domingo, 8 de janeiro de 2017

Monumento ao Garimpeiro

FRANCISCO ESPIRIDIÃO (*)

Quando o então Palácio 31 de Março, hoje, Senador Hélio Campos, abriu as portas para receber mais um coronel da Aeronáutica, em 1967, não tinha ideia de quanto desenvolvimento se fazia anunciar ao então Território Federal de Roraima. Dois anos depois de desembarcar pela primeira vez neste setentrião, Hélio da Costa Campos passa a surfar uma onda de desenvolvimento que envolvia todo o país.

Hélio Campos governou o território de 1967 a 1974, com lacuna de nove meses, entre 1969 e 1970, quando esteve à frente do Governo roraimense o major aviador Walmor Leal Dalcin. A temporada de vacas magras no Brasil dura todo o período do primeiro e segundo governos militares, de 1964 a 1969.

Nesse período, o Palácio do Planalto foi ocupado pelo marechal do Exército Humberto de Alencar Castelo Branco, até 1967, e pelo general Arthur da Costa e Silva, de 1967 a 1969. Com a ascensão do também general Emílio Garrastazu Médici, em 1969, o Brasil passa a viver o chamado Milagre Econômico Brasileiro, com tempos de forte bonança.  

Logo que aqui chegou, Hélio Campos tratou de definir uma matriz econômica para o território. Precisava decidir entre duas vertentes: o garimpo, forte tradição deste setentrião, e a pecuária, que na época era pujante – não havia ainda a febre das demarcações indígenas. Optou pela primeira.

Para sedimentar essa decisão, Campos idealiza a construção de um monumento. E assim seguiu nesse caminho. Chamou o então diretor da Divisão de Obras Walter Bastos de Mello, com quem compartilha a ideia. Mello saiu do palácio naquele dia com a incumbência de pôr o plano em prática.

Na companhia do desenhista Francisco da Luz Morais, o “Japurá”, foi a Manaus e de lá, ao Rio de Janeiro. Transformar a ideia em algo palpável foi desafio aceito por um estaleiro carioca. Retorna meses depois, trazendo a escultura, toda seccionada, feita em borra de alumínio.

Essa história em detalhes faz parte do meu livro “Histórias de Garimpo, Extração mineral em terras roraimenses”, lançado em 2011. Dia desses, relendo trechos, percebi que cometera algumas indelicadezas. Entre elas, não ter dado o crédito dessa passagem importante da história.

Quem viveu de perto todo o episódio que levou à decisão de plantar na Praça do Centro Cívico a escultura de um garimpeiro e sua bateia foi o amigo Waldir Paixão, que tão gentilmente me cedeu documentos e não se furtou em dedicar parte do seu tempo para me ajudar na construção daquela etapa da obra literária.

Ele me contou, por exemplo, que ali, onde hoje está fincado o Monumento ao Garimpeiro, havia antes um obelisco, que muitos, jocosamente, diziam ser uma ode ao órgão sexual masculino.


Quero aqui deixar, com mais de cinco anos de atraso, o meu agradecimento ao inestimável amigo Waldir Paixão, assim como a tantos outros que me ajudaram na feitura do livro. Paixão é um entusiasta daqueles que se aventuram a navegar nas águas da literatura em Roraima. Também pudera... Tendo ao lado a minha eterna professora Edinelza Rodrigues, ai dele se não o fosse.

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