FRANCISCO ESPIRIDIÃO (*)
Quando o
então Palácio 31 de Março, hoje, Senador Hélio Campos, abriu as portas para
receber mais um coronel da Aeronáutica, em 1967, não tinha ideia de quanto desenvolvimento
se fazia anunciar ao então Território Federal de Roraima. Dois anos depois de
desembarcar pela primeira vez neste setentrião, Hélio da Costa Campos passa a
surfar uma onda de desenvolvimento que envolvia todo o país.
Hélio Campos
governou o território de 1967 a 1974, com lacuna de nove meses, entre 1969 e
1970, quando esteve à frente do Governo roraimense o major aviador Walmor Leal
Dalcin. A temporada de vacas magras no Brasil dura todo o período do primeiro e
segundo governos militares, de 1964 a 1969.
Nesse
período, o Palácio do Planalto foi ocupado pelo marechal do Exército Humberto
de Alencar Castelo Branco, até 1967, e pelo general Arthur da Costa e Silva, de
1967 a 1969. Com a ascensão do também general Emílio Garrastazu Médici, em
1969, o Brasil passa a viver o chamado Milagre Econômico Brasileiro, com tempos
de forte bonança.
Logo que aqui
chegou, Hélio Campos tratou de definir uma matriz econômica para o território. Precisava
decidir entre duas vertentes: o garimpo, forte tradição deste setentrião, e a
pecuária, que na época era pujante – não havia ainda a febre das demarcações
indígenas. Optou pela primeira.
Para
sedimentar essa decisão, Campos idealiza a construção de um monumento. E assim seguiu
nesse caminho. Chamou o então diretor da Divisão de Obras Walter Bastos de
Mello, com quem compartilha a ideia. Mello saiu do palácio naquele dia com a
incumbência de pôr o plano em prática.
Na companhia
do desenhista Francisco da Luz Morais, o “Japurá”, foi a Manaus e de lá, ao Rio
de Janeiro. Transformar a ideia em algo palpável foi desafio aceito por um
estaleiro carioca. Retorna meses depois, trazendo a escultura, toda seccionada,
feita em borra de alumínio.
Essa
história em detalhes faz parte do meu livro “Histórias de Garimpo, Extração
mineral em terras roraimenses”, lançado em 2011. Dia desses, relendo trechos,
percebi que cometera algumas indelicadezas. Entre elas, não ter dado o crédito
dessa passagem importante da história.
Quem viveu
de perto todo o episódio que levou à decisão de plantar na Praça do Centro
Cívico a escultura de um garimpeiro e sua bateia foi o amigo Waldir Paixão, que
tão gentilmente me cedeu documentos e não se furtou em dedicar parte do seu
tempo para me ajudar na construção daquela etapa da obra literária.
Ele me
contou, por exemplo, que ali, onde hoje está fincado o Monumento ao Garimpeiro,
havia antes um obelisco, que muitos, jocosamente, diziam ser uma ode ao órgão
sexual masculino.
Quero aqui
deixar, com mais de cinco anos de atraso, o meu agradecimento ao inestimável
amigo Waldir Paixão, assim como a tantos outros que me ajudaram na feitura do
livro. Paixão é um entusiasta daqueles que se aventuram a navegar nas águas da
literatura em Roraima. Também pudera... Tendo ao lado a minha eterna professora
Edinelza Rodrigues, ai dele se não o fosse.
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