Por Francisco Espiridião
Confesso que ando meio borocoxô. Primeiro, com a prisão de Roberto Arruda e, segundo, com sua defenestração do Governo do Distrito Federal decretada ontem. Acho uma tremenda injustiça.
Arruda não deveria estar preso nem ter sido catapultado da cadeira de primeiro-mandatário da Capital da República. Certo? Errado! Devia sim, e há mais tempo.
O problema não é esse. O nó górdio é a dialética que envolve a questão. Por que só o homem que violou o painel eletrônico do Senado, ao lado de ACM, tem de bater os costados nas masmorras?
É certo que tudo deve seguir o processo legal, bibibi, bobobó e coisa e tal. Concordo que a Constituição deve ser obedecida. Nesse ponto sou extremamente legalista.
Mas, que tal a Carta Magna ser obedecida em todos os casos? Afinal, não são todos iguais perante a lei, segundo ela?
Por que, então, prender Arruda e deixar livre José Dirceu – e seus 40 (acho que tem mais) seguidores? E não me venham com essa lengalenga de flagrante contra Arruda, que não foi.
Ele foi preso porque um assessor seu foi flagrado com um bilhete do chefe e uma sacola de dinheiro para comprar a consciência de um jornalista. Então, que prendam o assessor.
Peraí, não me tomem por pelego. Não estou defendendo Arruda só por defender. Estou, sim, ao lado aplicação pura e simples da fria letra da lei, da Constituição.
Portanto, sem essa de usar dois pesos e duas medidas. Se é para prender Arruda, que não faz (ou pelo menos não fazia) parte da manada de partidos que engrossa a base aliada do Governo, por que não pôr na cadeia também todos os aloprados do PT? Será que é por falta de espaço para tanta gente?
Também não aceito que arguam a idéia do benefício da dúvida. Provas incontestes da existência do mensalão do PT existem às toneladas. É tanto que o Supremo Tribunal Federal (STF), a instância maior do País, aceitou a denúncia e segue em sua lenta (por que não dizer lerda?) caminhada.
Para se fazer justiça, o presidente Lula e sua candidata a substituta de plantão no Planalto já deveriam ter sido apenados (multados) pelo crime de propaganda eleitoral extemporânea. Razões para isso são maiores que o número de estrelas em noite de lua nova.
Para pensarmos que o País toma novo rumo, rumo à civilidade que soi existir nas democracias incontestes, essas e outras coisinhas precisam ser revistas.
Está na hora de acabar com a velha e encarquilhada máxima de “aos amigos tudo, aos inimigos, a Lei”. Definitivamente, isso não cola mais.
(*) Jornalista; autor de “Até Quando?” (2004) e “Histórias de Redação” (2009); e-mail: fe.chagas@uol.com.br; blog: www.franciscospid.blogspot.com
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