CARLOS CHAGAS
Do mensalão ao petrolão, do desvio no orçamento dos ministérios e das
empresas públicas, do assalto aos bancos estatais e às encomendas de
toda espécie celebradas à sombra dos governos federal, estaduais e
municipais – salta aos olhos a rota para todos os roubos. Trata-se da
desfaçatez com que os partidos políticos se lançam a exigir sua parte no
botim.
Traduzindo: desde governos anteriores que as agremiações partidárias
conseguiram estabelecer a teoria da participação no roubo. Dos grandes
aos pequenos, impuseram a divisão dos ministérios conforme o tamanho de
suas bancadas e de seus votos.
De José Sarney a Fernando Henrique, do Lula a Dilma, todos os
presidentes compuseram suas equipes contemplando os partidos, sob pena
de não poderem governar sem o apoio deles. Talvez por isso os partidos
tenham se multiplicado tanto, hoje em número de 39.
Volta e meia surge a ideia da formação de equipes apolíticas e
apartidárias, de alto nível ou seja lá o que for, mas a promessa costuma
não durar. Cede à pressão fisiológica dos partidos que ameaçam destruir
os governos se não conquistarem ministérios capazes de
proporcionar-lhes lucros e sinecuras de toda espécie.
Ainda agora assistimos a quase extinta presidente Dilma dividindo seu
governo, na tentativa de salvar-se.
Assim como, mais grave ainda, o
futuro presidente Michel Temer fazendo a mesma coisa. Pedaços da
administração federal são retaliados, geralmente sem preocupação com a
competência. Recebem a palavra mágica, a chave que lhes abrirá a caverna
do Ali Babá. Quase sempre mancomunados com expressões do mundo
financeiro e do próprio governo.
Basta atentar para a agenda do ainda vice-presidente, cercado de
líderes partidários nadando feito piranhas ao redor do trono. Se os
presidentes da República cumprem o dever de casa, chegam ao fim de seus
mandatos. Caso contrário, são ejetados, como acontece agora com Madame e
aconteceu com Fernando Collor.
A conclusão dessa relação desavergonhada é que a corrupção aumenta
sempre, assim como de mandato para mandato diminui a eficiência dos
governos. Locupletam-se todos, pelo menos até o momento em que a corda
arrebenta. Como está para acontecer...
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