Por: FRANCISCO ESPIRIDIÃO
Em breve estará lançada mais uma queda de braço. Desta vez, instituições do Estado brasileiro (Congresso Nacional à frente) de um lado, e, de outro, organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras, competentemente representadas pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR).
O tabuleiro da batalha será a questão energética. O Congresso está a um passo de aprovar a construção da hidrelétrica de Cotingo, nas entranhas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Mais precisamente, na Cachoeira do Tamanduá.
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB), autor do projeto, disse em entrevista à Rádio Folha, neste domingo (24), que a ação de ONGs ambientalistas estava atrasando a aprovação na Câmara, mas, em razão da situação crítica em que o Estado se vê mergulhado hoje, com a iminência de apagão elétrico, acredita que a resistência estará um tanto arrefecida.
Assim, a aprovação é praticamente certa. Sair do papel para a prática, após a aprovação, aí são outros quinhentos. Parece mesmo que é aí que o bicho pega. Com certeza, entrará em combate o leão chamado CIR. E o bicho é feroz. De outras vezes, demonstrou possuir garras e mandíbulas afiadas.
Ao arrepio de toda a legislação pertinente, diante das mais nefastas fraudes em documentos, inclusive motorista assinando como “expert” em antropologia, o CIR decidiu que os mais de 1,7 milhão de hectares na fronteira com a Guiana se tornariam reserva indígena. E em área contínua. Conseguiu.
Não é novidade para ninguém que a mais alta Corte de Justiça nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), tenha se curvado diante do poderio das ONGs representadas pela organização roraimense, que recebe subvenções do capital transnacional.
A mesma força, também, impediu que o maioral do Exército brasileiro em Roraima, um general, comandante da I Brigada de Infantaria de Selva (BIS), acompanhasse o então ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos (Sealopra), Roberto Mangabeira Unger, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e outras autoridades federais, em visita à reserva, em 7 de março de 2008.
Além do general, naquele episódio foram também “barrados no baile” os parlamentares roraimenses, tanto os da bancada federal, como os da estadual. É assim mesmo. As ONGs estrangeiras pouco se lixam para os poderes internos instituídos.
“É um absurdo que as ONGs ditem quem anda por dentro de Roraima e limitem o próprio Exército, que está dando todo o apoio logístico e é o responsável pela segurança do ministro”, protestou o deputado Márcio Junqueira (DEM), na ocasião, um dos desrespeitados (Folha Online, 10/03/2008).
Alguém duvida que essas forças alienígenas não vão fazer beicinho também com a finalidade de impedir a construção da hidrelétrica? Aliás, essa pedra já foi cantada.
No dia 10 deste mês de janeiro, em entrevista à Folha, o coordenador do CIR, Dionito José de Souza, disse com toda a autoridade: "As comunidades da reserva indígena Raposa Serra do Sol não permitirão a construção da hidrelétrica de Cotingo".
É esperar para ver. Se o CIR vencer a queda de braço resta a todos nós, roraimenses, dizermos como diria o “seu” Pedrinho, personagem do impagável cronista macuxi Aroldo Pinheiro: "Tô bom de morrê, meu filho...!"
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