sábado, 1 de outubro de 2016

A responsabilidade de cada um

FRANCISCO ESPIRIDIÃO*
Chegamos, enfim, ao dia ‘D’. Amanhã, domingo, 2 de outubro, como costumava fazer o meu sábio e saudoso pai, ‘seu’ Sílvio, é dia de vestir a melhor roupa e entrar na fila, logo cedo, para depositar na urna a esperança para os próximos quadriênio. A modernidade mudou o verbo “depositar” para “digitar”, mas dá no mesmo. Que o próximo quadriênio seja de paz, tranquilidade e satisfação pessoal e coletiva.
Tal como o único cartucho que nos restasse diante de um bravio leão, assim deve ser o nosso voto. Errar o alvo pode representar quatro anos de incertezas. Dizem por aí que o caminho mais curto para o insucesso está camuflado em meio a rápidos e promissores desvios que nem sempre levam em segurança ao destino.
E como tem desvios nessa caminhada rumo à urna eletrônica! As armadilhas são muitas. Vão desde as cordas do coração, como a proposta do “vota em mim, que eu te amo tanto”, até a perspectiva de um emprego sazonal para um filho – ou filha. Emprego, aliás, que se esvai como nuvem, com o ocaso do mandato do político. Sem falar naqueles desvios que passam por uma centena de telhas, carradas de barro e areia, e até uma ‘merrequinha’ em espécie que não paga um almoço.
Vender o voto significa errar duas vezes. Primeiro, assina-se um cheque em branco e o deposita nas mãos de um desonesto. Eleito para não fazer nada, ou, pior, fazer tudo o que não deve. Quem faz isso abdica do poder de exigir do candidato qualquer coisa. Resta-lhe baixar a cabeça e se conformar com a caótica situação que poderá advir. Segundo, deixa escancarado o fato de que se é tão corrupto quanto quem comprou o voto.
Cargo eletivo não deve ser visto como profissão. É sacerdócio. Na hora de votar, não custa nada investir alguns minutos numa reflexão sobre quem pede o voto. Saber o que fez é imprescindível para indicar que continuará fazendo. Em benefício ou em prejuízo da sociedade. Rechaçar, portanto, quem pensa que para se ganhar eleição pode-se “fazer o diabo”. Já se viu onde pode chegar quem cultiva tal convicção.
Uma reflexão que dê à luz uma realidade fática, porém altruística. Para isso, é imprescindível retroagir no mínimo cinco ou seis anos. Quem não se lembra do que era a nossa cidade? Queremos o que temos hoje ou o que éramos no passado recente? Um lugar onde possamos desfrutar com alegria, ou um mundo de densas trevas, de sujeira exposta?
Depende de cada um de nós fazer de Boa Vista um lugar bonito para se viver em paz, onde se possa encontrar a natureza, alegria e felicidade, com certeza, como escreveu o poeta.
Diz a sabedoria dos antigos que quem fez um cesto, faz um cento. O ideal, todos sabem, é utópico, inatingível. Mas, como dizia um antigo e atual candidato a vereador de Boa Vista, não custa nada morrer tentando (Miúdo). Afinal, já desfrutamos das benesses de viver na melhor cidade do Norte para se criar filhos, segundo a revista Exame.
*Jornalista e escritor; e-mail fe.chagas@uol.com.br

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