bancada”, garante Farias.

De fato, a bancada foi decisiva — mas para sepultar de vez a tentativa de Palocci de salvar a própria pele. Logo após o encontro com Dirceu, os três senadores foram a uma reunião da bancada do PT e recusaram-se a assinar uma nota em defesa do então ministro-chefe da Casa Civil. Alegaram que a proposta não havia sido combinada com o Planalto.

Existiam outros motivos para a falta de entusiasmo: o trio também estava insatisfeito com Palocci. Delcídio reclamava do fato de não conseguir emplacar aliados em representações de órgãos federais em Mato Grosso do

Sul, seu estado natal e berço político. “Num momento tenso como aquele, fui conversar com alguém que está sempre bem informado sobre os acontecimentos”, explicou Delcídio sobre o encontro com o poderoso chefão.

Pinheiro estava contrariado com a demissão de um petista do comando da Polícia Rodoviária Federal na Bahia. “O encontro foi para fornecer material para que ele publicasse um artigo sobre o projeto de lei que trata da produção audiovisual no país”, disse ele.

Lindbergh Farias, por seu turno, ainda digeria as tentativas fracassadas de ser recebido por Palocci. No fim da tarde de terça-feira, o ministro-chefe da Casa Civil entregou sua carta de demissão. E teve início a disputa pela sua sucessão.

Quando Gleisi Hoffmann já havia sido anunciada como substituta de Palocci, no mesmo dia 7 de junho, Dirceu recebeu o deputado petista Devanir Ribeiro. Foram 25 minutos de conversa. Já era sabido que, no rastro da saída de Palocci, Luiz Sérgio, um aliado de Dirceu, deixaria o ministério das Relações Institucionais.

Estava deflagrada a campanha para sucedê-lo — e Dirceu queria emplacar no cargo o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara.

Procurado por Veja, Devanir, que é compadre do presidente Lula, negou que tivesse ido ao hotel conversar com Dirceu. Um lapso de memória, como deixa claro a imagem nesta reportagem. “Faz muito tempo que eu não o vejo.”

Na quarta-feira, 8 de junho, pela manhã, as articulações de Dirceu continuaram a pleno vapor. Ele recebeu o próprio Vacarezza. Durante 25 minutos, trataram, segundo o líder, do congresso do PT que será realizado em setembro.

“Converso com o Dirceu com regularidade. Como o caso do Palocci era palpitante, é possível que tenha sido abordado, mas não foi o tema central”, afirma o deputado — que, no início do governo Dilma, chegou a dar entrevistas como o futuro presidente da Câmara, mas acabou convencido a desistir de disputar o cargo por ter perdido apoio dentro do PT.

A agenda do chefão não se limita aos companheiros de partido. Duas horas depois do encontro com Vacarezza, foi a vez de o senador peemedebista Eduardo Braga adentrar o hotel.

Segundo o parlamentar, ele e Dirceu se encontraram por obra do acaso, no lobby, uma coincidência. O senador conta que aproveitou a coincidência para auscultar os ânimos do PT sobre o projeto do novo Código Florestal: “Queria saber como o PT se posicionaria. Ninguém pode negar que a máquina partidária petista foi arquitetada e construída pelo Dirceu. Ele respira o partido”.

O PMDB também respira poder. Com o apoio de Dirceu, peemedebistas e petistas fecharam um acordo para pressionar o Planalto a indicar Vacarezza ao cargo de ministro de Relações Institucionais no lugar de Luiz Sérgio. A substituição nessa pasta foi realizada três dias depois da queda de Palocci.

Informada do plano de Dirceu, a presidente Dilma desmontou-o ao nomear para o cargo a ex-senadora Ideli Salvatti. A presidente já havia sido advertida por assessores do perigo de delegar poderes a companheiros que orbitam em torno de Dirceu.

Mas Dilma também conhece bem os caminhos da guerrilha política. Chamada de “minha camarada de armas” por ele quando lhe foi passado o comando da Casa Civil, em 2005, a presidente não perde de vista os passos do chefão. Como? Pedindo a algumas autoridades que visitam Dirceu em Brasília informações sobre suas ambições.

“A Dilma e o PT, principalmente o PT afinado com o Dirceu, vivem uma relação de amor e ódio. Mas hoje você não pode imaginar um rompimento entre eles”, diz um interlocutor de confiança da presidente e do ex-ministro.

E amanhã? Se Dilma se consolidar como uma presidente popular e, mais perigoso, um entrave a um novo mandato de Lula, o tal rompimento entra no campo das possibilidades. “Nunca a turma do PT foi tão lulista como hoje. Imagine em 2014”, afirma um cardeal do partido. Ele é mais um, como Dirceu, insatisfeito com o fato de a legenda não ter conseguido, como previra o ex-ministro, impor-se à presidente da República.

Dilma está resistindo bem. Uma faxina menos visível é a que ela está fazendo nos bancos públicos. Aos poucos, vem substituindo camaradas ligados a Dirceu por gente de sua confiança. E o chefão não está nada contente com isso. Tanto que tem alimentado o noticiário com denúncias contra pessoas muito próximas à presidente, naquele tipo de patriotismo interessado que lhe é peculiar.

Procurado por Veja, Dirceu não respondeu às perguntas que lhe foram feitas. A suíte reservada permanentemente ao “ministro” custa 500 reais a diária. Para chegar de elevador, é preciso um cartão de acesso especial. Cada quarto do andar recebe uma única cópia.

Qualquer visita ao “ministro”, portanto, tem de ser conduzida ao andar. Esse trabalho de cicerone é feito por Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica, que foi assessor de Dirceu na Câmara dos Deputados até ele ter o mandato cassado.

Hoje, o cicerone é empregado do escritório de advocacia Tessele & Madalena, que tem como um dos donos outro ex-assessor de Dirceu, o advogado Hélio Madalena. O advogado já foi flagrado uma vez de caso com a máfia — a russa. Escutas feitas pela Polícia Federal mostraram que, na condição de assessor da Casa Civil, ele fazia lobby para conceder asilo político no Brasil ao magnata russo Boris Berezovski (mafioso acusado de corrupção e assassinato).

E Madalena foi flagrado outra vez na semana passada. É o seu escritório que paga a fatura do “gabinete” de José Dirceu. Na última quinta-feira, depois de ser indagado sobre o caso, Madalena instou a segurança do hotel Naoum a procurar uma delegacia de polícia para acusar o repórter de Veja de ter tentado invadir o apartamento que seu escritório aluga e, gentilmente, cede como “ocupação residencial” a José Dirceu.

O jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades. Tentando descobrir por que o nome dele não consta da relação de hóspedes. Tentando descobrir por que uma empresa de advocacia paga a fatura de sua misteriosa “residência” em Brasília.

Enfim, tentando mostrar a verdade sobre as atividades de um personagem que age sempre na sombra. E conseguiu. Mas a máfia não perdoa.



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sarney e os argumentos do poder


Por FERNANDO GABEIRA

Em Brasília, rumo a São Paulo. Participei de um seminário sobre liberdade de expressão na Câmara. Em São Paulo, o tema será pegadas de carbono

Estou impressionado com a maneira como se manipula a lógica em Brasília. A sentença do TSJ que liberou os 300 salários, no funcionalismo, acima do piso constitucional é sintomática. O argumento é esse: a Constituição manda, mas os poderes são autônomos, logo o Senado tem o direito de contratar gente acima do teto constitucional.

Como se não bastasse isso, Sarney argumentou, depois, o uso de helicóptero, que é um chefe e tem direito a transporte gratuito por todo o país. O helicóptero era da Secretaria de Segurança do Maranhão.

Para retirar as malas de Sarney, um homem com traumatismo craniano teve de esperar algum tempo, antes de embarcar.

As malas do chefe são mais importantes que o traumatismo craniano de um maranhense. A decisão do Senado é mais importante que a Constituição pois o Senado é um poder autônomo.
Compreendo que tudo deva ser contestado dentro dos limites da democracia. Mas algum calor da sociedade deveria chegar a Sarney e ao desembargador que garantiu os salários acima da Constituição.
Já não se preocupam mais nem em argumentar seriamente.


domingo, 21 de agosto de 2011

O mito Lula precisa morrer se o Brasil contemporâneo quiser nascer. Ou: #DesencarnaLula!

Por Reinaldo Azevedo


As palavras fazem sentido. Essa é uma das mais antigas batalhas deste escriba. Têm aquele sentido estanque, do dicionário, elucidado por sinônimos ou perífrases. E têm o sentido que lhes conferem as circunstâncias, o contexto. Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a face mais visível da doença que toma conta da política brasileira, esteve ontem em Minas. E, mais uma vez, nos deu a oportunidade de ler as palavras pelo sentido que elas têm e interpretá-las pelos silêncios que enunciam. Voltou a negar que possa ser o candidato em 2014. E se pergunta então: “Por que um ex-presidente da República, que já havia anunciado que não seria candidato, nega que pretenda se candidatar se não for com o objetivo de que sua candidatura seja debatida como realidade plausível?” Vale dizer: as palavras de Lula devem ser lidas pelo avesso. Ele afirma o que nega; nega o que afirma.

Foi adiante: “Dilma só não será candidata se não quiser”. A oração subordinada adverbial condicional — “se não quiser” — traz uma hipótese com a qual ninguém contava até outro dia, muito menos os petistas, especialmente quando a mandatária não concluiu ainda o seu oitavo mês de governo. Então está dado que existe a possibilidade de Dilma não querer. É Lula quem sustenta isso. Em política, “querer” ou “não querer” depende mais da vontade de terceiros do que da própria. O Babalorixá, ele próprio, faz de tudo, já está claro a esta altura, para que ela não queira. Ou não se moveria no tabuleiro da política com tanta saliência.

Não estamos diante daquela situação em que a criatura se volta contra o criador, como o monstrengo criado por Doutor Victor Frankenstein. De certo modo, é o contrário: Lula padece de uma inveja patológica da sua criatura. Considera-se o dono de Dilma de Rousseff. E está profundamente insatisfeito com os rumos que as coisas estão tomando. A imagem da faxina, ainda que uma expressão usada pela imprensa, colou. Só se limpa o que está sujo. E a sujeira foi, sim, a herança maldita que caiu no colo da sucessora. É evidente que ela era da turma. E figura de proa. Tanto é que foi escolhida para conduzir o navio — ou, ao menos, para representar esse papel. Mas a dinâmica da política não depende, reitero, só de vontades. A sujeira começou a aparecer. E os “descontentes” só não estão na rua porque os nossos esquerdopatas transformaram sindicatos, ONGs, movimentos sociais e entidades de classe em sucursais do partido. O PT está hoje mais presente na sociedade do que o Baath no auge do poder de Saddam Hussein. Os tolos dirão: “Mas foi pela via democrática”. O aparelhamento é sempre uma afronta à democracia, jamais a sua expressão.

É inaceitável que um ex-presidente da República se coloque, de peito aberto, como uma espécie de articulador informal do governo, seu intérprete mais avalizado, seu condestável. E é o que Lula está fazendo, tentando empurrar Dilma para fora do tabuleiro, embora reafirme, claro, seu apoio à sucessora.

Ele é popular? E daí?

Eu estou pouco me lixando se o Apedeuta é ou não popular. Aliás, falar mal de impopulares é coisa que qualquer covarde pode fazer. Lula é, sim, o nome da “doença” da política brasileira — e vamos, então, ampliar a briga, porque aí o barulho fica bom —, assim como Getúlio Vargas já foi um dia e, em muitos aspectos, ainda é. As pessoas têm os seus valores, e eu também. Não nutro a menor simpatia por um líder fascistóide, que prendeu, torturou e matou nas masmorras. “Ah, mas ele fundou o Brasil moderno!” Que Brasil moderno? O Getúlio do Estado Novo compôs com todas as forças reacionárias com a qual a dita Revolução de 30 prometia acabar — de fato, em certo sentido, Lula mimetiza Getúlio… Não leio a sua carta de suicídio sem atentar para o seu lado patético, sua literatice chula, seus contrastes vigaristas entre os “bons” e os “maus”, sua irresponsabilidade fundamental. Não se deve especular, por pudor, sobre a razão dos suicidas — desde que o sujeito não decida “sair da vida para entrar na história”. Arghhh… Politicamente, e é de política que falo, teria sido bem mais corajoso enfrentar seus acusadores. Era grande a chance de que terminasse deposto e na cadeia.

Essas almas “intensas”, “amorosas”, ” passionais”, “carismáticas” deseducam o povo e conduzem os países, com freqüência, ao desastre. Muito bem: Getúlio era fruto de um tempo que produziu varias formas do fascismo mundo afora — e aqui também, portanto. Mas os outros países exorcizaram seus fascistas. Nós amamos os nossos. Ou melhor: “eles” (porque não sou da turma) amam os deles. É claro que a “moral revolucionária” das esquerdas, muito especialmente dos comunistas, colaborou para isso. Luiz Carlos Prestes saiu da cadeia, onde tinha sido barbaramente torturado pela polícia de Getúlio — sua mulher, Olga, tinha sido deportada grávida para a Alemanha, onde foi morta — para subir no palanque do ditador contra “as forças do imperialismo”. Olga estava longe de ser a heroína pintada pelo chavista (e agora biógrafo de Lula) Fernando Morais. Mas isso não livra a cara de Getúlio.

Eu não opero com uma balança em que a canalhice é posta num prato, e as conquistas, noutro, em busca de um equilíbrio. Findo o estado novo, o lugar de Getúlio era a cadeia, não tentando voltar ao poder, aí pela via democrática, com o apoio dos comunas, que odiavam a democracia… Que circo nojento! Por que falo de Getúlio? Porque estepaiz ainda vive à mercê desses redentores — e Lula ocupou esse papel, à custa de uma máquina de mentiras e de manipulação da informação de fazer inveja ao DIP getulista. Não! Não tenho absolutamente nada de pessoal contra o Babalorixá. Até me policio um pouquinho para não me deixar tocar minimamente por sua inegável simpatia pessoal — quando não está sobre um palanque, possuído pelo ogro eleitoral. É a sua figura política que é nefasta, que deseduca, que desinforma, que dá sobrevida ao que há de mais atrasado na política .

O mito Lula precisa morrer — não o Lula! Que tenha tataranetos, mas sem passaporte diplomático! — se um Brasil minimamente afinado com a contemporaneidade quer nascer. O homem está mobilizando o seu partido e outros da base aliada contra um movimento — ainda incipiente, que é mais da sociedade do que de Dilma, é óbvio — contra a corrupção! Esse Shrek do Mal está tentando nos convencer de que a sem-vergonhice é um preço que o Brasil precisa pagar para avançar. E não é! Uma coisa é admitir que o malfeito existe, é parte da política e precisa ser extirpado. Outra, distinta, é encará-lo como virtude.

No momento em que ministros atolados em lambanças perdem seus cargos, o que faz o “pai do povo”? Sai por aí estimulando, na prática, o debate sobre a sucessão de Dilma, que está no poder há menos de oito meses. Em defesa do que mesmo? De quais princípios? Se isso não é uma forma de chantagem política, é o quê?

O Brasil avança, sim! Avança apesar da corrupção e do permanente assalto ao dinheiro público. Avança pela força dos brasileiros que trabalham, apesar dos vagabundos que vivem do esforço alheio; avança pela capacidade empreendedora dos seus empresários, apesar daqueles que vivem do compadrio e dos favores do estado; avança pela força — e eles existem — dos políticos honestos, apesar da escória que entra na vida pública para se arrumar.

E é isto que precisamos ter muito claro: OS DEFEITOS DA VIDA PÚBLICA BRASILEIRA DEFEITOS SÃO, E NÃO VIRTUDES! Por mais que pareça absurdo a muitos, O BRASIL AVANÇA APESAR DE LULA, NÃO POR CAUSA DELE.

Ele havia prometido “desencarnar”, vocês se lembram. Mais uma vez, não cumpriu uma promessa. É chegada a hora de fazer uma campanha pública: #DesencarnaLula!

Galinha em Palácio

Uma solitária e inocente galinha preta rondava, por volta das 16h da última quinta-feira (18), o Palácio Senador Hélio Campos. Não se sabe quem esqueceu a bichinha ali.

Antes que algum engraçadinho comece a tecer ilações desairosas, acredito que a representante do reino galináceo haja caído de alguma carroceria. O dono não percebeu a perda.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Frase do dia

"Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão".

                                                                                           Eça de Queiróz



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Passarinho e a Oração

Mateus: 06;26-34

João...: 15:01-08

Você já viu um passarinho dormindo num galho ou num fio sem cair?

Como é que ele consegue isso?

Se nós tentássemos dormir assim, iríamos cair e quebrar o pescoço.

O segredo está nos tendões das pernas do passarinho. Eles são constituídos de forma que, quando o joelho está dobrado, o pezinho segura firmemente qualquer coisa. Os pés não irão soltar o galho até que ele desdobre o joelho pra voar. O joelho dobrado é o que dá ao passarinho a força para segurar qualquer coisa. É uma maravilha não é? Que desenho incrível que o Criador fez para segurar o passarinho! Mas não é tão diferente em nós.

Quando nosso “GALHO” na vida fica precário, quando tudo está ameaçado de cair, a maior segurança, a maior estabilidade, nos vem de um joelho dobrado, dobrado em oração. Se você algumas vezes, se vê em um emaranhado de problemas que o fazem perder a fé, desanimar de caminhar, não caminhe mais sozinho. Jesus quer fortalecê-lo, e caminhar consigo por toda a sua vida. É Ele quem renova a suas forças e a sua fé, e se Ele cuida de um passarinho, imagine o que não fará por você, Seu Filho Amado, Basta você crer!

João 15.7 – “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiseres e vos será feito.”

1ª Pedro 5.7 – “Lançai sobre Ele toda a vossa ansiedade porque Ele tem cuidado de vós.”
 
(Ilustração recebida do Pr. José Teixeira Rocha, por e-mail )

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Haja honestidade!

Por Francisco Espiridião

Num horário próximo ao meio dia desta segunda-feira (8), enquanto esperava a marmita numa determinada cozinha, em Boa Vista, tive o desprazer de ver, ainda que involuntariamente, cenas brutais exibidas no programa televisivo do Mário César. Não me perguntem o canal.

Foram menos de 10 minutos, tempo, porém, suficiente para perceber imagens de três jovens destroçados. Sangue vertendo na ilharga do asfalto, misturando-se a restos de areia e água da chuva. Rostos desfigurados por pauladas desfechadas não se sabe por quem.

É a força das galeras. Elas voltaram com gosto de gás. E pior: esse bando de crianças e adolescentes travestidos de rambos de terceira categoria só tende a crescer. Durante o dia, parecem viver em buracos, feito ratos. No meio da noite, mostram os dentes afiados. E quem for fraco que não se meta a besta de ficar na frente.

Tudo, resultado da Constituição Cidadã, que instituiu direitos sem a contrapartida dos deveres. Sem medo de errar, pode-se pôr tudo na conta do tal “politicamente correto”, que sacramenta um ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que tira da criança toda e qualquer responsabilidade por seus atos, deixando-a à mercê da irresponsabilidade.

Irresponsabilidade da autoridade, que não se sente à vontade para recolher o menor que perambula pelas ruas após determinado horário da noite, até porque não tem para onde levá-lo (para a delegacia?). Irresponsabilidade do Estado, que desautoriza os pais a mantê-los ocupados com um trabalho, ínfimo que seja.

Irresponsabilidade da família que, muitas vezes, já perdeu o pátrio poder em função da soberba legislação que demoniza o modelo de criação autorizado pela soberana Palavra de Deus (a Bíblia – Provérbios 13.24; 23:13), criminalizando até mesmo a simples palmada disciplinadora. Enfim...

Há no Brasil 8 milhões de crianças abandonadas, segundo o IBGE. Quase uma para cada quilômetro quadrado. Dois milhões delas vivem nas ruas, vendendo proteção de carros em logradouros públicos, como praças e áreas externas de supermercados, quando não cheirando cola e inalando – ou ingerindo – drogas pesadas.

Nos Estados Unidos, que tem mais de uma vez e meia a população brasileira, são 500 mil crianças abandonadas. Com um diferencial importante: todas contam com abrigos mantidos pelo governo norte-americano, onde recebem educação e alimento.

A pergunta que fica é: por que tantas mazelas com nossas crianças? O que o governo faz com tantos impostos recolhidos? Segundo o Impostômetro, até a última sexta-feira (5) já haviam migrado dos bolsos dos brasileiros para os cofres do governo federal nada menos que 800 bilhões de reais em impostos.

Enquanto isso, nossas crianças e adolescentes ficam jogados ao léu, matando e sendo mortos precocemente. Os recursos do erário? Boa parte é criminosa e vergonhosamente canalizada para o bolso de autoridades outras que, inescrupulosamente, posam de homens honestos.

E haja honestidade!

NA.: Esta crônica foi publicada com incorreções no site Fontebrasil, pelo que pedimos desculpas aos leitores. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Política

Quem morre pela boca é peixe, não pavão

Blog da Lúcia

Alguém realmente acredita que o ministro Jobim disse o que disse sem pensar, inadvertidamente?

Só quem não o conhece.

Jobim e Dilma Rousseff nunca se bicaram. Nunca se entenderam. Não se suportam.

Mas Lula, sempre ele, pediu a Dilma que mantivesse Jobim no Ministério da Defesa, alegando que ele se dá bem com os militares, que o plano nacional de defesa estava bem encaminhado, que isso, que aquilo. Resultado: Jobim ficou no ministério.

Mas o ministro não queria ficar.

Comprou apartamento em São Paulo, queria sair do governo para, quem sabe, candidatar-se a um cargo no ano que vem, ou mesmo trabalhar com o amigo José Serra numa eventual prefeitura do amigo e padrinho — isso se Serra decidir ser candidato a prefeito em 2012.

Talvez candidato a vice de Serra em 2014.

O fato é que Jobim decidiu sair do governo. Mas não queria pedir demissão.

Se pedisse, Dilma se sentiria livre para nomear quem quisesse. E Aldo Rebelo (PCdoB) já se assanhava para assumir a pasta.

Mas o PMDB considera que a pasta da Defesa é do partido. Para isso, Jobim precisava ser demitido por Dilma.

Daí a sequência infindável de grosserias, manifestações de falta de educação, descortesia, arrogância, pavonice.

Tudo de caso pensado. Tudo de língua trançada com a cúpula do PMDB.

Por trás das cortinas, movimentava-se Wellington Moreira Franco, atual secretário de Assuntos Estratégicos, cargo decorativo, que significa praticamente coisa nenhuma.

Moreira está há semanas articulando para credenciar-se junto às Forças Armadas como sucessor de Jobim.

Moreira é ligadíssimo ao vice-presidente Michel Temer. Bingo!

Ali não tem nenhum bobo.

Jobim é um pavão, não é um parvo. Jamais faria um papelão desses se não houvesse um projeto que o justificasse.

Peixes morrem pela boca. Pavões abrem o leque e cumprem missões.

Mas… Como ensinava o dr. Tancredo Neves, esperteza quando é muita, cresce e come o dono.

De nada adiantou a armação de Jobim, Moreira e Temer.

O escolhido de Dilma foi o ex-chanceler Celso Amorim

Que Deus se apiede das Forças Armadas!

(Transcrito do Blog do Ricardo Noblat)