sábado, 1 de outubro de 2016

A responsabilidade de cada um

FRANCISCO ESPIRIDIÃO*
Chegamos, enfim, ao dia ‘D’. Amanhã, domingo, 2 de outubro, como costumava fazer o meu sábio e saudoso pai, ‘seu’ Sílvio, é dia de vestir a melhor roupa e entrar na fila, logo cedo, para depositar na urna a esperança para os próximos quadriênio. A modernidade mudou o verbo “depositar” para “digitar”, mas dá no mesmo. Que o próximo quadriênio seja de paz, tranquilidade e satisfação pessoal e coletiva.
Tal como o único cartucho que nos restasse diante de um bravio leão, assim deve ser o nosso voto. Errar o alvo pode representar quatro anos de incertezas. Dizem por aí que o caminho mais curto para o insucesso está camuflado em meio a rápidos e promissores desvios que nem sempre levam em segurança ao destino.
E como tem desvios nessa caminhada rumo à urna eletrônica! As armadilhas são muitas. Vão desde as cordas do coração, como a proposta do “vota em mim, que eu te amo tanto”, até a perspectiva de um emprego sazonal para um filho – ou filha. Emprego, aliás, que se esvai como nuvem, com o ocaso do mandato do político. Sem falar naqueles desvios que passam por uma centena de telhas, carradas de barro e areia, e até uma ‘merrequinha’ em espécie que não paga um almoço.
Vender o voto significa errar duas vezes. Primeiro, assina-se um cheque em branco e o deposita nas mãos de um desonesto. Eleito para não fazer nada, ou, pior, fazer tudo o que não deve. Quem faz isso abdica do poder de exigir do candidato qualquer coisa. Resta-lhe baixar a cabeça e se conformar com a caótica situação que poderá advir. Segundo, deixa escancarado o fato de que se é tão corrupto quanto quem comprou o voto.
Cargo eletivo não deve ser visto como profissão. É sacerdócio. Na hora de votar, não custa nada investir alguns minutos numa reflexão sobre quem pede o voto. Saber o que fez é imprescindível para indicar que continuará fazendo. Em benefício ou em prejuízo da sociedade. Rechaçar, portanto, quem pensa que para se ganhar eleição pode-se “fazer o diabo”. Já se viu onde pode chegar quem cultiva tal convicção.
Uma reflexão que dê à luz uma realidade fática, porém altruística. Para isso, é imprescindível retroagir no mínimo cinco ou seis anos. Quem não se lembra do que era a nossa cidade? Queremos o que temos hoje ou o que éramos no passado recente? Um lugar onde possamos desfrutar com alegria, ou um mundo de densas trevas, de sujeira exposta?
Depende de cada um de nós fazer de Boa Vista um lugar bonito para se viver em paz, onde se possa encontrar a natureza, alegria e felicidade, com certeza, como escreveu o poeta.
Diz a sabedoria dos antigos que quem fez um cesto, faz um cento. O ideal, todos sabem, é utópico, inatingível. Mas, como dizia um antigo e atual candidato a vereador de Boa Vista, não custa nada morrer tentando (Miúdo). Afinal, já desfrutamos das benesses de viver na melhor cidade do Norte para se criar filhos, segundo a revista Exame.
*Jornalista e escritor; e-mail fe.chagas@uol.com.br

O INVISÍVEL PAPANGU

FRANCISCO ESPIRIDIÃO*
Já está virando piada de mau gosto. Semana passada, um dos presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), líder de facção criminosa, deu um ‘chapéu’ na segurança interna, passando dois dias dado como foragido.
Para quem não conhece o interior da PAMC, aquilo é um labirinto só. O poder público há muito perdeu o controle do portão principal das celas para dentro. Lá acontece de tudo. Festas regadas a muita bebida, comércio deliberado de entorpecentes, celulares e outros ilícitos, fatos soberbamente divulgados pela imprensa.
“Papa Angu”, como é conhecido o homicida Jorge Nascimento Lopes, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), era o quinto envolvido no “justiçamento” por esfaqueamento do também homicida Jairo Júlio de Moraes, o 'Cowboy', um dos líderes da facção Família do Norte (FDN). O crime ocorreu na manhã de sexta-feira (16).
“Foragido”, coisa nenhuma. Papa Angu não chegou a sair do presídio. A segurança externa, sob a responsabilidade da Polícia Militar, abortou o plano de fuga em massa previsto para ocorrer naquele mesmo dia – sexta-feira –, depois de despacharem Cowboy para o outro plano.
A direção do presídio tinha certeza de que ele permanecia enfurnado em alguma das muitas tocas e locas ali existentes. E haja busca. Enquanto a segurança procurava numa ala, os comparsas faziam o traslado de Papa Angu para outra.
A guerrinha de gato e rato irritou o secretário-adjunto de Justiça e Cidadania, Major Francisco, que deu o ultimato: ou os presos entregariam Papa Angu ou o tratamento seria endurecido de forma a deixá-los a pão e água. Uma das primeiras medidas seria a suspensão da visita dos familiares, algo sagrado para os internos.
Não demorou muito, o gato venceu a parada. Papa Angu foi entregue às autoridades pelos comparsas, ainda no domingo (18). Para não parecer feio à instituição Sejuc, foi repassado à imprensa que a segurança interna o havia localizado. Isso, porém, não é caso para grandes estresses. Entregou-se ou foi achado, o importante é que Papa Angu não passará batido por mais este crime.
Papa Angu não foi o primeiro a tornar-se invisível para a Polícia nos intestinos da PAMC. Em julho de 2013, o ex-detento Waldiney Alencar Souza tentava, num dia de visita, repassar aos ex-companheiros de cela um quilo de drogas, entre maconha e cocaína, 178 latas de cerveja e alicates para cortar arames farpados. Flagrado pela segurança interna, pulou para dentro do presídio e lá, escafedeu-se. Foi descoberto três dias depois.
O sumiço do líder de facção criminosa dentro da PAMC expõe o quanto o crime marcha à frente do Estado. Apenas uma pequena mostra. Muito mais rola nesse submundo, deixando ao desalento uma população que, para se proteger, recorre às grades em portas e janelas. Tremenda inversão de valores.
* Jornalista e escritor; e-mail fe.chagas@uol.com.br

sábado, 17 de setembro de 2016

O triste fim de Lula

FRANCISCO ESPIRIDIÃO (*)
Confesso um deslize imperdoável: votei no Lula para o primeiro mandato, em 2002. Tão envolvido que estava, votei nos dois turnos, o que é pior. Mas a ‘noiva’ não conseguiu manter-se fiel nem mesmo durante a lua de mel. O enlevo durou menos de três meses. A partir daí, já me via escrevendo cobras e lagartos sobre o dia a dia da Presidência petista. O que escrevia – publicado no extinto jornal BrasilNorte e no site Fontebrasil – demonstrava minha desilusão com aquilo que nutria como, digamos, uma sutil esperança.
Em 2004, publiquei coletânea desses artigos jornalísticos em forma de livro. Título presunçoso: “Até Quando? Estripulias de um governo equivocado”. O equivocado era, na verdade, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, até então festejado por gregos e troianos. Só não convencia a mim. Um dos episódios foi o quebra-quebra promovido pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) no Congresso, em junho de 2003. E quem disse que o ato dos trogloditas incomodou o governo?
O então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse, logo após esse ato de 2003, que não havia, por parte do governo, leniência ou excesso de repressão em relação aos movimentos sociais. “O governo não está sendo leniente. A questão social não é uma questão de polícia. Essa é uma ideia dos anos 30. Não vamos agir assim, por mais que se tente tirar proveito da situação.” Veja-se que o objeto em evidência era o quebra-quebra feito pelos “cumpanhêros”, no Congresso. Há ‘ene’ casos, mas deixemos esses pra lá.
Quando lancei o “Até Quando”, fui alvo de críticas de todos os lados. Colegas jornalistas chegaram a me hostilizar: “Como você começa a jogar pedras num governo que ainda nem sequer começou?” Isso foi em 2004. Em 2005, Lula fez cocô na sala. Veio à tona o “Mensalão”, um esquema de compra de parlamentares em busca de apoio para o governo. Tudo com dinheiro desviado do contribuinte.
Em 2006, a oposição ainda não havia aprendido a ser oposição. Apesar de ter sido a vida inteira acochados pelo PT – esse sim, sabia fazer oposição –, PSDB e PFL (hoje DEM) tiveram tudo naquele momento para despachar Lula para as ‘cucuias’. Mas não o fizeram. Preferiram esperar que Lula ‘sangrasse’ até as eleições, quando sofreria uma derrota acachapante. Quilométrico engano.
Aquilo só serviu para mostrar que o brasileiro é farinha do mesmo saco. Tais os políticos, quais quem os elege. A “Jararaca” – assim Lula se disse ser – conseguiu recobrar o fôlego e venceu as eleições daquele ano quase que com os pés nas costas. Já em 2010 elegeu um poste – Dilma presidente – e em 2012, outro poste – Fernando Haddad, na prefeitura de São Paulo.
Quem pensou que o “Mensalão” era coisa do outro mundo, precisou esperar para ver o “Petrolão”. Valores infinitamente maiores foram surrupiados dos cofres da Petrobras, deixando a empresa a pão e água. Getúlio Vargas criou o bordão “A Petrobras é nossa”. Ao chegar ao poder, o PT tomou o bordão para si e fez o escarcéu que fez.
Mas, como cita a Bíblia, no Evangelho de Lucas, capítulo 12, versículo 2: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”, a coisa aflorou. E, como disse o presidente Collor de Mello, em 1990, foi “nitroglicerina pura” [sobre o namoro dos ministros Zélia Cardoso de Melo e Bernardo Cabral].
Nesta quarta-feira (14 de setembro), o Poderoso Chefão, melhor, a ‘Jararaca’ perdeu os dentes e foi desmascarada de vez. O Ministério Público Federal junto à Operação Lava Jato convenceu-se de que ele, Lula, era nada menos que o ‘cabeça’ que comandava pessoalmente todo o esquema de corrupção na estatal do petróleo. Sem ele, nada do que foi roubado seria. Triste fim de um partido sectário. Triste fim de Lula.
(*) Jornalista e escritor

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Eu e Adriana Cruz, amizade antiga

Eu e a jornalista Adriana Cruz, amiga de longas datas. É bom recordar. Uma cortesia do amigo Jonas Trindade. Por isso que é bom ter amigos. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Deputados da Comissão de Saúde fazem diligência ao HGR

Deputados integrantes da Comissão de Saúde em visita ao Hospital Geral 
Deputados membros da Comissão de Educação, Cultura, Desportos e Saúde, da Assembleia Legislativa de Roraima, realizaram uma diligência ao Hospital Geral de Roraima e Pronto Atendimento Airton Rocha, no final da manhã desta quinta-feira, 15, na companhia de representantes do Sindicato dos Profissionais em Enfermagem do Estado de Roraima e das direções das unidades. Corredores lotados de pacientes e acompanhantes, a maioria insatisfeita, gerou manifestação pública na chegada dos deputados.

O técnico em enfermagem Piter Veríssimo se disse cansado de presenciar a dor dos pacientes, a falta de estrutura e ausência de materiais básicos para atendimento. “Falta todo o tipo de medicação e não é de agora. Há dias que não tem luvas, não tem agulha. Sou um dos que já adoeci mentalmente e fisicamente por ver pessoas morrendo sem ter como ajudar”, contou.

A mesma versão foi relatada pela acompanhante Ana Cláudia Dias Lima, que há 12 dias comparece ao HGR para cuidar da irmã que sofreu acidente de trânsito no início de setembro e aguarda pelo procedimento cirúrgico necessário. 

“Falta um pouco de tudo, gases, materiais básicos e, por conta da greve dos enfermeiros, tudo tem atrasado”, comentou. Até o momento, não há previsão para cirurgia buco-maxilo-facial, que a irmã dela precisa fazer. Enquanto isso, Ana continua a arcar com os gastos de materiais para manutenção da irmã na unidade hospitalar. “O básico compramos por não ter aqui dentro”, disse.

Os deputados visitaram os leitos, o grande trauma, a emergência, centro cirúrgico, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), farmácia, setor de oncologia e conversaram com usuários, fazendo anotações para serem inseridas em relatório. 

“Nós, da Comissão de Saúde, viemos verificar a condição dos materiais, do atendimento, se há os 30% dos atendimentos por parte do comando de greve da Enfermagem aos pacientes. Avaliaremos nossa visita e faremos nosso relatório e encaminharemos aos órgãos de controle”, explicou a presidente da Comissão, deputada Lenir Rodrigues (PPS), que ressaltou que a ação faz parte do papel de fiscalização da execução do orçamento público, inerente à atividade parlamentar.

A diligência é resultado de constantes denúncias apresentadas pelos profissionais da Saúde, bem como de usuários do Sistema de Saúde pública de Roraima. “Um diz uma coisa, outro diz outra e então decidimos ver com nossos próprios olhos o que acontece no HGR, nosso principal foco”, destacou. Os apontamentos serão discutidos entre os membros da comissão.


Para Lenir, além de conhecer os principais gargalos das unidades hospitalares, a Comissão agiu com imparcialidade e reconheceu melhorias em algumas áreas no HGR como na UTI e na aquisição de alguns equipamentos. 

“A urgência é a questão de material. Faltam vários materiais necessários e a população tem comprado. Agora justiça seja feita, atualmente a Secretaria de Saúde faz aquisição dos materiais de forma correta, com licitação e não com emergencial como eram em outras gestões”, pontuou. 

Masamy Eda (PMDB) explicou que todas as partes foram ouvidas, profissionais, gestores e pacientes e todas as demandas serão encaminhadas para um debate em comissão e, posteriormente, caso necessário, em plenário. 

Prudência no trânsito ainda é a principal medida contra acidentes

Semáforo da avenida Carlos Perieira de Melo com rua Baraúna (Divulgação PMBV)
Por Fábio Cavalcante

A Prefeitura de Boa Vista, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (SMST) executa diversas ações com a finalidade de minimizar os índices de acidentes em toda a capital. Porém, é preciso que condutores de veículos dirijam sempre com responsabilidade, para acabar definitivamente com a violência no trânsito.

De acordo com o engenheiro de trânsito Edson Goiana, a SMST desenvolve ações permanentes nas ruas e avenidas de Boa Vista, monitorando áreas que necessitam de sinalização viária horizontal e vertical, principalmente os pontos críticos. Esses locais recebem semáforos, faixas de pedestres, placas de sinalização, ações educativas e reforço na fiscalização.

Os investimentos são fundamentais, no entanto, a prudência do condutor é um fator crucial para garantir um trânsito seguro. “Temos ações permanentes de fiscalização e monitoramento do trânsito, com o objetivo de reduzir os acidentes. Visamos garantir uma maior segurança aos usuários e permitindo uma maior fluidez nos deslocamentos. Ou seja, a prefeitura faz a sua parte para com a população. Os acidentes ocorrem, na maioria das vezes, porque o condutor foi imprudente, não respeitando a legislação de trânsito”, disse. 

A avenida Ataíde Teive, por exemplo, é uma das mais movimentadas de Boa Vista, onde circulam cerca de 10.800 veículos no período das 7h às 19h. Por lá, o departamento de Engenharia de Trânsito da SMST substituiu todas as placas de trânsito que estavam danificadas, revitalizou faixas de pedestres, instalou cinco pontos de semáforos, sendo o mais recente no cruzamento com a rua São José, no bairro Equatorial. Mesmo assim, a avenida está em primeiro lugar entre as vias onde mais são registrados acidentes com feridos no trânsito.

Outras vias, onde também foram registrados os maiores índices de acidente nos últimos anos, são a avenida Mário Homem de Melo Centro, Brigadeiro Eduardo Gomes, Princesa Isabel, Estrela Dalva (bairro Raiar do Sol), Sólon Rodrigues Pessoa Pintolândia, Carlos Pereira de Melo e Nazaré Filgueiras. Todas elas vêm recebendo atenção da prefeitura nos últimos anos.

A avenida Princesa Isabel, que é de mão dupla atualmente, deve passar a ter único sentido, o que vai proporcionar maior fluidez e segurança. “Estamos concluindo projeto de mobilidade para essa avenida, com calçadas e ciclovia pra maior segurança ao pedestre e ciclista”, diz Edson.

A Rua Estrela Dalva recebeu ações de melhoria, conforme as necessidades. Depois de um processo de avaliação, a SMST instalou dois semáforos em pontos considerados críticos – no cruzamento com as ruas Brilho Celeste e Sol Nascente, além de pintura de faixas de pedestres e implantação de sinalização vertical. Já na Rua Sólon Rodrigues Pessoa, foi retirado um lado da via destinado a estacionamentos, contribuindo assim com uma maior segurança e conforto no tráfego de veículos.

“Estamos também concluindo o projeto pra a implantação de um semáforo no cruzamento da Rua Sólon Rodrigues com a Rua Carmelo, pois em observação no local, percebemos que as pessoas não têm a consciência do limite de velocidade exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) nas vias urbanas, que é de 60 km/h”.

A avenida Carlos Pereira de Melo também recebe um fluxo muito grande de veículos, principalmente após a inauguração dos condomínios residenciais do programa Minha Casa Minha Vida, no bairro Cidade Satélite. Entre as 7h e 19h, passam pela via mais de 18 mil veículos todos os dias. Foram instalados semáforos no cruzamento com as avenidas São Sebastião, Ruy Baraúna e Piscicultura. Um quarto trecho é estudado para receber sinalização, no cruzamento com a rua Dedson Mendes, no Caranã.


“Agora, só vamos diminuir essa triste situação de acidentes se houver interesse dos condutores. Como? É simples. Respeitando sempre as sinalizações, ter o respeito mútuo com os demais condutores, dirigir com segurança e principalmente não ingerir bebidas alcoólicas quando for dirigir e não usar aparelho celular. Se todos fizerem sua parte, com certeza, muitas vidas serão salvas e sempre chegarão no seu destino sem interromper o trajeto indo a um pronto socorro ou a óbito”, ressaltou Edson. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Izaias Maia pede união de políticos para resolver questão energética

Izaías Maia questiona situação energética de Roraima (Foto Charles Wellington) 
O deputado Izaias Maia (PTdoB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima durante a sessão desta quarta-feira, 14, para mais uma vez apelar por uma solução da questão energética. 

Ele informou que a empresa contratada para executar a obra do Linhão de Tucuruí, que interliga Roraima ao Amazonas e ao Sistema Integrado Nacional de Energia, desistiu do contrato e ainda pede na justiça uma indenização.

Para o deputado, se nada for feito “as trevas irão chegar e Roraima ficará na escuridão”. Maia lembrou ainda que a Venezuela, de onde vem a energia que abastece o Estado, passa por crise econômica e hídrica, pois segundo ele as reservas da hidrelétrica de Guri estão muito abaixo do normal.

“O prejuízo para as poucas empresas que tem aqui, dos supermercados ao fabricante de dindim, é grande. Em todo o interior do Estado, já estamos enfrentando o problema do racionamento de energia. É hora dos parlamentares, principalmente os federais, esquecerem as arestas politicas e lutar pelo estado de Roraima”, salientou.

Em aparte, o deputado Gabriel Picanço (PRB) demonstrou preocupação com o assunto, mas disse que não se deve culpar os indígenas que moram na reserva Waimiri-Atroari pela não execução da obra do Linhão. “O governo federal está enfraquecido e as ONGs (Organizações não governamentais) mandam e desmandam e ditam as regras na Amazônia. Essas pessoas não tem compromisso nenhum com Roraima”.

Já o deputado Joaquim Ruiz (PTN) lembrou que de acordo com especialistas a bacia hidrográfica do Rio Branco é uma das mais propícias para construção de hidrelétricas. “Nós temos um projeto consolidado que é a Hidrelétrica do Bem-Querer e órgãos de governo não permitem que avance esse projeto pra se transformar em realidade a produção de energia em nosso Estado”.

Izaias Maia finalizou questionando quando a classe política se unirá para solucionar o problema.

Bairro Bela Vista recebe obras de infraestrutura

Rua Rio Tapajós, no bairro Bela Vista recebe benefícios (Foto Eduardo Andrade)
Mais um bairro de Boa Vista está recebendo serviços de infraestrutura. Desta vez as equipes da Secretaria de Obras e Urbanismo atuam no Bela Vista, zona Oeste da capital. A ação faz parte do pacote de obras que a Prefeitura de Boa Vista realiza em todo o município. 

Inicialmente, estão sendo executados os serviços de drenagem na Rua dos Astros, Rio Negro, Rio Tocantins, Rio Tapajós e Rio Claro.

A Rua dos Astros, onde antes existia uma vala, foi totalmente tubulada, garantindo a recuperação da via. No total, são mais de dois quilômetros de drenagem em execução no bairro. As ruas em questão ainda serão contempladas com terraplanagem, asfalto, calçada, meio-fio e sarjeta.

Os moradores comemoraram a chegada da obra que vai trazer melhorias para o bairro. “Sofríamos muito quando tinha uma vala, porque tinha gente que jogava lixo. Agora vamos ter uma rua nova, com asfalto e que está ficando linda. Essa obra mudou a realidade do nosso bairro”, disse a moradora da Rua dos Astros, Cícera Silva.

Iluminação - O bairro também foi contemplado com o Programa Cidade Luz, que melhorou a iluminação pública do local. As lâmpadas que tinham potência mínima de 70 watts e potência máxima de 150 foram substituídas por luminárias de 100 e 250 watts, respectivamente. As melhorias levarão benefícios diretos aos moradores, que agora contam com ruas mais seguras, mais iluminadas e trafegáveis.


“A prefeitura vem executando um trabalho contínuo em todos os bairros, a intenção é contribuir para o desenvolvimento da cidade de forma segura, eficiente e planejada, melhorando a qualidade de vida das pessoas. O objetivo é que futuramente outras ruas do bairro também recebam os mesmos serviços”, explicou o secretário municipal de Obras e Urbanismo, Raimundo Maia.

Joaquim Ruiz parabeniza Sesc em Roraima pelo aniversário de instalação

Joaquim Ruiz lembra a passagem dos 70 anos do SESC (Foto Platão Arantes)
Fotos: SupCom ALERR

A celebração dos 70 anos do Serviço Social do Comércio (Sesc) no Brasil e 28 anos em Roraima, ocorrida na terça-feira (13), foi lembrada pelo deputado Joaquim Ruiz (PTN), em discurso realizado na manhã desta quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR).

O seu pronunciamento não foi só para falar sobre o aniversário da instituição, a intenção de Ruiz foi de recordar quem colaborou no processo de chegada do Sesc no Estado e salientou a contribuição do ex-governador do antigo Território de Roraima, Getúlio Cruz, e do ex-governador e atual deputado estadual Flamarion Portela (sem partido).

Na década de 80, Ruiz recebeu o convite para assumir a Secretaria de Promoção Social, transformada posteriormente em Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes). “Fomos ao Rio de Janeiro na Confederação Nacional do Comércio e Confederação Nacional da Indústria. Depois veio uma equipe do SESC para Roraima”, iniciou.

Segundo o parlamentar, havia um prazo de 30 dias para instalação do Sesc no Estado, quando ele decidiu ceder o prédio da secretaria, que funcionava atrás da antiga sede da Secretaria Estadual de Educação e Desportos (SEED), no Centro de Boa Vista. Anos depois o espaço foi doado pelo Governo do Estado, na gestão de Flamarion Portela, e que hoje está em andamento a construção da nova sede administrativa.

E com o passar dos anos a estrutura cresceu e o Sesc passou a ofertar diversos serviços a população e aos comerciantes do Estado. Ruiz destacou as futuras ações da instituição como a Universidade do Comércio, com cursos superiores voltados a área de gastronomia, serviço de terceirização. “O que mais cresce hoje no País é o serviço de terceirização que são fundamentais para o desenvolvimento do turismo e comércio”, disse o parlamentar.

A novidade estará na Serra do Tepequém, localizada no município de Amajarí, a 164 quilômetros de Boa Vista, com o Hotel Sesc Tepequém. “Foi liberado recurso para construção do primeiro teleférico. Você vai deixar o carro lá em baixo e quem não quiser subir a serra de carro, vai de teleférico para Serra do Tepequem”, declarou o deputado durante discurso.


De acordo com Ruiz, em conversa com o presidente do Sesc, Airton Dias, o Sistema “S” emprega mais de 850 colaboradores diretos e mais de 2 mil indiretos e a meta para os próximos quatro anos é aumentar o quantitativo de postos diretos para 1,7 mil.  “Veja a importância dessas instituições privadas no nosso Estado. Eu não esperava estar vivo para presenciar tudo isso que nós fizemos, digo nós fizemos lá na década de 80 e hoje é uma realidade que gera centenas de empregos”, destacou. 

Robô professor ensina geometria a adolescentes

Pesquisas realizadas na USP, em São Carlos, mostram como a tecnologia pode tornar as aulas de matemática mais atrativas

Entrar em uma sala de aula e ser recebido por um robô humanoide que ensina geometria. Como será que adolescentes reagem a esse novo professor e a suas diferentes formas de ensinar? Esse é o foco de diversas pesquisas que estão sendo realizadas no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Entre os trabalhos relacionados ao tema está um projeto de mestrado que utilizou o Robô NAO para ensinar geometria a 62 adolescentes entre 13 e 14 anos de escolas públicas e particulares de São Carlos. Por meio de um sistema de visão computacional, o robô foi programado para reconhecer figuras geométricas planas. Com a ajuda de professores da área de educação e de matemática, o pesquisador Adam Moreira propôs diversas atividades aos alunos. Os estudantes foram desafiados, por exemplo, a descobrir o nome de uma figura geométrica a partir de dicas fornecidas pelo robô. No caso do retângulo, o professor robô dava as seguintes pistas: “qual destas figuras geométricas na sua frente tem quatro lados? A fórmula da área da figura que eu procuro é base vezes altura. A fórmula do perímetro dessa figura é duas vezes a soma de sua base vezes a altura”.

Em caso de acerto da resposta, o NAO abria os braços para o alto e piscava as luzes LED de seus olhos em sinal de felicidade. Mas se o jovem errasse, o robô abaixava a cabeça e ficava com os olhos vermelhos. Adam, que hoje é doutorando do ICMC, explica que as reações do robô foram programadas com o objetivo de torná-lo mais humano, o que facilita a criação de uma relação de empatia com os jovens.

Em outra atividade, os estudantes seguravam em suas mãos a imagem de um gato feito com peças de tangram e deveriam adivinhar a quantidade de triângulos da figura. O aluno digitava a resposta no teclado que estava ligado ao robô e, em caso de erro, o NAO poderia dar até duas dicas, tais como “O triângulo é uma figura com três lados, você consegue encontrá-los agora?” ou “As orelhas do gato são formadas por triângulos.” Novamente, em caso de acerto, o NAO ficava feliz, mas, se o aluno persistisse no erro, o humanoide se entristecia.

No final das atividades, Adam aplicou um questionário sobre figuras geométricas aos jovens e os estudantes que participaram das aulas com o NAO tiveram um desempenho melhor (84.61% de acertos) em relação aos que não tiveram contato com o robô (60% de acertos). “Os pesquisadores da área da educação estão buscando novas ferramentas de ensino com a inserção de tecnologia em sala de aula. Hoje em dia, nota-se que a simples exposição de conteúdo na lousa não atrai toda a atenção dos alunos e a robótica pode tornar a aula mais atrativa”, afirma Roseli Romero, professora do ICMC e orientadora do trabalho.

Roseli conta que a robótica educacional é muito bem recebida pelos jovens e aceita por todas as classes sociais. Os cenários em que essa área de pesquisa pode ser aplicada são diversos: “Nós optamos por trabalhar conceitos matemáticos utilizando os robôs, mas é possível programá-lo para ensinar física, geografia ou português”. Segundo a docente, em breve, o Centro de Robótica de São Carlos (CROB) oferecerá um curso de difusão sobre o tema para a preparação de professores. Ela ressalta, ainda, que a inclusão do robô em sala de aula não visa substituir o professor, e sim propor novas alternativas de trabalho.

Dupla personalidade

Outra pesquisa que se destaca é a de Daniel Tozadore, que também foi orientado por Roseli. Ele programou o NAO para reconhecer figuras geométricas em 3D e receber as respostas dos alunos por meio de voz. Os adolescentes escolhidos para participar do trabalho tinham entre 10 e 14 anos e eram do Projeto Pequeno Cidadão, um programa pós-escola desenvolvido pela USP com aulas de reforço, artes e atividades esportivas para estudantes da rede pública.

Daniel dividiu os jovens em dois grupos a fim de comparar o comportamento e o rendimento dos estudantes. Em uma das turmas, o pesquisador programou o robô para ser mais simpático: “Quando as crianças chegavam, o NAO se levantava, acenava com as mãos e, depois de cumprimentá-las, perguntava pelo nome da criança. Ele também fazia movimentos como coçar a cabeça enquanto reconhecia a figura geométrica e um “toca-aqui”, quando o aluno acertava a resposta. Em caso de erro, o robô alterava o LED de seus olhos para vermelho e baixava a cabeça”.

Já com a outra turma, o NAO era mais seco e pouco interagia com os jovens. Ele ficava sentado em suas próprias pernas e dava apenas boas vindas aos alunos, sem nenhum tipo de movimento, fazendo somente o reconhecimento das figuras. “Quando comparados, os alunos que tiveram contato com o robô mais interativo se sentiram mais motivados a estudar para as próximas sessões, além de demonstrarem uma maior capacidade de concentração e assimilação do conteúdo”, explica o atual doutorando do ICMC.

Para classificar a interação dos grupos de estudantes com o robô, o pesquisador aplicou o método Continuous Audience Response, que é utilizado na área de marketing. A técnica permite, por exemplo, transformar em números as reações do ser humano a algum estímulo. Todas as sessões de atividades com os alunos foram gravadas e, posteriormente, cinco vídeos de cada turma passaram pela análise de uma comissão de 11 estudantes das áreas de psicologia e matemática, que atribuíram notas a essas dinâmicas.

“O maior desafio da pesquisa foi sua interdisciplinaridade. Empregar os principais métodos das áreas de pedagogia e tecnologia, que iniciaram sua fusão recentemente, exige domínio e controle em ambas os campos. É essencial que especialistas de cada área estejam sempre presentes”, conta Daniel. O pesquisador revela, ainda, que todos os estudantes alegaram ser indispensável a presença de um professor humano em sala de aula.

A professora Roseli diz que o grande diferencial dos trabalhos de Adam e Daniel é o uso de um robô humanoide: “Enquanto a maioria das pesquisas vem sendo desenvolvidas com kits robóticos, eles utilizaram o NAO, que possui recursos muito mais ricos, como a capacidade de fala, reconhecimento de imagens e de fazer gestos, ou seja, a interação social é muito maior”.

Segundo Adam, os experimentos apresentaram resultados promissores, mas são necessários mais testes para se obter uma conclusão definitiva a respeito do uso do robô em sala de aula. Em relação ao trabalho de Daniel, o pesquisador afirma que outras técnicas para o reconhecimento mais rápido de voz devem ser testadas e comparadas, além de novos parâmetros para classificação de imagens. A busca por robôs financeiramente mais acessíveis também é um desafio. O doutorando destaca, ainda, que estes projetos chamaram a atenção de alunos da graduação do ICMC: “Hoje temos uma equipe com cerca de oito alunos de iniciação científica bastante motivados, e queremos expandir esta pesquisa para alunos de outros cursos relacionados, como a psicologia e pedagogia”.


Para o futuro da robótica educacional, Roseli vislumbra uma grande revolução no ensino. Ela acredita que, à medida que esses robôs forem se tornando cada vez mais sociáveis e inteligentes, teremos grandes mudanças: “Hoje em dia, a maioria dos professores prepara suas aulas utilizando computadores, então, por que não pensar, no futuro, em prepará-las utilizando robôs?”. 

Governo promove I Encontro Estadual de Politicas Indígenas

Ação estabelece diálogo entre Secretaria do Índio e coordenações estaduais dos povos indígenas

Charlene FerrEira

O encontro vai debater a educação, meio ambiente e gestão territorial
Teve início na manhã desta quarta-feira, 14, o I Encontro de Políticas Indígenas, promovido pelo Governo do Estado. Durante três dias será aberto diálogo entre a SEI (Secretaria Estadual do Índio) e coordenações regionais indígenas que estão distribuídas em 32 terras indígenas, que representa 400 comunidades.
O evento iniciou com com ritual de defumação, apresentado pelo grupo cultural Wapichana, da comunidade Canauanin, do município de Cantá, 25 quilômetros de Boa Vista.
No encontro serão debatidos vários pontos como educação, meio ambiente e gestão territorial, economia e segurança alimentar, entre outros. Ao todo, participam do encontro 140 lideranças indígenas juntamente com coordenadorias regionais do Estado, além da UFRR (Universidade Federal de Roraima), Uerr (Universidade Estadual de Roraima), Seed (Secretaria Estadual de Educação e Desporto) e Instituto Federal de Roraima.
Na composição da mesa, diversas autoridades estiveram presentes, como secretários estaduais, representante do Consulado da República Cooperativista da Guiana em Roraima e representantes de organizações indígenas.
O secretário Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gilzimar Almeida, representando a governadora Suely Campos, destacou que é importante que se tenha essas discussões voltadas às políticas públicas aos povos indígenas e que representam antes de tudo, o respeito e o reconhecimento do nosso governo às diversidades e as culturas de todos os povos e etnias que habitam o Estado.
“Isso representa respeito às formas de organização social e política; representa a consciência do governo quanto à importância que tem os povos indígenas para o nosso Estado, em todos os aspectos: social, cultural, econômico e ambiental”, ressaltou Almeida.
De acordo com secretário Estadual do Índio, Dílson Igaricó, o expectativa do encontro é a de criar estratégicas de acessar e fortalecer políticas públicas por parte das comunidades indígenas e até mesmo Poder Executivo levar essas políticas públicas na área de educação, saúde, gestão territorial e de controle ambiental.

A  cônsul da República Cooperativista da Guiana em Roraima, Shirley Melville destaca que para os povos indígenas não existe fronteiras, por isso a importância da relação existente entre Brasil e Guiana. “Os povos indígenas do Brasil possuem muitas características em comum, assim, criando um ambiente ideal para o aprendizado uns com os outros”, disse.

Evento marca o lançamento do portal Minha Down é Up!

O encontro, batizado de ‘Bolhas de Sabão - Bubble Down’, acontecerá no dia 15 de outubro no parque do Ibirapuera e reunirá dezenas de famílias com crianças com Síndrome de Down

O portal “Minha Down é Up!” (www.minhadowneup.com.br), idealizado pelo casal Danieli Hernandes Ferraz e Anderson Licarião Ferraz - pais da pequena Sophia, de 4 anos - vem com a missão de ajudar famílias a entenderem mais sobre a Síndrome de Down e mostrar o lado incrível e alegre que grande parte da sociedade, e até mesmo muitas famílias com casos da síndrome, parecem não enxergar.

“Queremos proporcionar apoio psicológico, educacional e jurídico às famílias. E mais do que tudo, afirmar que o Down é alegre, eles são pra cima. Por isso, o Portal leva este nome. Vejo muitas famílias inseguras e descrentes quanto ao futuro de seus filhos com Down. Precisamos mostrar o quanto estas crianças são capazes, e, como em qualquer família, que está na mão dos pais e responsáveis transmitir esta consciência e postura à criança. Meu marido e eu batalhamos muito e acreditamos que a Sophia conquistará um diploma.”, comenta Danieli.

O portal ‘Minha Down é Up!” também contará com depoimentos de famílias e um acervo para pesquisa e apoio para estudos científicos da Síndrome de Down. Para Danieli, o sucesso do projeto se dará pela colaboração daqueles que vivem e trabalham com o Down. “O portal será totalmente colaborativo. Qualquer pessoa poderá participar enviando uma matéria ou artigo científico.”

O evento de lançamento do portal, batizado de ‘Bolhas de Sabão - Bubble Down’, acontecerá no dia 15 de outubro a partir das 10h no Parque do Ibirapuera, e contará também com uma sessão de fotos com crianças de 0 a 10 anos. Para Danieli, o lançamento não poderia acontecer em data melhor. “Escolhemos esta data por ser na semana do Dia das Crianças. Esta é uma semana de celebração para a criançada, super alegre e feliz, exatamente como enxergamos o Down.”.


O projeto já conta com o apoio das empresas: Carinhas (design e ilustração) e Ualabí (agenda digital para educação infantil).

Dia do Cliente - Procon Boa Vista alerta sobre direitos do consumidor

Por Francisco Espiridião

O Código de Defesa do Consumidor completa 26 anos
O Dia do Cliente é comemorado em todo o Brasil no dia 15 de setembro. A data foi escolhida em razão de cair na Semana do Código de Defesa do Consumidor, que completou 26 anos no último domingo, 11. O Procon Boa Vista aproveita a ocasião para alertar os consumidores sobre o relacionamento com as empresas fornecedoras.

Márcio Amorim, responsável pelo atendimento ao consumidor do Procon Boa Vista, destaca que hoje o cliente conta com normas de defesa e proteção que garantem mais segurança na hora e depois da compra, mas que é importante seguir algumas dicas para evitar futuros transtornos.

“O consumidor sempre deve desconfiar de ofertas mirabolantes, com vantagens que muitas vezes não condizem com a realidade. Antes de efetuar a compra é necessário cercar-se de alguns cuidados”, disse.

Para que o consumidor não seja prejudicado, outros pontos básicos precisam ser observados, como exigir sempre a nota fiscal, desconfiar de vantagens muito exorbitantes, buscar o mínimo de informações, verificar se o produto possui termo de garantia, condições de troca e se a loja oferece essa possibilidade.

Amorim lembra que antes do advento do Código de Defesa do Consumidor as regras não eram claras. “A defesa do consumidor era muito frágil. Na maioria dos casos, o consumidor precisava representar judicialmente contra a empresa que deixava de cumprir suas obrigações, protelava, enfim, criava-se uma demanda judicial com resolução muito tardia”, explicou.

O Código tornou-se um importante instrumento jurídico, estabelecendo regras, limites e padrões para a relação de consumo, deixando de ser “aquela defesa frágil” para se tornar de fato uma lei que atendesse aos anseios dos consumidores ou clientes.

Compras pela internet
Outro ponto frisado pelo responsável pelo atendimento ao consumidor do Procon Boa Vista é a questão da compra via internet. Citou como exemplo que, antes do Código, podia-se comprar um telefone pela internet e receber um tijolo. “Com o Código, essa possibilidade foi extinta, já que o cliente tem até sete dias para desistir da compra”, frisou.

Amorim disse ainda que o prazo de sete dias é válido apenas para as compras em que o consumidor não tenha a possibilidade de conferir o produto, é o caso das compras por telefone ou internet. Já para as transações realizadas diretamente entre consumidor e fornecedor, as condições são negociadas presencialmente.

PROCON - O responsável pelo atendimento ao consumidor do Procon Boa Vista destaca que o órgão recebe uma média diária de 50 reclamações. O campeão de queixas é o setor de telefonia celular e internet banda larga.

Segundo Amorim, o nível de resolução dos casos acolhidos pelo Procon Boa Vista gira em torno de 90%. Antes de uma medida contundente, o órgão emprega o que chama de ‘tratamento preliminar’, onde são resolvidos cerca de 80% dos casos.

Os consumidores que se sintam lesados podem procurar o órgão, que funciona na Sala 2 do Terminal João Firmino Neto, o conhecido Terminal do Caimbé, localizado na avenida dos Imigrantes. Podem também ter acesso pelos telefones 3625-2219, 3625-6201 e 3625-2194. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Enfim, o Golpe

Por Fernando Canhadas

Depois de tantos meses de disputas, negociatas e articulações, o dia D do impeachment de Dilma Roussef chegou e enfim tivemos um golpe no Brasil. Mas para a surpresa minha, sua e do mundo, não houve o golpe tão propalado pelos defensores do governo Dilma, mas sim um outro golpe.
Na verdade um golpe de mestre, orquestrado e costurado à sorrelfa, ou como se diz hoje em dia, na miúda, por gente graúda. Muito graúda. Se vocês não têm essa ideia com clareza ainda, vamos aos fatos.
Mesmo sabedor da circunstância de que o impeachment estava sacramentado, Lula continuava trabalhando forte nos bastidores. Hoje soubemos o motivo. Não era para evitar o impeachment coisa nenhuma, mas sim para evitar a inabilitação de Dilma.
Segunda pergunta mais importante: quem ganha com o golpe de hoje? Ao menos dois grandes grupos de pessoas: 1) Dilma, PT e todo mundo que trabalhava no discurso do golpe, que agora para sempre poderá dizer que “ah, tanto foi um golpe que ela sequer foi condenada – fica óbvio que ela não cometeu nenhum crime e o único intuito era tirá-la”; e 2) Cunha e todos os demais parlamentares (PMDB em peso) que estão correndo o risco de perderem o mandato, especialmente em épocas de Lava-Jato – não perdendo os direitos políticos, eles poderão concorrer a novas eleições em breve e, por consequência, manter prerrogativas de foro.
Primeira pergunta mais importante: quem participou desse Golpe, além de Lula? Temos todos os nomes, então vamos lá: José Eduardo Cardozo, óbvio; Renan Calheiros, óbvio; Ricardo Lewandowski, óbvio (que já estava com a decisão pronta e redigida, segundo ele porque a possibilidade daquela questão já vinha sendo abordada pela imprensa – aqui, oh!) e obviamente, todos os outros senadores que votaram pelo impeachment, mas não pela inabilitação ou que se abstiveram em relação à segunda, quais sejam: Acir Gurgacz (PDT-RO), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Cidinho Santos (PR-MT), Cristovam Buarque (PPS-DF), Edison Lobão (PMDB-MA), Eduardo Braga (PMDB-AM), Hélio José (PMDB-DF), Jader Barbalho (PMDB-PA), João Alberto Souza (PMDB-MA), Raimundo Lira (PMDB-PB), Renan Calheiros (PMDB-AL), Roberto Rocha (PSB-MA), Rose de Freitas (PMDB-ES), Telmário Mota (PDT-RR), Vicentinho Alves (PR-TO), Wellington Fagundes (PR-MT), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Maria do Carmo Alves (DEM-SE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
É amigos, temos que dar a mão à palmatória. A ideia foi genial. Tudo foi feito na surdina e ninguém da imprensa – pelo menos que eu tenha lido – antecipou essa possibilidade. E vejam a sofisticação da manobra: agora estão falando de impugnar a decisão no STF, por conta da separação das votações. Mas não vejo como impugnar uma parte sem a outra. 
Quem votou hoje pelo impeachment, votou apenas pelo impeachment, não pelo destaque. Não seria possível presumir a inclusão do destaque na primeira parte da votação de hoje. Assim, se alguém quiser impugnar (como Caiado disse que irá fazer), a decisão do impeachment de Dilma fica anulada e outra sessão deveria ser convocada. É mole?
Por fim, é óbvio ululante e não há como negar que a decisão de separar as votações de hoje foi inconstitucional. A leitura do art. 52, parágrafo único do texto constitucional não admite nenhuma outra interpretação, a não ser de que o impeachment leva à cassação dos direitos políticos.
Mas para que Constituição com o Senado que temos? Com os Partidos que temos? Com o STF que temos?
Hoje finalmente houve um golpe no Brasil. E que belo golpe.
Fernando Canhadas é advogado e professor em São Paulo

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Malandramente estamos perdendo nossos jovens

Por Anderson Fernandes

Ontem fui apresentando ao sucesso 'Malandramente', da dupla de MCs Nandinho e Nego Bam. Com menos de dois meses de lançamento do clipe oficial, a música já possui mais de 32 milhões de visualizações na internet. Conheci o hit ao passar em uma escola estadual de São Paulo. Os estudantes estavam dançando freneticamente, agitados, enquanto comemoravam a suspensão das aulas, já que a unidade de ensino estava sem atividades porque alguns professores realizaram uma paralisação no trabalho para reivindicar melhorias.

O que me chama atenção nesta situação, observando um contexto geral, não é o fato de músicas como 'Malandramente' fazerem sucesso, ou a falta de aulas em escolas estaduais, ou os estudantes comemorarem a suspensão das atividades nas unidades de ensino (coisas banais desde a minha infância), mas sim a geração de “jovens superficiais” que está se “levantando”.
  
É uma geração que não sabe falar “por favor”, “obrigado”, “com licença”, sem respeito por regras, que ama e odeia com muita intensidade, que reverencia a imoralidade, e principalmente, e mais grave, que não se preocupa com o futuro. São poucos os nossos jovens “antenados” em formação cultural, educacional e profissional. A grande maioria se empenha mais à veneração dos objetos de marca (tênis, roupa, carro), às personalidades de rede social e as novidades tecnológicas.

Como define bem o psicólogo e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), Raymundo de Lima, “o mundo real e a cultura impressa deixam de ter valor para a geração sem-compromisso porque o mundo virtual ou das imagens é visto como total e suficiente”. E ele completa com extrema sabedoria que “o ato de imaginar uma estória escrita, escrever, ou analisar um texto é visto com um árduo trabalho, daí a recorrência das imagens prontas nas telas onde é possível acompanhá-las e manipulá-las sem esforço algum”.

Ou seja, a geração de “jovens superficiais” precisa levar um “choque de realidade”.  E esse deve ser um compromisso de todos. O sistema de educar – não é papel apenas da escola -, não pode ser neutro, deve ser direcionado. Precisamos mostrar a estas crianças e adolescentes o que realmente é importante, inspirar elas com ações positivas. Se alguns conseguem, malandramente, realizar atividades que prendem a atenção deles, nós também podemos, porém, os direcionando para o caminho correto. Eu vou fazer a minha parte. Até mais, “nós se vê por aí. Nós se vê por aí”.

*Jornalista, autor dos livros Entre Quatro Poderes e Nocaute e criador do projeto Vida Literária.

sábado, 27 de agosto de 2016

Torço para que Dilma examine as causas de sua queda

demétrio magnoli


Presidenta Dilma Rousseff, lembro-me, como todos, de sua promessa de abril: "Se eu perder, estou fora do baralho". A derrota, sabemos, já aconteceu; o Senado apenas a oficializará. Torço para que, "fora do baralho", examine as causas de sua queda.

Não culpe os outros ("golpe das elites") ou as circunstâncias ("crise internacional"). Investigue seus erros, sobretudo um, que interessa ao futuro da convivência democrática no Brasil. Refiro-me ao sectarismo. Mais que às "pedaladas fiscais" ou ao escândalo na Petrobras, sua derrota final deve-se ao sectarismo.

O sectário, no sentido que aqui interessa, é o militante convicto, intolerante, de uma doutrina faccional. No fracasso de sua política econômica encontram-se as raízes do impeachment. Não lhe faltaram alertas: diversos economistas sérios avisaram que o voluntarismo estatal conduziria à inflação, ao déficit, à dívida, à erosão da produtividade e, finalmente, à depressão.

Sua resposta sistemática, e a dos seus, foi rotulá-los como agentes de interesses antipopulares: serviçais das altas finanças ou do imperialismo. Não teria sido apropriado enxergar aqueles economistas "liberais" como brasileiros tão bem-intencionados quanto os economistas "desenvolvimentistas" que a cercavam? Mas o sectário concentra-se nos motivos supostos, não nas ideias, dos que o criticam.

O sectário acalenta certezas fulgurantes, que acabam por cegá-lo: a divergência aparece a seus olhos como traição. Daí, num passo imperceptível, ele cruza o limite que separa o debate legítimo da difamação. Campanhas eleitorais são embates amargos, mas devem curvar-se a certas regras implícitas.

Recordo-lhe a peça publicitária de sua campanha que fazia de Marina Silva uma conspiradora associada aos "banqueiros" numa trama destinada a roubar a comida da mesa dos pobres. O castigo veio a galope, em sua peregrinação até o Bradesco para convidar Joaquim Levy a ocupar o cargo de czar econômico do governo. Sem o estelionato eleitoral, um espetáculo lancinante de desonestidade, não haveria impeachment.

"Meu partido, certo ou errado!". O sectário presta lealdade à sua seita, mesmo à custa da deslealdade com as leis e com o conjunto dos cidadãos. Sua tentativa de transferir para o STF as investigações judiciais sobre Lula, por meio da nomeação do investigado à Casa Civil, definiu seu destino. O mandato terminou ali, quando os brasileiros concluíram que, transformando o Palácio em santuário de um poderoso político às voltas com um juiz, a chefe de Estado rebaixava-se à condição de chefe de facção.

Na saga da resistência ao impeachment, difundiu-se a célebre fotografia da jovem Dilma, em novembro de 1970, perante os juízes de um tribunal militar. A estratégia de marketing, que empolgou seus fiéis, investe numa reiteração (o impeachment como reprodução da perseguição política da ditadura) e numa permanência (a Dilma do presente como extensão da Dilma do passado).

A reiteração é farsesca, pois borra a cisão entre ditadura e democracia. A permanência é verdadeira, num duplo sentido: se a coragem de antes não desapareceu, perenizou-se também a chama sectária inerente aos militantes da luta armada. No fim, a tal fotografia ilumina retrospectivamente sua presidência por um ângulo imprevisto, invisível aos olhos dos marqueteiros.

O sectário atribui significados transcendentais a seus caprichos – e, se puder, impõe obediência geral a eles. A circular que obrigava seus subordinados a usar a palavra "presidenta" jamais serviu à causa dos direitos das mulheres, mas criou uma fronteira de linguagem entre a militância petista e os demais cidadãos.

Nunca a tratei assim, enquanto sua assinatura tinha o peso do poder. Hoje, faço a concessão. Presidenta Dilma, "fora do baralho", esqueça Getúlio Vargas e Jango: pense nos seus erros.

(Transcrito da Folha de S.Paulo)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Eles querem continuar a roubar



Parlamentares querem desfigurar o projeto das 10 medidas anticorrupção de autoria do MPF, segundo o Estadão.

Eles não querem criminalizar o caixa dois, um dos aspectos mais defendidos por Sérgio Moro na sua fala no Congresso; não querem o aumento da pena para crimes de corrupção; não querem que provas consideradas ilícitas sejam consideradas válidas desde que colhidas de boa-fé e não querem a prisão preventiva para recuperar dinheiro desviado.

Basicamente, deputados e senadores querem continuar a roubar sem correr maiores riscos.

(O Antagonista)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Conselho de Ética instaura processo contra Jean Wyllys

Jean Wyllys: na representação, o PSC alega que Wyllys associou os nomes dos deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano ao atentando em uma boate gay em Orlando


O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta quarta-feira (10) processo de quebra de decoro contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Na representação, o PSC alega que Wyllys associou os nomes dos deputados Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP) ao atentando em uma boate gay em Orlando, nos Estados Unidos, em junho.

No post publicado no Facebook em 12 de junho, Wyllys afirma que discursos de ódio de pessoas com projeção podem levar cidadãos comuns a praticar atos de violência.

"Quando criticamos os discursos de ódio dos 'bolsomitos' e 'malafaias' e 'felicianos' e 'euricos' e das 'marisas lobos' e 'ana paulas valadões' da vida e dos legislativo contra gays, lésbicas e transexuais, estamos pensando justamente no quanto o discurso de ódio proferido por essas pessoas - agora em alta porque aliados dos golpistas que tomaram a presidência da República - pode levar pessoas 'de bem' a praticar atos de violência física - assassinatos e agressões físicas - contra membros da comunidade LGBT."

De acordo com o PSC, "o desequilíbrio manifestado" pelas opiniões do deputado do PSOL "incentiva que seus simpatizantes também o façam" e vai contra a responsabilidade de "construir uma sociedade com respeito às divergências".

O presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), sorteou na tarde desta terça-feira a lista tríplice de relatores e vai escolher um nome nos próximos dias. Foram sorteados os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Silas Câmara (PRB-AM) e Capitão Augusto (PR-SP).

Conforme as normas da Câmara, foram excluídos da lista deputados do mesmo partido ou estado que o representado.

A partir da instauração, o colegiado tem 90 dias úteis para concluir a análise do caso.

Procon quer proibir “Pokémon GO” por representar perigo aos consumidores

“O Procon se preocupa com a segurança, saúde e proteção do consumidor. O jogo é um perigo aos consumidores”, disse Tárcio Nóbrega, secretário adjunto do Procon da cidade de Cabedelo, na Grande João Pessoa, Paraíba. Por isso mesmo, o Procon desta cidade paraibana quer proibir o jogo.

A fundação estatal está preparando um banco de dados de notícias onde o jogo foi nocivo aos consumidores e pretende encaminhar uma denúncia ao Ministério Público contra o jogo. 

“O que estamos fazendo é levantando informações dos portais sobre o jogo. Estamos preocupados com os efeitos negativos do jogo. Vêm acontecendo mortes, assaltos, acidentes, então queremos estudar isso para conscientizar as pessoas. Estamos trabalhando e faremos estudos e tentaremos parceria junto ao MP, para ver se podemos intervir nesses casos com uma medida concreta”, afirmou o secretário adjunto.

O diretor do Procon ligado ao Ministério Público, Glauberto Bezerra, informou que a preocupação “merece um estudo mais apropriado, merece análise de dados dos acidentes, do número de pessoas assaltadas” e que o órgão aguardará a preparação de estudos sobre o jogo para se manifestar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Contraste cultural: a imagem que está rodando o mundo

Enquanto a alemã Kira Walkenhorst veste um biquíni, do outro lado da rede está Doaa Elghobashy, atleta de 19 anos que usa hijab e calça em respeito à sua religião (Lucy Nicholson/Reuters)

A imagem de uma egípcia e uma alemã disputando uma bola no vôlei de praia está rodando o mundo pelas redes sociais – graças ao contraste cultural. Enquanto a alemã Kira Walkenhorst, de 26 anos, veste um biquíni, do outro lado da rede está Doaa Elghobashy, atleta de 19 anos que usa hijab (espécie de véu sob a cabeça) e calça leg em respeito à sua religião. Capturada por Lucy Nicholson, da agência de notícias Reuters, a fotografia também registra um feito inédito: essa foi a primeira vez que uma dupla do Egito disputou uma Olimpíada na modalidade.

Militares vão ficar fora da reforma da Previdência

Eliseu Padilha, da Casa Civil, lembrou que as Forças Armadas não têm sistema de Previdência e, portanto, eles não serão incluídos na reforma

Depois da ofensiva feita pelos comandantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército, destacando as peculiaridades da carreira, o Palácio do Planalto anunciou que não vai incluir os militares na proposta de unificação da Previdência, que deve ser encaminhada ao Congresso até o final do ano. Em compensação, estuda ampliar de 30 para 35 anos o tempo de serviço militar para a reserva.

Para justificar a decisão de excluí-los da reforma previdenciária, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que “a Constituição da República garante aos membros das Forças Armadas um benefício, sem contribuição, pois eles estão permanentemente à disposição do Estado, em serviço e após a reserva”.

Padilha lembrou ainda que as Forças Armadas não têm sistema de Previdência e, portanto, eles não serão incluídos na reforma. E explicou que os benefícios que existiam, por exemplo, a pensão para as filhas de militares, “já foram extintos” e os que permaneceram “têm regime de contribuição próprios”.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que não incluir os militares na reforma “é uma questão de reconhecimento do governo, que está vendo o compromisso das Forças Armadas”.

Para ele, “aos militares, cabe uma compensação pelas funções que são obrigados, constitucionalmente, a exercer”. E emendou: “Se unificasse e não continuasse existindo diferenças entre civis e militares, obviamente, você estaria cometendo, de fato, uma injustiça.”

O ministro Jungmann disse que “o assunto foi discutido no governo, que entendeu que, de fato, não cabia esta unificação”. Segundo ele, “se existirem ajustes a serem feitos aqui e ali, a nossa disposição é fazê-los, mas continuando a respeitar as singularidades da carreira”.

Peculiaridades

Os comandantes das três Forças, ao defenderem a manutenção das atuais regras de aposentadoria aos 30 anos de serviço, listam as peculiaridades da carreira, como destacou o ex-chefe do Estado Maior de Defesa, general Rômulo Bini.

Ele lembra que o militar é submetido à dedicação exclusiva e não dispõe de outra fonte de renda. Não tem poupança compulsória como o FGTS, nem remuneração adicional por horas trabalhadas além do seu expediente normal. Também peregrina constantemente pelo território nacional – aí inseridas áreas inóspitas -, o que dificulta a formação de patrimônio que lhe garanta um futuro para si e sua família.

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Segundo Bini, o militar ainda recolhe um “desconto vitalício” do início de sua carreira até sua morte, correspondendo à pensão militar (9% dos vencimentos), e reembolsa os gastos que o Estado concede, como plano de saúde, e moradia.

Além disso, os militares citam as diferenças salariais em relação às demais carreiras do Estado. Alegam que, embora eles estejam sempre prontos para atuação, a qualquer hora, em qualquer lugar, ganham menos, como agora, na Olimpíada, onde um soldado da Força Nacional recebe diária de 550 reais e o do Exército, 30 reais.

O anúncio do ministro Padilha, trouxe alívio às Forças Armadas.