sexta-feira, 24 de maio de 2013

HEBREUS 8.7-13 – “A antiga aliança acabou! Viva a nova aliança!”


Por Isaltino Gomes Coelho Filho

ESTUDO BÍBLICO EM HEBREUS – 22.5.13
HEBREUS 8.7-13 – “A antiga aliança acabou! Viva a nova aliança!”

INTRODUÇÃO
No estudo anterior vimos que o autor resumiu o que dissera anteriormente. Jesus é o novo Sumo Sacerdote, ofereceu-se como sacrifício por nó, e resolveu a questão do relacionamento com Deus para sempre. O perdão não é mais como no Antigo Testamento, com prazo de validade, mas é eterno. Agora, ele mostra que a antiga aliança acabou e vigora a nova.


1. A ANTIGA ALIANÇA: IMPERFEITA E ABANDONADA – VV. 7, 9
Aquela tinha imperfeições (v. 7). Não se diz qual era. Mas se não tivesse, a segunda não teria sido necessária. A grande imperfeição está em 10.3-4. Ela não removia, mas relembrava o pecado. Eles a “abandonaram” (KJ), “não permaneceram” (Almeida), “não foram fiéis” (LH). O grego é oú emenes, “não ficaram no lugar”. Eles se afastaram. Por isso, “Eu me afastei…” (v. 9). O povo rompeu a aliança e Deus foi embora. É significativa a figura do véu do templo rasgado (Lc 23.45). Quer dizer que Deus foi embora de Jerusalém. Ele não mora mais lá. Ela não é “cidade santa”, mas “Sodoma e Egito” (Ap 11.8).

2. A NOVA ALIANÇA: PERFEITA E NÃO DEVE SER ABANDONADA – VV. 8, 10-13
Deus deixou Jerusalém e veio morar na igreja (1Co 3.16, 6.19). A Lei não está mais em tábuas de pedra, mas no interior do fiel (v. 10). O Espírito Santo mora nele. O Pai e o Filho também: João 14.23. A Trindade habita no fiel. Esta nova aliança foi predita em Ezequiel 37.26-27. Nela, ser povo de Deus não é questão de etnia, e sim de coração transformado. E o perdão é para sempre: v. 12. A nova aliança acaba com a elite sacerdotal e traz o sacerdócio universal de todos os salvos (v. 11). Hoje tentam ressuscitar o sacerdotalismo, com gente que tem oração de poder, que quebra maldições, etc. Na nova aliança, a autoridade espiritual é de todos!

CONCLUSÃO
A antiga aliança acabou: v. 13. Digam “não” à rejudaização da igreja. Isto é voltar à antiga aliança. A igreja é o povo da nova aliança. Jesus é o mediador dela (8.6). “Mediador” é o grego mesites, alguém que fica entre duas partes, segurando-as com suas fortes mãos. A nova aliança está nas mãos de Jesus. Isso basta!

Quem devia estar na cadeia?



Por Francisco Espiridião
A açodada prisão do pastor Marcos Pereira da Silva, líder da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD), do Rio de Janeiro, ocorrida no início deste mês, por acusação de estupro, tem todos os atributos para reeditar o escândalo “Escola Base”. De, de roldão, outros crimes, como tráfico de drogas e assassinatos, são atribuídos ao religioso.
Para quem não se lembra, o caso Escola de Base aconteceu há quase 20 anos, em 24 de março de 1994. Teve como estopim uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, que acusava os donos da Escola de Educação Infantil de Base, de São Paulo, de terem cometido abusos sexuais contra as crianças que ali estudavam.
O JN deveria ter anunciado o que realmente havia de concreto até então, ou seja, uma singela investigação policial. A forma como o caso foi noticiado foi a dica que faltava para que quase todos os jornais da capital paulista, no dia seguinte, alardeassem o “famigerado crime”, condenando os acusados antes de qualquer julgamento formal. 
Os donos da escola, Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada, Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga tiveram suas vidas destroçadas. Tal como ocorre agora com o pastor Marcos. No primeiro caso, um dos jornais chegou a estampar como manchete de primeira página o título “Kombi era motel de escolinha do sexo”.
Os acusados viveram o que se pode chamar de inferno de Dante. Foram presos, fotografados e expostos na mídia. Sem dó nem piedade. Não passavam de estupradores de criancinhas indefesas. Depois disso, as investigações enveredaram por outras vertentes, chegando à conclusão de que nada havia de verdadeiro em todas as acusações. 
Existe, porém, uma diferença ímpar nos dois casos. Enquanto ninguém tinha mais coragem de mandar seus filhos para a bendita Escola Base, em São Paulo, no Rio de Janeiro, o que não falta, hoje, é quem defenda o pastor Marcos Pereira. Mesmo as pessoas que o acusaram na Polícia, publicaram vídeos no Yotube dando o dito por não dito.
O certo é que, para tirar a limpo todo esse possível imbróglio – ou confirmar as denúncias de vez –, as investigações precisam continuar. Inadmissível é que o pastor seja mantido no cárcere, sem que tenha havido uma condenação formal. Por enquanto, as investigações prosseguem.
Parece haver dois pesos e duas medidas na Justiça brasileira. Veja-se o caso dos mensaleiros. Por que o líder da quadrilha, o ex-ministro José Dirceu, não está puxando cadeia, a exemplo de Marcos Pereira?
Dirceu e todos os asseclas – políticos ou não – foram julgados e condenados pela mais alta Corte de Justiça do País. Não há mais dúvidas quanto à culpa de todos. Já Marcos Pereira, ainda pode sair-se ileso das acusações. Quem devia estar na cadeia?

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Estupidamente correto.



Por Moacir Japiassu
 
Maus redatores costumam desenvolver maus hábitos e dentre esses o de iniciar suas matérias assim: Cena I… Trata-se de dolorosa indigência estilística mas, como o assunto deste artigo é igualmente andrajoso, peço licença ao considerado leitor para começar logo com duas dessas penúrias.

Cena I – Redação da Folha de S. Paulo, nalgum dia de 1995. Em plena concentração criadora, a redatora Antonomásia de Assis escrevia um texto qualquer quando foi interrompida por um negro alto, de óculos, muito bem vestido. “Eu queria falar com Anacoluto, ele está?”, quis saber o visitante. O procurado só iria chegar mais tarde e então ela escutou: “Por favor, diga a ele que Pleonasmo da Sinérese esteve aqui e telefona mais tarde, sim?” Ela respondeu “sim” e mergulhou novamente na arquitetura da matéria.

Mais tarde, quando Anacoluto chegou, perguntou: “Alguém me procurou?” Antonomásia sentiu que estava diante de um grave problema. A moça fez o gesto de quem vai falar alguma coisa, empalideceu e emudeceu. Na verdade, esquecera o nome do visitante e não ficava bem dizer que um negro, um preto, talvez um crioulo, quem sabe um negão, havia procurado Anacoluto. Antonomásia permaneceu em silêncio e seu chefe não recebeu o recado deixado por Pleonasmo da Sinérese.

Cena II – Na quinta-feira (14/4), uma leitora de minha coluna no Comunique-se escreveu-me a seguinte mensagem: “Japiassu, estou triste com você!!!!! Adoro suas ironias, mas hoje as achei muito preconceituosas. O que houve para você ter esse acesso de machismo?Então dois homens não podem andar juntos e um futuro rei não pode amar uma mulher feia? Desculpe, mas hoje você pisou feio na bola….”

Ora, em meio a uma anedota, eu havia escrito que a mulher do príncipe Charles era um canhãoe não é possível que alguém ache dona Camilla um tipo de beleza; outra notinha da coluna se referia à veadagem que assola o país, mas tratava-se também de um inofensivo chiste.


Apoio da imprensa

Os dois exemplos, aquele que vitimou a pobre Antonomásia e este outro que me deixou perplexo, apontam para o perigoso caminho que começa na encruzilhada formada pela ignorância, a burrice e a covardia e, pelo menos por enquanto, ninguém sabe aonde vai acabar. Refiro-me ao comportamento politicamente correto, cuja tonalidade mais cinzenta passei a chamar de estupidamente correto, tão formidável é a obtusidade córnea dos milhares, milhões, talvez bilhões que o adotaram como padrão de vida.

É impossível sabermos hoje quem ou o que inaugurou este circo de horrores. Não importa, todavia, porque a idéia original foi rebordada inúmeras vezes e, na multiplicação do monstruoso festival de besteiras, recebeu os vidrilhos, paetês e miçangas de uma verdadeira plêiade de cretinos espalhada pelo mundo afora. O comportamento estupidamente correto é, na verdade, uma tentativa de desumanizar as pessoas, porque o considerado e bem informado leitor há de concordar com o articulista: existem características mais humanas do que a violência, a falta de respeito, a sacanagem, a traição, a mentira, o crime em todas as suas formas, o racismo deslavado, o preconceito mais arraigado? Pois querem nos “purificar” à força, por intermédio do patrulhamento de que a classe média é useira e vezeira, além de medidas antidemocráticas promovidas por um governo caolho.

Vamos acabar com o preconceito e o racismo? Então é bom botar o zagueiro argentino Desábato na cadeia, por chamar Grafite de macaco, pois está neste risível incidente o melhor exemplo para enquadrar os jogadores de futebol, a torcida e, de quebra, a nação. A violência urbana não resistirá à cruzada de movimentos como “Sou da Paz” e “Viva Rio”, que recebem apoio incondicional da chamada grande imprensa para divulgar falsas estatísticas e assim obter respaldo para “desarmar” a população, enquanto a bandidagem recebe artefatos de guerra por meio do contrabando, esta verdadeira instituição nacional.


Carnaval de sandices

Tudo é preconceito neste miserável país que também acredita na “inclusão social” mediante cotas para as “minorias”. Não se pode mais rir, nem mesmo de si próprio. Eliminamos de nossa paisagem as mulheres feias, das quais não se pode mais falar; as gordas viraram “fofinhas”; não existem débeis mentais, nem mesmo os que nos governam, porque estes, ao lado de cegos e aleijados, são agora “portadores de necessidades especiais”. No império do eufemismo em que se travestiu o país, descobriu-se ainda que veadagem é uma “orientação sexual”, como se o futuro ex-machão tivesse nascido igualzinho ao Bussunda e só depois de grandinho tivesse botado as mãos nos quadris e exclamado: “Quer saber?! Agora vou dar até cair morta!…”

Ao mesmo tempo, ninguém dá a mínima para os velhos que também são gordos, carecas e baixinhos. Esta é a dolorosa porém real descrição do articulista, que pretende iniciar um movimento de desagravo à desprezada “categoria”; afinal, não existe, em nenhum anúncio de televisão, aquela jovem e maravilhosa mulher que nos seduz para uma noitada regada à bebida da moda e mais as fantasias sexuais deixadas en passant. Isso é preconceito ou não é? Cadê a cota televisiva para nós da geração Viagra?!?!?!

Enfim, só falta uma cena para completar o carnaval de sandices que nos assola a paciência: o presidente Lula precisa pedir perdão aos índios e lhes devolver duma vez este país de merda, se me permitem o justo desabafo.

[Esclareço que o país propriamente dito não tem culpa; trata-se, como todos sabemos, daquele impávido colosso deitado eternamente em berço esplêndido. Todavia, o que fizeram e fazem dele a cada dia, nos enoja e entristece.]

(Publicado em 26/04/2005 na edição 326, do Observatório da Imprensa.)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Senado acovardou-se, por Ricardo Noblat

Tarde da noite da última terça-feira, Renan Calheiros (PMDB-AL) conversava com amigos na residência oficial do presidente do Senado, no Lago Sul, em Brasília, e ainda atendia ou disparava telefonemas.
Àquela altura parecia convencido em definitivo de que só lhe restava a opção de empurrar goela abaixo do Senado a Medida Provisória 595, que estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário.

Vez por outra, porém, interessado em sondar o  estado de ânimo do seu interlocutor, comentava como se ainda hesitasse sobre o que fazer: "Se eu rasgar o acordo estarei expondo o Senado à desmoralização".


Havia um acordo firmado em 2003 pelos líderes de todos os partidos sob as bênçãos do então presidente do Senado, José Sarney. Medida Provisória só seria aprovada ali depois de pelo menos duas sessões de discussão.

Sem truques, duas sessões equivalem a dois dias. Não é o suficiente para que se examinem assuntos complexos e que envolvam variados e poderosos interesses. Mesmo assim é melhor do que votar no escuro.

Medida Provisória é instrumento por meio do qual o presidente da República legisla e obriga o Congresso a agir com rapidez. Entra em vigor de imediato. Cabe ao Congresso referendá-la ou não.

O acordo de 2003 fora quebrado uma semana antes para a aprovação de duas medidas que beneficiariam os inscritos no Bolsa Família.

"A oposição não pode ficar contra os pobres", argumentou José Agripino Maia (DEM-RN).
(A oposição tem forte sentimento de culpa em relação aos pobres.)

Os líderes de todos os partidos concordaram com Agripino. E os do PMDB e do governo se apressaram em repetir: "Isso jamais significará a abertura de precedente".

O acordo só seria quebrado daquela vez.

Nada mais falso.

Ou melhor: mais falso somente o ar de pesar de Renan quando perto do meio-dia da quinta-feira, apenas duas horas depois de a Câmara dos Deputados ter encerrado a votação da Medida Provisória 595, e a 12 horas do fim do prazo para que ela caducasse se não fosse votada pelo Senado, ele disse como se sua palavra valesse de fato alguma coisa:

- Esta será a última vez que sob a minha presidência procederemos assim. (Segure o riso!)

Você compactuaria com algo que julgasse de público uma "aberração"?

No Dicionário do Aurélio, aberração que dizer anomalia, distorção, desatino.

E com algo simplesmente "deplorável", você compactuaria?

Deplorável é igual a detestável, lamentável, abominável.

Só mais uma: e com algo "constrangedor"?

Constranger tem a ver com tolher a liberdade, coagir, violentar, compelir, obrigar pela força.
Sim, foi Renan que chamou de "aberração" o ato de o Senado votar o novo marco regulatório dos portos sem discuti-lo pelo tempo necessário.

Foi também Renan que tachou de "deplorável" o que ele mesmo se dispôs a patrocinar.

Por fim, foi Renan que reconheceu o "constrangimento" do Senado em se comportar não como manda a lei, mas como queria a presidente da República com sua pressa, maus modos e incompetência para fazer política.

A Medida Provisória poderia ter dado lugar a um projeto de lei para votação em regime de urgência - não mais do que 45 dias.

A presidente dispensou a colaboração do Senado. Por sua vez, o Senado não se incomodou com sua falta de relevância.

O Senado rendeu-se e covardemente abdicou dos seus poderes. Por que o fez? Ora, ora, ora...

Poucos entre os 81 senadores são homens reconhecidamente decentes. A política corrompeu-se, virou  um lucrativo negócio que movimenta milhões de reais.

A propósito, sobre isso Lula deu testemunho em dois momentos - há 30 anos quando acusou o Congresso de abrigar 300 picaretas; e há uma semana ao falar aos moços. Disse então:

- O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe..."

E completou:

- Quem sabe esteja dentro de vocês.

Porque dentro dele também não está.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Você Abusou

Por João Bosco Leal (*)


A dupla Antônio Carlos e Jocafi, totalmente desconhecida pela juventude atual, mas muito famosa quando eu era jovem, fez muito sucesso com uma música cujo refrão era: “Você abusou, tirou partido de mim, abusou”.

“Mas não faz mal, é tão normal ter desamor, é tão cafona, é sofredor, que eu já nem sei se é meninice ou cafonice o meu amor”, dizia a letra.

Hoje observo como essa letra está atualíssima, pois, realmente, na sociedade em que vivemos, parece ser cafona e sofredor amar alguém. O normal é ter desamor, não se apegar a nada ou ninguém.

Falar de amor, declarar-se apaixonado então, parece ser algo inimaginável atualmente, em virtude de “Se o quadradismo dos meus versos vai de encontro aos intelectos, que não usam o coração como expressão”.

“Você abusou, tirou partido de mim, abusou”, parece ser o único sentimento possível de ser recebido pelos que, como eu, ainda pensa sobre e procura um amor verdadeiro, como o daqueles tempos, quando se buscava uma companheira para conosco permanecer até o apagar das luzes.

“E me perdoe se eu insisto nesse tema, mas não sei fazer poema ou canção que fale de outra coisa que não seja o amor”, continua a letra, exatamente como eu diria àquelas que, atualmente, desprezam um verdadeiro amor.

Outro dia, em uma rede social, li que atualmente, “Os homens querem casar e as mulheres querem transar”, ou seja, está ocorrendo uma inversão enorme de valores entre os da minha geração e os da atual.
Mesmo que não seja para literalmente “transar”, parece que as mulheres - apesar de reclamarem do inverso -, estão mesmo é procurando sair, dançar e beber sem nenhum compromisso, sem se apegar a alguém.

Dão mais importância às saídas com suas amigas, colegas ou parentes do que com um pretendente a ser seu amor. Não pensam em seu futuro. E esse, penso, será o maior problema das que assim agem.

O tempo da diversão também pode ser curtido com um parceiro, e não exclusivamente com pessoas com quem não possua nenhum relacionamento amoroso. Esse tempo passará, elas se cansarão, procurarão um ambiente mais caseiro e aí, certamente você estará só. Seus filhos e netos estarão levando a própria vida e as atuais “amigas” já não estarão mais interessadas em noitadas, danças ou bebidas.

São fases da vida daqueles que não pensam em seu futuro e não poderão ser revertidas quando, já com mais idade, os interesses serão outros, mas não terá com quem viver maravilhosamente tão bem, como os que escolheram estar ao lado de alguém com quem construíram uma história, têm o que conversar e do que se lembrar.

Entretanto, a grande maioria não pensa assim e continua dançando e bebendo cada dia com um, sem pensar no amanhã e muitas vezes até zombando da minoria, que pensa diferente. Mesmo que de mim tirem partido, prefiro fazer parte desse pequeno grupo, dos eternos apaixonados.

E deixar que “o quadradismo dos meus versos vá de encontro aos intelectos, que não usam o coração como expressão”.

(*) Jornalista e empresário; www.joaoboscoleal.com.br

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marina volta a dizer que Feliciano é criticado por ser evangélico

RECIFE - A ex-senadora Marina Silva afirmou nesta quinta-feira, 15, em entrevista à Rádio Jornal, que o pastor e deputado federal (PSC-SP) Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, deve ser criticado pelas suas posições políticas e por sua falta de preparo, mas não por ser evangélico.

"É um erro criticar Feliciano por ser evangélico, não devemos combater preconceito com outro preconceito", afirmou, ao defender que as críticas devem ser feitas pelas ações e atitudes das pessoas, "não porque se é ateu, evangélico, católico, espírita, judeu". "Não devemos fazer esse debate dessa forma", reiterou, exemplificando com ela própria, também evangélica: "O despreparo da Marina é porque ela está despreparada e não porque é evangélica".

Marina já havia falado sobre o assunto na noite dessa terça-feira, 14, quando falou a estudantes da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ela mostrou seu desagrado com a condução do debate em torno da legalização do aborto e homossexualidade e afirmou que Feliciano estava "sendo hostilizado mais por ser evangélico do que por suas declarações equivocadas".

Marina defendeu que não se deve misturar religião e política. Lembrou que o Estado laico é uma conquista e que as pessoas devem ser respeitadas independentemente da sua crença.

A manifestação da ex-senadora rendeu críticas a ela nas redes sociais. Sua assessoria disse que as declarações foram tiradas de contexto e que a ex-senadora repetiu críticas que costuma fazer ao deputado.

Marina já havia dito que Feliciano não tem legitimidade para comandar o colegiado por não ter um histórico de luta pelos direitos humanos. O deputado é criticado por militantes em razão de declarações consideradas homofóbicas e racistas.

Na TV, Feliciano defende recuperação da família


O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), começou a aparecer na última terça-feira, 7, em vídeos na TV defendendo o que chamou de "valores da família verdadeira". A inserção de 30 segundos integra uma série de outras 23 que o partido pretende colocar no ar nos próximos dias 9, 11 e 16 - todas abordando a mesma temática.

"Somente recuperando os valores da família verdadeira vamos continuar crescendo, com educação, saúde e trabalho para todos os brasileiros. O PSC acredita nisso. Vamos juntos fazer um Brasil melhor", diz o pastor no comercial da sigla.

No início de todos os vídeos, uma criança fala da importância de cada membro da família. "Mãe é aquela que ama de verdade. Pai é aquele que cuida com amor", diz. E afirma que, na ausência deles, o amor pode vir de tios, tias, avôs e avós.

sábado, 11 de maio de 2013

PECADOS VIRTUAIS

Isaltino Gomes Coelho Filho
Para muitos, tudo que é moderno é bom e tudo que é antigo é ultrapassado. O fato de algo ser moderno torna seu uso sempre aceito, mesmo que o uso não seja adequado. Entre as modernidades está a Internet. Ela é muito útil, nas pesquisas e na comunicação. Mas é perigosa, se mal usada. Uma das questões debatidas, atualmente, são os problemas que ela traz. Em New addictions – as novas dependências, Cesare Guerreschi dedica um capítulo ao uso e abuso da rede, principalmente ao cybersex addiction. Dá-o como uma das patologias modernas.

Li um desabafo de uma mulher que se sentiu magoada pela traição virtual. Sua grande dor é que foi trocada por nada. Não por uma figura de carne e osso, uma mulher que competisse com ela. Ela poderia se comparar com outra mulher, mas como se comparar com uma figura abstrata? Li também a confissão de um homem que teve problemas sérios para consertar o relacionamento conjugal, após o envolvimento virtual.
Uma pessoa ser comparada ou trocada por outra é injusto, mas tem base. Mas quando se é trocado por nada, como a pessoa se sente? O fato de que não há envolvimento físico pode aplacar a consciência do culpado e lhe dá a ideia de que não fez nada errado. Mas não é assim.

O PROBLEMA DO RELACIONAMENTO VIRTUAL

Muitas vezes, é um relacionamento entre duas pessoas desconhecidas, que estão em cidades e até em estados diferentes, mas que desfrutam de intimidade em confidências, palavras, sentimentos e expressões de anseio. Há o distanciamento físico, mas não o emocional. Soube de uma pessoa que estava fazendo terapia porque só conseguia se relacionar virtualmente. Vedara-se para relacionamentos reais, com gente de carne e osso, face a face. Os relacionamentos virtuais são campo propício para o surgimento de patologias. Relacionamentos reais também são, mas os virtuais têm um agravante: a pessoa se oculta e falseia sua personalidade real. Algumas até falseiam dados.

Quem se relaciona virtualmente nem sempre sabe com quem o faz. Lida com uma fantasia ou uma falsidade. Vi uma charge com dois cães teclando em computadores e um dizia ao outro: “O bom da Internet é que ninguém que somos cães”. Na realidade, sabe-se pouco de real da pessoa. Muito cão moral se comunica pela Internet.

O relacionamento virtual com desconhecidos pode evidenciar dificuldade de adaptação ao mundo real e pode ser uma fuga para um mundo imaginário. Mostra imaturidade e medo de relacionamentos reais, se a pessoa depende exclusivamente deles ou depende muito deles. O que está em foco não é a Internet em si. É a busca de envolvimento emocional sem compromisso. O que vier é lucro. Busca-se aventura com desconhecidos. Um mundo de ilusão.


COMO OS PECADOS VIRTUAIS APARECEM

A pessoa entra em salas de bate papos. Escolhe o assunto e a faixa etária. Aí, é aquela pasmaceira de generalidades e abstrações. Mas há salas sobre sexo, nas quais se podem trocar fotos e marcar encontros. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que é perigoso se abrir e marcar encontros com desconhecidos. Vez por outra lemos de casos de violência, até de morte, de encontros assim marcados.

O pecado virtual começa com boa dose de mentira. Ninguém diz: “Sou baixo, careca, pernas tortas, nariz adunco, e com mau hálito”. Diz-se um Rambo. Nem diz: “Sou tão feio que até minha mãe relutou em aceitar”, mas procura mostrar-se como um Adônis ou uma Vênus. Omite-se a verdade sobre si e exageram-se partes para impressionar. Um mundo irreal. Pessoas sadias aceitam-se como são e não mentem a seu respeito. Elas têm relacionamentos reais com pessoas reais.

A QUESTÃO DA PORNOGRAFIA

Um aspecto seríssimo é a busca de pornografia. Sites pornográficos são muito acessados e rendem fortuna aos seus donos. Com apornografia vem a pedofilia. A pedofilia floresce por causa da liberdade da pornografia. AInternet, neste sentido, é fonte de lixo. Reportagem do Estadão, 7.2.2006, trouxeuma reportagem sobre como a pedofilia era explorada no ambiente da rede. Um pedófilo se orgulhava de que nunca seria descoberto.

Por trás do avanço tecnológico está um usuário humano. Então o pecado estará presente. “De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido” (Sl 51.5). O homem é um Midas às avessas. O que Midas tocava virava ouro. O que o homem toca é estragado pelo pecado. A Internet é um desses casos. A pornografia é o exemplo mais forte, sério e complexo. É uma doença moral e psicológica. É perversão de um sentimento divino, o amor sexual. É um vício muito forte por mexer com instintos primários. Quem busca pornografia já decidiu que vai se prostituir ou prevaricar ou adulterar. Ainda não decidiu com quem e não teve oportunidade. Mas já desceu ao nível instintual.

A pornografia coisifica o homem e a mulher. Ela rebaixa o sexo do nível do amor para o nível do instinto, e avilta o sexo. Numa sociedade em que o homem foi reduzido a animal, não é estranho que isto suceda. Quem vive nos instintos busca o sexo por instinto, não por afeto e ternura. Há casais que buscam a pornografia, juntos, na rede. Outros alugam filmes pornográficos. Um homem disse, certa vez, que isto apimentava seu casamento. Ele devia estar se tornando impotente, ou a mulher tornando-se frígida, ou o casamento ia muito mal. Se um casal carece de pornografia para se desejar, o casamento está mal. Não há amor e os dois precisam de estímulos. Quem precisa de estímulo sexual, se não tem problemas fisiológicos ou orgânicos, os tem emocionais ou morais. Ou não ama. Onde há amor genuíno não haverá pornografia. Ela avilta a pessoa. Uma vez vi num caminhão: “Não existe mulher feia. É você que não bebeu bastante”. A pornografia diz: “Não existe parceiro desinteressante. É você que não se ‘pornografou’ bastante”.

O casal que busca erotismo na Internet desperta instintos, mas maltrata o casamento. Seu desejo sexual foi esvaziado de amor. Sexo e amor não são a mesma coisa. Se a única maneira de desejar o cônjuge é pela pornografia, a coisa vai mal. O melhor estímulo é a manutenção do romance, da continuidade do relacionamento amoroso, gentil e respeitoso. Quem é desejado por causa de pornografia não é amado. É coisificado.

Alguém disse que usar a pornografia é tão normal como a fome. Se uma pessoa tem fome, mas a única maneira de fazê-la comer é cobrindo os pratos com véus, tocando música sensual, descobrindo os pratos devagarinho, com luzes sobre eles, ela tem problemas sérios. Se a única maneira de despertar interesse sexual é desta maneira, algo está errado.


POR QUE ISTO ACONTECE?

Por que as pessoas buscam pornografia e sexo pela rede? Primeiro: o homem é pecador e perverte as boas coisas. Li que a energia nuclear poderia fazer com que se plantasse num dia e se colhesse em outro. Mas ela trouxe o fantasma da destruição final. O álcool, medicinal e carburante, é usado para embriaguez. O pecador perverte os dons divinos e as boas descobertas humanas. Não é a coisa em si, mas seu uso. 

Lembre-se que você é pecador, mas um pecador salvo, regenerado pelo sangue de Cristo. Não se rebaixe. Evite aprisionar-se. “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente.” (Gl 5.1, LH) pode se aplicar aqui, sem eisegese.

Segundo: a pessoa perdeu seus valores. Não se é cristão apenas nos cultos ou em público, mas em todas as áreas da vida. Lembremo-nos do Salmo 101.3: “Não porei coisa torpe diante dos meus olhos”. Cabe aqui o cântico infantil: “Cuidado, olhinho, com o que olha”. Se Davi tivesse se portado com classe, com educação, e desviasse os olhos quando viu Bate-Seba se banhando, teria evitado muitos problemas. Uma mulher se banhar não é torpe, mas olhá-la ocultamente é. Cuidado com o olhar indevido.

Terceiro: limitação teológica. “Ninguém está vendo”, pensa a pessoa. Deus está vendo. Nossa conduta deve ser por causa dele.

Quarto: imaturidade. A pessoa idealiza um cenário para se estimular. Mas isto exige devaneio, imaginação, fuga do real. Fantasias podem ajudar, mas quem se refugia sempre nelas é imaturo.

Mais questões podem ser aventadas, mas cito apenas mais uma: falta pensar como um cristão. Ao nos convertermos, devemos ter outra mente: “Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de vocês, e, quando ele aparecer, vocês aparecerão com ele e tomarão parte na sua glória. Portanto, matem os desejos deste mundo que agem em vocês, isto é, a imoralidade sexual, a indecência, as paixões más, os maus desejos e a cobiça, porque a cobiça é um tipo de idolatria. Pois é por causa dessas coisas que o castigo de Deus cairá sobre os que não lhe obedecem. Antigamente a vida de vocês era dominada por esses desejos, e vocês viviam de acordo com eles. Mas agora livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio. E que não saia da boca de vocês nenhum insulto e nenhuma conversa indecente. Não mintam uns para os outros, pois vocês já deixaram de lado a natureza velha com os seus costumes e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova pessoa que Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida com ele, a fim de fazer com que vocês o conheçam completamente.” (Cl 3.1-10, NTLH).

CONCLUSÃO
 
Não use a Internet para defraudar outros, mentir, insinuar-se, forjar situações. Não perca a condição de cristão nem seja dominado pelos instintos. A pornografia é uma droga emocional e livrar-se dela exigirá muito. Ao sentar-se diante de um computador você ainda é um cristão.

O computador é moderno. A Internet é moderna. A cruz é antiga. Mas a cruz deve balizar o uso do computador. Não tenha a mente do mundo. Tenha a mente da cruz.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O VESTIDO NÃO DEU SORTE

Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 12.5.13

Entro na Internet para ver a correspondência. Antes de vê-la meus olhos dão numa notícia bizarra. Uma artista ia casar novamente. Não sei com quem. Nem guardei seu nome. Abomino mediocridade. Não tenho paciência nem tempo para notícias tipo “Maria Quiabo mostra o barrigão” ou “Zé das Couves estréia óculos novos”. Vi a notícia porque não havia como não ver. Ler era outra história. O bizarro: a manchete dizia que o vestido que ela usou não lhe dera sorte no casamento anterior.


São essas pessoas que ditam costumes e deitam falação sobre tudo. Pessoas que acham que o casamento não deu certo por causa do vestido. Casamentos não dão certo ou errado por causa disso. Dão certo ou errado por causa dos cônjuges. Mas intriga-me que pessoas que alegam não crer em Jesus ou nos valores cristãos por questões intelectuais creiam em sorte, azar, horóscopo, figas, pata de coelho (se desse sorte, o coelho teria ficado com ela – não lha teriam tirado), passar o saleiro à pessoa traz azar, pular sete ondinhas ou comer não sei quantas ervilhas traz sorte, usar roupa branca no dia 31 de dezembro atrai energia positiva (essa de “passar energia” é de lascar).

As superstições são agradáveis porque trazem esperanças: fazendo determinadas coisas tudo dará certo. Facilitam a vida para gente que não sabe geri-la. E também tiram a responsabilidade. A atriz não soube administrar problemas de relacionamento conjugal e atribuiu o fim do casamento a um vestido. Para quem não tem competência para conduzir sua vida isso é muito atraente. A pessoa não é culpada: algo externo a ela, uma força acima dela, e, melhor ainda, uma força impessoal, a prejudicou. Porque se é uma força pessoal, Deus, a pessoa terá que refletir e corrigir sua vida.

Não somos vítimas dos astros, do número de letras de nosso nome ou do seu significado. Nós fazemos nossa vida. Diz a Declaração Doutrinária da CBB, sobre o homem: “Ser pessoal e espiritual, o homem tem capacidade de perceber, conhecer e compreender, ainda que em parte, intelectual e experimentalmente, a verdade revelada, e tomar suas decisões em matéria religiosa, sem mediação, interferência ou imposição de qualquer poder humano, seja civil ou religioso”. E toma decisões não apenas em matéria religiosa, mas em todas as esferas de sua vida. Culpar a sociedade, pais e mães, é fuga. Medíocres nunca se veem como culpados.

Somos nossas escolhas, nossas ações e colhemos o que semeamos. Em muitos momentos somos vítimas de acidentes ou de circunstâncias que nos fogem. Mas nosso caráter, nossas ações, nossa vida, não nos são impostos pela roupa. Nós os nutrimos.

Olhar para dentro de si e examinar-se criticamente é o primeiro passo para consertar a vida. Ao invés de trocar de roupa, troquemos nosso jeito de ser. Vale mais. Mudar-nos, e não mudar a roupa. Esta é a questão.

Mão lavando a outra

Para prevenir especulações maldosas, o presidente mais ou menos eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, deveria esclarecer que não veio ao Brasil comprar papel higiênico, que está em falta em seu país, com filas de virar quarteirão para tentar comprar um rolo. (Coluna Claudio Humberto, de hoje, 10/3)

Granma
Um amigo que visitou Cuba, alguns anos atrás, disse-me ter ficado impressionado com a popularidade do jornal oficial cubano, Granma, dado a extensa fila que se formava para comprá-lo. 

Mas, a decepção não custou a chegar. Soube que a busca não era pelo conteúdo do periódico, e sim porque ele servia de papel higiênico diante da constante falta daquele item na ilha de Fidel. 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma trama excepcional

Por Francisco Espiridião

Acabo de ler o segundo romance de Henri-Marie Beyle, o francês que adotou Sthendal por pseudônimo. O primeiro, O vermelho e o negro, li dois anos atrás, por recomendação da chefa, Albani Mendonça. A Cartuxa de Parma (Editora Globo, 560 páginas) é tão cativante quanto o primeiro. Uma história apaixonante.

Nos dois romances, uma conexão entre os protagonistas. Julien Sorel, de O vermelho e o negro, aceita a função eclesiástica por imposição. Já em Cartuxa, Fabrício Del Longo, depois de se envolver em tantos apuros, luta por se tonar arcebispo. Chegou lá. Por força de sua carência amorosa, torna-se um eloquente pregador católico.

Stendhal escreve essa segunda obra – o terceiro romance, Lucien Leuwen, ficou inacabado, sendo publicado, assim mesmo, postumamente, em 1894 – tendo como ponto de partida um estudo sobre famílias antigas da Itália, entre elas a Farnese. A trama tem lugar na Itália durante e logo após o Império Napoleônico francês.

A vida de Fabrício Del Longo, a contragosto de seu pai, um monarquista italiano de família nobre, mostra-se desapegada de quaisquer arroubos de vaidade. Juvenil e tresloucado, italiano de nascimento, ele só pensa em conhecer e lutar ao lado de Napoleão, a quem venera. Consegue seu intento, em meio à batalha de Waterloo.

Depois disso, vários embaraços marcam a vida de devaneios de Del Longo, até tropeçar num certo mambembe, a quem elimina a facadas para liberar o trânsito a uma sugestiva “rapariga” que nem vale a pena. Essa história termina com o nosso herói batendo os costados na prisão – a cidadela –, onde fica sob os auspícios de um general.

Em meio ao turbilhão, na antessala da masmorra, ele se vê fisgado pelo verdadeiro amor. Esse sentimento arrebatador – que jamais sentira por uma mulher, já que todas que passaram por sua vida, e foram muitas, significaram apenas divertimento passageiro –, tem como endereço a filha do detentor das chaves do cárcere, o general Fábio Conti.

O importante em toda a trama é que ela mostra os enredos políticos do momento. Coisas do coração se misturam com decisões administrativas do império. Oposição e situação se digladiam a ponto de descambar em assassinatos, tentativas de envenenamento e até um prenúncio de incesto entre a tia, Gina Pietranera, a duquesa Sanseverina,  e o protagonista.  

É bastante sugestiva a ideia de o título da obra não se justificar senão na última página da narrativa. Isso, porque, diante de desilusão amorosa, Del Longo recolhe-se ao convento, a Cartuxa de Parma, para morrer. Morrer de amor, literalmente.

sábado, 4 de maio de 2013

SINCERAMENTE EQUIVOCADO

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 5.5.13

Quando morava em Campinas, um amigo da Amazônia me visitou. De lá foi à casa de um parente, em Artur Alvim, perto da estação do metrô Corínthians-Itaquera. Sabia que era no fim da linha. Sua mente registrou que era a última estação. Entrando no metrô ele viu Jabaquara, como última estação. Jabaquara também é o fim da linha, mas Norte-Sul. Artur Alvim, aonde meu amigo ia, é a penúltima estação, antes de Itaquera, na direção Leste-Oeste.

Fim da tarde, ei-lo perdido no Jabaquara, com aquele trânsito! Um frio de 13 graus, e ele com roupa da Amazônia. Um pequeno equívoco, um destino diferente. Após muitas peripécias, no final, deu tudo certo. Mas foi duro!

Isso acontece na vida espiritual. A pessoa pode estar sinceramente convicta de estar certa, e terminar longe do pretendido. É bem intencionada, sincera, mas errada. Porque uma pessoa pode estar sinceramente errada. Meu amigo cria sinceramente que estava indo para onde presumia, mas terminou longe. Perdeu uma hora. Ele pôde consertar. Mas na área espiritual há erros sem conserto.

A pessoa confia nas boas obras. Pensa que elas a levarão para o céu. Mas obras não salvam. A Bíblia diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Depender das obras para chegar ao céu é tomar o metrô errado. Elas não levam até lá.

Outros usam a religião como seu bilhete: “Eu já tenho uma religião”. Ou “Eu creio em Deus”. A Bíblia diz: “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem – e tremem!” (Tg 2.19). Não basta crer que Deus existe.

Outros dizem: “Eu sinto no meu coração”. Diz Jeremias 17.9: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?”. Como daltônico, aprendi a não comprar roupas sem estar acompanhado. Uma vez comprei um terno vermelho (desses de cantor de roque). Pensei que era marrom. Estava sinceramente convicto que era marrom. Não era. Nossos sentidos nos enganam. Não é o que sentimos, mesmo com sinceridade.

Como ter certeza de que se está no caminho certo? Crendo em Jesus, e seguindo-o. Disse Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14.6). Com ele não há enganos. Ele é a encarnação da verdade. Nem erros, pois ele nunca cometeu algum. Ele é o único caminho para o Pai: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus” (1Tm 2.5).

Tenha cuidado com seu bilhete de metrô espiritual. Não tome o trem errado. Não embarque sem ter certeza. E certeza, só Jesus pode dar. Vale a pena confiar nele, de todo coração.

Recebido pore-mail

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Somália: fome matou 133 mil crianças menores de 5 anos

AE - Agência Estado

Uma decisão tomada por extremistas islâmicos de proibir a entrega de ajuda alimentar à população civil e uma "banalização da crise" que anestesiou os doadores internacionais fizeram do centro-sul da Somália o lugar mais perigoso do mundo para ser criança em 2011.

O primeiro estudo profundo das mortes por fome na Somália em 2011, divulgado nesta quinta-feira, estima que 133 mil crianças com menos de cinco anos perderam a vida durante a crise. Em algumas comunidades, a taxa de mortalidade atingiu 20% da população infantil. O cálculo baseia-se em estimativa de que 6,5 milhões de pessoas viviam no centro-sul da Somália na época.

No mesmo período, 65 mil crianças morreram em todos os países industrializados juntos, comparou
Chris Hillbruner, conselheiro de segurança alimentar da Fewsnet, uma entidade patrocinada pelo governo dos Estados Unidos.

"A escala de mortalidade infantil (na Somália) está realmente fora dos mapas", disse Hillbrunner em entrevista por telefone.

A Fewsnet realizou o estudo em conjunto com a Unidade de Análise de Nutrição e Segurança Alimentar - Somália.

"O mundo demorou demais em responder aos duros alertas de seca. A situação foi exacerbada pelo conflito na Somália. E essas pessoas pagaram com a vida. Essas mortes podiam e deviam ter sido evitadas", afirmou Senait Gebregziabher, diretor para a Somália da organização humanitária Oxfam.

O novo estudo estima em aproximadamente 260 mil o número total de mortos por causa da fome na Somália. A Associated Press divulgou a informação em primeira mão no início da semana com base em fontes que tiveram acesso ao documento.

Em março de 2011, a fome provocou a morte de mais de 13 mil pessoas na Somália, segundo o estudo. Em maio e junho, 30 mil pessoas morreram em cada mês, e pelo menos a metade delas era de crianças. Apesar disso, somente em julho daquele ano a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou formalmente que havia uma crise em andamento.

Na opinião de Hillbruner, essa demora se deu em parte por causa de uma "banalização" da crise.

"Acho que uma das questões mais importantes é que houve uma banalização da crise na região centro-sul da Somália. E acho que a comunidade internacional acostumou-se a nível de desnutrição e insegurança alimentar no sul da Somália que em outras partes do mundo seriam considerados inaceitáveis", declarou Hillbruner.

Na época, milhares de somalis caminharam por dezenas ou centenas de quilômetros até chegarem a campos de refugiados no Quênia, na Etiópia e em Mogadiscio. Muitas crianças e muitos idosos, porém, não resistiram à jornada e morreram pelo caminho. As rotas utilizadas por essas pessoas ficaram conhecidas como "estradas da morte".

As informações são da Associated Press.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Romanos, capítulo 1


1 Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
 
2 o qual foi prometido por ele de antemão por meio dos seus profetas nas Escrituras Sagradas,
 
3 acerca de seu Filho, que, como homem, era descendente de Davi,
 
4 e que mediante o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, pela sua ressurreição dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor.
 
5 Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé.
 
6 E vocês também estão entre os chamados para pertencerem a Jesus Cristo.
 
7 A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Paulo deseja visitar Roma

8 Antes de tudo, sou grato a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo está sendo anunciada a fé que vocês têm.
 
9 Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me lembro de vocês
 
10 em minhas orações; e peço que agora, finalmente, pela vontade de Deus, me seja aberto o caminho para que eu possa visitá-los.
 
11 Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los,
 
12 isto é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé.
 
13 Quero que vocês saibam, irmãos, que muitas vezes planejei visitá-los, mas fui impedido até agora. Meu propósito é colher algum fruto entre vocês, assim como tenho colhido entre os demais gentios.
 
14 Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
 
15 Por isso estou disposto a pregar o evangelho também a vocês que estão em Roma.
 
16 Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.
 
17 Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".

A ira de Deus contra o pecado

18 Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
 
19 pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
 
20 Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;
 
21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.
 
22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos
 
23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
 
24 Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si.
 
25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
 
26 Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.
 
27 Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
 
28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.
 
29 Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros,
 
30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais;
 
31 são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis.
 
32 Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.