quinta-feira, 26 de março de 2009

Adeus, amiga!

Por FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Comecinho da tarde de sexta-feira, 20. Um dia especial, sem dúvida. Eram 13h, um pouco mais, talvez. Um vento confortador, entrando pela escancarada janela do quarto, disfarçava a forte temperatura reinante lá fora, onde o sol escaldante dava a sensação de estar fazendo 40 graus, apesar de os termômetros não acusarem nada além dos 37.

Rodeada de amigos e parentes, o desenlace. Para muitos, momento de profunda angústia e tristeza. Mas não para ela. Na quinta-feira, fui visitá-la. Cantei um hino de segurança no Senhor, Cristo Valerá, o 322 do Cantor Cristão. Ela tentou me acompanhar, mas já não encontrava forças. Resultado de quase dois anos de luta inglória.

Ao final, perguntei-lhe se tinha certeza de salvação. A resposta não deixou dúvida. Como disse o Apóstolo Paulo, ela sabia em quem tinha crido. Em seguida, segurando-lhe as débeis mãos, orei agradecendo ao Senhor Jesus por sua vida frutífera e longeva. Ela confirmou minhas palavras com um quase fiapo de voz, dizendo amém!

Nossa amizade superou os 34 anos. Datava de 1974, quando trabalhávamos como civis no 6.o Batalhão de Engenharia de Construção. Ela cozinheira, eu, radiotelegrafista. Nossos encontros eram diários, sempre na hora do almoço.

No fim de 1975, já casado, aprouve a Providência Divina nos fazer vizinhos. E como dona Ana nos foi útil em nossos primeiros anos de convivência a dois! Era a mãezona que nem eu nem a Eliana tínhamos.

Quantas orientações de vida ela nos repassava! Quando a coisa estava difícil em termos de relacionamento, estava sempre pronta a nos ouvir. E, invariavelmente, tinha uma palavra de esperança, de apaziguamento.

De gênio forte, muitas vezes também nos arranhávamos. Afinal, nem tudo são flores nesta difícil arte de conviver. Mas, no fim, tudo dava certo. Forasteira neste mundo, a caminhada de 70 anos lhe foi breve.

Deixa saudades nos amigos e muito mais nos quatro filhos, noras, netos e bisneta. Vá em paz, dona Ana! A saudade será o nosso consolo. Os anjos, com certeza, cantaram para lhe receber no seio do Grande Pai, o Senhor dos Exércitos.

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