O CIR - Conselho Indígena de Roraima - arrumou uma encrenca danada que só o STF pode resolver, ao anunciar um possível acordo com o MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
O objetivo do acordo é permitir que membros do MST deem prosseguimento à produção agrícola no interior da terra indígena Raposa Serra do Sol, em parceria com os índios.
Recentemente, a reserva homologada pelo presidente Lula foi definida pelo STF - Supremo Tribunal Federal - como terra onde não índio não deve sequer pensar em pôr os pés.
A história foi levada tão a sério, que a retirada de não índios acontceu de supetão. Foram expulsos de lá todos os produtores de arroz e até mesmo os meios-índios que nasceram, se criaram e moraram a vida inteira no interior da reserva.
A encrenca agora fica com sua excelência o Sr. Ministro Ayres Britto. Será que ele vai homologar o casamento até certo ponto esdrúxulo do índio com o pessoal do MST?
Como vai justificar a retirada dos arrozeiros roraimenses - por serem não índios - e permitir a presença de integrantes do MST - da mesma forma, não índios - no local?
Ayres Britto terá que dizer por que produtor gaúcho pode e roraimense não pode. Eis o nó de porco.
Veja a Matéria publicada na Folha de Boa Vista, em 5/5/2009
CIR e MST fazem parceria para cultivo de arroz
Da Redação
O Conselho Indígena de Roraima (CIR), organização não-governamental ligada aos índios que defendem a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol em área contínua, referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), articula parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) do Rio Grande do Sul para o cultivo de arroz orgânico na área indígena. O CIR também negocia com a Embrapa o acompanhamento da atividade produtiva na área.
Segundo o coordenador da ONG, Dionito Souza, a participação da Embrapa não incluiria a realização de pesquisas, já que, segundo ele, a terra é fértil. "Se duvidar, nasce até gente", brincou.
Uma comissão de índios visitará Rio Grande do Sul. A definição das parcerias, dos locais de cultivo e dos tipos de plantações e culturas a serem desenvolvidas só deve acontecer em junho, quando será realizada uma assembleia geral com os líderes da Raposa Serra do Sol, na Vila Surumu.
"De imediato, a gente já sabe que vai ser plantado mandioca, milho, arroz, feijão e melancia, ou seja, tudo que índio gosta de comer", disse Dionito.
Uma comissão de indígenas irá ao Rio Grande do Sul conferir o trabalho que o MST desenvolve na agricultura daquele estado. Os índios também planejam desenvolver o turismo na região.
"Não vamos ser miseráveis, nem viver de migalhas. Buscaremos parcerias fortes para garantir o que tiver de melhor para as comunidades", disse Dionito.
Sobre o comentário do governador de Roraima, Anchieta Júnior - de que a região se transformaria num "zoológico humano", depois da saída dos não índios, Dionito disse que os indígenas vão mostrar para o governo que é possível levar uma vida digna, sem precisar de esmolas:
"Não vamos criar periferias nas comunidades, como fazem os governos. Ninguém vai ver índio pedindo esmola como as pessoas nas cidades".
Segundo levantamento feito em janeiro pelo CIR, vivem na Raposa Serra do Sol 19.332 índios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário