De Alamir Longo
Parafraseando Odorico Paraguaçu, personagem vivido por Paulo
Gracindo na telenovela “O Bem-Amado,” fiquei deverasmente orgulhoso com a
determinação da nossa querida e amada presidenta. Numa difícil, corajosa e,
sobretudo, patriótica decisão, convocou solenemente o povo e as Forças Armadas,
e declarou guerra a um terrível inimigo comum que mede menos de meio
centímetro: o Aedes aegypti, que, segundo ela, se trata de um vírus, não de um
mosquito como os coxinhas golpistas mal-intencionados andam dizendo por aí.
De pronto, escalou o Ministro da Defesa para que colocasse
de prontidão as três forças: Exército, Marinha e Aeronáutica, e se preparassem
para longas e duras batalhas contra um inimigo astuto e cheio de artimanhas.
Aldo ”Hilário” Rebelo, marechal de campo, especialista nesse tipo de operações,
não titubeou: como um grande general helênico, garbosamente, respondeu ao
chamado da sagrada e iluminada chefa, fazendo a seguinte declaração no Diário
do Poder:
“A partir de 13 de fevereiro, a guerra ao Aedes envolverá o
maior contingente já mobilizado na história das Forças Armadas: nada menos de
220 mil militares, homens e mulheres (160 mil do Exército, 30 mil da Marinha e
30 mil da Força Aérea). Eles vão à guerra da higiene em 356 municípios,
incluindo as capitais e 115 cidades onde o mosquito é endêmico. Pelos padrões
militares, o enfrentamento ao mosquito segue o manual de combate à guerrilha: sufocar
o inimigo e impedir sua reprodução. Como em toda guerra, esta será travada com
a convicção da vitória, pois é a população do Brasil que está sob ameaça de um
inimigo caviloso. Ao final, os militares terão ajudado o País a fincar a
bandeira de profilaxia e da saúde na imensidão do território nacional”.
Não é de deixar a gente todinho arrepiado de tanto orgulho?
Só faltou reeditar o manual de guerrilha do Marighella e distribuir foices e
martelos aos “movimentos sociais.”
Notem que o aveludado comandante de araque afirmou que “o
grande combate” começa a partir de 13 de fevereiro, portanto, depois do
carnaval. Até lá, nosso sorrateiro e caviloso inimigo de asas, o Aedes (que vem
do grego e significa “odioso”), curtirá umas belas férias em alguma ilha
paradisíaca desse planeta azul ou cairá no samba. Convém sublinhar, também, que
nosso heroico ministro deixou bem claro no seu pronunciamento, que a guerra
será deflagrada em 356 municípios. Balizando-me pelos dados de 2013, o Brasil
têm 5.570 municípios(agora deve ter mais). Logo, se subtrairmos 356 de 5.570,
concluiremos, então, que nos 5.214 municípios restantes da federação, não
haverá nenhuma batalha. Ou porque as tropas do brilhante estrategista são
insuficientes, ou porque nesses municípios o mosquito terá sua entrada proibida
por decreto.
Todo esse gigantesco picadeiro circense, infantilmente,
armado por essa governança microcefálica, corrupta, mentirosa e incompetente
que aí está, na verdade não se destina a caçar Aedes aegypti, e sim, encobrir
um “mosquito” muito mais traiçoeiro, avançado, perigoso e letal, que é o Aedes
corruptus! Esse sim, é vetor de um vírus mortal que está presente há mais de 13
anos nos mais recônditos redutos petralhas, onde o dinheiro público desfila,
como por exemplo: nos duplex, triplex, sítios, refinarias, plataformas, navios,
aviões, mochilas, cuecas, obras superfaturadas dentro e fora do país,
gabinetes, bancos, ministérios, palácios,legislativos, departamentos… enfim, em
todos os lugares onde os tentáculos dessa poderosa máfia petista alcançam.
Se a Saúde no país chegou nessa situação caótica em que se
encontra, com o retorno de doenças que haviam sido praticamente erradicadas e o
descontrole das que vinham sendo sistematicamente controladas, foi porque houve
uma irresponsável e criminosa quebra de medidas de saúde pública por parte do
governo federal, como apontou José Rodrigues Coura, pesquisador da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O país deixou de investir em campanhas sanitaristas de prevenção,
e deu no que deu: as endemias, pandemias e epidemias estão deitando e rolando
em território banânico.
Vejamos alguns exemplos:
A paralisia infantil que tinha sido praticamente erradicada
no Brasil, está voltando; a febre amarela que estava controlada, ganhou força;
a dengue que ficou 60 anos sem fazer vítimas, hoje bate recorde em território
nacional; a leishmaniose, que era considerada um mal rural, agora se tornou
problema nos grandes centros urbanos, e o Brasil responde por 90% dessa grave
enfermidade na América Latina; a tuberculose que estava sob controle, voltou a
ser um grave problema de saúde pública na gestão petista; a coqueluche que
andava fora de moda, voltou com força depois de praticamente ter sido
erradicada; a microcefalia no Brasil tornou-se uma epidemia e está
completamente fora de controle. E o que se vê é uma governança rigorosamente
despreparada, sem saber o que fazer, apenas se limitando a dar informações
equivocadas a respeito dessa gravíssima enfermidade. Aliás, o Ministro da Saúde
deu uma luminosa solução para o problema do Zika vírus: que todas as moças
fossem para a fila da picadura. Esse é o nível da autoridade que responde pela
saúde pública no Brasil. O resultado está aí para todo mundo ver.
Nessa pequena mostra acima, já dá para se ter uma clara
ideia do estado de abandono sanitário que se encontra a saúde pública nesse
desgovernado país.
E tudo isso acontece por falta de investimentos na Saúde.
Por exemplo: mais de 50% dos lares brasileiros, não têm saneamento básico. E,
ao contrário da propaganda enganosa disseminada pelo governo, o mosquito, causa
dessa grande e tão propalada “guerra” banânica, não se reproduz somente em água
limpa, mas também na água suja dos esgotos não tratados.
Por que será que as epidemias só ocorrem em países de
terceiro mundo? É por acaso? Claro que não! É pelas péssimas condições
sanitárias que vivem esses países. Aqui no Brasil, a explicação é simples e eu
repito: é falta de investimentos na Saúde! Aliás, investimento em saneamento
básico, até que foi substancialmente feito, principalmente no governo Lula,
porém, foi em Moçambique e Angola, onde também foram construídas fábricas de
remédios e vacinas. Convém lembrar que essas obras na áfrica negra foram,
sigilosamente, financiadas pelo BNDES e executadas pela Odebrecht. Que
coincidência, não? E ficou tudo por isso mesmo. Na mais santa impunidade.
Ninguém investigou nada.
Então, dona Dilma, aguardaremos ansiosamente o início dos
“combates” em 13 de fevereiro. Oxalá, nenhum mosquito malvado sobreviva,
principalmente, o Aedes corruptus, o grande devorador de dinheiro público.
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