segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Mulher de malandro

É dolorido ver a "Última flor do Lácio, inculta e bela" tão maltratada assim. Dói na vista ler "Presentei seu pai..." em vez de "Presenteie seu pai..." em fulgente outdoor postado na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, bem defronte à entrada do Parque Anauá.

O mesmo pecado ocorre quando se lê "Saborei", (segunda pessoa do plural do modo imperativo do verbo saborear mais capenga não se viu ainda, arrgh!) postado numa placa publicitária defronte ao Cine Super K, no Complexo Airton Senna.

Isso, no entanto, não é de hoje, não. Quando Olavo Bilac escreveu que a última flor do Lácio é inculta, porém bela, fazia alusão triste e incômoda àqueles que tratam a língua portuguesa, a última das filhas do latim, como mulher de malandro, que precisa apanhar à vontade. E como batem na pobrezinha...

Mesmo assim podemos dizer:

"Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!"

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