POR FABIANA FUTEMA

E como a criança come? Com as mãos, já que no começo
ela não consegue fazer o movimento de pinça, que é o que ajuda a segurar
talheres.
O que comem? Alimentos cortados em pedaços,
principalmente, como frutas.
Lógico que a criança vai fazer muito sujeira, mas os
adeptos do método dizem que os benefícios compensam qualquer bagunça. A
veterinária Juliana Luiz, 33, escolheu o BLW para ensinar a filha Helena, de 7
meses, a se alimentar.
“As pessoas não têm noção de que as crianças aceitam
bem o que pais oferecem, pois não conhecem aquele sabor. A fruta é gostosa pelo
seu sabor, não que precise adicionar açúcar ou outra coisa. Moramos em um país
tropical, com tantas frutas, e os pais só dão banana amassada e maçã raspada ao
bebê. Muitos não oferecem porque não gostam. E a criança não come porque nunca
experimentou.”
Luciana Brezolini, 33, mãe de uma menina de 6 meses,
diz que se apaixonou pelo BLW, pois “respeita o tempo do bebê. “Não forçar a
comer determinado alimento ou determinada quantidade. Respeita e estimular a
autonomia do bebê”
Ela diz que com a primeira filha usou as tradicionais
papinhas para inicia-la na introdução alimentar. “Gostaria de fazer diferente
agora, principalmente para corrigir alguns erros que acho que cometi com ela.”
Para as duas mães, é importante que o início da
alimentação sólida não prejudique a amamentação. “Amamentei exclusivamente até
iniciar a introdução alimentar. E continuo amamentando praticamente em livre
demanda.Acho que o desmame será tranquilo. Pretendo que seja natural, quando
ela decidir.”
Para a consultora em comportamento alimentar,
Fabiolla Duarte, criadora do Colher de Pau, o BLW é ótimo, pois está
relacionado com a prontidão do bebê para comer alimentos. “Tem a ver com a
prontidão motora. Mas se você introduz o alimento antes do bebê estar pronto,
com BLW ou não, estará causando algum dano, e para reparar, vai precisar
intervir. E a intervenção pode ter consequências”, diz. “BLW é muito bom, mas o
mais legal mesmo, é respeitar o ritmo do bebê. Quando ele estiver pronto, sim,
que seja por BLW.”
Fabiolla diz conhecer casos em que as famílias
começaram o BLW só pela questão etária, quando o bebê fez seis meses, e
acabaram desistindo do método. “Ou o bebê não aceita ou joga tudo no chão o
tempo todo e a família desiste, achando que a culpa é do método.”
Nessa hora, segundo ela, as famílias cometem outro
erro, que é substituir os alimentos cortados em pedaços por papinhas. “Aí os
bebês comem mais do precisam, pois engolem sem perceber muito o sinal da saciedade.
Comem distraídos, não saboreiam, pois papinhas são invasivas: elas entram na
boca e já são engolidas. E isso pode gerar um crônico desprazer do comer, ou
uma ultra seletividade mais tarde, ou obesidade infantil, ou distúrbios de
compulsão alimentar. Ou apenas uma grande demora pela aceitação de alimentos
sólidos.”
CONTRAPONTO
A nutricionista Priscila Maximino, do Centro de
Dificuldades Alimentares do Hospital Infantil Sabará, diz que o BLW não tem
relevância científica.
“A criança precisa pegar, sentir a comida. Mas ela
não vai ficar no BLW para sempre. Uma hora vai ter que usar talher.”
Para Ary Lopes Cardoso, chefe de Nutrologia do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da
USP,BLW é um nome complicado que deram para uma forma de alimentar que as avós
já adotavam antigamente.
Segundo ele, as famílias já deixavam a criança comer
sozinhas, com as próprias mãos, antes da massificação das papinhas.
CRÍTICAS
Juliana diz que está acostumada a receber críticas à
sua opção de usar o BLW na alimentação de Helena.
“Nossa família não aceita muito. Não é por maldade,
mas por não ter conhecimento. Não acredita nisso. Minha mãe fala: ‘criei vocês
assim. Por que não vai dar certo com os netos?’”, conta a veterinária.
Já Luciana afirma que sua família apoia a opção pelo
BLW, mas teme engasgos com a comida. “Estou gostando. Tento não ficar ansiosa,
pois ela ainda não está comendo nada, mas sei que é uma questão de tempo. Ainda
é cedo.”
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