Francisco Espiridião
Até quando o poder instituído se dobrará ao poder do crime organizado? Conversando por telefone com um amigo do Rio, disse-me ele que o barulho todo que de sexta-feira para cá já fez 19 vítimas entre policiais, bandidos e supostos inocentes, aqueles que nada têm a ver com o script, acontece numa área bem longe de sua casa. “Ainda bem”. Ele mora no Recreio dos Bandeirantes e a chapa esquenta mais para o centro da cidade.
O certo é que o poder instituído perde a guerra. E isso, já há muito tempo. Os mandatários do tráfico dão as ordens – que são rigorosamente cumpridas. Não precisava ser assim. A PM dispõe de serviço de inteligência. Por certo, conhece tanto a geografia como a demografia do crime. Todos os atores identificados.
Então, o que falta para debelar o estado de conflagração em que se envolve a cidade que se pretende sede das Olimpíadas de 2016? A meu ver, só vontade política. A realização dos jogos Pan-Americanos mostrou que tal anseio não é utopia. Durante o evento, o Rio viveu dias de tranqüilidade como há muito não se via.
Segurança pública, para quem entende, só tem uma engenharia possível: policiamento ostensivo. E intensivo. 24 horas por dia. Não aquele policiamento de dupla. Mas de tropa, mesmo. Subir morro no Rio não deve ser algo esporádico. Deve fazer parte do dia a dia. Para isso, no entanto, são necessários recursos financeiros. Muitos recursos.
Não se pode exigir dos PMs cariocas que façam isso com o que a tropa dispõe hoje: armamento inferior ao dos bandidos, tropa em inferioridade numérica, helicópteros e carros não-blindados, falta de gasolina, salários de fome, entre outras pedras no meio do caminho.
Esse conjunto de mazelas forma a realidade do aparelho policial da Cidade Maravilhosa, assim como das demais cidades brasileiras, exceções à parte.
Falando em recursos, especialmente os financeiros, isso parece não ser problema. O Rio vai gastar 24 bilhões de reais para a realização das Olimpíadas. O que falta mesmo, torno a repetir, é vontade política.
Há quem diga que o tráfico envolve interesses escusos. Gente de alto coturno se beneficiando dele. Sendo assim, só resta mesmo uma saída: esperar em Cristo, a saída em última instância.
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