Francisco Espiridião
O chamado “golpe” ocorrido em Tegucigalpa, capital de Honduras, é emblemático. A exemplo do que acontecia com frequência nos anos 60-70 do século passado, em diversos países da América Latina, na madrugada do dia 28 de junho passado um grupo de militares invadiu o Palácio Presidencial e arrancou de lá o presidente Manuel Zelaya, despachando-o para Costa Rica, num avião militar. Em seu lugar, foi plantado Roberto Micheletti.
O pecado de Zelaya, expurgado com tamanha violência, foi coisa à toa aos olhos de petistas & Cia. Quis – apenas quis – enfiar goela abaixo dos cidadãos de um dos países mais pobres das Américas um segundo mandato. No Brasil, esse expediente foi comprado (e pago a peso de dólares) pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Pretensamente (só para mostrar que os hondurenhos são intransigentes por demais da conta), alguns grupos encastelados no petismo desmedido, com assento em Brasília, fizeram rapapé para expandir para um terceiro, quarto... mandato, Lula à frente.
Zelaya pleiteava isonomia com “los hermanos”, caudilhos latinos como o semiditador venezuelano Hugo Chávez, Rafael Correa, do Equador, e o índio cocaleiro trotskista boliviano Evo Moralles. Todos conseguiram mudar a Constituição de seus países para uns se perenizar no poder, outros, esticar o quanto possível a permanência como mandatário-mor de seus povos.
A treta não colou em Honduras. Lá, a Constituição é documento sagrado. Para ser respeitado. Escreveu não leu, o pau comeu. Seja o Manezinho das Couves ou o presidente da República. Zelaya escorregou e sentiu o peso nos lombos. Perdeu o cargo, ainda que meio mundo esperneie. A suprema corte de Justiça e o Parlamento internos decidiram pela legalidade e não pelo “jeitinho”, tão difundido em nosso meio.
Se no Brasil fosse assim, Luis Inácio Lula da Silva há muito já estaria cantando em outra freguesia. Foi leniente no caso das refinarias da Petrobrás, na Bolívia; lasso, como no caso da construção de hidrelétrica no Equador de Rafael Correa; e condescendente com o bispo Lugo Papa-Tudo, do Paraguai, no caso de Itaipu etc.
Nesse último, Lula arvorou-se imperador do Brasil e agiu por conta própria, atropelando lei existente. Torrou nada menos que 200 milhões de dólares de recursos brasileiros ao triplicar o preço pago pela energia de Itaipu que o Paraguai não utiliza, quebrando, assim, um acordo que já havia se inserido nos anais legislativos do país. Nada menos que crime de lesa-pátria.
Fôssemos nós hondurenhos, Lula já teria sido deportado para uma das republiquetas africanas, de preferência canibal, uma daquelas que ele adora visitar às custas do nosso tão pobre dinheirinho. Os hondurenhos é que estão certos. A Constituição do país em primeiro lugar.
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