(*) FRANCISCO
ESPIRIDIÃO
A Polícia
Militar voltar a sentir um gosto amargo na boca. Mais um de seus membros
assassinado – o segundo neste ano. O caso ocorrido na tarde de terça-feira (15)
se deu de forma rude, cruel e traiçoeira. Tiros desferidos pelas costas. Enquanto
o PM dormia em uma rede na varanda da própria casa.
Arnaldo
Alves de Sena, o A. Sena, havia passado a noite anterior em serviço numa das
guaritas da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Aproveitava a sesta para
recompor-se do estresse. Com certeza, jamais poderia prever o que iria acontecer.
O pior é que
o crime se deu por encomenda. Tão logo o ato concretizado, fogos de artifício
ribombam em ruas próximas ao local, assim como “festa de arromba” estoura no
interior da PAMC. A suspeita inicial foi de que a morte teria sido encomendada
de dentro do presídio.
O luto, no
entanto, não é privilégio da PM roraimense, mas de todo o sistema de segurança
do País. Do início do ano até o começo deste mês de novembro, o Rio de Janeiro registrou
nada menos que 350 policiais baleados. 90 não resistiram. Do total, 326 eram policiais
militares. Detalhe: 128 atingidos em áreas pacificadas.
Em São Paulo,
no mesmo período, os números se assemelham. Foram 98 policiais mortos, sendo 88
PMs. Desse universo, apenas cinco foram mortos em serviço. A quase totalidade feneceu
enquanto gozava de merecida folga, a exemplo de A. Sena. Estatísticas mostram
que o Brasil tem um policial morto a cada 32 horas.
O outro lado
da moeda é tão ou mais trágico ainda. Dados da Human Rights Watch mostram que,
no ano passado, para cada policial assassinado no Rio de Janeiro, outras 25
pessoas morreram em decorrência de intervenções policiais. Em todo o país, a
instituição garante que foram 645 pessoas mortas em ações envolvendo as
polícias Civil e Militar.
Mas tem
mesmo que ser assim? Onde o País vai parar seguindo nessa estrada mal
pavimentada, com clima de guerra civil incrustado no inconsciente coletivo? Não
é para menos. O número de mortes violentas no Brasil supera o de países em
guerra declarada. Só em 2015, foram mortos violenta e intencionalmente 58.383
brasileiros.
Segundo o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
publicado no dia 28 do mês passado, de janeiro de 2011 a dezembro de 2015,
foram 278.839 ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal
seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil. Na
Síria, em guerra, em igual período foram registradas 256.124 mortes violentas,
de acordo com o Observatório de Direitos Humanos daquele país.
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