sábado, 23 de janeiro de 2016

Nota de três reais

(*) Por Bernami Spilki

Temos tratado, seguidamente neste espaço, de questões de falta de coerência, ora dos políticos, ora de nós mesmos. Nossa falta de coerência manifesta-se quando, por exemplo, reclamamos dos políticos, mas nada ou quase nada fazemos para mudar isto. Um artigo do jornalista Francisco Espiridião faz uma análise da popularidade do presidente Lula, que atingiu, na semana passada, 75% no item aprovação do governo. Escreve o jornalista que, quando deixou o governo, o presidente Médici (1969 - 1974) tinha, no mesmo quesito, uma aprovação de 82%, ou seja, 7% a mais do que o governo atual. 

Afirma ainda que o País crescia entre 8,5 a 10% ao ano, que o consumo chegava a níveis impensáveis e que o governo da época investia em grandes obras e projetos, tais como: Transamazônica, Hidroelétrica de Itaipu, Ponte Rio-Niterói, criação dos Projetos Mobral e Rondon, entre outras novidades na área social.

Hoje temos o PAC, que desde seu início é uma montanha de ideias. Somente isto, porém, já rendeu alguma coisa. Agora surgiu o PAC 2, que sequer comentarei, mas o que é real do atual governo é que o índice de crescimento não passa de 5,5%, o que, convenhamos, com tanto alarde, é muito pouco.
Ainda sobre o PAC, segundo o site Contas Abertas (www.contasabertas.uol.com.br), o governo pagou efetivamente até o dia 19 de março, apenas 10,93% dos valores do Orçamento Geral da União definidos para o ano de 2010 e está adiantado. Nos três primeiros anos (2007/2009), foram pagos 57,16% da dotação autorizada.
Como se vê, essa questão de popularidade é, no nosso País, pura balela. A única consequência concreta está nos efeitos que faz na atual oposição, que tem se portado indignamente. Até porque, de uma oposição esperam-se propostas, fiscalização e postura de oferecer alternativas de mudanças, que possam de uma forma ou de outra, devolver esperança aos cidadãos descrentes da atual ordem nacional.
Indicado o vice da chapa de um candidato da oposição, entre os argumentos dos feitos realizados constava que o mesmo era co-autor do projeto “Ficha Limpa”, logo em seguida mudou o discurso. É que o Ficha Limpa é de iniciativa de proposta popular. Menos mal que não insistiram com a bravata.
No entanto, ao fim e ao cabo estamos nós com um governo que nada de novo fez. Apenas continuou o que fora proposto no governo anterior, projetou obras que não foram iniciadas, realizou promessas vazias e apresentou um governante em busca de aprovação popular no mundo.
De outro lado, uma oposição inapta, temerosa do índice de popularidade alcançada pelo atual governante e, talvez, devido a isso, sem oferecer mudanças que trariam à população esperança de um futuro melhor. Tal futuro poderia ser, no mínimo, a simples promessa de uma luta real, contínua e permanente contra a corrupção. Afinal, essa me parece ser a única forma de crescermos socialmente, mitigarmos ao máximo o sentimento de impunidade que assola a nação e de deixarmos de acreditar em nota de R$ 3,00.

* Consultor de Empresas

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