terça-feira, 5 de maio de 2009

Sem dinheiro, demitidos por arrozeiros ficam em Boa Vista

Matéria publicada na Folha de S. Paulo (web)

Demitidos por arrozeiros que ocupavam a terra indígena Raposa/Serra do Sol, mais de dez homens de Santa Luzia (300 km de São Luís, MA) se amontoavam em duas pequenas casas na periferia de Boa Vista (RR), esperando terem o dinheiro que pagará a viagem de barco para sua cidade de origem.

Os maranhenses fazem parte da leva de desempregados criada com a operação de retirada de não índios da área. Alguns tiveram seu último dia de trabalho na sexta, quando a retirada começou.

Estavam contratados para plantar e colher o arroz de propriedades de Paulo César Quartiero e da família Faccio, onde também moravam. Recebiam em média dois salários mínimos --R$ 930.

"Ah, nem sei mais quantos são. Eles vão chegando. Um diz pro outro que pode ficar, e assim vai", diz Francisco Henrique de Souza, o Cícero, dono de uma das casas.

"Ainda" empregado na fábrica de beneficiamento de grãos de Quartiero, na capital, foi ele quem chamou boa parte dos conterrâneos para Roraima. "O pessoal dizia: "Cícero, quero cinco, quero oito [maranhenses]". E eu conseguia."

Os homens precisam do dinheiro da rescisão contratual para pagar a viagem de barco, que custa R$ 500 e dura cerca de seis dias. A reportagem conversou com quatro deles. Nenhum vê boas possibilidades na volta para o Maranhão. "Lá não tem nada. É só me chamarem que eu volto", disse João Pereira, 43.

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