segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pau na cabeça do PT

(Publicado no site alertatotal.blogspot.com/, edição desta segunda-feira, 29/12)

O Partido dos Trabalhadores sofreu ontem, durante uma missa, um duro ataque de seus maiores aliados na Igreja Católica. O cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella, criticou o PT por abrir processo no Conselho de Ética do partido contra os deputados federais Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), porque ambos são contra a descriminalização do aborto.

O ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pegou pesado com os petistas abortistas: “Quando se procura até expulsar de um partido que está no poder (o PT) aqueles que não votaram pelo aborto, o que podemos esperar dessas pessoas? Não há dignidade humana. Daí vêm todas as corrupções, os mensalões, e só quem vai mesmo para a cadeia são os pobres”.

Na missa do Dia dos Santos Inocentes, Dom Geraldo criticou as mortes de crianças e adolescentes ocorridas este ano, e incluiu o aborto como mais uma forma de violência: “Tantas tentativas vemos para a legalização do aborto. Essa é a vitória do egoísmo. Morrem já no ventre materno, porque são bocas que aparecem para serem alimentadas e não há pão suficiente para ser repartido a todos”.

Além de insistir na aprovação do aborto no Brasil – que atende a interesses econômicos de ONGs internacionais e não ao suposto direito de liberdade de escolha da mulher, conforme os propagandistas abortistas apregoam -, o PT deu uma outra mancada em um setor essencial: a educação. A verba de comunicação e publicidade do Ministério da Educação (MEC) para 2009 é 55% maior do que a de 2008. Os R$ 28,72 milhões para as ações de comunicação social, que incluem publicidade e realização de eventos, equivalem a mais do triplo do valor gasto em 2007.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Pare de perder vida!

(Artigo publicado no Boletim A Colheita, da Junta de Missões Mundiais (Nov/Dez 2008)

Pela Graça de Deus chegamos ao término de mais um ano. Em momentos como este devemos nos perguntar: Como gastei minha vida em 2008?

E se você soubesse que iria morrer amanhã? O sentido da vida muda quando se recebe um diagóstico fatal. Até lá, milhões de pessoas vivem, comem, dormem, estudam, trabalham, assistem televisão, freqüentam a igreja, andam de bicicleta... sem se preocupar com o dia em que terão de prestar contas a Deus.

Não perdemos a vida quando morremos, mas sim enquanto vivemos. Perdemos a vida sempre que decidimos priorizar aquilo que não nos abastece de Deus. Logo, quem não se abastece de Deus também não pode abastecer outras pessoas com a VERDADEIRA VIDA. É por isso que observamos uma grande quantidade de pessoas dentro das igrejas sem a capacidade de gerar vida. Elas não podem evangelizar porque estão vazias do Evangelho. Nenhum carro pode se mover sem combustível. O mesmo acontece em relação à obra missionária mundial. Só tem compromisso com o mundo não-alcançado aquele que valoriza o que Cristo fez na cruz do calvário.

Deus nos colocou no mundo para realizarmos uma tarefa importante, específica. Ele não sacrificou seu próprio filho para nos ver gastando nossas vidas como se a morte nunca fosse chegar ou para viver exclusivamente para nós mesmos, como temos visto acontecer com o homem pós-moderno.

Nesta edição estamos desafiando todos os adotantes e intercessores a ajudarem o PEPE - Programa de Educação Pré-Escolar. Não tem sido fácil dar assistência a mais de 4.200 crianças em todo o mundo. Por outro lado, sabemos que este número é ínfimo em relação ao total de crianças carentes no Planeta.

Com uma oferta de amor, por mais um ano que passou, você estará se unindo a outros crentes que desejam ver esta nova geração servindo ao Senhor.

Pare de perder vida! Abasteça-se de Deus e abençoe outros. Pois segundo Mateus 18.5: "Quem recebe uma destas crianças em meu nome está me recebendo".

Em Cristo Jesus,
André Luiz Teixeira Amaral
Coordenador de Projetos e Desenvolvimento de Recursos da
Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (JMM-CBB)

N.E.:
Para participar, basta entrar em contato com a Coordenação, Tel.: (21)2122-1922/Fax: (21)2122-1944 ou e-mail: pam@jmm.org.br

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Justiça, que justiça?

Mais um ano está chegando ao fim, com todas as mazelas dos demais. Como sempre, justiça, na verdade, é um conceito muito particular neste mundão de Deus.

Um exemplo, entre tantos, poderia ser o da menina Caroline Pivetta da Mota, presa enquanto pichava o andar vazio da 28ª Bienal de São Paulo. Por este "crime bárbaro" ela passou nada menos que 50 dias na cadeia. Foi solta nesta sexta-feira, com liberdade provisória. Responde pelos crimes ambiental e de formação de quadrilha.

Enquanto isso, o megaestelionatário Daniel Dantas bateu os costados nas masmorras da Polícia Federal por duas vezes, mas não conseguiu ficar lá. As prisões foram sempre do tipo bate-e-volta. Não passou mais de 18 horas preso a cada vez.

A diferença entre Caroline e Dantas é simples: números. Dantas tem, ela não. Fazer o que...

A PM é mágica

Glenisson Moura de Araújo *

Apesar da imagem da Polícia Militar está sendo abalada nesses últimos meses, não são fatos isolados que irão pôr em xeque a nossa credibilidade perante a sociedade, pois as pessoas passam e a Instituição Polícia Militar fica.

A grande verdade é que a PM, como Instituição que proporciona à população o serviço essencial de Segurança Pública, não pode parar, uma vez que se a PM parar, o Estado pára. Como isso acontece? Quem vai socorrer o cidadão na hora do perigo? Quem vai proporcionar a atuação do Poder Discricionário dos outros Órgãos Oficiais do Estado?

Como, por exemplo, o isolamento do local de crime para que o perito possa realizar seu levantamento, a segurança dos agentes de trânsito em uma blitz, a execução de um mandado judicial para desapropriação de terras. Eu duvido que o oficial de justiça vá sozinho nessa missão e tem muito mais. Por isso, qualquer que seja a crise, a população e os órgãos só sabem ligar 190, e nós estamos sempre alerta.

A PM é tão essencial que tomou conta da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo tanto na parte externa como na interna, proporciona a segurança de Delegacias para proteger policiais civis presos, os seus quartéis estão virando verdadeiras Cadeias Públicas porque o judiciário considera que lá os presos estão mais seguros.

A PM é a “única” Instituição de Segurança do Estado que o Governo pode contar a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar do Estado, seja qual for o terreno. A PM é MÁGICA, temos materiais e equipamentos adequados, mas não temos o suficiente e, mesmo assim, com o efetivo reduzido realizamos o nosso trabalho com satisfação.

Portanto, o que nós queremos é o reconhecimento ideal e necessário. Não temos salário de fome, tampouco necessitamos de “bico”, o que queremos é justiça e valorização.

PARABÉNS, POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE RORAIMA!

* Aluno Sargento PM e policial militar há 7 anos

PROCESSO DE DEPURAÇÃO INTERNA NOS QUADROS DA PMRR

Jurandir Pereira Rebouças *

Este artigo tem por desiderato externar a opinião desse cidadão policial militar a respeito dos infelizes acontecimentos que ao longo dos últimos meses têm repercutido na mídia, inclusive em âmbito Nacional e que envolveram integrantes da nossa Corporação. Tais acontecimentos certamente macularam o bom nome da Polícia Militar junto à sociedade e ao próprio Poder Público.

Não obstante, lembramos que toda experiência, por mais dolorosa e traumática que seja, sempre nos permite tirar algo de positivo dela, pois assim como “todo tiro tem o seu respectivo atirador, todo monstro tem o seu respectivo criador”. Assim, é hora de estabelecermos um verdadeiro “Processo de Depuração Interna” em nossos quadros. Por “Processo de Depuração Interna” podemos entender como sendo todas as medidas de ordem administrativa e criminal, legalmente respaldadas, tendentes a expurgar das fileiras da Corporação os maus profissionais, independente do posto ou da graduação que ocupem na estrutura hierárquica.

Quem é pago para servir e proteger não pode em nenhuma hipótese violar as regras legais, morais e éticas estabelecidas pelo senso comum. Dessa forma, entendemos que quanto maior o nível de autoridade, tanto mais reprovável é a sua conduta, quando tal conduta se torna indesejável aos olhos da sociedade e da lei.

D’outra banda, não podemos esquecer que a Polícia Militar do Estado de Roraima, (instituição da qual nos orgulhamos de pertencer) que no último dia 26 de novembro completou 33 anos de existência, não pode enquanto instituição ser condenada por conta da conduta criminosa de alguns poucos dos seus integrantes, haja vista que as instituições são puras, porém algumas pessoas nem sempre são bem intencionadas.

Ressaltamos ainda que a Polícia Militar enquanto instituição pública é muito maior que os lamentáveis acontecimentos que envolveram alguns de seus integrantes, que compõem a chamada “banda podre”. Para tais integrantes deve haver severas punições, evidentemente com supedâneo no devido processo legal, consubstanciado, sobretudo, na ampla defesa e no contraditório, no sentido de que se possa alcançar a verdade real acerca dos gravíssimos fatos que ora lhes são imputados.

Por derradeiro gostaríamos de salientar que, não obstante as últimas mazelas, é público e notório e nem poderia ser diferente que cerca de 99% dos valorosos homens e mulheres, cidadãos roraimenses, que compõem os quadros da nossa briosa Polícia Militar sem dúvida têm honrado a farda azul petróleo e o juramento de bem servir à nossa sociedade, mesmo com o risco da própria vida. São exatamente esses bons policiais militares que envidam seus melhores esforços, mesmo diante das adversidades, para diuturnamente proteger os cidadãos e a cidadania em nosso Estado.

* Major PM, pedagogo e concludente do curso de bacharelado em Direito

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Verdadeira utopia

Por Francisco Espiridião

A produção em escala ininterrupta de arroz no interior da terra indígena Raposa Serra do Sol, território em vias de se tornar inacessível aos produtores, não é suficiente para oferecer ao boa-vistense um produto com preço mais acessível.

O preço alto deve ter como razão principal o fato de a produção local suprir também o vizinho Estado do Amazonas, diminuindo, assim, a oferta no mercado interno. Se em economia, porém, não existe mágica e o que impera é a matemática pura, o preço praticado internamente deveria ser menor que o de além divisa.

Mas, infelizmente, não é isso o que acontece. Nos supermercados de Manaus pode-se encontrar o quilo do arroz roraimense a um preço levemente inferior ao praticado em Boa Vista, o que sugere ginástica sobrenatural para explicar. Esse é um ponto. O outro, bem...

Aqui, o buraco é mais embaixo: se hoje consumimos um arroz tão caro, a questão que não quer calar é: como será, então, quando a produção se estancar de vez, em obediência à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) prestes a ser selada?

Aí alguém dirá: o Estado de Roraima não se resume à reserva Raposa Serra do Sol. Concordo. Haverá outras áreas disponíveis onde os produtores poderão dar seqüência à produção. Mas, convenhamos, a questão não é tão simples assim. Há muito mais em jogo.

Qualquer um sabe que o descompasso na produção será inevitável. A infra-estrutura montada hoje na extensão de 0,7% da reserva (região do Surumu) precisará ser retirada e instalada em outro local. Isso demandará tempo e recursos que, desconfio, a indenização da Funai não será suficiente para cobrir.

Por certo não haverá estoque de arroz suficiente para fazer face a todo o hiato na produção. Nesse particular, o fastio demandará açõ enérgica do Poder Público Estadual. Seria, quem sabe, o momento de se pensar em subsídios aos importadores.

Por fim, a palavra segregação não é uma das mais saudáveis. A decisão de excluir pessoas, em qualquer nível ou contexto, não é das mais elogiáveis num mundo já tão conturbado. Quando o sentimento de eugenia se acirrou, o mundo conheceu o holocausto judeu pelas mãos do nazista Hitler.

A separação de índios e não índios no interior da reserva Raposa Serra do Sol levará a uma situação insustentável, principalmente para os índios, que carecem de auxílio do governo estadual para continuar sua jornada de desenvolvimento.

Em locais onde os índios têm suas reservas blindadas para o convívio com os não-índios, o que se tem visto é que o Poder Público não tem capilaridade para dar a atenção necessária, seja na área da saúde, alimentação, educação etc. Índios mato-grossenses são exemplos disso.

A demarcação na forma como está é eivada de boas intenções, mas se mostrará desastrosa em futuro não muito remoto. Na prática, não vai dar certo, posto que firmada na máxima morusiana, ou seja, transformar o território de 1,7 mil hectares em uma ilha onde todos vivem em harmonia e trabalham em favor do bem comum. Pura utopia.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Esplendidamente derrotados

Por Francisco Espiridião

O julgamento das ações sobre tamanho e formato da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, na prática, está sacramentado. A área de 1,7 milhão de hectares será mesmo contínua e não se fala mais nisso. Insistir no contrário é chutar cachorro morto.
Há um consenso de que em território tão imenso habitarão apenas 19 mil índios. Se vivessem do extrativismo e da pesca, tamanha extensão de terras seria plenamente justificável. Afinal, o índio desaculturado precisa perambular. É nômade por natureza. Será, porém, esse o caso dos nossos macuxi, taurepang, mayongong etc.?
Tal discrepância é impossível passar despercebida. O que perpassa às mentes é a inevitável comparação: os nada menos de 11 milhões de habitantes da cidade de São Paulo se comprimem em igual extensão territorial. E, como diz a musiquinha, é cada qual no seu quadrado. Fazer o quê...
“Invasores” devidamente defenestrados (os brancos serão banidos ex-officio do interior da reserva), pode-se imaginar o tamanho do vazio que se transformará a região Nordeste do Estado. Vazio, não! Vazios. Vazios que se revelam não de agora. Remontam o início das “desintrusões”. Desde lá o que se vê é vazio de toda sorte. Vazio de idéias, vazio de desenvolvimento, vazio de sentido, vazio...
Em fevereiro de 2003, escrevi um artigo no extinto jornal BrasilNorte, cujo título era “Viveiro de Fantasmas”. Faz parte do meu livro “Até Quando – Estripulias de um governo equivocado” (2004, p.57-58 – com exemplares ainda disponíveis nas livrarias Nobel, Vozes e Megafarma).
Nele, há em evidência, entre outros exemplos de vazios inconcebíveis nessa grande novela chamada demarcação de terras indígenas em Roraima, o caso da antes opulenta fazenda São Jorge, ao largo da rodovia estadual que leva à sede do Município de Uiramutã.
Em tempos áureos, São Jorge chegou a abrigar rebanho de mais de 10 mil cabeças de gado. Só bovino, para não falar de outras espécies. Veio a desapropriação. Os donos receberam simbólica indenização da Funai e retiraram-se. O local passou às mãos dos indígenas. Resultado: depredação total do patrimônio.
Em uma de minhas incursões terrestres ao coração do Município de Uiramutã, em 2001, por força da função de repórter do extinto jornal A Tribuna do Estado de Roraima, tive a oportunidade de constatar quem eram os novos ocupantes da casa-grande (principal da fazenda): cabras, ovelhas e carneiros – sem pastor.
A comunidade do Flexal, com apoio da Prefeitura de Uiramutã, incentivada pela prefeita Florany Mota, chegou a ser importante produtora de feijão jaulão, além de milho e arroz. Outras comunidades, com igual apoio, já conseguem comercializar seus produtos agrícolas nas feiras livres de Boa Vista.
A pergunta que fica, a partir da secessão, é como esses projetos terão continuidade sem o amparo técnico que recebiam até agora. A União terá capacidade de prover tais reclamos? A se considerar o que ora ocorre com as etnias indígenas reclusas do Estado de Mato Grosso, as respostas são tenebrosas.
Voltando à disputa pela terra indígena cá perto de nós, parece tudo resumir-se a uma guerra inglória. Sem sentido. Saímos todos – brancos e índios – esplendidamente derrotados.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Democracia nas Forças Militares brasileiras

Publicado originalmente no blog alerta total (www.alertatotal.blogspot.com)

Por Luís Fernando R. de Sousa

O principal assunto discutido nacionalmente no âmbito dos militares nacionais (FFAA) e estaduais (Bombeiros e Policiais) é a adequação da estrutura secular dessas Instituições ao modelo democrático atual implementado na sociedade brasileiro após o período da Ditadura Militar. Os militares mais conservadores, na sua maioria os mais velhos, ainda ligados por conceitos ideológicos da Ditadura Militar, consideram esse movimento uma tentativa de desestruturação dos pilares da Hierarquia e da Disciplina e os militares democráticos, na sua maioria da geração dos coronéis e postos e graduações inferiores, consideram esse avanço como a correta aplicação dos conceitos da Hierarquia e da Disciplina, imutáveis no tempo e no espaço.

Os Regulamentos Disciplinares Brasileiros tem por modelo o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), porém cada um traz as peculiaridades das corporações policiais estaduais. Nesse sentido, as Forças Militares têm buscado o aprimoramento de seus diversos órgãos e de seus integrantes para o cumprimento de suas missões - defesa nacional e segurança pública - conforme o caso.

O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de São Paulo - Decreto n.o 13.657/43, o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica - Decreto n.o 76.322/75, o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Goiás - Decreto Estadual n.o 4.717/96, o Regulamento Disciplinar da Marinha - Decreto n º 88.545/83 e o Regulamento da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro - Decreto No 6579/83 seguem essa linha, assim como os outros regulamentos estaduais. Na grande maioria dessas normas, a falta administrativa denomina-se transgressão disciplinar e no Regulamento da Marinha a mesma denomina-se contravenção.

Quando em 1793 a França encontrava-se sob a ameaça de uma invasão, seu governo promulgou "um decreto de levèen en masse" colocando todos os homens à disposição da República e ainda aboliram-se os castigos físicos substituindo-os por um tribunal constituído por oficiais e soldados. Este pensamento foi o mesmo defendido pelo positivista Olavo Bilac, patrono do Serviço Militar Brasileiro, e assim ele nos ensinou : " Se todos os cidadãos usufruem das benesses da pátria, nada mais justo que todos participem da sua defesa". A prática de castigos físicos é ainda hoje previsto para a coerção no Paraguai e até recentemente também na Venezuela, abolida através da Revolução Bolivariana.

A nossa constituição define claramente as missões atribuídas às Forças Armadas e aos Órgãos de Segurança Pública. Recentemente as Emendas Constitucionais nº 3/93 e nº 18/98 alteraram o art. 42, da Constituição Federal, que passou a ter a seguinte redação, "Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios".

Com base neste dispositivo, pode-se afirmar que no Brasil existem duas espécies de militares, os militares federais que integram às forças armadas, e os militares estaduais que integram às forças auxiliares, porém todos são militares definidos pela constituição federal. A grande resistência à mudança reside na aceitação, pelos militares conservadores, de muitos artigos da Constituição Cidadã, sobretudo o artigo 5o, onde se estabelecem uma série de direitos e garantias individuais e coletivas, tais como liberdade de expressão, liberdade de associação e outros.

Outro ponto de difícil entendimento é a de não se possibilitar a prisão com pena privativa de liberdade, salvo em caso de flagrante delito, após o devido processo legal. Essa contravenção disciplinar militar, no Estatuto Disciplinar da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, foi afastada acertadamente e não houve qualquer prejuízo à disciplina daquela tropa. É importante se observar, que não se busca negar à autoridade militar os princípios fundamentais das organizações militares, hierarquia e disciplina, mas o que se pretende é um perfeito enquadramento da legislação castrense ao disposto no Texto Constitucional. A Constituição é a norma fundamental de qualquer ordenamento jurídico, e para que um país possa se fortalecer na democracia é preciso que esta seja observada e respeitada, na busca do aprimoramento da ordem interna e das próprias instituições.

Convém salientar que a iniciativa para propor uma Lei para definir o Novo Regulamento Disciplinar é privativo do poder executivo, de acordo com o Art 61, Parágrafo 1o, inciso II, letra b). Em São Paulo e em Minas Gerais, seguindo a regra constitucional, estabeleceram seus novos regulamentos por meio de lei, o que deve ser observados pelos demais Estados-membros da Federação, sob pena dos novos regulamentos serem questionados junto ao Poder Judiciário em atendimento ao art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal.

O Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) com fundamento na Constituição Federal é inconstitucional, e deve ser editado por meio de lei proveniente do Congresso Nacional. As transgressões disciplinares pós-CF/88 não podem mais ser definidos por meio de decreto, em respeito ao princípio do devido processo legal que se aplica tanto ao processo administrativo como ao processo judicial.

No Estado de Democrático de Direito, a liberdade é a regra e a prisão uma exceção, que somente pode ser limitada com fundamento na lei e nos casos previamente estabelecidos. A expressão lei deve ser entendida como sendo a norma discutida nas casas legislativas, no exercício de sua função típica, para que possa produzir os seus jurídicos e efeitos legais.

Os regulamentos disciplinares pós CF/88 não podem mais ser modificados por regulamentos expedidos pelo Poder Executivo, porém assim o são na maioria dos Estados e ainda no âmbito do Governo Federal. A transgressão disciplinar fica sujeita ao princípio da legalidade com fundamento na Constituição Federal. O militar somente poderá ser preso ou punido nos casos estabelecidos em lei em respeitos as regras estabelecidas no art. 5.º, que estabelece os direitos e garantias assegurados a todos os cidadãos, brasileiros natos ou naturalizados, civis ou militares.

Somente através de Regulamentos Disciplinares com força de Lei, iniciado o processo legislativo a partir do Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo, subordinando-se assim o poder militar ao poder civil, tal qual a Lei Americana do "Posse Comitatus" é que conseguiremos implantar a tão sonhada democracia em nossas Forças Militares e este é o grande pedido dos militares democráticos para os próximos Presidente da República e Governadores de Estado. Eis o Capitanismo!

Luís Fernando Ribeiro de Sousa é Capitão do Exército Brasileiro. E-mail : capitaoluisfernando@gmail.com

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Acabo de ler e recomendo


"A Conspiração Franciscana", romance de ficção com base na realidade, mostra a saga de um jovem frade da Ordem de São Francisco de Assis. A trama acontece entre os anos de 1230, com a morte do santo, e vai até 1306, ano em que morre o frade Conrad. Diante de uma carta que lhe foi enderaçada por um velho amigo frade, escrita à beira de sua morte, o espírito de Conrad se vê tomado por uma aflição perene. Não se contenta com os dogmas da Ordem, e sai em busca da verdade. Ao arriscar a vida por várias vezes, leva outras pessoas à morte prematura em razão de sua obstinação pela verdade. Descobre uma versão que, se levada a público, poderia pôr abaixo toda a credibilidade da fé que os católicos depõem sobre o santo asceta, que levou a vida a zombar e desprezar os bens materiais. O desfecho é empolgante. As 440 páginas parecem poucas diante do apelo pela leitura incansável e prazerosa que é. Vale a pena enveredar por labirintos, masmorras, até o mais profundo do ser humano e suas desditas (A conspiração franciscana/John Sack.- Rio de Janeiro, Sextante, 2007).

sábado, 25 de outubro de 2008

Cadê os bambus da minha praça?

Por Francisco Espiridião

E os bambus desapareceram da minha praça. A Praça dos Bambus, ali na avenida Santos Dumont, bairro São Francisco. Não faz muito tempo. Eu mesmo não havia percebido, ainda que a trágica perda esteja a saltar aos olhos. Principalmente para mim, que moro quase em frente.
O local hoje, totalmente diferente do que já foi um dia, é-me mais que familiar. Abrigou o Horto Municipal. Lembro-me bem. Em meados dos anos 1970, quando construí – pela metade – a minha primeira casa nas proximidades, foi de lá que surrupiei a brita para o piso.
Local ermo. Pleno inverno. Uma caçamba basculante passava por ali, mais por teimosia do motorista que por qualquer garantia de tráfego. Levava o material sei lá para onde. Bobeada do “motora” e, pronto! Ficou atolada.
Para sacar aquele monte de ferro dos buracos em que se metera, fez-se necessária a possante ação de um D-8. O piso do terreno mais parecia formado de areia movediça. Para o sucesso da “operação saca-caçamba”, a primeira providência foi despejar ali mesmo os três ou quatro metros cúbicos de brita.
Desdita de uns, regalo de outros. Todo dia, quando chegava do trabalho, no final da tarde, eu e a Eliana íamos buscar latas e latas de brita para fazer o piso daquilo que eu chamava, com muito orgulho, de casa. Construída em madeira de terceira, sem qualquer repartição por dentro. Mas era a minha casa.
Sem o piso, a água minava dentro das quatro paredes que era uma beleza! Daí a pressa. O trabalho de remoção do material do local do atoleiro ao destino final não demorou nem duas semanas.
Aliás, tentar passar por ali transportando tão expressiva carga – areia, pedra brita ou qualquer outro material – era mesmo uma temeridade. Para eu enfrentar o brejo, rumo ao trabalho todas as manhãs, fazia-se necessário arregaçar as pernas da calça até acima dos joelhos. Os sapatos, estes viajavam nas mãos. Lá muito adiante lavava os pés em uma das últimas poças d’água e os calçava.
Mesmo com todos os óbices para o tráfego – motorizado ou a pé –, o local era lindo. Os bambus da minha praça, então, eram de encher os olhos. De tão compridos, pareciam querer tocar o céu. Estavam todos lá.
O tempo passou. O horto mudou-se. Hoje, está plantado no interior do Parque Anauá. De uma hora para outra descubro, com surpresa, que os bambus também tomaram destino. Para onde, não se sabe. Em seu lugar, outras árvores frondosas. Menos mal.
Remanescentes do antigo horto insistem em permanecer no local. São alguns pés de ingá, cajueiros e outras árvores que nenhum fruto comestível dão. Tem também uns pés de dão (coisas de macuxi), conhecem? Sim, são comestíveis esses que também são chamados de maçãs de pobre.
Tudo muito bem. Mas, não me consolo. Sinto falta dos bambus da minha praça. Bambus de volta ou mudemo-la o nome! Ah, ia esquecendo: o Francisco também agradeceria a recuperação dos brinquedos.

sábado, 18 de outubro de 2008

Alegrai-vos no Senhor

Por Francisco Espiridião (*)

Não há dúvida que a carta do apóstolo Paulo endereçada primeiro aos Filipenses deve ter como destinatários também os crentes dos dias atuais. As recomendações ali existentes são de primordial importância para a nossa caminhada cristã nesses dias maus. A carta é dotada de uma característica importante, que é a exortação à alegria. Alegria que advém não de uma razão qualquer, mas do fato de estarmos no Senhor.
A trajetória do apóstolo de Tarso mostra que ele não estava – nem podia estar – alheio aos problemas que nos afligem cotidianamente. Depois de impor tribulações as mais diversas aos cristãos em nome de um zelo extremado à lei mosaica, que defendia até as últimas conseqüências, depois de ter o encontro pessoal com Cristo, no caminho de Damasco, Paulo sentiu na carne as mesmas vicissitudes. Se há alguém que fora atribulado ao extremo, com razões mil para viver triste, esse alguém era o apóstolo Paulo. Mas, em Cristo, ele aprendeu a tirar de letra as dificuldades da vida (Fp. 4.12-13).
E quando falava em alegria, não se referia apenas a uma situação de gozo durante os períodos de bonança. Essa alegria, quando tudo vai bem, é fácil de ser expressa. Vários momentos de tormento pessoal mostram que o apóstolo era verdadeiro ao exortar que se esteja alegre sempre, não importando as circunstâncias.
Um desses momentos está no capítulo 16 de Atos dos Apóstolos. Lucas registra em sua carta histórica que Paulo e Silas foram lançados na cadeia depois de surrados por ordem dos magistrados judeus. Tudo por terem ousado contrariar os interesses financeiros das pessoas que exploravam uma menina que tinha um espírito adivinhador.
Na masmorra, mesmo com as costas ardendo em razão dos açoites, ao invés de desapontados com toda a situação, eles se achavam orando e cantando hinos a Deus, enquanto os outros presos ouviam. Nem mesmo os castigos físicos a eles impostos, de forma injustificada, foram motivo suficiente para lhes tirar a vontade de louvar e glorificar a Deus.
Logo no primeiro versículo do capítulo quatro da carta aos Filipenses, Paulo nos recomenda expressamente que devemos permanecer firmes no Senhor. Estar firme no Senhor é a principal razão para sermos contagiados com essa alegria (Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.).
Pode o mundo estar caindo sobre nossas cabeças, porém, se estivermos firmes no Senhor, teremos a certeza que Ele nos protegerá segundo a sua vontade. E, assim, nada poderá tirar o regozijo de nossos corações.
O profeta Habacuque sabia bem do que o apóstolo Paulo falava: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (3.17-18).
Essa certeza, no entanto, não deve ficar restrita a nós mesmos. Deve ser conhecida de todos os homens. Na vida cristã não há lugar para servo oculto, como pretendia Nicodemos, que era um dos principais dos judeus e fariseu convicto (João 3). No versículo 5 o apóstolo nos exorta que a nossa moderação deve ser conhecida de todos os homens. E dá a razão para isso: “Perto está o Senhor”. O Senhor tudo vê, tudo sabe. Não dá para escamotearmos nossas atitudes.
Já no versículo 6, Paulo recomenda que não andemos ansiosos por coisa alguma. Nada deve nos tirar o sono. Os nossos anseios e dificuldades devem ser conhecidos diante de Deus, por meio de nossas orações diárias, com ações de graças. O mesmo recomenda o apóstolo Pedro em sua primeira carta: “Lançando sobre Ele (Jesus) toda a vossa ansiedade, pois Ele tem cuidado de vós” (5.7).
Para terminar, que a paz de Deus seja uma constante em nossos corações, pois é ela quem promove em nós a alegria verdadeira. Ela faz com que estejamos sempre vislumbrando tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama (4.8). Assim, não permitiremos que nenhuma raiz de amargura brote em nossos corações, e que todo o nosso ser seja verdadeiramente para o louvor da Sua Glória.
Que possamos tornar o estribilho do Hino 403 do Cantor Cristão uma verdade eterna em nossas vidas: “Eu alegre vou em sua luz/ pois agora Cristo me conduz/ desde que me achou da morte me livrou/ sigo sempre alegre, Cristo me salvou”.

(*) Jornalista, membro da Igreja Batista da Liberdade – Boa Vista - RR; e-mail: fe.chagas@uol.com.br

sábado, 27 de setembro de 2008

Pau-de-arara

Mentir em campanha eleitoral não é crime. As loratas, por mais cabeludas que sejam, são interpretadas como, no máximo, uma lambancinha sem importância.

Ainda bem. Já pensaram o que seria se assim não fosse? Muitos candidatos já estariam no pau-de-arara, de tanto que mentem.

Escândalos e escândalos

Nesse Brasil, os políticos são mesmo uma fábrica que trabalha a todo vapor na confecção de escândalos. Já não adianta nada você, caro leitor, esperar que eles - os escândalos, não os políticos - tenham um desfecho. Não. Antes de qualquer desfecho, eles - os escândalos, não os políticos - caem no esquecimento.

Isso, porque um escândalo maior é fabricado para abafar o anterior. Quem sabe dizer aí, por exemplo, o que aconteceu com o deputado Paulinho da Força? Que a PF disse e a Veja publicou que sobre ele haviam robustas provas, inclusive uma planilha de divisão de propinas, cujo deputado era um dos principais beneficiários?

Nada pessoal. Só pra lembrar...

Na mosca!

A cada dia me convenço mais e mais que o título do meu livro publicado em 2004 - Até quando? Estripulias de um governo equivocado - tem tudo para ser um tiro na mosca, apesar de toda a propaganda oficial - milhões de reais investidos - dizer o contrário.

Engana-se quem pensa que estou torcendo contra. Não estou. Mas é isso que estou vendo. A bonança generalizada no "mundo da fantasia" (Governo Lula), se é que existe, ainda não chegou ao povão, que, se quiser ser atendido nos hospitais, precisa pagar propina, a exemplo do que aconteceu estes dias em Brasília.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Desconfia, amigo! Desconfia...

Confesso que ando muito desconfiado com as últimas notícias que têm sido publicadas sobre o Brasil.

Sem dúvida, esmola grande. Qualquer santo tem obrigação de desconfiar. É muita coincidência num momento em que o mundo vive turbulência com poucos precedentes.

Diante de tanta lambança - digo, informação - devo, urgentemente, acionar a tecla SAP - Second Audio Program. Ou seja, tudo isso que está aí precisa ser sistematizado. E devidamente decodificado.

Ou não?

domingo, 14 de setembro de 2008

A História Secreta da Invasão de Roraima

(Edição de Artigos de Quarta-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com)

Por Izidro Simões

No momento em que tanto se fala da cobiça internacional sobre a Amazônia, da ação de ONGs de todos os tipos agindo livremente na região Norte, de estrangeiros vendendo pedaços da nossa floresta, da encrenca que está sendo a homologação da Raposa/Serra do Sol, de índios contra índios, de índios contra não-índios, das ações ou omissões da Funai, do descontentamento das Forças Armadas com referência os rumos políticos que estão sendo dados para esta quase despovoada mas importantíssima parte das fronteiras da nação, é mais do que preciso falar quem sabe, quem conhece, quem vivencia ou quem tenha alguma informação de importância.

Assim sendo, para ficar registrado e muito bem entendido, vou contar um acontecimento de magna importância, especialmente para Roraima, e do qual sou testemunha ocular da História.
Corria o ano de 1993 – portanto, já fazem 15 anos. Era governo de Itamar Franco e as pressões de alguns setores nacionais e vários internacionais, para a homologação da Raposa/Serra do Sol, eram fortes e estavam no auge. Tinha-se como certíssimo de que Itamar assinaria a homologação.

Nessa época, eu era piloto da empresa BOLSA DE DIAMANTES, que quinzenalmente enviava compradores de pedras preciosas para Uiramutã, Água Fria, Mutum e vizinhanças.
No dia 8 de setembro de 1993, aí pelas 17:00, chegamos em Uiramutã, e encontramos a população numa agitação incomum, literalmente aterrorizada. Dizia-se por toda parte, que Uiramutã ia ser invadida, que havia muitos soldados "americanos", já vindo em direção à localidade.

A comoção das pessoas, a agitação, o sufoco eram tão grandes que me contaminou, e fui imediatamente falar com o sargento PM que comandava o pequeníssimo destacamento de apenas quatro militares, para saber se ele tinha conhecimento dos boatos que circulavam, e respondeu-me que sabia do falatório. Contou-me então que o piloto DONÉ (apelido de Dionízio Coelho de Araújo), tinha passado por Uiramutã com seu avião Cessna PT-BMR, vindo da cachoeira de ORINDUIKE, no lado brasileiro, (que os brasileiros erradamente chamam de Orinduque), contando para várias pessoas, que havia um acampamento enorme, com muitos soldados na esplanada no lado da Guiana, na margem do rio Maú, nossa fronteira com aquele país.

Aventei a necessidade de que o sargento, autoridade policial local, fosse ver o que havia de fato e falei com o dono da empresa, que aceitou, relutante e receioso, emprestar o avião para o sargento. Como, entretanto, o sol já declinava no horizonte, combinamos o vôo para a manhã seguinte.

Muito cedo, o piloto Doné e seus passageiros, que tinha ido pernoitar na maloca do SOCÓ, pousaram em Uiramutã. Eu o conheci nessa ocasião, e pude ouvir dele um relato. Resumindo bastante, contou que na Guiana havia um grande acampamento militar e que um avião de tropas estava trazendo mais soldados para ali.

Estávamos na porta da Delegacia, quando chegou uma Toyota do Exército, com um capitão, um sargento e praças.,vindos do BV 8. Ele ia escolher e demarcar um local para a construção do quartel de destacamento militar ali naquela quase deserta fronteira com a Guiana. BV 8 é antigo marco de fronteira do Brasil com a Venezuela, onde há um destacamento do Exército, na cidade de Pacaraima. Muito interessado e intrigado com o fato, resolveu ir conosco nesse vôo.

O capitão trazia uma boa máquina fotográfica e emprestei a minha para o sargento. O vôo foi curto, apenas seis minutos. Demos tanta sorte, que encontramos um avião para transporte de tropas, despejando uma nova leva de soldados, no lado guianense. Voando prá lá e prá cá, só no lado brasileiro, os militares fotografavam tudo, e o capitão calculou pelo número de barracas, uns 600 homens, até aquele momento.

Fiz diversas idas e vindas e, numa delas vi o transporte de tropas decolando e virando para a esquerda. Exclamei para o capitão: eles vem pra cima de nós! Como é que você sabe? Perguntou. Viraram para a esquerda, que é o lado do Brasil e, não da Guiana, respondi. Girei imediatamente a proa para Uiramutã e, ao nivelar o avião, o capitão me disse muito sério: estamos na linha de tiro deles! Foi então que olhando para a direita, vi à curta distância e, na porta lateral do transporte, um soldado branco, com um fuzil na mão.

Confesso que foi um grande susto! O coração parecia-me bater duas e falhar uma. Quem conhece a região, sabe que ali naquela parte, o Maú é um rio muito sinuoso. Enfiei o avião fazendo zig-zag nesses meandros, esperando conseguir chegar em Uiramutã. Se atiraram, não ficamos sabendo, mas após o pouso, havia muita gente na pista, que fica juntinho das casas. Agitadas, contaram que aquele avião tinha girado duas vezes sobre nós e a cidade, tomando rumo de Lethen, na Guiana, onde há uma pista asfaltada, defronte de Bomfim, cidade brasileira na fronteira.

Com esse fato, angustiou-se mais ainda a população, na certeza de que a invasão era iminente. O capitão determinou ao sargento e a mim, que fizessemos imediatamente um relatório minucioso, para ser envido ao comando da PM, em Boa Vista e partiu acelerado de volta ao pelotão de fronteira no BV 8.

Na delegacia, o sargento retirou o filme da minha máquina fotográfica, para enviar ao seu comando e eu datilografei um completo relatório que ele colocou em código e transmitiu via rádio para Boa Vista. Naquela época, o chefe da S2 da PM ( Seção de Inteligência), era o major Bornéo.
Uns quatro dias depois que cheguei desse giro das compras de diamantes, tocou a campainha da minha casa, um major do Exército.

Apresentou-se e pediu-me para ler um papel, que não era outro, senão aquele mesmo que eu datilografara em Uiramutã , e do qual o comando da PM enviara cópia para o comando do Exército em Boa Vista. Após ler e confirmar que era aquilo mesmo, pediu-me para assinar, o que fiz. Compreendi que tinha sido testemunha de algo grande, maior do que eu poderia imaginar, e pedi então ao major, para dizer o que estava acontecendo, uma vez que parte daquilo eu já sabia. Concordou em contar, desde que eu entendesse bem que aquilo era absolutamente confidencial e informação de segurança nacional. Concordei.

Disse o major, que a embaixada brasileira em Georgetown tinha informado ao Itamarati, que dois vasos de guerra, um inglês e outro, americano, haviam fundeado longe do porto, e que grandes helicópteros de transporte de tropas, estavam voando continuamente para o continente, sem que tivesse sido possível determinar o local para onde iam e o motivo.

Caboclos guianenses (índios aculturados) tinham contado para caboclos brasileiros em Bomfim, cidade de Roraima na fronteira, terem os americanos montado uma base militar logo atrás da grande serra Cuano-Cuano, que por ser muito alta e próxima, vê-se perfeitamente da cidade. O Exército brasileiro agiu com presteza, e infiltrou dois majores através da fronteira, e do alto daquela serra, durante dois dias, filmaram e fotografaram tudo. Agora, com os fatos ocorridos em Orinduike, próximo de Uiramutã, nossa fronteira Norte, fechava-se o entendimento do que estava acontecendo.

E o que estava acontecendo? As pressões internacionais para a demarcação da Raposa / Serra do Sol apertavam, na certeza de que o Presidente Itamar Franco assinaria o decreto. Em seguida, a ONU, atendendo aos "insistentes pedidos dos povos indígenas de Roraima", determinaria a criação de um enclave indígena sob a sua tutela, e aí nasceria a primeira nação indígena do mundo. Aquelas tropas americanas e as inglesas, eram para garantir militarmente a tomada de posse da área e a "nova nação".

Até a capital já estava escolhida: seria a maloca da Raposa, estrategicamente localizada na margem da rodovia que corta toda a região de Este para Oeste, e divide geográfica e perfeitamente a região das serras daquela dos lavrados roraimenses – que são os campos naturais e cerrados.

Itamar Franco – suponho – deve ter sido alertado para o tamanho da encrenca militar que viria, e o fato é que, nunca assinou a demarcação.

Nessa mesma ocasião (para relembrar: era começo de setembro de 1993), estava em final de preparativos, o exercício periódico e conjunto das Forças Armadas nacionais, na cidade de Ourinhos, margem do rio Paranapanema, próxima de Sta. Cruz do Rio Pardo e Assis, em São Paulo, e Cambará e Jacarezinho, no Paraná.

Com as alarmantes notícias vindas de Roraima, o Alto Comando das Forças Armadas mudou o planejamento, que passou a chamar-se "OPERAÇÃO SURUMU" e, como já estava tudo engrenado, enviou as tropas para Roraima. Foi assim que à partir da madrugada de 27 de setembro de 1993, dois aviões da VARIG, durante vários dias, Búfalos, Hércules e Bandeirantes despejaram tropas em Roraima. Não cabendo todas as aeronaves militares dentro da Base Aérea, o pátio civil do aeroporto ficou coalhado de aviões militares. Chegaram também os caças e muitos Tucano. Veio artilharia anti-aérea, localizada nas cercanias de Surumu, e foi inclusive expedido um aviso para todos os piloto civis, sobre áreas nas quais estava proibido o sobrevôo, sob risco de abate.

Tendo como Chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general de Exército José Sampaio Maia – ex-comandante do CIGS em Manaus, e como árbitro da Operação Surumu, o general de Brigada Luíz Alberto Fragoso Peret Antunes (general Peret), os rios Maú, Uailã e Urariquera enxamearam de "voadeiras" cheias de soldados. Aviões de caça fizeram dezenas de vôos razantes nas fronteiras do Norte. O Exército também participou com a sua aviação de helicópteros, que contou com 350 homens do 1º, 2º e 3º esquadrões, trazendo 15 Pantera (HM-1) e 4 Esquilos, que fizeram um total de 750 horas de vôo. Vieram também cerca de 150 páraquedistas militares e gente treinada em guerra na selva. A Marinha e a Força Aérea contribuíram com um número não declarado de homens, navios e aeronaves.

Dessa maneira, não tendo Itamar Franco assinado o decreto de demarcação da Raposa / Serra do Sol e, vindo essas forças militares para demonstrar que a entrada de soldados americanos e ingleses em Roraima, não seria feita sem grande baixas, "melou" e arrefeceu a intenção internacional de apossar-se desta parte da Amazônia, mas não desistiram.

Decepcionando muito, embora sendo outro o contexto político internacional, Lula fez a homologação dessa área indígena, contestada documentalmente no Supremo Tribunal e, ainda tentou à revelia de uma decisão judicial, retirar "na marra", os fazendeiros e rizicultores ("arrozeiros") dessa área, que como muita gente sabe – inclusive os contrários – tem dentro dela propriedades regularmente documentadas com mais de 100 anos de escritura pública e registro, no tempo em que Roraima nem existia, e as terras eram do Amazonas.

Agora, entretanto, os interesses difusos e estranhos de muitas ONGs, dizem na internet, que esses proprietários são "invasores", quando até o antigo órgão anterior ao INCRA, demarcou e titulou áreas nessa região, e que a FUNAI, chamada a manifestar-se, disse por escrito, que não tinha interesse nas terras e que nelas, até aquela ocasião, não havia índios.

As ONGs continuam a fazer pressão, e convém não descuidar, porque nada indica que vão desistir de conseguir essas terras "para os índios", e de graça, levarem além de 1 milhão e 700 mil hectares – quase o tamanho de Sergipe – tudo o mais que elas tem: ouro, imensas jazidas de diamantes, coríndon, safira de azul intenso, turmalina preta, topázio, rutilo, nióbio, urânio, manganês, calcáreo, petróleo, afora a vastidão das terras planas, propícias à lavoura, área quase do mesmo tamanho onde Mato Grosso planta soja que fez a sua riqueza.

Isso, é o que já sabemos, porque uma parte disso foi divulgada numa pesquisa da CPRM – Cia. de Pesquisa de Recursos Minerais, em agosto de 1988 (iniciada em 1983), chamada de Projeto Maú, que qualifica essa parte da Raposa/Serra do Sol, como uma das mais ricas em diamantes no Brasil, sendo o mais extenso depósito aluvional de Roraima, muito superior ao Quinô, Suapi, Cotingo, Uailã e Cabo Sobral.

Essa pesquisa foi inicialmente conduzida pelo geólogo João Orestes Schneider Santos e, posteriormente, pelo também geólogo, Raimundo de Jesus Gato D´Antona, que foi até o final do projeto, constatando a possibilidade da existência de até mais de 3 milhões de quilates de diamantes e 600 Kg de ouro. Basta conferir a cotação do ouro e diamantes, para saber o que valem aquelas barrancas do rio Mau, só num pequeno trecho.

A "desgraça" de Roraima é ser conhecida internacionalmente na geologia, como a maior Província Mineral já descoberta no planeta. Nada menos que isso!

E o que ainda não sabemos? Essa pesquisa, feita em pouco mais de 100 quilômetros de barranca do rio, cubou e atestou a imensa riqueza diamantífera da área. Entretanto, o Estado de Roraima ainda tem coríndon, manganês, calcáreo e urânio, afora mais de 2 milhões e 100 mil hectares de terras planas agricultáveis, melhores que aquelas onde plantam soja no Mato Grosso.

Izidro Simões é Piloto.

Crônica

Barrada no baile


Por FRANCISCO ESPIRIDIÃO

O bom senso manda que não se deve viver do passado. Belchior canta em uma de suas músicas que “o passado é uma roupa que não nos serve mais”. Não sejamos, no entanto, tão radicais assim. Quem já viveu décadas, feito eu, sempre se vê tentado a dar uma espiadela no retrovisor do tempo.
E, às vezes, nesse exercício de nostalgia descabida, vem à retina os mais remotos e reflexivos quadros. Coisas curiosas nos tomam de assalto. Uma data. Por exemplo, hoje, 13 de setembro. Para muitos, um dia como outro qualquer. Será? Nem tanto.
Em época não tão remota assim, o 13 de setembro foi de grandes comemorações. Aliás, nem faz tanto tempo assim, a ponto de serem esquecidas. Quem não se lembra dos preparativos em família, visando o grande desfile cívico?
Dois grandes desfiles em menos de uma semana. Dias 7 e 13 de setembro. Bicicletas enfeitadas, farda passada na goma, meninas-baliza fazendo das suas diante do palanque das autoridades... Uma festa!
E os grandes bailes de gala do então Palácio 31 de Março? Nessa data, o Paço do Centro Cívico perdia todo o ranço administrativo do dia-a-dia, beirando à acidez, para se transformar no ambiente de fazer inveja a qualquer “cinderela” antes da meia-noite.
Homens de fraque e casaca, copo de uísque nas mãos. Mulheres – tanto debutantes ninfetas como as mais passadas balzaquianas –, de longos vermelhos, outros brancos, costas nuas, seios aparecendo furtivamente, num jogo de mostra-esconde...
A partir das 23 horas desse dia, a festança rolava solta no Paço. Era um liberar geral de energias. Alguns, com tráfego entre os chegados do Poder, aproveitavam para revelar dotes antes reprimidos. Outros, impedidos que eram de participar, por razões óbvias, se pudessem jogavam pedras no iluminado mundo da fantasia.
A primeira dessas festivas reuniões que participei, foi em 1980. Calma. Longe estava eu de ser um dos que tinham “tráfego entre os chegados do poder”. Estava ali por acidente. Como sargento comandante da guarda, meu negócio era manter a ordem. Segurar os comandados para que também não entrassem na festa.
A estancada tradição do grande baile vinha de longe. Não pesquisei, mas acho que nascera em 1944, para marcar o primeiro aniversário de criação do Território Federal, na época, apelidado de Rio Branco. Vem daí a mania do Centro-Sul de nos confundir geograficamente. Antes com o Acre (cuja capital é Rio Branco – Território do Rio Branco), hoje com Rondônia, cuja sigla RO, parece-se com ROraima.
Em 1980, o governador era o brigadeiro Ottomar de Souza Pinto. No Corpo da Guarda do Palácio 31 de Março, uma lista de “personas non gratas”, impedidas de adentrar o recinto. Muito bem vestida, uma madame do “high society”, hoje mãe de conhecido advogado, chega, toda prosa:
– Noite linda, não, seu guarda! – cumprimenta-me, à entrada.
– Sinto muito, minha senhora, infelizmente, não posso deixá-la entrar. Seu nome consta da lista.
– Que lista?
– Essa aqui, ó!
– Que absurdo! Aonde já se viu, uma dama barrada na entrada do baile, logo no baile do Território... Quem é o seu chefe?
– Minha senhora, veja aqui, de quem é essa assinatura?
– Tudo bem, não vou entrar, mas vou ficar aqui na frente até que a festa acabe.
– A senhora é quem sabe...

sábado, 6 de setembro de 2008

Banco Santos - A Justiça evaporou R$ 3 bilhões

Deu na coluna de Monica Bergamo, da "Folha":

"O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou pedido de falência de Edemar Cid Ferreira. Os desembargadores decidiram que, por não ser (sic) tecnicamente um empresário - atividade exercida por sua empresa, o Banco Santos, e não pessoalmente por ele -, Edemar não pode quebrar. E seus bens pessoais, portanto, não podem responder por dívidas da instituição".

A Justiça é escola de crime de banqueiro? Dá o tombo e some o rombo.

(Coluna Sebastião Nery, de hoje - Tribuna da Imprensa)

Você já foi a Roraima?

(Edição de Artigos de Sábado do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com)

Por Maria Lucia Barbosa


Enquanto o escândalo que envolve espionagem do presidente do STF e de altas figuras da República, espera para ser suplantado pelo da semana seguinte, a conflituosa questão da Reserva Raposa Serra do Sol deixou de freqüentar os noticiários. Espera-se pela decisão do STF para saber se apenas alguns poucos índios poderão ficar sobre uma imensa área de Roraima enquanto rizicultores serão expulsos.

Também no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o governo que agraciar índios aculturados que hoje preferem um Pajero ao Pajé, com vastidões territoriais. Isso sem falar nos quilombolas, ou seja, aqueles que se dizem descendentes dos escravos e que também terão sua vingança contra o branco mau.

Parece que um frenesi de redenção populista acometeu o governo Lula. Todas as “dívidas” históricas devem ser pagas, inclusive, a países latino-americanos. Para a Bolívia, onde habita um povo sofrido e governa um companheiro com o charme politicamente correto da descendência indígena, o governo Lula doou instalações da Petrobrás com prejuízo de um bilhão e quinhentos milhões de dólares para o Brasil. Muito também já foi doado a países africanos e agora se prepara a doação de Itaipu para o presidente, ex-bispo e companheiro Fernando Lugo.

Recordemos que nas colônias da América Espanhola, por volta de 1771, o mestiço denominado crioulo, meio espanhol, meio índio, ao mesmo tempo dominado e discriminado pelo europeu que lhe negava acesso às esferas mais altas do poder, e dominador e discriminador em relação ao “mau selvagem”, descarregou sobre este seu complexo de inferioridade.

A partir de 1810, porém, quando se inicia o processo de independência das colônias hispânicas, uma ideologia inversa à que existia fez com que os crioulos de declarassem “índios de honra”. Emergiu o “bom selvagem” que passou a ser cantado em verso e prosa.

No Brasil não havia as civilizações adiantadas dos Astecas, dos Maias, dos Incas e nossos índios se encontravam no nível pré-histórico. Hoje devem restar poucas tribos em estado primitivo, mas, mesmo assim, parece haver um propósito da parte do governo Lula de exaltar o mito do “bom selvagem”. De novo a velha tática de dividir para governar que joga negros contra brancos, pobres contra ricos e agora índios contra “não índios”, termo que é mais uma pérola da língua petês.

Muito a propósito, um amigo virtual, Gilberto, de Curitiba, me perguntou: “Você já foi a Roraima”? Disse-lhe que não e ele seguiu pelo e-mail dizendo:

“Eu já fui, na década de 70, quando esses arrozeiros estavam desbravando aquela região sem estradas, sem médicos, sem comunicações”.

“Sobrevoei a região até a fronteira da Venezuela”. “Dava medo”. “Estávamos em um monomotor e eu sabia que se tivéssemos uma pane, desceríamos em um ermo onde ninguém nos acharia antes de sermos comidos pelas feras ou pelos mosquitos”.

“Foi ali que os arrozeiros se estabeleceram. Pacificamente, sem matar um só índio, até porque sobra terra para pouco índio (menos de um por quilômetro quadrado).

“Esse pioneiros, se fossem do MST, teriam toda proteção do governo petista porque seriam sem-terra ocupando uma área abandonada, de acordo com o direito de posse garantido pela Constituição”.

“Mas eles não são do MST”. “Não vivem sustentados pelas bolsas-esmolas nem comem o que lhes é enviado pelo governo em cestas básicas”. “Os arrozeiros prosperam com seu trabalho e sua coragem, o que é um crime aos olhos da esquerda”.

“Então, devem ser expulsos para em seu lugar virem os índios que nada farão com aquela terra, exceto vender seus recursos para quadrilhas de brancos e comprar caminhonetes importadas, como tem acontecido em todas as reservas indígenas”.

“Outro dia assisti a um documentário sobre esse caso e achei muito emblemática uma passagem: depois de um monte de asneiras de antropólogos sobre a preservação da ‘cultura indígena’, o documentário passou a mostrar um bando de índios entrando num barco a motor e se embrenhado pela floresta para caçar macacos”. “Sim, matar macacos para comer faz parte da ‘cultura indígena”.

“Mas como aqueles índios caçaram”? “Caçaram com espingardas modernas que não davam a mínima chance aos nossos pobres primos arborícolas”. “Ao final, voltaram no mesmo barco a motor e, chegando à maloca, o chefe do bando disse: ‘agora, de acordo com nossa cultura, vamos fazer sopa de macaco”.

“Que lindo, é preciso preservar isso, uma atividade tipicamente indígena, herdada de ancestrais milenares: barco a motor e caça com espingarda”.

“Agora imagine se os luminares do PT resolverem restaurar as culturas indígenas destruídas pelo branco no Brasil?” “Uma das primeiras coisas que retornará será o canibalismo praticado pelos tupinambás. E se os mexicanos, seguindo o exemplo, resolverem restaurar a antiga cultura asteca, haja coração, no sentido mais lato da expressão”.

Será, pergunto, que os petistas sonham em restaurar o comunismo tribal em pleno século 21?

Duvido, eles adoram as delícias do capitalismo. E os índios também.

Maria Lucia é socióloga, professora, escritora.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A guerra do começo do mundo

Amanhã a onça começa a beber água.

A decisão do STF, que tem se mostrado bastante inclinado a desfazer a demarcação em área continua e transformar Raposa Serra do Sol em ilhas, será cabal. Queiram ou não as facções envolvidas.

Pode ser o fim, assim como também pode ser o início da guerra do começo do mundo.

É viver para ver.

Tudo dominado

A partir de 2009, a nova carteira de identidade - que deixa de ser RG e será chamada de RIC (Registro de Identidade Civil) - terá informações de RG, CPF e Título de Eleitor.

O novo documento, no modelo e tamanho dos cartões de crédito, contará com um chip trazendo informações como cor da pele, altura e peso.

O documento terá itens de segurança como dispositivo anti-scanner, imagens ocultas e palavras impressas com tinta invisível, fotografia e impressão digital a laser e a possibilidade de armazenar no chip, informações trabalhistas, previdenciárias, criminais e o que mais for necessário.

É o Admirável Mundo Novo, de Huxley.

Quero minha dose do soma. E logo!

Credibilidade da imprensa

Os jornais são o meio de comunicação mais confiável para os executivos brasileiros, que têm na mídia impressa sua maior fonte de informação.

É o que aponta uma pesquisa realizada pela agência de comunicação Máquina da Notícia.

Em escala de 0 a 5, o jornal tem grau de confiabilidade de 3,8, seguido por revista (3,4), rádio (3,3), TV (3,2) e internet (3,0).

Uma pena

É com pesar que registramos aqui o nosso descontentamento com o "deslize" do nobre Senador Mozarildo Cavalcanti (PTB).

Querer constitucionalizar o nepotismo é um tanto demais. Já bastam os gafanhotos, os pedófilos, os tais que tais. Roraima precisa ser levada a sério, gente...

Essa foi a gota d'água. Como diria meu pai, "Bom, basta!"

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

E o Brasil ficou na roda

Definitivamente, isso não se faz. O Brasil merecia um pouco mais de respeito. Afinal, não à toa, somos os únicos pentacampeões do mundo. Não à toa, nosso país é o megaexportador de jogadores. Todo clube, de qualquer Continente, deseja ostentar em seu elenco um jogador brasileiro.

Fomos os primeiros a alcançar a marca de cinco "canecos" levantados desde que se tem notícia de Copa do Mundo. Havia até um slogan em 2002: "Todo mundo tenta, mas só o Brasil pode ser penta". E foi. Conseguimos marcar o mundo com nossa ginga peculiar, jogo de cintura que ninguém mais tem. Ops, tinha...

Tudo bem. Já não somos hegemônicos nesse particular, o chamado esporte bretão. Mas também não precisavam nos humilhar tanto assim. O que os portenhos fizeram hoje com nossa seleção foi humilhação. E da "braba".

O que se viu hoje na TV tinha um nome quando eu era menino, lá em Porto Velho, jogando peladas em várzeas. Sugestivo nome. Era o jogo do peru. O Brasil virou o peru dos portenhos. Ficou na roda, enquanto os argentinos usavam e abusavam dos toquinhos pra cá, toquinhos pra lá.

O Brasil ficou na roda. Isso não se faz. Sob a era Dunga viramos os amarelões do Bretão. Quando mais se precisa de Ronaldinho & Cia, lá vem o amarelidão. Tome falta de vontade! Lerdeza geral. Acho que a demissão de Dunga é iminente.

Estou inconformado. Isso não se faz. Definitivamente, isso não se faz.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Favas contadas

Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (18) aponta o atual prefeito e candidato à reeleição, Iradilson Sampaio (PSB), com 48% das intenções de voto para a Prefeitura de Boa Vista (RR). O deputado Luciano Castro (PR) aparece com 22%.

Se a eleição fosse hoje, estava liquidada a fatura. O número de eleitores em Boa Vista não comporta segundo turno.

O candidato Ariomar Farias de Lima (PCO) soma 3% das intenções de voto, enquanto José Luis Oca (PSOL) tem 2%. Os brancos e nulos totalizam 9%, enquanto os que não sabem, 15%. Já 1% não respondeu.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Pensando bem...

O que está impulsionando o mercado, que se acha aquecido em todos os setores, não é a poupança nem os salários, mas sim, o crédito rotativo.

Exemplo disso, são as concessionárias de veículos e demais revendoras independentes. Vivem de vender carros em prestações de 60, 72 e até 90 vezes. O meu mesmo foi comprado em 60 meses.

Nove entre 10 brasileiros estão atolados em dívidas em bancos e financeiras outras. Rolando, negociando e seguindo em frente. Curioso é que as ofertas de empréstimos consignados não cessam. Audaciosos, os corretores estão agora atacando de cartãozinho com número de telefone e tudo, nas repartições públicas.

Aumento de salário (o mínimo não conta), que é bom, a população faz tempo que não sabe o que é.

Vivemos uma economia de araque. Tudo de mentirinha.

Tá na hora de começar a pensar

Tem coisas que não dá para se entender. Por exemplo, por que se exige tanto dos passageiros de um avião, que todos se amarrem bem ao cinto de segurança, enquanto não se faz o mesmo com os passageiros de um ônibus interestadual?

Ora vejam, no avião, se o danado cair, de nada adianta o cinto de segurança. O bicho se espatifa no chão e todos vão para o beleléu, com ou sem cinto de segurança.

Já num ônibus, como foi o caso do que matou oito pessoas neste domingo em Mucajaí, se houvesse a determinação do uso do bendito cinto, com certeza, todos teriam se salvado. Uns teriam ficado dependurados, muitos sofrido lesões leves, mas entre mortos e feridos escapariam todos.

Pensa bem, mané!

Conta outra, vai...

Dias atrás o governo anunciou o resultado de uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, dando conta que 30% dos pobres brasileiros subiram um degrau na escada social. Alcançaram a classe média.

Pesquisas da FGV, invariavelmente, são para ser levadas a sério. Essa, porém, francamente!

Minha pergunta é simples: alguém aí tem notícias de que a população das grandes favelas brasileiras diminuiu?

Quem pode assegurar que o pessoal pobretão alcançou melhores salários a ponto de estacionar na tão cobiçada classe média e, mesmo assim, optar por continuar vivendo nas favelas, verdadeiros antros de degradação humana, onde o que impera é a violência e a morte por bala perdida (ou achada)?

Brasil fora dos trilhos

Agora à noite, estava eu caminhando na praça Ayrton Senna, quando dei de cara com um outdoor, na entrada da UFRR, chamando para um debate sobre a corrupção como fator de aumento de tributos no Brasil.

Aí, comecei a pensar: como o país poderia hoje ser outro não fosse a corrupção! Como a maioria dos brasileiros depositou esperanças no atual governo, que se dizia mais puro que a neve! Como um partido caiu tanto a ponto de respirar fisiologismos baratos ao invés de retidão e pureza de caráter que tanto arrotou enquanto oposição!

Esse país, com a dimensão e o povo honesto e trabalhador que tem, e ainda por cima privilegiado pela natureza, não precisava espoliar tanto os seus trabalhadores não fosse o câncer da corrupção a corroer-lhe as entranhas.

Alguém aí já fez um balanço de quantos recursos escorreram pelo ralo só nesses anos de governo Lula? Foi mensalão, cartões corporativos, máfia dos vampiros, escândalo das obras e por aí vai.

Bilhões surrupiados dos cofres públicos em detrimento do trabalhador brasileiro, que morre de pagar impostos para sustentar a matilha esfameada.

É o Brasil. Esse país que insiste em andar fora dos trilhos. Uma pena!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Vitória da Imprensa

Um pedido de prisão e de busca e apreensão na casa da jornalista Andréa Michael foi rejeitado pela Justiça Federal. A solicitação partiu do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz.

Protógenes é o delegado que pediu a prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, entre outros. Ele acusou Andréa de ter vazado dados sigilosos.

No último dia 26 de abril, Andréa publicou reportagem intitulada "Dantas é alvo de outra investigação da PF". Os detalhes revelados no texto, que antecipavam a operação deflagrada ontem, desagradaram a PF.

O juiz negou a prisão da jornalista. Isso significa uma vitória da liberdade de imprensa e o direito de jornalistas exercerem a profissão de bem informar. Com dignidade e sem medo.

Valeu!

Aborto tem parecer negativo aprovado em Comissão na Câmara

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um parecer contrário a dois projetos que liberavam a prática do aborto no País.

O texto é do próprio presidente da comissão, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A proposta já havia recebido parecer contrário também na Comissão de Seguridade Social. Mesmo assim, as matérias devem ir para votação no plenário da Câmara.

Um dos projetos prevê a descriminalização total, enquanto o outro permite a interrupção da gravidez de até 90 dias.

Mão na combuca

Quando, açodadamente, o governador Anchieta Júnior saiu-se em defesa veemente do seu candidato a prefeito de Boa Vista, deputado Luciano Castro (PR), no caso da denúncia de ser este um cliente da rede de pedofilia, estava ele metedo a mão numa combuca desconhecida e nada agradável.

Agora, terá que levar seu projeto até o fim. Mesmo com todo o peso que tal decisão implica diante da opinião pública, enojada que está com tal procedimento. Não pode mais voltar atrás, pela simples razão de que, assim, estaria dando a mão à palmatória.

Mesmo com a negativa da cafetina Lidiane Foo de que conheça o candidato, e que tudo não passou de armação de seu advogado, Silas Cabral, continua pesando sobre os obros do deputado-candidato a palavra da conselheira Ivone Salucci.

Salucci disse alto e bom tom que o nome de Luciano Castro aparecia como cliente de pedofilia/prostituição infantil desde 2002, em pelo menos três pesquisas realizadas pelo Conselho Tutelar.

Pelo sim, pelo não, o povo, escaldado, por certo, não dará a Luciano o benefício da dúvida. As urnas dirão isso.

Quanto a Anchieta, ele perdeu uma boa oportunidade para se manter na crista da onda da Raposa Serra do Sol. É muito provável que seu conceito tenha levado uma retumbante queda.

É viver para ver.

Falha nossa

Ontem, 8 de julho, foi o grande e esperado dia. Dia não. Noite. Noite de lançamento do Retalhos II, coletânea de autores roraimenses organizada pelo amigo e jornalista, cronista e escritor Aroldo Pinheiro.

Este blogueiro, todo faceiro, ocupou quase quatro páginas na publicação. Para minha tristeza, hoje a Fábia Marcela me questiona:

- Papai, cadê o resto de sua melhor crônica?

- Qual delas?, questiono.

- A micose. Ficou faltando.

- Fui ver com curiosidade acurada. E não é que a dita-cuja ficou pela metade?

Mas se algum curioso quiser mesmo saber o desfecho, procurando aqui no blog, abaixo, vai encontrá-la por inteiro.

Mil desculpas. Falha nossa (do editor).

domingo, 22 de junho de 2008

Missão quase cumprida

Até que enfim, o texto está redondinho. É "Histórias de Redação" tomando corpo.

Agora são 23 horas de domingo. Cheguei da Igreja por volta das 21h30 e enfiei a cara no computador.

Corrigindo vírgulas fora do lugar, palavras com letras trocadas, colocações malfeitas, etc. e tal.

Esses senões foram detectados em uma leitura a quatro olhos - eu e a Ethiane, ontem durante todo o dia. O Francisco teve que esperar um pouquinho para brincar com o vovô.

Agora é só entregar todo o calhamaço de originais para o Plínio Vicente fazer a revisão final.

Ufa!

No topo outra vez

Depois de 15 anos correndo atrás, o Brasil volta a liderar o campeonato de Formula 1.

A última vez que isso aconteceu foi com o grande e inesquecível Ayrton Senna, ao vencer o GP de Monaco, em maio de 1993.

O brasileiro Felipe Massa venceu na manhã deste domingo o Grande Prêmio da França, em Magny-Cours. Kimi Raikkonen ficou em segundo.

Moral, que moral?

Não digo nem que sim nem que não quanto ao possíel envolvimento do deputado do PR e candidato a prefeito de Boa Vista no saco de gatos da pedofilia.

Uma coisa, no entanto, deveria ser certa: a essa altura, sua candidatura já teria subido no telhado.

Mas o candidato governista ao Palácio 9 de Julho tem a seu favor a índole do brasieiro. Somos um povo que não se incomoda muito com o lado moral.

Não fosse assim, as Casas Lira já teriam sido apedrejadas. No mínimo quebradas, economicamente falando. Ninguém mais iria lá para comprar nada.

Mão no fogo

O governador Anchieta Junior foi à televisão pôr a mão no fogo pelo seu candidato a prefeito de Boa Vista, Luciano Castro, deputado líder do PR na Câmara federal.

A surpresa foi ele ter quebrado a palavra. No caso de outro Luciano, o Queiroz, ele disse que não sabia nem tinha por que saber o que faziam seus assessores em suas horas de folga.

É bom que esse fogo seja brando. Senão, o estrago estará feito.

Imitar sim, por que não?

Ontem, aconteceu a abertura do Arraial das 3 Nações, promovido pelo Governo do Estado, no Parque Anauá.

Eu não fui, mas quem foi me disse que tudo estava nos trinques. "Uma bela imitação do arraial promovido pela Prefeitura de Boa Vista", o "Boa Vista Junina 2008 - cheiros e sabores, Brasil de todas as cores.

Nada de mais. O que é bom deve mesmo ser imitado.

Velhos tempos

Primeiro foi a Justiça de São Paulo investindo contra a Veja e Folha de S.Paulo.

Agora, tiros na sede do jornal Diário do Amazonas, em Manaus.

É, parece que a liberdade de imprensa está aos poucos sendo rifada neste Brasil petista.

Sem chance

Alguém com assento periférico ao gabinete-mor do Palácio Senador Hélio Campos garantiu nesta manhã que amanhã, logo cedo, o MP vai emitir nota se retratando quanto ao anúncio feito na sexta-feira, de que Luciano Castro, o bambambã do PR na Câmara Federal, estaria enfiado na pedofilia.

Acho muito difícil. Seria sepultar toda a credibilidade da instituição. Esta, aliás, é a última coisa que o roraimense deseja.

Debaixo desse pirão...

Ontem pela manhã, quando me disseram que o Cesinha já era, perguntei de chofre:

– Quem matou ele?

- Ninguém, rapaz, ele se matou.

Sabendo quem era o Cesinha, tenho muita dificuldade de acreditar nesse suicídio.

É preciso que ocorra uma investigação profunda. Porque debaixo desse pirão tem carne
 

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Haja juros!

Deu na coluna do Sebastião Nery, de hoje (19):

1 - Nos últimos 5 anos, o Brasil pagou 750 bilhões de juros.
2 - Em 2007, o Brasil pagou 160 bilhões de juros.
3 - São 440 milhões por dia, contados todos os 365 dias do ano.
4 - São 600 milhões por dia, se contados apenas os 262 dias úteis.
5 - Resumindo, são 80 milhões de juros por hora útil trabalhada.
6 - Segundo o sério ministro Patrus Ananias, no mês passado, maio, o custo total do Bolsa Família foi de 804 milhões de reais. Logo, um mês do Bolsa Família custa apenas um dia e meio do que o País paga de juros.

Acham pouco. Ainda querem aumentar os juros e o superávit primário.

sábado, 14 de junho de 2008

Não passa, não

Como escrevi em post de ontem (13), não acredito na aprovação da CSS (Contribuição Social para a Saúde) no Senado. O jornal Folha de S.Paulo de hoje diz que apenas 18 senadores da base governista estão propensos a votar sim.

Um desses convictos é Romero Jucá (PMDB). Com razão. É o líder do governo na Casa. Não há o que recriminar por isso. Há, porém, ainda a possibilidade de novas defecções. O (des)gooverno precisa para aprovar o novo imposto de pelo menos 41 votos a favor.

Aliás, certeza mesmo só se pode ter uma nesse caso: o senador Mozarildo Cavalcanti será contra a aprovação de mais essa garfada no bolso do contribuinte brasileiro.

Ele já deu mostras cabais que é contra qualquer coisa que parta do (des)governo Lula.

Estou com ele e não abro!

Isto é uma vergonha!

No Brasil da era Lula parece que todo mundo "abilolou" geral. A CPMF foi extinta em dezembro do ano passado, e nem por isso a arrecadação do Governo caiu. Muito pelo contrário. Continuou em franca ascensão.

A CPMF, que era imposto exclusivo para fomentar a saúde, há muito tempo não seguia a destinação primeira. Os recursos eram desviados para outras finalidades.

Agora, desavergonhadamente, vem o (des)governo tentando ressuscitar o morto. Pior: a argumentação, desavergonhadamente (de novo!), é a mesma: recursos para a saúde.

Da forma como anda a carruagem, o certo vai ser dentro de pouco tempo, todos perderem a vergonha. Hoje o governo já está assim. Mas, pelo visto, ainda restam homens de bem. Esses, no entanto, são em menor número que os de "bens".

Como diria Boris Casoy, "ISTO É UMA VERGONHA!"

CSS – veja quem é contra e a favor do novo imposto

De acordo com o site Uol Notícias, o deputado Márcio Junqueira (DEM) foi o único deputado federal roraimense que votou contra a recriação do imposto do cheque, a CPMF de velhos carnavais, ora travestida de CSS (Contribuição Social para a Saúde).

Édio Lopes (PMDB), Neudo Campos (PP), Luciano Castro (PR) e Maria Helena Veronese (PSB) votaram a favor da recriação do imposto, que é mais um esbulho no bolso do já espoliado trabalhador brasileiro.

Os deputados Urzeni Rocha (PSDB), Chico Rodrigues (DEM) e Ângela Portela (PT) não aparecem nem em uma nem na outra lista. Eximiram-se de dizer sim ou não à recriação do imposto.

Mais uma vez, Junqueira dá mostras de que está ao lado do trabalhador brasileiro. Não foi omisso, faltando à votação, nem atirou contra o eleitor que o elegeu para defendê-lo.

Parabéns deputado!

Justiça seja feita

Falando em Márcio Junqueira, é de se reconhecer – entre gregos e troianos – o empenho do deputado democrata em defesa do Estado de Roraima na questão da demarcação equivocada da terra indígena Raposa Serra do Sol, feita pelo Governo Lula.

Junqueira foi de uma coragem esplêndida. Arriscou-se até mesmo a ser atingido em sua integridade física. Bom que se diga, não “abriu” diante das ameaças cabais feitas pelos integrantes da ONG CIR (Conselho Indígena de Roraima) et caterva.

Mais brava ainda foi sua atuação no Congresso sobre o episódio. Com argumentação lúcida e firme, enfrentou o ministro da Justiça Tarso Genro, mostrando que o Governo Lula agiu não só equivocadamente, mas de má-fé para com Roraima.

O Estado haverá de reconhecer tal empenho.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Coisas de Brasil

Eu estava relutando para não comentar nada a respeito. Mas não deu. Vou, enfim, meter o meu bedelho.

Depois de fragorosamente derrotado no Senado, lá vem de novo o governo com a idéia de meter a mão no bolso do já espoliado contribuinte.

Não é por nada não, mas parece desfaçatez a recriação do imposto do cheque. De CPMF virou CSS.

Acho, sinceramente, que a idéia não passa no Senado.

Mas só o fato de ter ressurgido, e não só isso, ter sido aprovada na Câmara, a idéia mostra quão cínicos são os nossos representantes. Cinismo, aliás, indizível.

Coisas de Brasil

Êta vidinha!

Todo o staff dos Direitos Humanos do País está empenhado em libertar os dois sargentos homossexuais assumidos.

Os dois foram presos após o Exército haver cumprido todos os trâmites legais. Tudo dentro da lei. Mas como são homossexuais, acendeu a luz vermelha para os “engajados”. Em polvorosa está não só o seu Ariel.

A minha dúvida é a seguinte: por que esse pessoal não se mobiliza para tirar da cadeia a mulher grávida de seis meses que foi presa em flagrante em um supermercado de São Paulo só porque disse que iria roubar um rolo de papel higiênico?

Veja que a mulher sequer chegou a roubar o rolo. O rolo se virou pro seu lado. Depois de feito o flagrante, o delegado disse que só um juiz poderia mandar libertá-la.

Para ficar livre, havia, no entanto, outra alternativa: pagar a fiança. Mas, como ela poderia pagar fiança, se nem para comprar um gênero e primeira necessidade ela tinha recursos?

Está na Folha de Boa Vista de hoje:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá a Santa Elena de Uairén, na Venezuela, no próximo dia 27, para um encontro com Hugo Chávez. Mesmo tão próximo de Roraima, não será dessa vez que ele virá ao Estado discutir a transferência de terras e inaugurar a ponte sobre o rio Tacutu, ligando o Brasil a Guiana. A Assessoria de Comunicação do Palácio do Planalto confirmou que não há nada programado para Roraima e que a viagem de Lula ao país vizinho abordará temas ligados a energia elétrica.”

Comento:

Alguém aí sabe me dizer quantas vezes o presimente, digo, presidente Lula veio ao Amazonas?

Alguém aí sabe dizer quantas dessas vezes ele deu uma esticadela até aqui? Ou melhor: alguém sabe dizer por que essa birra?

Será que nós, roraimenses, merecemos menos honra que os povos africanos, cujo continente o presimente, digo, o presidente já visitou mais de uma dezena de vezes nesses dois mandatos?

Vou mais além: qual o cacife moral para com Roraima o presimente, digo, o presidente Lula tem para decidir qualquer coisa sobre nosso Estado?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dois pesos e duas medidas

Uma das condições primordiais para qualquer concursado do Estado assumir uma vaga no serviço público para a qual se submeteu e alcançou êxito depois de eforços hercúleos, é a de não ter "ficha suja na polícia".

Após publicado o resultado final do concurso, em seguida vem a bendita "pesquisa social". Um "verdugo" do Estado vai à casa do candidato, faz uma lista quilométrica de perguntas e ouve, é claro, só elogios ao pesquisado.

Não se contenta. Faz uma varredura na vizinhança, em busca de encontrar qualquer coisa que possa "desabonar" a conduta do "querelado". Uma briga "de boca" com um vizinho mal-encarado é razão suficiente para tirá-lo do páreo e deixá-lo engrossando a fila dos desempregados.

Já com os políticos... Ah bom! Aí é outro papo!

Veja o post abaixo.

A raposa e as galinhas

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu nesta terça-feira (10) que quaisquer políticos, mesmo aqueles enrolados até o pescoço com a Justiça (homicídio, crimes do colarinho branco, malversação de recursos públicos, pedofilia, estupro e o escambau), podem concorrer normalmente às eleições deste outubro próximo.

Isso implica que, mesmo que o político tenha sido condenado, mas ainda lhe reste recurso, ou seja, sua sentença não tenha sido transitada em julgado, ele é candidatíssimo a sentar-se na cadeira de prefeito ou ocupar vaga nas câmaras municipais Brasil afora.

Democracia às avessas, onde até mesmo aqueles que, comprovadamente roubaram o erário de forma escandalosa, ainda têm a chance de continuar praticando os mesmos hábitos nefastos.

Uma democracia que prima por colocar a raposa para tomar conta do galinheiro.

domingo, 8 de junho de 2008

País das Maravilhas

Na última quinta-feira (5) estive por acaso no salão nobre do Palácio Senador Hélio Campos, no momento em que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), discursava sobre sua missão em Roraima.

O homem veio assinar um convênio para a "re"construção da BR-174. Não toda a rodovia, mas sim os primeiros 126 quilômetros (Boa Vista - Caracaraí). A estrada toda tem mais de 760 quilômetros de extensão.

Pela palavra do ministro, parecia que ele trazia a redenção ampla geral e irrestrita de Roraima. Qualquer incauto poderia pensar que, com o tal convênio, todos os problemas econômicos deste Estado estariam solucionados de vez.

Mas não era só isso. O que era mesmo de espantar era a paixão com que o homem falava do presidente Lula. "Presidente bonzinho". Um homem que está "buscando a felicidade geral da nação". Um homem que não carrega nenhuma mácula sobre os ombros. O pai dos pobres. Deus na terra.

País dirigido por um homem desses não poderia ser outro que não o de Alice. O País das Maravilhas. Em todos os sentidos, segundo o ministro.

Santa sandice! Quando se sai do mundo da ilusão e se põe o pé no chão, aí a coisa muda de figura.

Vê-se logo um país que, longe de ser o “das maravilhas”, não cuida sequer dos seus com o desvelo que deveria. Exemplos estão aí para qualquer cego enxergar.

Falta segurança, falta seriedade no trato com a causa pública (a questão da Amazônia é tratada de forma totalmente irresponsável), as Forças Armadas que não impõem respeito a ninguem (o CIR desterra um General comandante de área) pela penúria por que passam, e, para completar, a saúde é terreno fértil para o descaso.

“O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde entregou ao ministro José Gomes Temporão um documento sobre o caos no setor. O ministro da Saúde fez cara de espanto, própria de quem pouco sabe sobre as angústias dos Estados. Assinado por todos os secretários, o documento prevê para outubro o fim dos recursos. O rombo é de R$ 6,1 bilhões. Sem falar nas ameaças de greves de médicos em todo o País” (Coluna Cláudio Humberto, de hoje, 8).

Ou seja, para ficar ruim, ainda precisa melhorar muito! Mas Lula está se esforçando.

sábado, 7 de junho de 2008

Momento de profunda tristeza

Ontem foi mais um dia triste na história de nosso Estado de Roraima. Mais uma vez estivemos na mídia nacional não por algo altruísta, mas pelo que há de mais espúrio no ser humano: a pedofilia.

Gente montada na grana, que poderia ter as mulheres que quisesse, não tinha nada que se meter a fazer mal a inocentes crianças, cravando em suas almas tristes marcas, indeléveis.

Sou terminantemente contra a pena de morte. Mas, num momento desses, a se confirmar as acusações por parte da Justiça, uma prisão perpétua até que ia bem.

Certamente seria tempo suficiente para todos fazerem profunda reflexão sobre as aberrações que cometeram. E, assim, possam se arrepender.

Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas quer que todos se arrependam e venham ao conhecimento da verdade.

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jesus Cristo, o Salvador).

A HOMO MANIA

Por Rodrigo Constantino

“O Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver à custa de todo mundo.” (Frédéric Bastiat)

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que serão incluídas no Sistema Único de Saúde (SUS) as cirurgias de mudança de sexo. A informação foi dada ao chegar para participar da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que contou com a presença do presidente Lula. O ministro justificou a decisão alegando que “a medida obedece a um princípio de humanização e atende a uma demanda social”. Estranhos conceitos do ministro. É sempre o mesmo tipo de discurso para defender atrocidades.

Nada contra a escolha sexual dos indivíduos. Cada um na sua, desde que se respeite a liberdade alheia também. No entanto, faz-se necessário alertar que essa postura em relação aos homossexuais e transexuais já está passando dos limites. Uma coisa é tolerar as diferenças, respeitando que o indivíduo tem o direito de viver ou fazer sexo com outro do mesmo sexo. Outra coisa, bem diferente, é pular de alegria porque mais gente escolhe a homossexualidade, festejar o tal “orgulho gay” e até incentivar as pessoas nessa direção, dando a entender que é a coisa mais fashion do mundo. Circula a piada de que antes era terrível ser gay, depois passou a ser aceitável, hoje é o máximo, e é melhor ir embora do país antes que seja obrigatório.

Essas paradas gays são financiadas, em boa parte, com dinheiro dos pagadores de impostos, muitos deles no total direito de não gostar da homossexualidade festejada com seu dinheiro suado. Sem falar que se heterossexuais fizessem metade do que os gays fazem nessas paradas seriam presos por atentado ao pudor! Se a homofobia é indesejável, me parece que a “homo mania” também o é. Até porque, no limite, se todos resolverem virar homossexuais, a humanidade vai sobreviver apenas com reproduções in vitro, e filho algum terá pai e mãe sob o mesmo teto. Pode ser o ideal da distopia de Huxley, O Admirável Mundo Novo, aonde a palavra “mãe” chegava a despertar nojo nos jovens, todos eles criados em laboratório. Haja soma (ou Prozac) para manter essa turma aparentemente contente!

Não é preciso ser um reacionário ou um conservador crente para respeitar os valores familiares. Família é algo muito importante, ainda e felizmente. É o núcleo de nossa civilização, cada vez mais atacado pelo governo, que é visto como deus por muitos, e assume o controle sobre nossas vidas de forma assustadora. Aqueles pais irresponsáveis que não querem educar seus filhos apelam para a tutela estatal, assim como Rousseau fez, depois de abandonar todos os seus filhos no orfanato. Isso não quer dizer que a família tradicional deva ser mantida à custa de qualquer coisa, inclusive da felicidade de seus membros. Um filho certamente está em melhor situação se criado por pais separados que se entendem, do que por pais que ficam juntos brigando diariamente, apenas porque a família tem que estar unida na mesma casa. Havia muita hipocrisia – e também infelicidade – no “puritanismo” da era vitoriana. Longe de mim, pregar um retorno a esses tempos, quando até o divórcio era visto com enorme preconceito, ou mesmo um crime. Mas nem por isso vou deixar de valorizar a família como uma importante instituição, crucial inclusive para preservar a liberdade individual das garras do governo onipresente, que pretende substituir suas funções.

Com isso em mente é que repudio essa nova medida do governo Lula, que sempre luta para enfraquecer a família como instituição, objetivando mais e mais poder nas mãos do governo. Essa turma tem o autoritarismo no seu DNA. Se dependesse deles, o governo iria decidir sobre cada mínimo detalhe de nossas vidas particulares. Para barrar esse avanço imoral sobre nossas liberdades, não devemos analisar somente caso a caso, aplaudindo alguns que parecem fazer sentido pontual e condenando outros. É preciso condenar o pacote completo! É preciso questionar a premissa central por trás de tantas medidas que invadem nossa liberdade. É preciso mostrar que não desejamos nem necessitamos da tutela estatal. Que cada família, de forma geral, cuida melhor dos próprios filhos e sabe o que é melhor para si. O governo não é pai de ninguém.

As seqüelas dessa mentalidade coletivista e da idolatria ao Estado são enormes. Em um país escandinavo, teve um idoso que entrou na Justiça exigindo prostitutas pagas pelo governo, para ter uma velhice mais feliz. Quando tudo é oferecido pelo governo, eis o resultado que temos: um leilão de privilégios, cada um lutando por mais alguma vantagem a ser paga pelos outros. Essa medida do governo Lula é apenas mais um efeito nefasto desse coletivismo tosco, que predomina na mentalidade dos brasileiros. Qual será o próximo grupo beneficiado em troca de votos? Será que o governo vai oferecer cirurgias plásticas “grátis” para as “mocréias”, em nome da igualdade facial? Será que o governo vai oferecer implante de cabelo “grátis” para os carecas, em nome da igualdade capilar? Vivemos em um país socialista mesmo, onde todos ficam tentando usar o governo para obter vantagens, mesmo que as mais bizarras. É lamentável...

Mas voltando a esta medida em particular, eis que crianças e adultos morrem por falta de remédios nos caóticos hospitais públicos, enquanto alguns sujeitos problemáticos, que nasceram com um pênis, mas gostariam de ter nascido com uma vagina, usarão o dinheiro do nosso imposto para cortar fora o órgão indesejado. Quando burocratas e políticos, preocupados apenas em concentrar privilégios para obter votos, decidem a alocação de recursos escassos, é esse o resultado que temos. O governo vai ampliando os privilégios, enquanto a conta fica cada vez maior para todos. Tem cotas por cor da pele, tem carteira para estudante, tem “gratuidade” para idosos, tem benefícios forçados para deficientes, tem reserva para índios, tem subsídio para grandes empresários, tem verba para invasores de terra, tem esmola para pobres, tem financiamento para cineastas engajados, tem dinheiro para movimento gay e muito mais, até mesmo cirurgia para transexual, tudo isso bancado por nossos impostos. Se o sujeito é branco, heterossexual, adulto, saudável, assalariado ou pequeno empresário, e classe média, ele está frito! Ele vai ter que bancar essa conta toda. Ele é o discriminado, para tanto privilegiado. Que valores são esses?

Eu sou um libertário, defensor da menor minoria de todas: o indivíduo. Costumo ser atacado tanto pela esquerda socialista como pela direita conservadora, saudosista da Idade Média. Não me identifico com nenhuma dessas vertentes, até porque considero ambas autoritárias. No fundo, eles pregam liberdade para aquilo que não se importam tanto, mas desejam um governo autoritário naquilo que julgam valioso. Os socialistas materialistas, que só pensam em dinheiro, querem controle estatal na economia, mas defendem as “liberdades civis”, enquanto os conservadores pregam governo controlador no comportamento humano, mas desejam a liberdade econômica. Eu defendo liberdade em ambas as áreas, por entender que o indivíduo deve ser livre de fato.

Isso quer dizer que, numa sociedade libertária, os homossexuais desfrutarão de ampla liberdade, exatamente igual aos heterossexuais, já que todos seriam iguais perante as poucas leis básicas. Mas isso quer dizer também que os heterossexuais terão direito de não gostar do homossexualismo e expressar isso, contanto que não agridam a liberdade dos gays. Se um gay for agredido, o agressor deve ir preso não por homofobia, mas por agressão, como qualquer um deveria ser. Não será feita uma propaganda estatal em prol do homossexualismo, nem uma pressão para empurrar goela abaixo tal escolha como algo legal. A Igreja Católica, por exemplo, não seria obrigada a aceitar o casamento gay, que poderia ser feito como forma de um contrato qualquer, perante as leis. Um mundo libertário respeita o princípio da segregação voluntária, já que defende apenas trocas voluntárias. Não há nada tão ruim quanto forçar um convívio “amigável” caso ele não seja realmente desejado. E por fim, sem dúvida alguma, os heterossexuais não seriam obrigados a pagar pela cirurgia que arranca fora o pênis de um homem que insiste, contra a sua natureza, em ser mulher!

O ministro Temporão justificou essa bizarrice, de pagar com nosso dinheiro a extração do instrumento sem uso dos transexuais, com a desculpa de “humanização” e “demanda social”. Caro ministro, a verdadeira humanização e demanda social seria o senhor fazer uma cirurgia para a retirada de seu instrumento sem uso, o “cérebro”, já que o senhor deve estar usando alguma outra parte do corpo para “pensar”. Mesmo sendo libertário, abro esta exceção e defendo que o governo pague pela cirurgia.


http://rodrigoconstantino.blogspot.com

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Governo Lula tem projeto para igualar aposentadoria do funcionário público a do privado

Projeto de lei está sendo elaborado pelo Planalto com o objetivo de nivelar as regras para aposentadoria entre os funcionários públicos e privados. A proposta deve ser enviada até o fim deste ano ao Congresso Nacional.

Entre as propostas está a limitação do valor da aposentadoria ao "máximo de 10 salários mínimos", que é aplicado aos aposentados pelo INSS.

A mudança valeria apenas para quem ingressasse no serviço público após a promulgação da lei, não atingindo que está na ativa. Para se ter uma idéia, hoje um desembargador se aposenta com mais de R$ 20 mil.

As informações foram passadas pelo secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, ao jornal Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nação subestimada

Por Ernesto Caruso

O Decreto nº 1.775/96, que dispõe sobre o procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas, cita como amparo legal o Art. 84, inciso IV e o disposto no Art. 231, o que inclui os seus parágrafos, ambos artigos da Constituição/88, e o Art. 2º, inciso IX da Lei n° 6.001, de 19 de dezembro de 1973, que é o Estatuto do Índio.

Vejamos cada um desses suportes:

- O Art. 84, inciso IV diz que compete privativamente ao Presidente da República “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.”

- O Art. 231 ressalva que “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”

- O Art. 2º da Lei n° 6.001, de 19 de dezembro de 1973, já lembrado na apreciação do Estatuto do Índio, determina que “Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgão das respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, para a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos; ....” e o seu inciso IX complementa, “Garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos de Constituição, a posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes;”

Não há dúvida quanto à vontade expressa no Art. 231/CF que reconhece aos índios o direito originário sobre as terras que ocupam.

Mas, também há que se reconhecer o afunilamento que uma premissa falsa provocou, a partir de um único artigo da Constituição, o Art. 231, centralizando o poder de decisão, aproveitando a Lei 6.001/73, que lembra a garantia, nos termos da Constituição (era a de 67/69), o Decreto 1.775/96, ao prescrever que as terras indígenas serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a orientação do órgão federal de assistência ao índio, i. é. FUNAI, fundamentada em trabalhos desenvolvidos por antropólogo de qualificação reconhecida. Um antropólogo passa a ser o Senhor da Decisão.

Por outro lado, os termos da Constituição em vigor, a de 1988, não são exatamente os mesmos da Constituição de 67/69.

É ponto pacífico se admitir que as terras indígenas são bens da União (Art. 20, XI, CF/88).

A faixa de fronteira de até 150 km também se enquadra como bem da União, conforme o Art. 20, §2º, cuja ocupação e utilização, serão reguladas em lei. O DSN de 15/04/2005, que homologa a TI Raposa Serra do Sol estabelece o seu limite com o seguinte texto: “partindo do marco SAT RR-13=MF BV-0, de coordenadas geodésicas 05º12’07,662" N e 60º44’14,057" Wgr., localizado sobre o Monte Roraima, na trijunção das fronteiras Brasil/Venezuela/Guiana, segue pelo limite...” Isto é, exatamente na linha de fronteira.

As terras indígenas e a faixa de fronteira são consideradas bens da União, e em conseqüência, pelo Art. 48, V, “Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:....V, limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;”. Prosseguindo no Art. 48, o inciso VI é contundente no que se refere à “incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;”

Ora, alteram limites dos municípios, eliminam municípios, desconstroem o Estado de Roraima, transformam por decreto áreas do Estado em bens da União, apartando o Congresso Nacional e sem ouvir a Assembléia do Estado.

Ocorreu uma fragmentação de Roraima ou esse Estado nunca existiu.

Ou deve valer a palavra de um antropólogo afiançando que todo o espaço considerado é terra tradicionalmente ocupada por índio.

E o Congresso não debate, não legisla?

Não cumpre o seu papel constitucional de dispor sobre todas as matérias de competência da União que dele dependem com a sanção do Presidente da República.

Ernesto Caruso é Coronel da Reserva do EB.

Previsão de derrota

Os radicais do desgoverno petista receberam sinais de que serão derrotados no Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da constitucionalidade do processo de homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, adiantou ontem, em reunião do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que todas as reservas indígenas já demarcadas no País estarão ameaçadas, a depender do entendimento dos 11 ministros do STF.

O burocrata prevê uma corrida ao Judiciário para que outros processos de demarcação pelo Brasil sejam revistos pela Corte.

Pacto ferido

Nas conversas informais entre os ministros do Supremo, o principal argumento contra a demarcação é o pacto federativo.

O governo de Roraima denuncia que 46% das terras do Estado são destinadas a reservas indígenas - a Raposa Serra do Sol corresponde a 7% do território de Roraima.

Como as “terras indígenas”, na verdade, passam a ser “terras da união” (pelo menos em tese), o pacto federativo fica flagrantemente ferido, já que o Estado tem seu território "expropriado" pela União.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A "balela" da Internacionalização da Amazônia

Por Francisco Espiridião

"O dedo acusa a Via Lactea. 'Lá!', berra o homem. À beira do Rio Branco, em Boa Vista, ele levanta-se intempestivo. Os filhos que brincavam ao redor da mesa se imobilizam. Os clientes do Meu Caso, bar de petiscos, suspendem as conversações. Esquadrinham o céu em alerta. 'Os americanos espionando a Amazônia', esclarece. Satisfeito com a perspicácia, volta a sentar-se. Missão cumprida. Perto dele ninguém será enganado por satélites vestidos de cordeiro".

Êta, textinho cínico! Assim mesmo, curto e grosso. Parece até o samba do crioulo doido. Mas não é. Ele está, ipsis litteris, na revista Época, de 29 de outubro de 2001, página 78. Uma tentativa esdrúxula de ridicularizar aquilo que todos nós, amazônidas, sabemos e conhecemos como verdade cristalina, e que o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) tem feito cavalo de batalha de seu mandato: a sede nefasta pela internacionalização da Amazônia.

Se, antes, as investidas se davam de forma velada, agora já não pairam quaisquer dúvidas. Agora, é explícita a voracidade da comunidade internacional em abocanhar esse pedaço de Brasil, exatamente uma faixa de terras rica em minérios estratégicos e biomas cobiçadíssimos. Essa extensa área que, com tanto orgulho, classificamos de "Patrimônio (único e exclusivo) dos Brasileiros".

A revista - que traz em destaque fragmento de texto de matéria da lavra deste articulista - dizia, havia quase sete anos, que, "...os brasileiros não adivinham. Mas Roraima está em guerra".

Se os brasileiros não adivinhavam na época (sem qualquer trocadilho com o título da revista) que Roraima vivia em guerra, isso hoje está claro em todos os quadrantes do país. A guerra de sete anos atrás continua. E mais acirrada ainda.

Uma guerra onde as armas letais não são aquelas que a Polícia Federal (Operação Upatakon 3) buscou e não encontrou no interior do território conflagrado (reserva Raposa Serra do Sol), segundo o deputado Márcio Junqueira (DEM). Mas sim, a intolerância do desgoverno que assola a dignidade do nosso povo.

Quando o Governo impõe a retirada de brasileiros (não falo aqui só de meia dúzia de arrozeiros) do interior da reserva, pratica atos de segregação racial, preconizados na Constituição Federal de 1988 (Art. 5 Caput).

Além de preconizar que "todos" (índios, brancos, pretos, amarelos, azuis etc) são iguais perante a lei, o dispositivo constitucional cita que é garantido aos brasileiros o direito à ... propriedade... É mais que sabido da existência de não-índios que ostentam títulos centenários de propriedade no interior da reserva. Tudo expedido de boa-fé.

De má-fé foi a forma como o Governo agiu para homologar a reserva, forjando laudo antropológico totalmente fictício. De má-fé foi a visita que o ministro da Justiça, Tarso Genro (sabe-se lá de quem) fez à área de conflito para ouvir apenas um lado da questão, exatamente aquele favorável à sanha entreguista de parte do território nacional. De má-fé ... bom, deixa pra lá.

Quanto à preocupação "à toa" com uma possível internacionalização da Amazônia, que para o Governo de plantão é mero conto da carochinha, aí está, nua e crua, a matéria veiculada pelo jornal americano The New York Times deste domingo (18), intitulada "De quem é a Amazônia, afinal?".

Cita aquele que é um dos mais acreditados jornais do mundo: "Um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território".

O NYT lembra, com todas as letras, que o ex-vice-presidente americano Al Gore disse, em 1989, que "ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazônia não é propriedade deles (brasileiros), ela pertence a todos nós (o mundo)".

Entenderam, ou eu preciso desenhar?