segunda-feira, 25 de abril de 2011

Brasil à beira do abismo

Depois do otimismo do pré-sal, sobreveio o pré-caos


Desconfie do excesso de otimismo. Sempre! O otimista crônico é um cadáver mal informado. Tome-se o caso da Petrobras.

Depois da tempestade verborrágica, veio a cobrança. Sob Lula, a estatal foi às nuvens. Chegou a atear inveja no estrangeiro.

Em 2008, pré-candidata à Casa Branca, Hillary Clinton discursou: ''O Brasil investiu em pesquisa com cana-de-açúcar e hoje é autosuficiente em energia''.

Ao lero-lero da autosuficiência somou-se a grandiloquência do pré-sal. Tratou-se o óleo das profundezas do mar como se já estivesse no barril.

De repente, o pré-sal sumiu das manchetes. O noticiário agora ocupa-se do pré-caos.

Diretor-executivo do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires deu nome ao fenômeno:

"A população pode não perceber, mas vivemos um estrangulamento do setor de combustíveis, um apagão".

Uma notícia produzida pela repórter Raquel Landim resumiu a encrenca que conduziu ao “apagão” de que fala o especialista.

O preço do etanol roça o céu. Desde o início de 2011, subiu 30% na bomba. Em movimento de autodefesa, os motoristas correram para a gasolina.

Resultado: além de álcool, começou faltar gasolina. A Petrobras e as usinas viram-se compelidas a importar os dois produtos.

Deve-se a elevação do preço do etanol à entressafra da cana e, sobretudo, a uma opção dos usineiros.

A cotação do açúcar, em alta, tornou-se convidativa. Dá mais dinheiro transformar a cana em pó do que em líquido.

Para complicar, houve um aumento da frota de automóveis. Lula convidou o brasileiro a consumir. O governo serviu um refresco de IPI às montadoras e estimulou o crédito.

Em 2010, licenciaram-se 3,52 milhões de veículos no país. O dobro do número de licenças emitidas em 2000: 1,49 milhão.

Hoje, rodam no Brasil 32,5 milhões de carros, ônibus e caminhões. O crescimento da frota não foi acompanhado de investimentos na produção de combustível.

No ano passado, consumiam-se 117,9 milhões de metros cúbicos de derivados de petróleo, 11% a mais do que foi produzido.

Até então, a oferta de combustíveis superava a demanda. A inversão da curva levou à importação. Numa palavra: faltou planejamento.

(Do Blog do Josias de Sousa)

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