"É muita coincidência que o mapa das terras indígenas coincida com o mapa das riquezas do País".
Este foi o mais importante comentário do comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, na palestra dada sábado aos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Defesa, Nelson Jobim, além das cerca de 50 integrantes da comitiva que participa da visita a 20 unidades do Exército, a maior parte delas na fronteira.
Depois de salientar que índios e brancos convivem pacificamente no local, há anos, o general citou que 12,93% do território brasileiro está demarcado como área indígena para 500 mil pessoas e o restante, quase 83% do território, para os demais 180 milhões de habitantes.
Susto do General
O general Heleno afirmou também que a responsabilidade da defesa nacional não é só das Forças Armadas, mas também de toda a sociedade.
O militar considerou que "é preocupante" a declaração das Nações Unidas, assinada em setembro, que recomenda a desmilitarização das terras indígenas e que permite aos povos indígenas determinar sua livre condição política, criando um Estado dentro do Estado.
"Eu me assustei. Fiquei preocupado quando vi os termos da declaração".
O general Heleno também criticou o artigo que diz que "não se desenvolverão atividades militares nas terras indígenas, a menos que se justifiquem por ameaças graves ao interesse público ou que se faça um acordo com os índios". Para ele, "o vazio demográfico e a falta do Estado são dois grandes inimigos" da segurança nacional.
Intervenção dolorosa
O general Heleno comentou a situação dos moradores da Raposa Serra do Sol, em Roraima.
O militar lembrou que "uma intervenção dolorosa" está prestes a ser realizada, para a retirada dos arrozeiros e entrega das terras aos índios.
Os produtores prometem reagir se tentarem retirá-los de lá.
Comentário preciso
O economista Adriano Banayon, estudioso das questões de interessa nacional, analisou o discurso do general Heleno:
“O General Augusto Heleno mostra estar consciente e informado da ocupação do vazio de poder pelas potências hegemônicas, das quais as ONGs não passam de instrumentos, como ele aponta com propriedade. Com efeito, os teóricos do poder competentes afirmam, a uma voz, que o poder não aceita o vácuo. Todo vazio de poder é rapidamente ocupado. É, a meu ver, perfeita a avaliação que o General faz dos fatos. Há, entretanto, contradição entre essa irretocável avaliação e a frase reportada de sua palestra: " ‘uma intervenção dolorosa’ está prestes a ser realizada, para a retirada dos arrozeiros e entrega das terras aos índios”.
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