(*) FRANCISCO ESPIRIDIÃO
A virada de ano foi prato cheio para supersticiosos. 2017 chegou
carregado de maus fluidos. Na economia, as notícias não poderiam ser piores.
Analistas gostariam de ter dormido no dia 31 de dezembro de 2016 e amanhecido só
no dia 1º de janeiro de 2018. Acreditam que 2017 chegará ao ocaso com o PIB do
País tangenciando zero.
A taxa de desemprego, num patamar dos 12% (12,1 milhões de desocupados),
deve continuar subindo, de acordo com economistas ouvidos pelo portal de
notícias Uol. "Temos uma incerteza política, uma incerteza econômica e
agora também uma incerteza jurídica", afirma Otto Nogami, professor de
economia do MBA Insper.
Em Mongaguá, litoral paulista, a passagem de ano foi um desastre. Em vez
de espetáculo aprazível, tornou-se pesadelo àqueles que foram à festa de
Réveillon na Praça Dudu Samba. Os fogos da queima, ao invés de subirem, partiram
inapelavelmente em direção à população. Uma dezena de pessoas atendidas no
Pronto Socorro Municipal. Falha técnica a ser apurada pelas autoridades
competentes.
Ainda na noite de 31 para 1º, tocou o horror na cidade de Campinas, ABC
paulista. Um cidadão mal resolvido, de 42 anos, usando uma pistola calibre 9 mm
[dois carregadores] decidiu investir contra a própria família e quem mais
estivesse por perto. A tragédia ocorreu durante a festa de comemoração da
passagem de ano. 12 mortos e três feridos. Com a mesma arma, o tresloucado
praticou suicídio, completando o emblemático número de mortos: 13.
Para deixar patente o espírito da ‘bruxa tá solta’, o pior ainda estava
por vir. O Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, e a Penitenciária
Agrícola de Monte Cristo (PAMC), Boa Vista, deram o tom da tragédia anunciada.
Em Manaus, a rebelião teve início por volta das 16h do dia 1º e durou cerca
de 17 horas, com um saldo de 60 presos decapitados e esquartejados. O
espetáculo do horror repetiu-se em Boa Vista na noite de quinta para
sexta-feira: 33 presos imolados com instintos da mais cruel perversidade.
O artigo 1º da Lei das Execuções
Penais cita: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.” Grifo meu: “... proporcionar
condições para a harmônica integração social...”. Utopia barata.
Ao ultrapassar o portal da ala
em que, teoricamente, purgará suas culpas, o condenado dá adeus a qualquer
esperança. Se escapar com vida, ingressa numa pós-graduação do crime. As
facções Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC), ao se
matarem, prestam um grande favor ao governo: cerca de 100 delinquentes
‘neutralizados’.”
Na quinta-feira (5), o
presidente Michel Temer chamou o fato de ‘acidente pavoroso’. Esqueceu-se de
admitir que ‘acidente’ mais ‘pavoroso’ foi o governo brasileiro ter perdido
escandalosamente a guerra para o tráfico. Por ‘acidente’, Temer é o
responsável, visto ser o presidente de plantão.
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