sexta-feira, 28 de março de 2008

Malhar é a saída

Ter barriga avantajada, por volta dos 40 anos de idade, pode quase triplicar o risco de desenvolver mal de Alzheimer e outros tipos de demência aos 70 anos.

O susto aos barrigudos é dado por um estudo realizado nos Estados Unidos.

Os pesquisadores monitoraram, ao longo de uma média de 36 anos, 6.583 pessoas com idades entre 40 e 45 anos, do norte do Estado da Califórnia, e registraram suas medidas do abdômen.

Ao chegar aos 70 anos, quase 16% dos participantes receberam um diagnóstico de demência.

O estudo constatou que quem tinha um abdômen mais avantajado tinha uma probabilidade quase três vezes maior de desenvolver doenças deste tipo do que os que tinham pouca gordura abdominal.

Tirando onda...

Lula realmente exagerou na dose ao “brincar” com o presidente dos EUA:

"O Brasil tem know-how para salvar bancos. Tem o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). Se os americanos precisarem, podemos mandar tecnologia".

Empolgado com os indicadores da economia brasileira, dentre os quais a expansão do crédito e do consumo, Lula ainda comparou o Bolsa Família ao milagre da multiplicação dos pães.

Se tomar mais uma dose, vai se comparar a Jesus Cristo... (Alerta Total, de hoje)

Somos todos Macunaíma

Francisco Espiridião

"Tudo vai num descalabro sem comedimento, estamos corroídos pelo morbo e pelos miriápodes!".

Calma! Não se precipitem. A frase que abre esta crônica está sim, escrita em bom português. Aliás, bom até demais. Tão bom, a ponto de se justificar um certo "frisson" com relação a que se faça, e logo, a sua tradução. É isso que passo a fazer agora.

Trata-se de um fragmento de texto pinçado da "Carta pras Icamiabas", inserto no Capítulo IX da obra-prima de Mário de Andrade, "Macunaíma - O herói sem nenhum caráter", escrita em 1928.

Nascido no "fundo do mato virgem" (cafundós de Roraima), Macunaíma (cá para nós, Macunaima) despede-se de suas súditas, as Icamiabas. Deixa sua terra, triste que estava com a morte de sua amada Ci, a "Mãe do Mato", com quem se envolveu em "calientes" idílios, nascendo daí um curumim, que morre após mamar um único peito de Ci.

Nessa retirada sem rumo, Macunaíma encontra Capei, um "monstro fantástico", que abria a goela e soltava uma nuvem de marimbondos. Em luta renhida contra Capei, Macunaíma perde seu talismã.

Descobre mais tarde que sua pedra predileta havia sido engolida por uma tartaruga que fora apanhada por um mariscador e a vendera para um rico fazendeiro chamado Venceslau Pietro Pietra, dono de uma mansão em São Paulo. É para lá que o nosso herói se dirige, a fim de reaver seu precioso bem.

Em lá chegando, descobre aquele mundão novo e completamente louco. Louco e grande. De frios prédios espichados rumo ao céu, separados por estreitas ruelas. Escondendo em suas entranhas a prática constante de amores pecaminosos.

Então, resolve relatar tudo às suas súditas por aqui deixadas, as Icamiabas. É quando tece a frase que abre estes escritos, falando de um local nada diferente do Brasil de hoje, onde a dengue, a febre amarela, entre outras, representam cabalmente o "morbo" (estado patológico, doença, segundo o Aurélio).

Os miriápodes (embuás e lacraias) podem muito bem representar a classe política - honrosas exceções -, encarnada na falta de sinceridade com as palavras, fato em que o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, é useiro e vezeiro. Veja-se suas rasgadas verborragias.

A mais nova, vociferada esta semana: "As elites 'derrubaram' Severino Cavalcanti da Presidência da Câmara Federal". Não se sabe a quem Lula quis enganar, desta vez.

Na verdade, Cavalcanti renunciou à Presidência daquela Casa, acuado pela comprovação de que recebia havia muito o "mensalinho", pago coercitivamente pelo dono de um restaurante do Congresso.

Ou pela falta de sinceridade nas ações, representada pelo "roubo" do texto de um projeto de Lei apresentado por um deputado na Câmara, ano passado, e transformá-lo, ipsis literis, em Medida Provisória, sem trocar nem as vírgulas. O caso da MP assinada nesta terça-feira, que autoriza a regularização de terras na Amazônia de até 1.500 hectares.

Infelizmente, nós, brasileiros, somos todos Macunaíma, heróis sem nenhum caráter. A começar por Sua Excelência, o nosso Presidente.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Valsinha

Vinicius de Moraes - Chico Buarque/1970

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

quarta-feira, 26 de março de 2008

Bom senso

Pelo andar da carruagem, Iradilson Sampaio deve disputar a reeleição à Prefeitura de Boa Vista de braços dados com o grupo chamado "da terra". Jucá pode mesmo deixar-lhe na chuva.

O novo grupo é composto por políticos que, apesar de bem votados, não encontram guarida sob o guarda-chuva do Palácio Senador Hélio Campos.

O deputado federal Neudo Campos (PP) e o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) são os principais nomes dessa, digamos, via alternativa.

Por fora, vale ressaltar o cacife do "Mestre". Sob análise sumária, o eleitor tasca-lhe dois importantes e otimistas adjetivos: trabalhador e honesto. E isso, diga-se, não é pouca coisa, não.

Queda de produção

A Petrobrás deixa de exportar maior quantidade de petróleo no momento em que a commodity está em alta.

As exportações brasileiras de petróleo despencaram 48,6% em janeiro último em relação ao mesmo período de 2007, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A queda reflete a fraca produção da Petrobras, que recuou no primeiro mês do ano e também em fevereiro, quando caiu de 1,826 milhão de barris por dia, em janeiro, para 1,821 milhão de barris/dia em fevereiro. (Alerta Total, de ontem).

Chateação à vista

Deve render uma ação cível pública contra a União e o EB, o inusitado fato de o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, ter impedido o General do Exército Eliéser Girão Monteiro de participar da Assembléia dos Tuxauas, realizada no Surumu, na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Unger justificou o veto ao General como “uma determinação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, corroborada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro”.

Mas pior que o veto, presenciado pelos deputados federais Marcio Junqueira e Chico Rodrigues, foi a reação pacífica do barrado, que é comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (em Roraima):

"Quero que fique registrado que estou chateado com toda essa situação, pois onde há necessidade da segurança nacional, o Exército sempre se fará presente".

terça-feira, 25 de março de 2008

Será???

O líder do Governo no Senado, Romero Jucá, assegura que o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, vem mesmo a Boa Vista. Provavelmente no mês de maio.

É bom não apostar nessa proposta.

Afinal, nestes quase seis anos de governo, Lula já veio inúmeras vezes ao Amazonas, localizado bem ali, na nossa biqueira, e não se deu ao trabalho de ultrapassar o Alalaú rumo ao Norte.

É esperar para ver.

domingo, 23 de março de 2008

Desistindo da farda

A cada três dias um Oficial pede para sair do Exército Brasileiro.

Pelo menos 23 capitães ou tenentes abandonaram o EB por terem sido nomeados e investidos em cargos públicos permanentes, para os quais prestaram concursos públicos.

O Comando do Exército já assiste a um enxugamento natural de seus quadros, porque a carreira militar vai se tornando desinteressante econômica e profissionalmente (Alertatotal, de ontem).

Rezar é preciso

Oficiais da reserva das Forças Armadas prometem muitas orações para os atuais comandantes militares e para o atual governo, no próximo dia 31.

Eles foram proibidos de agendar uma missa na capela do Oratório do Soldado, que fica em frente ao Batalhão da Guarda Presidencial, no Setor Militar Urbano de Brasília.

Mas prometem rezar bastante na Igreja do Perpétuo Socorro, no Lago Sul, para celebrar o dia 31 de março de 1964. (Alertatotal, de ontem)

sábado, 22 de março de 2008

Esperar para ver

O Governo Federal perdeu a guerra pela cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Contribuição Financeira) em dezembro de 2007. Desde janeiro que ela não é cobrada.

Isso significa mais dinheiro no caixa do comércio e prestadores de serviço.

Era de se esperar que houvesse um repasse de tais ganhos para os consumidores. Mas não foi isso o que se viu.

As mercadorias continuam com os mesmos preços vigentes em tempos da dita cuja, quando não mais aviltados ainda.

Será que não vai acontecer a mesma coisa com a entrada em funcionamento da ALC (Área de Livre Comércio), que libera os comerciantes de outros importantes impostos?

“Causos” da Província

Pelo muito que foi anunciado, prefiro acreditar que a Procuradora-geral do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Gilda Diniz dos Santos, esteja engolindo mosca.

Não se pode conceber que tudo não tenha passado de uma farsa com relação à questão da transferência das terras da União para o Estado. Chegou-se até a fixar um prazo: 90 dias.

A história, de tão verossímil que era, ganhou na mídia vários pais (políticos, por certo). Alguns mais aguerridos, tentaram desqualificar os demais pseudo-genitores da idéia.

Coisas da Makuxiland, como diria Shirley Rodrigues.

Deu chabu

É muita ingenuidade acreditar que possa ter sucesso um boicote imposto goela abaixo ao consumidor roraimense quanto à compra de produtos em Santa Elena de Uiarém, na Venezuela.

Mesmo gastando combustível caro na ida, os preços de lá são infinitamente mais competitivos que os de Boa Vista. De cara, se vê logo que isso é uma canoa furada.

Do jeito que está difícil ganhar o suado dinheiro por estas bandas, quem pode não pensa duas vezes se vai lá ou prefere ser achacado pelos impostos aqui.

É elementar, meu caro Watson.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Surpresa boa

É. Confesso que foi mesmo uma boa surpresa abrir o meu perfil e descobrir que ele já foi acessado por 173 pessoas.

Isso significa que 173 pessoas tiveram a curiosidade de ver quem é este escriba.

Se 173 pessoas abriram o perfil, acredito que muito mais que isso chegaram a acessar o blog e ler o que por aqui tenho postado.

Só me resta agradecer a bondade de cada um de vocês. E desejar, sinceramente, que Deus os abençoe!

Em tempo

Vi que o perfil continha um erro imperdoável.

Estava lá que minha área de atuação é a Agricultura. Engano que não sei como ocorreu.

Na verdade, sou jornalista. A correção devida já foi feita.

Se fosse de morrer...

Em determinado dia do ano passado, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva disse que a saúde do Brasil estava próxima à dos países do Primeiro Mundo. O que faltou esclarecer foi a que tipo de saúde e a quais pacientes estava ele se referindo. Talvez aos que fazem parte de uma pequena “casta” que, de tão pequena, não representa o povo brasileiro.

Ela existe, para espanto de qualquer desavisado. Em alguns ministérios, os servidores contam com recursos públicos destinados no próprio Orçamento, pasmem, para o pagamento de planos de saúde privados e realmente eficientes e eficazes. Não quaisquer planos de saúde. Eu disse: eficientes e eficazes.

Para esses brasileiros, mais brasileiros que os demais, a saúde está realmente se equiparando à do Primeiro Mundo. Já para os demais, sobra aquela, semelhante à de países como Haiti e tantos outros, onde democracia é palavra alheia ao sentimento coletivo, e o que menos importa é o ser humano.

Alguém duvida? Veja, então, um resumo do que tem ocorrido no Brasil nestes últimos dias: médicos e auxiliares entram em greve em vários Estados (em especial no Nordeste); hospitais fecham as portas por falta de recursos financeiros; pessoas morrem nas filas de atendimento médico Brasil afora; doentes jogados ao chão dos corredores de hospitais e ambulatórios, sofrendo suas dores sem que nenhum socorro os alcance; ameaça de epidemia de febre-amarela agravada pela falta de vacina em vários pontos do País; epidemia declarada de dengue no Rio de Janeiro e ameaça de se tornar realidade em vários outros Estados (a manchete do UOL de hoje à noite é: “Rio tem um caso de dengue a cada minuto”); doentes que precisam ser atendidos com urgência têm suas consultas marcadas e remarcadas para meses e meses à frente, entre outras mazelas.

E em Roraima? Engana-se quem pensa que somos uma ilha e que passamos ao largo de todas essas dificuldades. O que nos falta é alguém disposto a alardear a dura realidade.

Há quase três meses, procurei o Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI), da Secretaria Estadual da Saúde, ali na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes. Buscava a possibilidade de realizar um exame estranho, chamado cateterismo.

Exame de esteira constatou que sofro de isquemia. Dependendo do resultado do cateterismo, terei ou não de me submeter a uma angioplastia (no popular, desentupimento de artérias do coração), sob pena de sofrer infarto. A angioplastia ainda não é realizada em Boa Vista.

Dei entrada no pedido do cateterismo no CDI, em janeiro. A promessa era que em fevereiro – sem dia marcado – um médico de Brasília estaria em Boa Vista para realizar o exame. Não precisava me preocupar. Iria ser informado com antecedência, por telefone, disse-me a atendente.

Eu acreditei. No entanto, passou o Carnaval, e nada. Passou o dia que caracteriza o ano bissexto, e nada. Como dizem que quem precisa é quem se estira, fui até lá saber por que não me chamaram.

Aí me foi dada a notícia real, dura, na bucha: o médico veio, mas não foi possível atender os pacientes – muitos na fila. Umas borrachinhas da máquina se quebraram e, por se tratar de equipamento antigo, não foram encontradas para reposição nem em Manaus nem em São Paulo.

Sugestão da atendente:

- Se o senhor tiver recursos, procure fazer isso em Manaus, lá existem tanto equipamentos como bons profissionais.

Moral da história: se fosse caso de morrer, vocês não estariam lendo estas lamúrias. Tem nada não. Vou seguir a sugestão da atendente. Vou fazer o tal exame em Manaus. Via plano de saúde. A Karen já está mantendo os contatos telefônicos. Aliás, aqui vai – e de graça – um depoimento de usuário satisfeito: a Unimed faz a diferença.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Direitos caninos

A partir desta quinta-feira (20) está terminantemente proibido o corte das orelhas dos cachorros e das unhas dos gatos. No caso do melhor amigo do homem, é feito por questão de estética.

A decisão consta de uma resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), publicada no Diário Oficial da União.

Fica também proibida a retirada das cordas vocais de cachorros que, de tanto latir, incomodam não só os donos, como toda a vizinhança. Especialmente à noite.

Os veterinários que não cumprirem as determinações do CFMV estão sujeitos a processo no Conselho de Ética e multa.

A resolução torna também “não-recomendado” o corte do rabo (alguns ciosos costumam chamar de cauda). Do da Bolinha, coitadainha, não deixaram nem o endereço.

Orar

Frei Betto

Orar é entrar em sintonia com Deus. Há muitas maneiras de fazê-lo, e não se pode dizer que esta é melhor que aquela. Há orações individuais ou coletivas, baseadas em fórmulas ou espontâneas, cantadas ou recitadas. Os salmos, por exemplo, são orações poéticas, das quais cerca de cem expressam lamentação e/ou denúncia, e cinqüenta, louvor.

Orar é entrar em relação de amor. Como ocorre entre um casal, há níveis de aprofundamento entre o fiel e Deus. Uns oram como o namorado que fala demais no ouvido da namorada. Como se Deus fosse surdo e burro.

Jesus sugeriu não multiplicar as palavras. Deus conhece os nossos anseios e necessidades. O próprio Jesus, narra o Evangelho, gostava de retirar-se para lugares ermos para entrar em oração. “Jesus foi para a montanha a fim de orar. E passou toda a noite em oração a Deus”.

Na oração, é preciso entregar-se a Deus. Deixar que ele ore em nós. Se temos resistência à oração é porque, muitas vezes, tememos a exigência de conversão que ela encerra. Parar diante de Deus é parar diante de si mesmo. Como num espelho, ao orar, vemos o nosso verdadeiro perfil — dobras do egoísmo realçadas, mágoas acumuladas, inveja entranhada, apegos enrijecidos.

Orar é deixar-se amar por Deus. É deixar o silêncio de Deus ressoar em nosso espírito. É permitir que ele faça morada em nós. Centrado em Deus, o orante descentra-se nos outros, e imprime à sua vida a felicidade de amar porque se sabe amado.

Efetivo da PM, sugestão válida

O comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) vai mandar de volta às ruas todos os policiais que estão enfrentando memorandos em vez de marginais.

A idéia é substituir a tropa que hoje cumpre funções burocráticas nos quartéis por policiais da reserva. Na primeira fase do projeto serão 600 contratações. Os policiais da reserva receberão uma gratificação de um terço de seus atuais vencimentos.

Essa medida faz parte do pacote de propostas para oxigenar a PM, enviado semana passada à Assembléia Legislativa carioca.

Falando em Roraima, até que a idéia não seria de todo descartável. Não tenho os números exatos, mas acredito que a PM macuxi não deve contar hoje com mais de 1.400 homens (e mulheres) na ativa.

Desses, muitos executam serviço burocrático interno, outros estão de férias, em licença médica e outros afastamentos temporários.

Considerando-se também o número de PMs no interior do Estado, o que resta é muito pouco para suprir a demanda do policiamento da Capital.

quarta-feira, 19 de março de 2008

História mal contada

Que o Presidente Lula é preocupado com aqueles que passam fome, disso não se pode ter dúvida. Está aí o Bolsa Família, que, queira ou não, tem posto comida no prato de muita gente que há muito não sabia o que era uma refeição digna.

Há de se levar em conta, no entanto, a dimensão dessa preocupação. Quem se beneficia de forma ordeira do Bolsa Família deve saber que o programa é assistencialista, e ponto.

Não tem nada de perenidade. Se amanhã o Lula sair do Governo e outro qualquer que assumi-lo decidir acabar com a Bolsa-Esmola, digo, Bolsa Família, todos os beneficiados de hoje com o prato de comida de cada dia estarão de volta à lona.

Em outras palavras, o Bolsa... não concede aos miseráveis de hoje nenhuma certeza no amanhã.

Nem podia ser diferente. Afinal, todos sabemos que o Governo Lula é sectário, dado à corrupção deslavada.

Mentiras, então, nem se fala. A última é o aumento concedido a 800 mil servidores federais.

Muitos "barnabés" ficaram eufóricos com a notícia alardeada semana passada. Decepção geral. A coisa não é o que parece ser.

Faltou ao Ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, esclarecer que os aumentos não têm nada de novo.

São resgates da palavra empenhada lá atrás. Todos os servidores que serão contemplados com os reajustes, fizeram por merecê-los.

Ou seja, é fruto de briga. E muita briga. Greves, protestos etc. e tal. Na ocasião o governo acedeu aos pleitos. Mas não passou de vitória de pirro para os manifestantes. Lula não honrou os compromissos assumidos.

Agora, às vésperas das eleições de outubro, parece um bom momento para fazer proselitismo com os recursos públicos.

E o empertigado Willian Bonner fala com toda a autoridade:

– O Governo vai conceder aumento para 800 mil funcionários públicos.

Só não disse que a história, de mal contada, merece um quê de desconfiança.

Nó de porco

É certo que, em política, as coisas são mais voláteis que a posição das nuvens. Principalmente com o modelo partidário em curso, onde fidelidade é artigo em falta no mercado.

Mas, que o quadro que se desenha é sombrio e preocupante, lá isso é.

Todos sabem que o candidato declarado (eu disse declarado, não do coração) a prefeito de Boa Vista do governador Anchieta Júnior é o deputado federal Luciano Castro (PR).

Trata-se de acerto antigo, alinhavado não por ele, mas herdado do saudoso Ottomar Pinto. Se será cumprido, aí vão outros quinhentos.

O senador Romero Jucá (PMDB) jura de pés juntos que uma possível união entre o seu sólido grupo e o do governador Anchieta Júnior passa ao largo das eleições deste ano.

Idéia, aliás, que parece improvável. Mas, digamos que isso seja possível. O panorama real mostra hoje um Iradilson Sampaio fortalecido. Vai disputar a reeleição. E, no atual quadro, com reais chances de vitória. Na Capital, seu nome tem aclamação geral, especialmente pelo trabalho que vem executando.

Há de se considerar, no entanto, a possibilidade de uma pedra no meio do caminho. Pedra em forma de um racha por conta da união Jucá - Anchieta, recheada pela birra deste último, em bater o pé para manter o acordo costurado pelo antigo e saudoso chefe.

Divorciado do seu quase-perpétuo grupo político (Jucá à frente), Iradilson manteria todo esse gás? É um caso a pensar.

Recuemos às primeiras idéias desta nota. A volatilidade das nuvens é pouco para expressar todo esse emaranhado de situações. Lembremos, então, que em política até boi voa – axioma plantado por Hélio Gueiros, do Pará, e bem cultivado ao longo dos tempos por Ottomar.

Diante de tudo isso, uma mosca continua zumbindo nos meus ouvidos: que proveito teria um casamento Jucá - Anchieta nessas condições? Isto é, fazendo de contas que outubro de 2008 não existe, e tendo como alvo apenas o não tão longínquo, por assim dizer, 2010?

Outra perguntinha safadinha: se ela acontecer, como vai se arranjar o grupo governista para acomodar os interesses internos, que, diga-se, não são poucos?

Jucá estaria pronto a jogar aos leões o antigo aliado e se converter feito cristão novo ao grupo helio-campense? Haveria alguma chance da correlação de forças, nesse caso, ser inversa? Ih, chega!

Muita água ainda deve rolar debaixo da ponte até que se conheça realmente o curso desse rio. Quem viver verá!

terça-feira, 18 de março de 2008

Habemus chocolate

Francisco Espiridião

Pode faltar ovos de páscoa no mercado local. De tão bombástica, a notícia mereceu destaque na imprensa neste início de semana. Sem qualquer sombra de dúvida, Roraima não será o mesmo (há quem diga “será a mesma”, eu discordo) sem ovos de páscoa.

Essa, digamos, imperdoável falha para o setor alimentício tem lá suas razões. Não se alardeie aos quatro ventos que o disparate seja conseqüência de relaxamento esplendoroso ou mesmo pequeno descaso da parte de nossos representantes comerciais. Nada disso.

O que houve, isso sim, foi uma desconfiança do setor produtivo, aquele que mora a milhares de quilômetros da Capital macuxi. Segundo informações advindas de comerciantes responsáveis pelo abastecimento cá entre nós, as fábricas localizadas no Centro-Sul do País encolheram a produção em pelo menos 40 por cento.

A justificativa dos fabricantes para tamanha parcimônia é que eles não conseguiram montar um parque produtivo capaz de suprir a demanda. Foram incompetentes. Faltaram máquinas e equipamentos.

Uma falta grave, gravíssima, que só demonstra o quanto esses empresários do Sudeste são insensíveis. Em nenhum momento pensaram no transtorno que causariam ao povo boa-vistense.

Onde já se viu uma coisa dessas! Deixar o roraimense sem ovos de páscoa exatamente na Páscoa. Não tem macuxi que agüente uma desfeita dessas, ora pois.

Mas esperemos um pouco. Tal como no complexo de Pollyana, há de se olhar essa questão por outro ângulo. E se ela estiver eivada de controvérsia? Aí a coisa muda de figura. Vejamos, portanto, com outros olhos (de quem, não me perguntem). Se por um lado, é mau, de outro pode ter seu ponto positivo.

Afinal, ela abriu oportunidade para os fabricantes autóctones. Uma família, segundo o relato da imprensa local, pretende vender algo entre 5 mil e 7 mil unidades. Todas de fabricação própria. Menos mal.

Os recursos aplicados na fabricação de tão imprescindível alimento vão, enfim, circular dentro do Estado, gerando emprego e renda. Entre mortos e feridos, estamos todos salvos da grande hecatombe.

Habemus chocolate!

domingo, 16 de março de 2008

Não temos democracia econômica, diz Frei Betto

Frei Betto foi um dos influentes no Governo no início do primeiro mandato de Lula. Foi assessor especial da Presidência e coordenador de mobilização social para o Fome Zero.

Decepcionado com os rumos que o Governo Lula tomara a partir de seu início, Frei Betto abdicou das funções ao término do segundo ano. A seguir, alguns pontos de sua entrevista concedida ao Uol neste fim de semana:

“O governo combate, de fato, a miséria, mas não a desigualdade social, pois teme mexer nas estruturas arcaicas do país e desagradar os que se enriquecem graças à injustiça estrutural”.

“Só se pode caminhar com as próprias pernas quando se vive num país cujas estruturas sócio-econômicas não produzem tanta desigualdade e, portanto, oferecem à maioria acesso razoavelmente igualitário aos direitos de cidadania".

"O povo brasileiro, em sua maioria, jamais "caminhará com as próprias pernas", sem ter que apelar ao poder público, às instituições filantrópicas, ao trabalho informal, à contravenção como o narcotráfico, enquanto não houver aqui reforma agrária e leis que, de um lado, impeçam que se criem as condições de miséria e, de outro, o enriquecimento abusivo. Não temos ainda democracia econômica”.

sábado, 15 de março de 2008

Notícias do Front



Curso de Soldados Bombeiros Militares de Roraima


O dia-a-dia é puxado, não se pode negar. Mas é uma experiência fantástica que esse pessoal está vivendo. Coisa para guardar na memória para a posteridade.

A cada dia é uma novidade. Mesmo que se queira, ali é impossível se reclamar de rotina. A Sd2 (aluna) BM Fábia nos relata cada episódio, digno de filme de suspense.

Aqui na foto, ela, a aluna mais bonita da turma, a Fábia, é claro, brinca na aula de nós (aliás, lá tem nó para todos os gostos) com a colega Paiva, que também é uma gracinha, não é mesmo, Coronel Vasco? (Para quem não sabe, o Coronel Vasco é o pai da Sd2 BM Paiva).

Na foto menor, da esquerda para a direita, a Fábia, a Katieliny e a Paiva.

Entre um "rala" e outro, dois raros momentos de descontração.

Fica aqui o nosso incentivo para que, não só elas, mas todos que estão nessa batalha, prossigam rumo aos ideais, proferindo sempre o heróico brado que caracteriza a Corporação:

VIDAS ALHEIAS, RIQUEZAS SALVAR!

Festa do arromba

O vilão chamado escândalo sexual derrubou mais um nos Estados Unidos. Pressionado pela mídia, o governador de Nova York Eliot Spitzer entregou os pontos na quarta-feira passada.

No Brasil, somos mais avançadinhos. Esse negócio de escândalo sexual não cola. Taí o Renan Calheiros. Ele que o diga.

Não conseguiu provar coisa nenhuma em seu favor, mas continua leve e fagueiro. Agora já é até convidado especial para solenidades comandadas pelo Palácio do Planalto...

Errando o alvo


Falando para este Blog sobre a polêmica do momento, o senador Romero Jucá (PMDB) disse que o senador Mozarildo Cavalcanti (foto) não deve ter qualquer receio dele, e sim do governador Anchieta Júnior.

- Politicamente falando, o adversário de Mozarildo não sou eu – disse Jucá.

E tem sentido. Daqui a pouco mais de dois anos, em 2010, Jucá estará disputando uma provável volta ao Senado, enquanto Mozarildo assistirá todo o processo de camarote. Tem mandato até 2014.

Em 2014 é que a onça bebe água. Terá que disputar sua vaguinha no Senado com o hoje governador, que, por certo, vai se desincompatibilizar no prazo daterminado pela Lei.

Se Anchieta fizer um bom trabalho até lá, sem que nenhum escândalo lhe macule a imagem, Mozarildo estará mesmo na corda bamba.

Portanto, Mozarildo hoje atira no alvo errado.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Casamento à vista

Desde ontem fervilha no Estado a história do enlace político do casal Jucá com o governador Anchieta Júnior. Por fora, roendo-se de ciúmes, o senador Mozarildo Cavalcanti.

Aí tem! Se nós gostamos de Roraima, esse casamento deveria ser feito sob as bênçãos de todos. E correndo. Subtraindo-se, é claro, a idéia esdrúxula de colocar outro qualquer candidato a prefeito, que não Iradilson Sampaio.

Afinal, o senador peemedebista está ali, ó. Bem no meio do centro nevrálgico do Poder. Isso, queiramos ou não, é algo a ser considerado.

Basta ver o volume de recursos que chega ao Estado, via Prefeitura de Boa Vista.

E não se diga que é pelos belos olhos de Roraima, já que o destrambelhado Lula pouco está se lixando para este Brasil Equador acima.

O caminho para o nosso desenvolvimento é mesmo uma conjugação de esforços entre políticos que queiram agregar e não espalhar.

Com todo respeito que tenho por sua pessoa, Senador Mozarildo, entendo que nesse momento os egos devem ser postos de lado. Estamos falando, afinal, da sobrevivência de Roraima.

Bom lembrar também o trabalho que está sendo feito pelo Município. Trocar Iradilson Sampaio por outro, é um tanto temerário. Já se disse que em time que está ganhando não se mexe.

Não nos esqueçamos que havia até bem pouco tempo, o lixo se acumulava em nossas portas. Coisa que hoje não se vê mais.

Há problemas? Sim, claro. Mas a atual administração está buscando a solução. E cacife para tanto, não lhe falta.

quinta-feira, 13 de março de 2008

É...

Francisco Espiridião

Sete e meia da noite. Entro meio a contragosto. Cumpri-mento a todos com um “boa noite” não tão convicto. Como é que a gente pode desejar boa noite a alguém num lugar desses? Tem nada, não. Todos respondem com o mesmo desinteresse. Empate técnico.

Sento-me numa cadeira. Modo de dizer. Banco, mesmo. Dos compridos. Recoberto por estofamento. Mas não deixa de ser banco. A fila é grande. Acocha daqui, afasta de lá, com mui-to malabarismo consigo acomodar meus 105 quilos.

Tento esquecer a razão de estar ali. Até que o local convida a esse exercício de alheamento. São revistas de várias espécies. Desde aquelas que metem o nariz na vida dos outros – de pre-ferência dos artistas –, até às mais sérias, tipo Isto-É Dinheiro.

A TV abre um lapso em sua competente missão de bestiali-zar o telespectador para transmitir as mazelas humanas. O de mexas brancas em forma de topete anuncia em tom professo-ral: “Menino de 13 anos metralha escola nos Estados Unidos: cinco mortos, 150 feridos”.

Cabelos chapeados pega a deixa: “Ciclone devasta a costa norte dos Estados Unidos, gerando uma multidão de desabri-gados”. E mais: “A CPMI dos Cartões Corporativos vai investi-gar e pôr na cadeia meio mundo” (bom acreditar para não ga-nhar uma úlcera).

Mesmo assim, volto a pôr os pés no chão. Revista, locutor de vozeirão etc. e tal. Tudo perde o sentido. Pego-me a matutar sobre a razão de tanta gente ali. Cada um na sua, é claro. Ao mesmo tempo, no entanto, todos envolvidos numa catarse.

Paciência é a palavra de ordem. Ainda preciso ver passar o BBB-8 para que chegue a minha vez. A fila anda. Devagar, mas anda. Meus companheiros de banco entram e saem. Um a um. Uns solitários, outros acompanhados.

Entram, demoram de 10 a 15 minutos. Ao saírem, se não precisam mais conversar com a recepcionista, menos mal. Mesmo assim, exalam ar de quem sobreviveu a um incêndio de grandes proporções. Chamuscados.

Outros, mais desconsolados ainda, fazem uma força sobre-natural para entregar nas mãos da dita-cuja três oncinhas.

Olho de soslaio o meu companheiro da direita. Parece ner-voso. Nas mãos, sugestiva pasta. Uma papelada e tanto. Que nem a minha. Será que ele me imita, ou sou eu a seguir-lhe os passos?

– Por favor, seu Arquibaldo, é a sua vez.

– Anh? Sou eu? É... Seja o que Deus quiser!

– Com licença, doutor! Boa noite!

– Senta aí, Arquibaldo.

Todo íntimo, tentando quebrar o gelo. E eu, nervoso, como sempre.

– Vamos ver como estão esses exames... Ih, você está óti-mo. Só precisa fazer um cateterismo. Coisinha à toa.

– É... Coisinha besta mesmo.

Liberdade religiosa na aldeia

Convencionou-se estabelecer polêmica sobre a atuação das igrejas evangélicas junto a aldeias indígenas. Diz-se que esse contato vilipendia (despreza, avilta), a cultura indígena.

Sabemos, no entanto, que as razões são outras. Busca-se deixar o índio isolado o quanto puder, para usá-los como massa de manobra.

ONGs (organizações não governamentais) estrangeiras são useiras e vezeiras nessa prática.

A liberdade religiosa é um dos direitos humanos fundamentais. Proteger essa liberdade significa proteger algo comum a todos os seres humanos.

Como a santidade da consciência em termos de verdade final, cultos, rituais e códigos de comportamento.

Este direito não foi criado pelos governos, mas existe desde antes dos governos e das sociedades.

"Todos os homens têm direito à dignidade e à consciência". Pensemos nisso.

terça-feira, 11 de março de 2008

Algo está fora da ordem II

É impressionante como o processo que visa aniquilar as Forças Armadas nas nações da Ibero-América tem curso acelerado no Brasil (O Complô, EIR, RJ, 2000}.

Começou muito antes, de forma velada. Mas no governo FHC, a coisa começou a se mostrar escancarada. Foi aí que os militares brasileiros perderam o direito de reger seus destinos.

Estabeleceu-se o Ministério da Defesa, diminuindo a importância das três Forças. De "ministros", passaram a simples "comandantes", desvestidos de autonomia.

O resultado é o sucateamento de todas elas. Já chegou a faltar até recursos para a alimentação da tropa.

A Marinha está sem qualquer poder de mobilização. Na Aeronáutica, os aviões Hércules C-130 estão completamente sucateados e sem condições de vôo. A falta de verbas impede a manutenção.

As reclamações, nos bastidores, vêm do próprio Comandante da FAB, Juniti Saito. Ele alega que nem tem mísseis para disparar em treinamentos – que dirá em uma operação real.

No Exército, a situação também não é diferente. No Rio, as instalações de um batalhão, aos pedaços, foram alugadas para a iniciativa privada, para angariar recursos necessários à sobrevivência.

A coisa está feia. Isso, sem falar nos salários. Depauperados.

Enquanto isso, o presidente flana em números astronômicos de aprovação.

Como entender um negócio desses...

Algo está fora da ordem

Não sei não, mas soou um tanto estranho, estranhíssimo, a decisão de impedir o direto constituconal do livre ir e vir de um militar de alta patente dentro do território nacional.

Logo um militar, integrante das Forças Armadas, instituição perene, que tem como função a defesa da integridade nacional e de sua soberania.

A desmoralização do Exército e de todas as Forças Armadas Brasileiras é algo que parece muito perigoso.

Esse processo pode descambar em anarquia. Na falência múltipla das instituições maiores do país.

É bom lembrar que, se o país hoje não é uma Cuba, uma Romênia, devemos isso às Forças Armadas.

Creio mesmo que os militares não devem ocupar cargos de direção. Isso deve ficar nas mãos de civis. Com o respaldo da população (o voto direto).

Mas, desmoralizar as Forças Armadas, que são o sustentáculo da soberania nacional, é erro gravíssimo. Faca de dois gumes. Não seria bom para ninguém.

Parece estranho. Muito estranho.

Aproveito aqui para plagiar Caetano:

Algo está fora da ordem!

sábado, 8 de março de 2008

Vida de plástico

Francisco Espiridião

Quando fui lavar a louça do café da manhã de hoje - e a remanescente do jantar de ontem -, notei que a esponja estava um tanto caída. Joguei-a fora e fui à despensa pegar uma nova.

Ao ter a dita nas mãos, veio-me um questionamento que só passa pela cabeça de quem não tem o que fazer: por que a esponja vem em invólucro de plástico? Ih, pior ainda. Por que a própria esponja tem de ser de plástico?

Olhei em redor. Vários objetos de plástico. Tudo é de plástico. Até o banquinho que uso para ficar em condição cômoda enquanto arrumo as coisas no armário da despensa é de plástico. Tudo descartável.

E as cadeiras, quem diria, todas de plástico. Como tenho massa corporal um tanto avantajada (não me chamem de gordo!), de vez em quando uma perde as pernas. E eu, é claro, me estatelo no chão.

Tudo culpa de “Sir” Alexandre Pakers, o inglês que iniciou os estudos com o nitrato de celulosa, um tipo de resina que ganhou o nome de "Parkesina", ainda na segunda metade do século XIX (que delícia é o Google!).

O plástico, tal como hoje conhecemos, só vai se popularizar a partir dos anos 60 do século passado. Na minha infância - e lá se vão mais de 10 anos -, a novidade não era chamada de plástico. Tinha o nome pomposo de “matéria plástica”.

– De que é feito isso aí, menino?

– De matéria plástica.

E eram raros os objetos confeccionados em matéria plástica. Se alguém dissesse que um carro continha matéria plástica em seus componentes era o fim do mundo.

– Como pode? Isso não é verdade!

Pode sim. Hoje, não é mais conveniente falar em lataria de carros. E sim, em “plasticaria”. (Sim, eu sei que essa palavra não existe como substantivo, mas me dou o direito de criar o neologismo. Magri não criou o “imexível”?).

Naquele tempo, os carros eram feitos de chapas de ferro. Taí o J. Pavanni, que não me deixa mentir. Calma! O Pavanni não tem a mesma idade que eu. É um garotão. É que ele é dono de uma relíquia que é ferro puro. O invejável Jipão Willys, do tempo da guerra. Dinheiro grande e vivo nas mãos.

Antes, era comum passar em nossa porta um mascate comprando “cascos” vazios. Explico: garrafas de refrigerante, cerveja etc. Tudo de vidro. As verdes eram mais caras. Hoje, imperam as garrafas Pet, que se não forem usadas pelo pessoal do Projeto Crescer, vão ficar entulhadas em algum canto do Planeta, prejudicando o meio ambiente. Ou seria o ambiente por inteiro?

É... O mundo se modernizou. A exemplo de nossos relacionamentos, tornou-se de plástico. Descartável. Até o casamento, imagine! A idéia de separação é item imprescindível no enxoval da noiva. E do noivo (ih, já disse isso em outra crônica).

Não é de se admirar que, mesmo criando o celular para encurtar distâncias, o ser humano esteja cada vez mais distante um do outro. Hoje ninguém mais tem tempo para ouvir o outro. Ao encetar uma conversa, vem logo a pergunta, ainda que de forma tácita:

– Quanto é que eu levo nisso?

É o resultado da vida de plástico. O importante é o aqui, o agora. Não dá mais para perder tempo com essa história de espírito. Mas o pior não está no aqui, no agora. Lá na frente existe uma curva. E as lágrimas serão cruéis.

Vida de plástico, ora bolas...

Mulher virtuosa

Por Francisco Espiridião

Poderia iniciar esta crônica de exaltação à mulher, falando coisas que calam fundo ao coração. Afinal, ela, a mulher, é o instrumento de Deus para a procriação, para a germinação de tudo aquilo que há de mais sublime no ser humano. Isso, no entanto, vou deixar para quem tem competência: os poetas.

Poderia ainda começar, falando daquilo que é lugar-comum em todo o março que antecede o dia 8. Afinal, o consumismo viu na efeméride uma maneira de sugar ainda mais aqueles que podem e os que não podem abrir a mão para oferecer um presente como expressão do amor. Nem que seja uma simples flor.

Apesar de o Eterno Criador não ter forjado em mim o dom da inspiração poética, creio mesmo que a mulher merece bem mais que uma simples lembrança em um único e determinado dia do ano.

Sua importância é bem maior que isso. Uma delas foi agraciada por Deus com o dom de trazer à Terra o Salvador da humanidade. A Bíblia fala dela (de todas elas) como de um ser virtuoso. “O seu valor excede em muito ao de rubis”.

Mulher, este ser dotado de dons tão extraordinários e paradoxais! Como a capacidade de ser guerreira (se necessário passa um mês inteiro, sem reclamar, sentada ao pé do leito do filho agonizante, no hospital), ser severa, até mesmo dura quando preciso, mas que, ao mesmo tempo, mostra-se uma manteiga-derretida diante de um balbuciar de seu rebento em tenra idade, tentando articular “ma-mãe”.

Disso não se tem dúvida, ao contemplar a foto de uma sargento da Polícia Militar, no dado momento em que se permite desfazer-se do garbo da imponente farda azul-petróleo, e escancara seu lado mulher, seu lado mãe.

Não se furta em abrir a gandola (camisa no jargão militar), só o necessário para que o pequeno ser possa sugar o néctar que lhe garantirá não só a sobrevivência do hoje, mas a certeza de que estará imunizado contra uma série de doenças futuras. A verdadeira expressão da pluma que despedaça a penha.

Minha homenagem a elas, não só hoje, o Dia Internacional da Mulher, mas todos os dias, tem um quê de perpétua justificativa. Conheço um pouquinho delas. Convivo com quatro. De uma, Eliana, sou totalmente dependente, devo admitir.

Portanto, resta-me apenas agradecer a Deus por suas existências, e dizer-lhes, a todas, um sonoro

- Parabéns pelo seu dia!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Liberdade de imprensa

Muito pertinente o artigo do jornalista JR Rodrigues, de hoje, no FonteBrasil, sobre a imprensa roraimense. Mexe com muita gente, mas todos os incomodados vestem a carapuça.

Liberdade de imprensa é o que menos se vê por estas bandas.

No Brasil a coisa está mais avançada.

Alunos da Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, em São Paulo, realizaram um debate sobre o tema liberdade de imprensa e parcialidade nas coberturas jornalísticas.

Os debatedores foram os jornalistas Boris Casoy, da TV Bandeirantes, e Marcio Aith, editor-executivo da revista "Veja".

Questionado sobre os limites da "liberdade e da libertinagem", Aith disse que a imprensa existe para incomodar.

"Numa sociedade democrática, se a imprensa não incomoda, aí sim você fica com medo da libertinagem. Mas não é aquela libertinagem que você olha e vê, é aquela que ninguém conhece, é aquela que envolve injeção de recursos públicos para sustentá-la."

Dia desses escrevi uma crônica questionando o que levara o Presidente da Câmara de Boa Vista a devolver aos cofres da Prefeitura de Boa Vista 4 milhões de reais.

O colega Luiz Valério tentou descobrir o caroço debaixo do angu (dois posts abaixo). Viu que a Câmara está a pão e água. As necessidades por lá são imensas.

Pelo visto, o assunto incomodou o Presidente Marcelo Milenium. Prometeu esclarecer. Mas até agora não se manifestou

Na hora de votar, todo cuidado é pouco

Recado do jornalista Sebastião Nery, da centenária Tribuna da Imprensa (Rio):

“As grandes cidades do mundo, Nova York, Paris, Londres, Berlim, já sabem que um prefeito ruim é muito pior do que um governador e um presidente ruins. A população acorda, vive, dorme sujeita à competência ou demência do prefeito. Se é um insensato ou um corrupto, a cidade está frita”.

Já pensaram na falta de um sistema de coleta de lixo competente? Ou de ruas sem a devida drenagem? Ou ainda a falta de garis a limpar avenidas, ruas, ruelas e becos?

Dizer que o exercício do voto é algo da maior importância soa como chover no molhado.

Mas, não se deve esquecer que se trata do dia-a-dia da comunidade. Questão de comodidade, mesmo. Na hora de enfiar o dedo na urna eletrônica, todo cuidado é pouco.

Dinheiro na mão é vendaval

O jornalista Luiz Valério postou em seu blog http://luizvalerio.blogprofissional.com.br/, matéria sobre a real situação da Câmara de Boa Vista. Segue na íntegra, em azul.

Outdoors espalhados pela cidade de Boa Vista noticiam que a Câmara de Vereadores da capital resolveu devolver R$ 4 milhões para a prefeitura. Este foi um fato inédito em Roraima e, por isso mesmo, mereceu destaque na mídia local.

Nunca antes se tinha visto vereadores tão desapegados a questões finaceiras como agora. Tem-se a impressão que estamos diante dos edis mais generosos da história do estado, pelo menos desde que cheguei a este “Brasil extremo”.

Porém, durantes três dias estive andando pela Câmara, analisando a situação, depois de um tempo afastado da cobertura daquela Casa.

Conversa com um, prosa com outro e logo tomo conhecimento que os servidores da Câmara estão a “pão e água” no que diz respeito às condições de trabalho: falta material de expediente (papel), os ramais telefônicos estão para ser instalados desde dezembro e nada…

E pasmem: uma servidora confidenciou a este blogueiro, não sem um quê de constragimento, que até papel higiênico entrou na linha de racionamento.

- Tô tendo que trazer de casa. A economia aqui tá e grande, disse.

De fato, em alguns gabinetes falta a linha para o ramal telefônico. Conferi “in loco”. Mas ninguém fala abertamente sobre o assunto. Precaução.

Procurei conversar com o presidente da Casa, vereador Marcelo Vieira de Carvalho (PV), através da sua assessoria de Comunicação, mas este não deu retorno. A informação é que ele estava participando de reuniões importantes, etc. e tal.

Este post está sendo escrito agora, às 2h30, exatamente pela espera que a me impus de alguma possível resposta. E nada. Quando a resposta vier, se vier, será devidamente registrada aqui.

Deputados aprovam Projeto de Lei que obriga a nomeação de aprovados em concursos públicos

Durante a sessão ordinária realizada nesta terça-feira, da Assembléia Legislativa (ALE-RR) os deputados aprovaram com 21 votos favoráveis o Projeto de Lei de autoria dos deputados Raul Lima (PMDB), Marcelo Cabral (PPS), Erci de Moraes (PPS), Ionilson Sampaio (PMDB), Ronaldo Trajano (PHS), Flávio Chaves (PV) e do ex-deputado Cesar Babá, que trata da obrigatoriedade de convocar os candidatos aprovados em concursos públicos do Estado de Roraima, e garante a nomeação para as vagas oferecidas no Edital.

Os parlamentares argüiram que a proposta objetiva a criação de uma lei que assegure aos aprovados em concursos públicos no Estado de Roraima, a certeza de que serão empossados. E que os concursos públicos não podem continuar apenas gerando naqueles que se inscrevem, mera expectativa de direito à nomeação.

Raul Lima (PMDB) afirmou que, a aprovação da matéria é uma questão de justiça, pois há muito tempo se discute no Estado de Roraima este assunto. Ele afirmou que, o projeto vem ao encontro das pessoas que se julgam prejudicadas e humanizar o relacionamento entre o Estado e a cidadania.

Edital “Dessa maneira finalmente o concursado terá direito àquilo que foi proposto através de um documento legal que é o Edital. Assim todos os concursados dentro do número de vagas serão obrigatoriamente contratados pelo governo do Estado”, declarou.

Comento:

É mais que justa a proposição dos deputados estaduais que assinam o projeto.

É tremendamente frustrante investir em cursinho (pagando caro), vencer as barreiras impostas para a inscriçã, superar todo o estresse envolvido na execução das provas escrita e de títulos, ser aprovado em 17º lugar num concurso cujo edital oferecia 35 vagas, e, depois, ver chamados para assumir o emprego só os cinco primeiros colocados.

Parece que a administração pública nos toma para palhaços. Ou pensa que somos simplesmente idiotas.

A decisão dos deputados estaduais deveria ter sido tomada há mais tempo.

A coisa estava parecendo uma indústria para fabricar dinheiro para os cofres do governo. Sugando a população através da taxa de inscrição, sem que houvesse a contrapartida da contração dos aprovados.

Com a medida, a Assembléia moralizou a lambança do Concurso Público. Menos mal.

domingo, 2 de março de 2008

Histórias de Redação

Estou com um livro praticamente pronto. Trata-se de minhas andanças pelas redações dos impressos de Boa Vista. Só pela Folha de Boa Vista passei três vezes. Em todas, saí porque quis. Por conveniência própria. Não fui demitido nenhuma vez.

Já do BrasilNorte, fui funcionário também o mesmo número de vezes. E por mais tempo. Em todas, sai escorraçado. Demitido. Minha relação foi quase sempre conflitante. Contraste entre as duas casas? Pode ser.

Mas fiquem tranqüilos. As duas experiências, para mim (Folha e BN), foram extremamente gratificantes. Não sou esse mau profissional que parece à primeira vista, pelo menos por 50% do que aqui está em questão. É aquela história do copo d’água. Meio cheio ou meio vazio, sabe como é? Depende do ponto de vista.

Ambas as experiências têm lá suas razões. Conto-as com bastante clareza nesse livro. Além de outras não menos interessantes. Afinal, desde 1985 até agora, foram mais que duas redações de impressos a registrar a história de Boa Vista. E de Roraima.

A publicação desse trabalho, no entanto, esbarra num pequeno detalhe. Números! Não disponho dos recursos exigidos. O único livro que lancei até agora – “Até Quando? – Estripulias de um governo equivocado” – deu-me uma canseira imensurável.

Fi-lo (diga lá se sou boçal...) com recursos próprios e uma ajuda do BN (leia-se Eudiene Martins) e do empresário Victor Perin, a quem sou eternamente grato. Desta vez, quedo-me aqui, feito jacaré, de boca escancarada, esperando algo passar em frente para abocanhar.

Quem sabe, um trem benevolente passa, de portas abertas, e eu embarco nele, não é mesmo? Publicá-lo por uma editora é muita grana. Na Editora Valer, de Manaus, o responsável, Tenório Teles, disse-me pessoalmente que a impressão custaria em torno de 12 mil reais.

Se eu tivesse doze mil reais, embarcava hoje mesmo para Paris. Tenho uma esperança meio pedante de antes de morrer ainda visitar a terra de “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Li enquanto adolescente, mas a história continua vibrando em minha memória.

Montparnasse, Champs Élysées etc. e tal. A “cidade luz” me fascina. Ir a Paris é, como se dizia antigamente, tomar um banho de civilização. Sei que hoje deve estar tudo diferente. Mas, tudo bem. Deixa para lá. A história aqui é outra.

“Histórias de Redação” está quase pronto para entrar no prelo. É acender luz verde, e tudo estará concluído em no máximo 20 dias.

Vi uma matéria interessante na Folha BV Online neste fim-de-semana: “Quadrilhas querem ganhar do Governo o mesmo que escolas de samba”. As escolas de samba levaram nada menos que 100 mil reais cada uma, para descer a avenida neste fevereiro que passou.

Para que o público se delicie (como sou pedante!) com “Histórias de Redação”, bastam 12 mil reais. Quase nada. Vou consultar meu assistente, o Arquibaldo, para saber se eu não tenho o direito de, a exemplo das “quadrilhas” (no bom sentido, é claro), também exigir a parte que me cabe nesse latifúndio.

Afinal, tudo é possível ao que crê.

sábado, 1 de março de 2008

É a vida

Está cada vez mais difícil trabalhar com este meu computador. Já levei ele no "médico" duas vezes, e ele sempre volta com a mesma doença.

O primeiro diagnóstico é que estava infectado com uma infinidade de vírus. Pelo jeito, a vacina não foi tão eficiente assim.

Continua lento a não mais poder Já tive até idéia de trocá-lo. Mas a grana, que é bom, está curta.

O jeito é ter paciência. Enquanto der, a gente vai postando. Besteiras.

Gostei memo foi da matéria que o Luiz Valério fez sobre a devolução dos 4 milhões de reais pela Câmara de Boa Vista para a Prefeitura.

Lá pela Câmara, é uma fartura só. Farta ramais de telefone, farta reformas em banheiros, em salas para melhorar as condições de trabalho, farta até papel higiênico, ora veja! Farta tudo.

A grana para tudo isso existia, mas foi recambiada para a Prefeitura. A troco de quê é que ainda falta ser esclarecido.

Estou esperando o Presidente me chamar para explicar as razões. Só que está difícil. Marcelo Milênio não tem tempo para me receber.

Meu telefone está com a secretária dele. E eu aqui, morrendo de esperar. Sentado.

É a vida!