quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Entropia

Matéria publicada na Folha de Boa Vista de hoje tem tudo para gerar controvérsias as mais gritantes no meio evangélico de um modo geral – inclua-se aí denominações tradicionais, pentecostais e também , e principalmente, as neopentecostais.

A Câmara de Vereadores de Boa Vista acaba de aprovar e o Prefeito Iradilson Sampaio sancionou na noite de ontem (quarta-feira, 26) a Lei Municipal 977, que institui o Dia Municipal da Marcha para Jesus e dá outras providências.

O Projeto teve origem no meio pentecostal e neopentecostal, à frente uma comissão da Jocum (Jovens Com Uma Missão).

O joelho do porco está em que, primeiro, sendo o País laico, por que denominações evangélicas precisariam recorrer ao Poder Público para angariar recursos para o exercício daquilo que acreditam ser a ordem de Jesus: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura?

Segundo: Todos os evangélicos reclamam da instituição do dia 12 de outubro, entre outros, como “Dia Santo”, com origem na Igreja Católica. Com feriado e tudo na folhinha (ih, que antigo, ninguém mais sabe o que é uma folhinha. Calendário, tá bom).

Dizem enfáticos: “Não deve existir um dia dedicado a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, quando o Brasil deve, constitucionalmente, manter a separação explícita e implícita entre Estado de Religião”.

Se é assim, e assim é, vejo aqui uma grande entropia. Para os outros não pode. Para nós pode. Ou, “já que os católicos fazem suas festas com o dinheiro público (Carnaval, Festas Juninas etc), por que não podemos fazer as nossas?”.

Bom ver que, se os outros fazem errado, isso não deve ser, de maneira nenhuma, justificativa para que eu também o faça.

Acredito um tanto infeliz a decisão dos evangélicos de levarem as autoridades constituídas a criarem o Dia Municipal da Marcha para Jesus, bem como a possibilidade de inclusão da data para auferir vantagens orçamentárias. Não só infeliz, mas também erética.

Que tal seguirmos o ensinamento do Mestre dos mestres, que disse: “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”?

Os recursos para a realização de qualquer coisa na obra de Deus está no bolso de Seus filhos. Afinal, somos ou não filhos do dono do ouro e da prata (Ageu)? Precisamos sair de pires na mão sendo tão ricos assim?

Para pensar...

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